Passei o dia pensando em escrever sobre o Sony Open Tennis, em Miami. Podia escrever sobre as ausências de muitos tops antes mesmo da 3ª rodada começar ou da vitória do Bellucci. Mas, dedico o post de hoje a uma das pessoas que mais apreço tenho neste mundo do jornalismo esportivo e hoje nos deixou: Nicolau Radamés Creti.
Antes mesmo de entrar na faculdade de jornalismo, conhecia o Nicolau de nome. Li o Vitória, o livro que ele escreveu com a Cida Santos, quando o Brasil ganhou a medalha de ouro olímpica em Barcelona e guardo um exemplar comigo até hoje.
Já contei algumas vezes de como algumas passagens ficam claramente guardadas na minha memória. Conheci o Nicolau em 1995, no Diário Popular. Lembro exatamente da cena. Eu, com meus 18 anos, entrando na redação, no centro de São Paulo, com uma pastinha embaixo do braço, com o currículo e um perfil do Guga e umas fotos de divulgação dele. Guga havia terminado a carreira juvenil alguns meses antes e eu estava começando a trabalhar com ele.
A era da internet estava apenas no início. Usávamos o fax, telefoto, ou foto pelo correio. E as visitas às redações de jornal eram comuns. E eu fui de jornal em jornal äpresentar o Guga:
Sem conhecer muito as essoas, fui na cara e na coragem.
Nicolau me recebeu muito bem. E aí começou o nosso relacionamento.
Como também não estávamos na era de mandar emails, usávamos muito mais o telefone e nos falávamos bem mais do que hoje em dia.
Juntos, eu como assessora do Guga e o Nicolau como reporter, estivemos em diversos momentos e coberturas.
Nicolau me ligava sempre para checar informações, pedir entrevistas, contatos e eu também ligava para ele. Às vezes para me aconselhar, outras para bater papo ou para falarmos de Guga e ou outro assunto, quase sempre de tênis.
Tínhamos –e temos – amigos em comum. Nicolau frequentou a casa dos meus pais, nas minhas tradicionais festas de aniversário e até um Reveillon passamos juntos, na casa do Julio Cruz. Provavelmente ele estava de plantão e eu embarcando para a Austrália no dia seguinte.
Nicolau era sempre direto. Sem enrolação. Sem enganação. Quando tinha que ser duro comigo, era. Mas, sempre foi um cara correto e divertido. Jornalista daqueles que hoje em dia estão virando raridade. Que ligam, perguntam, saem da redação, apuram, tem percepção e caráter.
Se eu ligava para convidar para algum evento, ou coletiva, e ele não podia ir ele logo dizia: não vou. Se podia, sempre ia.
Mesmo depois quando virou chefe no jornal, continuava me dando a honra da presença, sempre que possível.
E quando as saídas dele da redação diminuíram, por ser chefe e o advento da internet agilizou o envio das informações e diminui o contato telefônico, eu ainda tinha mais um laço com o Nicolau. A minha colega de faculdade, Ana Carolina Cordovano Donatelli trabalhava com ele. Foi mais um laço que nos uniu.
Até quando foi para o interior, continuei falando com o Nicolau, pedindo conselhos e trocando ideias de pautas.
Foi ele que me passou contatos importantíssimos quando fui para o Oscar, com o Lixo Extraordinário. Ele estava escrevendo biografias que eram coordenadas pelo Rubens Ewald Filho. Uma das entradas que fizemos ao vivo do Red Carpet, em LA, foi por causa desse contato do Nicolau.
Nos últimos meses, tive vontade de visitá-lo no interior, mas, não fui. Achei que conseguiria ir em breve. Mas, ele parou de sofrer antes.
Obrigada, Nicolau. Você será sempre uma das minhas maiores referências.
(na foto – Julio Cruz, eu e Nicolau no reveillon de mais de 10 anos atrás.. pelo meu cabelo loiro, devia ser entre 1999 e 2001)