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Come On, Hewitt! De mais odiado a mais admirado, ele avança no US Open

Ver Lleyton Hewitt avançar às oitavas-de-final do US Open é como rebobinar um filme e voltar mais de uma década no tempo. E não estamos falando de vê-lo em um torneio exibição. Hewitt está nas 8as do US Open, ao lado de Federer, Nadal, Murray e Djokovic entre outros. Os “Come Ons,”continuam os mesmos, mas a pessoa Hewitt é outra. De tenista mais odiado do circuito é hoje um dos mais admirados.

HEWITT US OPEN

Quinze anos depois de ganhar o primeiro ATP – Adelaide –, 12 anos depois de vencer o US Open e 11 depois de erguer o trofeu de Wimbledon e alcançar o primeiro posto no ranking mundial, Hewitt ainda lota quadras, consegue derrotar grandes jogadores e em partidas de cinco sets e depois de cinco cirurgias em quatro anos, declara seu amor pelo jogo.

“É um esporte maravilhoso. Nós temos um dos melhores trabalhos do mundo. Eu amo jogar, adoro cada minuto. Não preciso de ninguém me motivando para ir para a sala de ginástica ou treinar,” disse ele, depois da coletiva de imprensa neste domingo. “E também, quando a gente se aposenta é muito cedo, é por muito tempo, então tenho que aproveitar.”

Esse Hewitt mais relaxado, um pouco mais aberto, menos sisudo é bem diferente daquele Hewitt “aussie teen,” que irritava adversários com os “Come Ons,” e mal falava com os outros jogadores. Viajava acompanhado dos pais e parecia viver numa bolha.

Conversei com alguns jornalistas australianos hoje e todos disseram: “Ainda bem que eles praticamente não viajam mais. Só vão aos torneios australianos. Não tem mais a influência que tinham antigamente.”

Antigamente, Hewitt parecia viver numa bolha. Logo depois de Marcelo Rios ter aparecido na capa da Sports  Illustrated, em 1998, como “ O Homem Mais Odiado do Tênis,” surgiu Hewitt e ele seguia para o mesmo caminho.

Ouvi vários jogadores dizerem que se Hewitt desaparecesse, não sentiriam falta dele.

Mas, o tempo passou, Hewitt chegou ao auge e caiu. Foi superado pelo jogo mais rápido e agressivo de Federer, Nadal, Djokovic & Cia. Foi superado pelo corpo frágil depois de muitos jogos e dois anos praticamente dominando o circuito, entre 2001 e 2003.

Sofreu cinco cirurgias e chegou a pensar que nunca mais voltaria a jogar.

Casou, logo depois de terminar um noivado com Kim Clijsters, com a atriz Bec Hewitt e teve três filhos.

Deixou a Octagon, empresa que o agenciava para cuidar dos próprios negócios.

Já não viaja mais com um full time coach. Tony Roche é o seu técnico oficial, mas a outra lenda do esporte australiano não pega aviões para fora da Austrália.

Aqui está sendo ajudado pelo ex-tenista Peter Luczak.

Há 10 dias participou da festa dos números um do mundo em Nova York. Sentou ao lado de Guga, Ferrero, Roddick, Kafelnikov. Todos já aposentados.

Chegou a ouvir de cinco médicos diferentes que não voltaria a competir com a lesão que tinha no pé. Mas, assim como faz quando está em quadra foi à luta e seguiu em busca de mais doutores, até encontrar um que acreditasse no sucesso de outra cirurgia. “Nenhum outro atleta se recuperou de uma cirurgia dessas,” contou o jogador na coletiva hoje.  “Logo que eu voltei a jogar, depois da operação, tive dúvidas. Demorei para voltar a jogar sem dor. Mas hoje estou me sentindo ótimo.”

A luta de Hewitt para superar os momentos difíceis e as cirurgias e o amor pelo esporte, além da coragem de ter que enfrentar jogadores de ranking bem mais baixo, de entrar nos Grand Slams sem ser cabeça-de-chave, de jogar em quadras menores enquanto os tops de atualmente dominam, ganhou admiração e respeito de todos.

Não houve jogador que não parabenizasse o australiano. Todos falaram dele em suas coletivas de imprensa.

E ao longo dos anos, como poucos números um ainda permanecem no circuito, além de Federer, Djokovic e Nadal, Hewitt também foi se aproximando destes jogadores mais tops. Chegou a fazer, por exemplo, um treino de 4 horas com Federer aqui em New York e treinou muito com Murray em Londres, na temporada de grama.

Enfrenta na próxima rodada um tenista praticamente da mesma geração, Mikhail Youzhny, que ganhou de outro veterano, Tommy Haas. “Nós dois temos um amor pelo jogo enorme.”

E é esse amor pelo esporte que ele demonstra hoje em dia quando dá um “Come On,”na quadra, um “Come On”diferente de quando ele vencia anos atrás. É um “Come On” de alegria e êxtase.

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Hewitt, fenômeno 14 anos atrás, agora cativa na Austrália com o seu c’mon

Nunca fui muito fã de Lleyton Hewitt. Durante certa época, achava quase insuportável ouvir aquele C’mon. Mas, no caso dele, o currículo fala por si só.

E no meu caso, gostando ou não, foi um dos jogadores que vi crescer no circuito.

Lembro quando publicamos na Tennis View, em 1998, a foto dele, com 16 anos, para retratar a vitória no ATP de Adelaide. Ele era um fenômeno.

Naquela época, Guga já havia ganhado o primeiro Roland Garros, então nos acostumamos a ver o Hewitt sempre, seja jogando, nos hotéis, sala dos jogadores, enfim, no circuito, de perto.

Rapidamente ele se tornou herói na Austrália, ganhou o US Open e Wimbledon, tirou Guga do topo do ranking mundial (no fim de 2001, com a Masters Cup em Sidney), e reinou por várias semanas na ATP.

Ficou noivo de Kim Clijsters, o que me fazia pensar que ele não devia ser tão difícil assim, com aquela imagem de durão, um pouco anti-social..

Continuou conquistando títulos, terminou o noivado, casou com uma atriz australiana, hoje Bec Hewitt – inclusive o site do tenista é junto com a esposa – wwww.lleytonandbechewitt.com – , sempre representando a Austrália com orgulho nos confrontos de Copa Davis e começou a se lesionar.

Foram lesões no pé, no quadril e umas três operações nos últimos anos.

Anos em que foi aumentando também o número de filhos. Hoje tem 3 crianças com Bec.

Não sei se foram os filhos – muitos mudam para melhor com a paterninadade ou maternidade -, as lesões que o afastaram das quadras por vários meses, ou o próprio amadurecimento. Mas, Lleyton Hewitt, que nem sempre teve apoio unânime do público na sua própria casa, parece ter reconquistado esse carinho.

E não só pela vitória de hoje sobre Milos Raonic por 4/6 6/3 7/6 6/3.

Talvez, por ao longo dos anos, ter mostrado sempre em quadra o seu coração. Mesmo na derrota na final em 2005 para Marat Safin, no Melbourne Park, sua única chance de conquistar o Grand Slam de casa.

Como ele mesmo afirmou após a vitória em quatro sets sobre o canadense de 21 anos e 1,98m, ninguém apostaria que ele estaria na segunda semana do Grand Slam quando o torneio começou. “É muito especial porque só eu e a minha equipe sabemos o que precisamos fazer para eu chegar até aqui. Há algumas semanas eu não sabia nem se poderia jogar o Australian Open.”

Ex-número um do mundo, hoje na 181ª posição, ele precisou de um wild card para entrar na chave principal em Melbourne.

A última vez que um tenista convidado chegou tão longe na chave, foi Mats Wilander, em 1994.

A próxima rodada é um desafio ainda maior para o lutador Hewitt, o número um do mundo Novak Djokovic.

Mas, independente do resultado daqui para frente, é sempre bom ver um ex-número um do mundo, um tenista que durante uma certa época era quase imbatível, brilhando mais uma vez e mostrando porque apenas poucos, muito poucos, chegam a ocupar o posto mais alto do ranking mundial. Eles tem alguma coisa a mais dentro deles, que faz sim a diferença.

Enfim, fã ou não de Hewitt, foi emocionante vê-lo avançar, sabendo de todo histórico da carreira dele. Afinal, quem não gosta de histórias de superação?

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