Mais uma vez o tênis saiu vencedor. Quantas vezes já escrevi essa frase? Não importa. Ao ouvir Novak Djokovic falar em quadra, depois de passar 5h02min lutando para derrotar Stanislas Wawrinka por 1/6 7/5 6/4 6/7 12/10, nas oitavas-de-final do Australian Open, que é “por momentos como esses que ele joga tênis,” fiquei pensando que é por isso também que todos nós assistimos, acompanhamos e somos fãs deste esporte.
Sem contar o sono de quem ficou a madrugada toda acompanhando o Australian Open, quem não teve vontade de pegar a raquete e ir para a quadra depois de assistir esse épico?
Outro dia, conversando com uma amiga jornalista, estávamos falando sobre o porque de termos escolhido essa profissão. Uma das razões, sem dúvida, foi para estar onde a notícia acontece, para poder escrever sobre momentos como este, mesmo não estando em Melbourne. Quem assistiu essa partida sentado na Rod Laver Arena não vai esquecer jamais.
É por isso, por jogos como estes, também que o fã de tênis acompanha o esporte. Como já escrevi ontem, se fosse um jogo 6/3 6/2 6/3 do Djokovic ganhando do Wawrinka, todo mundo teria voltado pra cama, cochilado, ficaria zapeando com o controle remoto. Mas não. Não desgrudamos o olho da TV.
O jogo épico entre Monfils e Simon já ficou para trás. Djokovic e Wawrinka superaram em tempo (os franceses ficaram 4h43min em quadra) e em nível técnico. Mostraram para o público uma diferença notável. A do físico. Apesar de ambos estarem cansados – quem não estaria jogando cinco horas? – estavam muito mais fortes do que os franceses.
Li a entrevista do Simon no dia seguinte após a batalha contra o compatriota e fiquei um pouco perplexa com a resposta do número dois francês, quando perguntaram se ele não teria que melhorar o físico, fazendo uma comparação com Murray que havia melhorado muito. A resposta dele foi que o tipo físico dele era diferente do de Murray e que nunca seria igual ao britânico. Claro, cada um tempo um corpo, mas hoje em dia, no tênis, quem não tem resistência física e mental não consegue se recuperar.
Não estou muito preocupada com as condições de Djokovic para enfrentar o Berdych na próxima rodada. Mas, com as condições de Simon estou, e muito. Como ele mesmo disse, Murray era magrinho, fraquinho e melhorou muito. Porque ele não pode evoluir também? Só assim conseguirá passar para um outro nível.
Wawrinka aguentou o jogo de igual para igual com Djokovic, porque teve físico para isso. No final, Djokovic foi um pouco mais forte mentalmente e contou com a experiência nesses jogos longos, como ele mesmo admitiu que fez a diferença.
Como em tantos jogos, não só no Australian Open, que acabaram tarde, que levaram os tenistas ao limite, a serem chamados de super-tenistas, quem ganha é o tênis. Pelo menos no curto prazo. O #ausopen e #wawrinka estavam alternando a segunda posição nos assuntos do momento no twitter, perdendo só para o #arsenal. O jogo já ganhou espaço nos principais meios de comunicação mundo afora e nem foi uma final.
O que jogos como esse trazem, são pessoas que não são tão fãs de tênis, comentando sobre a partida, onde quer que você vá.
Durante o jogo vi sugestões de gente que vive e viveu do tênis, dizendo que o quinto set deveria ser um tie-break no Grand Slam, como acontece no US Open. Um dos favoráveis a essa mudança de regra foi Ivan Ljubicic. Tenho dúvidas, mas não acho uma má ideia.
O jogo seria emocionante da mesma maneira, os tenistas seriam mais preservados e as transmissões de televisão seriam um pouco mais previsíveis. Mas é justo um jogo de cinco sets acabar num tie-break? Se acabasse no tie-break saberíamos o limite de um tenista? Não sei. Mas precisamos saber?
Pensamento que merece aprofundamento, estudo e enquete com os próprios tenistas.
Com certeza vai ser pauta entre os jornalistas de tênis e quero ver o que jogadores, dirigentes, redes de televisão tem a dizer sobre isso.