Presidente da FFT afirma que vai na contra-mão do gigantismo
Foi uma alegria acordar hoje e ler as notícias de que Roland Garros permanecerá em Paris, onde está, desde 1928.
Há alguns anos se fala de uma mudança para um lugar maior e uma estrutura mais moderna, mas ninguém nunca deu muita bola, até o ano passado, quando durante o Grand Slam, foi distribuído um dossiê à imprensa com outras regiões candidatas a sediar a competição: Gonesse, Marne-la-Vallée e Versailles e a mudança, antes só no imaginário começou a se tornar uma realidade.
As três regiões, mais Paris apresentaram propostas, projetos e hoje, em eleição na Federação Francesa de Tênis, com 70% dos votos, foi decidido que Roland Garros permanecerá onde está, em Paris e que os três principais problemas apontados – cobertura da quadra central para caso de chuva; mais conforto ao público e aos jogadores; modernização geral das instalações oferecendo mais entretenimento e serviço ao público – poderão ser solucionados.
Nós brasileiros não precisamos mais nos preocupar. Os momentos de glória que Guga trouxe para o esporte nacional, nas quadras do complexo, permanecerão por lá.
Eu não conseguia imaginar Roland Garros em outro lugar. Talvez por ter sido o Grand Slam que mais vezes frequentei e por conhecer o estádio, cada detalhe do complexo, os funcionários, etc, tão bem, não me agradava a ideia de não ir mais àquele lugar tão especial.
Mas, é uma visão pessoal e sentimental. Parece que quando Forest Hills deixou de sediar o US Open e o Grand Slam americano se mudou para Flushing Meadows, os jogadores e o público também não gostaram muito. Mas hoje, dá para imaginar o US Open em outro lugar?
Muitos franceses – em especial os jornalistas – não gostaram da decisão da FFT de ficar em Paris, achando que desta maneira não há como o Grand Slam crescer e se equiparar aos outros três – Australian Open, Wimbledon e US Open – e que foram razões como estas, de se pensar na história, que fez a capital francesa perder as Olimpíadas de 2012 para Londres.
Mas, Roland Garros não permanecerá em Porte D’Auteil sem mudanças. Para que o campeonato permanecesse onde está, também foi feito um projeto e a Federação conseguiu apoio da cidade, do prefeito Bertrand Delanoe e até 2016 toda a reestruturação do complexo estará completa.
Neste domingo, o Presidente da FFT, Jean Gachassin, concedeu uma entrevista coletiva no Museu de Roland Garros e disse que foi uma escolha “contra a corrente do gigantismo que tanto está na moda. A FFT optou por um projeto único e que continuará a nos singularizar e que permanecerá fiel aos nossos valores. É uma escolha audaciosa, ousada e altamente qualitativa. Roland Garros tem uma imagem forte, única que irradia no mundo todo porque estamos em Paris. Não levar em conta esse posicionamento, ainda mais com o apoio da prefeitura de Paris, seria ceder à facilidade e faltar com a coragem diante de um desafio.”
O que será feito:
- Novo centro nacional de treinamento será no estádio Georges Hebert (próximo a Roland Garros) – 2013
- Novo Centro de Imprensa (2014)
- Nova quadra com capacidade para 5000 pessoas nos jardins de Serres D’Auteil (2014)
- Construção de uma outra “Show Court” com capacidade para 2000 pessoas (2015)
- Quadra Philippe Chatrier reformada, com teto retrátil (2016).
- Melhoria da estrutura em geral para os fãs e jogadores
- 35 quadras no total no complexo para o torneio
- Tamanho aumentará de 8,5 para 14 hectares
Motivos que levaram a FFT a decidir ficar em Paris
- A localização excepcional do estádio atual, no coração de Paris
- Um torneio urbano, em um ambiente de prestígio
- Crescimento de 60% do tamanho atual
- Uma dimensão histórica única, no mesmo local onde o torneio começou
- Utilização da infra-estrutura já existente
- 35 quadras de tênis dedicadas à organização do torneio
- Quadra central coberta, modernizada e remodelada
- Utilização parcial de um dos pulmões verdes de Paris, o parque de Serres d’Auteil, durante o torneio
- Uma imagem forte: Paris
- Um investimento que se possa cumprir
- As receitas corporativas e de patrocinadores garantidas
- Custo muito menor do que de uma mudança de local
- Um contrato com a prefeitura de duração muito longa (99 anos – até 2110)
- Um aluguel moderado e razoável
- Uma escolha altamente qualitativa, estratégica e contra a corrente do gigantismo mundial
- Empréstimo financeiro de 50% garantido pela prefeitura de Paris
- Subvenção de 20 milhões de euros pela prefeitura de Paris
- Possibilidade de organizar sessões noturnas
- Fácil acesso regional, nacional e internacional
- Estrutura hoteleira de Paris
- 55000 pessoas por dia poderão ir ao torneio