Acho que não tem coisa que eu goste mais do que um ambiente de Grand Slam. Se já é bom acompanhar o torneio do Brasil, estar aqui, mesmo que seja a 14ª vez, é um dos grandes prazeres do trabalho. Adoro estar num grande evento, com mil coisas acontecendo ao mesmo tempo, jornalistas de todas as nacionalidades em volta, muita coisa para escrever e aprender, sempre.
Hoje, depois de uma reunião com a Head, no Head Distribution Center, em Manhattan, peguei o ônibus do US Open às 11h. Cheguei a tempo de acompanhar o final do jogo da Laura Robson, a inglesa de 18 anos, a mais nova do top 100 da WTA, ganhando da Li Na. Foi a segunda campeã de Grand Slam seguida que ela derrotou (ela aposentou Clijsters há dois dias) e se tornou a primeira britânica, desde Sam Smith, em 1998, a alcançar as oitavas-de-final de um Grand Slam.
Terminado o jogo da Robson, subi até quase o topo do Arthur Ashe Stadium, para fazer umas fotos com a nossa fotógrafa, Cynthia Lum e por lá já fiquei para o jogo do Rogerinho contra o Djokovic. E estava quente, muito quente.
Rogerinho tentou fazer de tudo, mas Djokovic, segundo o próprio brasileiro é uma das lendas do tênis e não deu chance alguma a ele.
Terminou o jogo, Rogerinho veio para a coletiva, um pouco depois e enquanto isso Sharapova arrasava Mallory Burdette e os rumores do término do namoro dela com o jogador de basquete esloveno Sasha Vujacic, aumentavam. Quem deu a história foi a Gazzetta dello Sport, na Itália e o USA Today reproduziu, claro que dando os devidos créditos.
Quando terminei de entrevistar o Rogerinho e escrever o post, o jogo da Sharapova já estava no fim. Foi o tempo de comer uma salada na restaurante de imprensa e ver como seria a coletiva dela. Demorou 10 perguntas até um jornalista tomar coragem e perguntar sobre o fim do romance e ela respondeu “estava mesmo esperando essa pergunta. Desde o fim da primavera (outono no Brasil), não estamos mais juntos.”
O assunto virou notícia em todos os lugares.
De volta a minha mesa, vejo que o jogo do Hewitt foi para o quinto set. Até tentei ver o fim na quadra, mas quando notei o que havia de gente tentando entrar lá, apesar de termos lugares reservados, dei meia volta e fui acompanhar da tv da sala de imprensa. Eterno guerreiro, Hewitt virou o jogo contra Gilles Muller, ganhou em cinco sets e vai enfrentar David Ferrer na terceira rodada.
Campeão do US Open em 2001, Lleyton precisou de um wild card para jogar o Grand Slam americano e ontem, quando estava na sala dos jogadores, cruzei com ele, sozinho, indo para o restaurant dos tenistas e pensei, nossa que diferença dos anos em que ele ganhava tudo. Sem uma grande entourage, cabeça meio baixa e quase passando desapercebido no meio de tantas caras novas do circuito.
Acabou o Hewitt, olhei para a tela que fica na minha mesa, e vi que Bruno Soares e Ekaterina Makarova tinham fechado o primeiro set em 61 contra os cabeças-de-chave 2, Mike Bryan e Liezel Huber, respectivamente números 3 e 1 do mundo, nas duplas.
Fui direto para a quadra 6, lotada e consegui acompanhar o segundo set inteirinho. Quase no final, um casal de americanos chegou perto e falou “uau, this is a major upset.” Foi mesmo, uma grande surpresa. Bruno e Ekaterina ganharam por 6/1 7/5.
Logo na saída da quadra, no caminho de volta para o vestiário, perguntei para o Bruno como havia se juntado a Makarova para jogar o US Open e ele contou que foi porque não conseguiu entrar direto com a parceira que costuma jogar, a australiana Jarmila Gajdosova. “Eu já tinha jogado com a Makarova duas vezes e ela veio falar comigo para jogar o US Open. Mas, eu já tinha combinado com a Gajdosova. Quando a gente não entrou na chave, fui ver quem estava disponível e vi o nome da Makarova sozinha e entramos.”
Mesmo já tendo sido quadrifinalista de duplas mistas em outras ocasiões e este ter sido um jogo de primeira rodada, Bruno disse que provavelmente foi o melhor jogo que ele fez na categoria. “Foi uma grande vitória. Nós dois não erramos nada, o jogo todo.”
Na próxima rodada, depois que Makarova enfrentar Serena Williams, neste sábado, eles enfrentarão na quadra GrandStand, o irmão de Mike, Bob Bryan e Kim Clijsters, no que pode ser o último jogo da carreira da belga.
Enquanto acabo de escrever, John Isner vence Jarkko Nieminen e o jogo de Andy Roddick contra Bernard Tomic, está começando. Hora de pegar a escada rolante e ir para o Arthur Ashe de novo, ver o americano jogar talvez pela última vez.