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Azarenka ganhou, e ponto.

Não era o resultado que a maioria dos fãs na Rod Laver Arena queria. Não era o resultado que milhares de fãs ao redor do mundo gostariam de ver, especialmente depois do incidente com Sloane Stephens, na semifinal. Mas, nem sempre o que a gente quer, ou para quem torcemos, sai vencedor. Azarenka conseguiu superar todas as adversidades externas, teve resiliência e é bicampeã do Australian Open. Ganhou da chinesa Na Li, quase uma local em Melbourne, no que eles chamam do Grand Slam da Ásia-Pacífico, de virada, por 6/4 4/6 6/3 e manteve o posto de número um do mundo.

Azarenka Australian Open champion

Anos atrás li uma entrevista do Boris Becker em que ele contava que para vencer um Grand Slam o tenista tem que se fechar numa bolha durante duas semanas. Na verdade, um pouco mais. Tem todos os dias que antecem a disputa de um torneio desta categoria.

Azarenka Melbourne

Muita gente pode pensar que por ter um dia descanso entre os jogos, ganhar um Grand Slam pode ser mais fácil do que outro torneio qualquer. Mas é diferente. São duas semanas em que você não pode perder o foco e tem que se desligar do mundo exterior.

Azarenka parecia estar neste estado para ganhar de Na Li. A força mental que ela mostrou para não deixar os acontecimentos extra quadra e toda a controvérsia que girou o mundo nos últimos dois dias depois de pedir tempo médico (durou 10 minutos), no 5/3 do segundo set contra Sloane Stephens e dizer após a vitória, na televisão que “estava amarelando quando foi para o vestiário,” só aumentou o número de fãs de Na Li. Os tenistas, em especial, foram duros com a bielorussa. Jamie Murray e Tommy Haas se mostraram indignados com a número um no twitter.

Azarenka entrou em quadra esperando o pior. Poderia até ter sido vaiada. Não foi. A torcida até que se comportou. E se poderia melhorar ao longo do jogo, nada conspirou a favor dela para isso. Na Li caiu duas vezes em quadra torcendo o tornozelo. A primeira queda levou a um tempo médico para fazer a famosa botinha no pé e a segunda terminou com a cabeça de Li batendo forte na quadra e ela tendo que ser examinada para ver se não havia nada mais sério com a queda. Enquanto era examinada, ela ria da situação e conquistava ainda mais a torcida. Na Li Chinese Australian Open

Azarenka, do outro lado da rede, sacava para não esfriar numa noite fresca em Melbourne. Aproveitou o momento em que Li estava um pouco mais fragilizada e poucos games depois já estava jogando a raquete no chão e chorando copiosamente.

O chora era uma mistura de alegria e muita tensão.

Já com a Daphne Memorial Cup em mãos, Azarenka chegou para a coletiva de imprensa da campeã e admitiu: “Achei que a torcida fosse ser muito pior. Se pudesse fazer algo diferente, teria pedido o tempo médico antes – no jogo contra Stephens.”

Li Na já tinha passado pela sala de imprensa, feito muito jornalista rir com as declarações de que caiu “because I am stupid,” mas também não quis dar desculpas. Azarenka jogou melhor, e ponto.

Gostemos ou não da Azarenka; achemos ou não o RedFoo um “pouco” over; nada disso importa. O fato é que a Azarenka teve uma força mental impressionante e muito tênis, claro, e é a bicampeã do Australian Open e número um do mundo.

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A Era Djokovic e Murray? Ainda não.

Há algumas semanas, em Londres, abrindo um dos jornais britânicos vi uma manchete esportiva que dava fim a Era Federer x Nadal e afirmava que agora o momento é da Era Djokovic x Murray. Fiquei perplexa. O sérvio, número um do mundo e o escocês, número três, podem estar começando uma nova rivalidade no esporte, especialmente com a final do Australian Open, neste domingo, a segunda decisão seguida de Grand Slam. Mas, é muito cedo para dizer adeus a era Federer x Nadal.

Murray Australian Open Djokovic Australian Open

Enquanto acompanhava ao embate de 5 sets entre Murray e Federer, comecei a pensar. Se o Murray ganhar vão começar dizer que a Era do Federer e do Nadal já é passado. E de tanto pensar no assunto eu mesma, por alguns instantes, comecei a visualizar a Era Murray x Djokovic.  Mas, foi só por alguns segundos.

Foi um alívio navegar pela internet, ler jornais e sites especializados e ver que ninguém está dando destaque a este assunto.

Lembro quando o Guga estava no auge e durante alguns torneios seguidos enfrentou Safin e Norman com frequência que surgiram tentativas, da própria imprensa internacional, sofrendo com o fim da rivalidade Agassi x Sampras, de surgir com uma nova rivalidade. Saíram materias das novas rivalidades do ano 2000. Guga x Norman; Guga x Safin, mas de fato não pegou. Eles foram adversários, alguns dos mais importantes das respectivas carreiras, mas não se enfrentaram tantas vezes assim em grandes finais, apesar de algumas terem sido épicas.

Federer e Nadal se enfrentaram 28 vezes, sendo que 19 foram em finais e destas finais 8 foram em Grand Slam. (Nadal tem a vantagem de 18 vitórias).  Federer ficou um tempão à frente de Nadal no ranking, antes do espanhol começar conseguir a chegar às finais de Grand Slam. Foi só em 2006 que a rivalidade deles começou a dar sinais de que poderia ser grande. Tenho gravado na memória a decisão de colocar os dois na capa da Tennis View , antes de Roland Garros e eles acabarem fazendo a final do Grand Slam francês. A primeira das 8 que jogaram. Nadal x Federer rivalry

Agassi e Sampras duelaram 34 vezes, em 16 finais, sendo que 5 foram em Grand Slam e 1 em ATP Finals.

Murray e Djokovic estão se enfrentando apenas pela terceira vez em uma final de Grand Slam (na segunda, no US Open, no ano passado, Murray venceu o seu primeiro Grand Slam) e até agora jogaram somente 17 vezes.

Eles podem estar começando uma rivalidade, mas ainda estão longe de ter o impacto dos confrontos de Agassi e Sampras e Federer e Nadal. Ou até mesmo de Djokovic e Nadal que já se desafiaram 33 vezes, se enfrentando em 5 finais de Grand Slam.

Como disse Federer em uma de suas entrevistas em Melbourne, “no tênis tudo passa muito rápido e a gente segue em frente. Com certeza o tênis fica mais forte com ele do que sem ele e é nessa fase, de semifinal, que sentimos um pouquinho a falta dele.”

Isso, no entanto, não quer dizer que Rafael Nadal está acabado e que não haverá mais jogos eletrizantes entre ele e Djokovic e ele e Federer. “Tenho a sensação de que quando ele voltar, vai voltar forte e será difícil derrotá-lo. Especialmente no saibro, em que ele quase não perde jogos.”

Para quem pensa que Federer deve ter sentido o cansaço, que já não tem mais idade para rivalizar com Murray e Djokovic, se engana. O suíço, acredito eu, não se arriscaria a competir se não estivesse suficientemente bem preparado, não jogaria os torneios se não acreditasse que pudesse vencer, e não aceitou o físico ou a idade como desculpa para a derrota diante de Murray. “Ele simplesmente jogou melhor do que eu  ponto.”

Andre Agassi, em Melbourne para promover os vinhos Jacob’s Creek e entregar o trofeu ao campeão, o mesmo que ele ergueu quatro vezes, deu um bom panorama do tênis atual. “Estamos vivendo a Era de Ouro do Tênis.”

 

 

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Essa batalha épica, Simon x Monfils, era tudo o que o Australian Open precisava

Por que gostamos tantos desses jogos?

Eu não era a única. Estava vendo diversos comentários e um monte de gente comentando que o Australian Open, até então, não estava empolgando. Bastou esse jogo de 4h43min, em que Gilles Simon venceu a batalha épica francesa contra Gael Monfils, por 6-4 6-4 4-6 1-6 8-6 ,que tudo mudou. Já estou louca para que chegue a próxima rodada para ficar grudada na TV.

Gilles Simon Australian Open battle

Sou acostumada, todos os anos, a dormir tarde, acordar cedíssimo para ver os jogos noturnos de Melbourne, a passar duas semanas com o relógio todo errado. Mas, neste ano, o Australian Open ainda não havia me fisgado. Pensei que talvez fosse por ter voltado de Londres sem ter feito preparação alguma, ou seja, lido sobre tênis durante duas semanas ou assistido jogos na TV. Nada disso. Era o torneio que ainda não havia empolgado mesmo.

 

Claro que todo mundo gosta de ver uma exibição de gala de Roger Federer, Maria Sharapova, Novak Djokovic, Andy Murray, Serena Williams. Mas, eses jogos tão breves e unilaterais não mexem com as nossas emoções, não nos fazem acordar cedinho e não cair no sono de novo. Amanhã mesmo não vamos nem lembrar, na ponta da língua, de quem a Sharapova ganhou de 6/0 6/0 na primeira rodada.

Quem se lembra dos adversários fáceis que Federer enfrentou em 2008? Pouquíssimos acredito. Mas, todos se lembram do jogo épico entre Lleyton Hewitt e Marcos Baghdatis que varou a madrugada em Melbourne.

Não precisamos nem ir tão longe. Não consigo dizer, sem ter que pensar um pouco, de quem Rafael Nadal e Novak Djokovic ganharam antes de chegaram à semi do Australian Open e fazerem o jogo mais longo de uma final de Grand Slam todos os tempos.  Gael Monfils Australian Open battle

Diante de todos esses aspectos e do jogo entre Monfils e Simon, fiquei pensando, o que torna essas batalhas de gladiadores, de super-atletas, tão interessantes para o ser humano? Monfils e Simon, jogando 4h43min, não estavam apresentando um tênis do mais alto nível.

Eu mesma estava assistindo o jogo naquele estado, na cama, com um olho aberto e outro quase fechando. Até que no meio do terceiro, set, acho que no 3/3, reparei no Monfils agachando, se alongando e pensei.. Ih, esse cara está cansando, o jogo pode ficar interessante, porque o Monfils é lutador, vai correr agora atrás de todas as bolas. Foi o que aconteceu.

 

O que vimos em quadra foram dois tenistas transformados em super atletas, indo além dos limites, ninguém querendo sair de quadra sem lutar até o final, sem desistir, jogando na adrenalina, esquecendo as dores, mostrando fragilidade ao ter cãibras diante das telas do mundo todo, mas continuando a jogar.

Queremos torcer para um, mas ao mesmo tempo não queremos ver o outro que está lutando da mesma maneira intensa, perder.

Talvez, ao assistirmos jogos que fogem ao comum, apesar de estarmos vendo atletas superando os próprios limites, nos sentimos mais próximos deles, quando eles deixam transparecer as emoções. E em jogos épicos, não há como escondê-las.

Por isso que os Grand Slams e a Copa Davis são diferentes e os jogos em cinco sets nas finais do Masters 1000 também eram.

Alguns vão dizer que estou sendo imediatista e que agora o Simon não vai conseguir se recuperar para enfrentar o Murray nas oitavas-de-final. Pode ser que não consiga e dificilmente, com seu frágil corpo, estará em condições de jogar de igual para igual contra o campeão do US Open. Poucos conseguem se recuperar, como fez Rafael Nadal após vencer Fernando Verdasco na semifinal, em cinco longuíssimos sets e ganhar o campeonato, alguns anos atrás. Mas isso faz parte do jogo e vira uma outra questão para muito mais discussão.

 

O ponto agora é admitir que adoramos assistir essas batalhas e que era isso que o Australian Open precisava. Jeremy Chardy até venceu um jogo e tanto, em cinco sets, contra Juan Martin del Potro, mais cedo em Melbourne, mas foi longe de ser uma batalha heróica.

 

 

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Nadal e Venus no Brasil

Enquanto o Australian Open vai esquentando, aqui no Brasil os bastidores do esporte estão pegando fogo, com o anúncio, no mesmo dia, da vinda, em fevereiro, de Rafael Nadal e Venus Williams ao país para jogar, respectivamente os únicos ATP e WTAs existentes aqui.

venus williams rafael nadal

Quando o espanhol anunciou a desistência de jogar o Australian Open e manifestou a intenção de competir em algum torneio antes do ATP de Acapulco, as especulações sobre a vinda dele aumentaram. O Brasil Open era a melhor opção para um calendário cauteloso que o “Rei do Saibro,” prioriza na sua volta.

O campeonato, disputado no saibro indoor do Ginásio do Ibirapuera, na semana do carnaval, não é colado em Acapulco, como o ATP de Buenos Aires, realizado na semana seguinte e dá ao heptcampeão de Roland Garros tempo para descansar entre uma competição e outra. Afinal, além de uma volta ser sempre cheia de expectativas e incertezas, com desgaste mental além do normal, a viagem entre, tanto Buenos Aires e São Paulo e Acapulco não é das mais simples. Pensamos que o México é aqui do lado, mas demora muito para chegar em Acapulco. Falo por experiência própria.

 

Nadal ainda contempla a opção de jogar na semana anterior ao Brasil Open, em Viña del Mar. Talvez por isso ainda não tenha feito um pronunciamento oficial sobre a sua segunda vinda para jogar o ATP brasileiro, depois da conquista do título em 2005, na Costa do Sauípe. O comum nestes casos é o atleta e torneio combinarem um pronunciamento mútuo e simultâneo, mas não foi o que aconteceu.

 

Coincidentemente ou não, Venus Williams, ao ser anunciada como grande estrela do WTA do Brasil, a ser realizado em Florianópolis, duas semanas depois do Brasil Open, também não comentou a vinda inédita ao País.

 

O fato é que, com pronunciamento ou não, dois tenistas que foram número um do mundo e ganharam muitos Grand Slam estarão por aqui e o Brasil começa a ser destaque no cenário mundial do tênis. No momento, não por termos tenistas super tops – peço desculpas aos duplistas, mas falando de simples, mas por estarmos conseguindo trazê-los para cá.

 

Australian Open, a vitória surpreendente de Kimiko Date Krumm, a derrota de Tommy Haas, a doença do CEO da ATP, Brad Drewett (Lou Gherig’s Disease) e até mesmo a eliminação de Thomaz Bellucci na estreia, ficaram em segundo plano.

 

 

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Austrália homenageia seus tenistas em festa com tapete AZUL

Os maiores nomes do tênis australiano da atualidade e da história foram homenageados em um grande festa anual promovida pela federação australiana, a Tennis Australia. Em vez de entrarem na tradicional quadra azul brilhante do Melbourne Park, poucas semanas antes do Australian Open 2013 começar, os tenistas entraram no Palladium Ballroom, em Melbourne, pisando em um tapete azul, da mesma cor da quadra, no Newcombe Medal Australian Tennis Awards.

Lendários nomes como o próprio John Newcombe, Tony Roche e Patrick Rafter, vestiram seus ternos e smokings, assim como Lleyton Hewitt, Marinko Matosevic, Samantha Stosuer, Casey Dellacqua, Anastasia e Ariana Rodionova, entre outros. Todos elegantemente preparados para a ocasião e acompanhados por namoradas, maridos, esposas, irmãos, igualmente em traje de gala.  

 

A noite foi celebrada na Austrália como um Oscar. Todos na entrada sabiam dizer direitinho de que designer era o terno, o vestido, ou as jóias. Pararam no tapete azul para dar entrevistas e posar para fotos. Dentro do Palladium Ballroom, encontraram os amigos e festejaram o esporte.

A grande vencedora da Newcombe Medal foi Samantha Stosur, pelo terceiro ano consecutivo. Apesar de não ter superado os resultados da temporada 2011 quando venceu o US Open, terminou o ano na 9ª posição no ranking mundial. Concorriam com ela Hewitt, Matosevic e Dellacqua.

Técnicos de alto rendimento e de iniciação foram premiados também. Joshua Eagle, técnico de Matosevic, ganhou na categoria alto rendimento.

Escolas de tênis, academias, árbitros, tenistas juvenis, seniors, tenistas cadeirantes, foram todos premiados. Ian Barclay, técnico que levou Pat Cash a vencer Wimbledon, foi homenageado pelos serviços prestados ao tênis australiano. Até hoje, aos 74 anos de idade, ele continua ensinando tênis a crianças.

 

Pelo que deu para ver e apurar foi uma belíssima festa do tênis. Os tenistas viajaram de suas cidades para Melbourne, para a ocasião e prestigiaram o esporte. Pena que no Brasil, o prêmio do tênis não tenha essa credibilidade.

PS – Grande esperança do tênis australiano, Bernard Tomic não foi premiado. O tenista que já se envolveu em diversas confusões com a polícia, especialmente por causa de trânsito, apareceu dirigindo uma Ferrari amarela e já vem sendo chamado de novo Scud, em alusão a Mark Philippoussis, que aos 20 anos de idade colecionava carros.

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