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O Roland Garros mais interessante dos últimos tempos

roland garros 2014Há tempos, ou melhor, há anos que não chegávamos nesta fase da temporada com tantas dúvidas. Com Roland Garros marcado para começar daqui a uma semana, pela primeira vez em muito tempo, Nadal não chegará à capital francesa com uma série de vitórias seguidas e um número de títulos impressionantes. Mas, não é só ele. Os outros tenistas tops também não dominaram os últimos meses no circuito. Por isso, este Roland Garros, mesmo antes de começar, já promete ser um dos mais interessantes dos últimos tempos.

Claro que não dá para dizer que o oito vezes campeão de Roland Garros não é um dos favoritos a erguer o Trophee des Mousquetaires, ainda mais em um Grand Slam e em jogos de cinco sets. Qualquer um que ganhou um torneio oito das últimas nove vezes será sempre favorito, mas a condição é bem distinta dos anos anteriores. Mesmo tendo sido campeão do Rio Open e do Masters 1000 de Madri, Nadal “não sobrou” em quadra, passou sim muita dificuldade e precisou de toda a sua força mental para vencer jogos que antes ganhava em menos de uma hora.

Novak Djokovic derrotou o número um do mundo Nadal na final de Roma e foi até a semi em Monte Carlo. Não jogou em Madri com lesão no punho. Apesar de ter vencido o Rei do Saibro no Foro Itálico, Djokovic também não teve vida fácil no torneio. Precisou vencer diversos jogos em três sets, mas segue confiante para Paris, onde tentará vencer o único torneio do Grand Slam que falta em seu currículo.

rafael nadal roland garros 2014djokovic roland garros 2014

 

 

 

 

Roger Federer pouco jogou na temporada de saibro. Foi vice-campeão em Monte Carlo, pulou Madri para acompanhar o nascimento dos gêmeos Leo e Lenny e em um dia de muito vento na capital italiana, perdeu na estreia em Roma. Chegará em Roland Garros com menos jogos do que está acostumado, mas jogando muito melhor do que em 2013. Federer roland garros

Stanislas Wawrinka ganhou o primeiro Masters 1000 da carreira em Monte Carlo, mas depois não conseguiu avançar nem em Madri, nem em Roma. O campeão do Australian Open chegará a Porte DÁuteil com muitas dúvidas na cabeça.

David Ferrer, também acostumado a brilhar na temporada de saibro, não chegou a ter uma gira sul-americana fantástica, apesar do título em Buenos Aires. Foi à semi em Monte Carlo e Madri, mas parece que ainda falta algo para o jogo do vice-campeão de Roland Garros do ano passado chegar onde estava 12 meses atrás.

Andy Murray até que fez um bom torneio em Roma, mas também pouco jogou no saibro e deve estar com a cabeça mais voltada para Wimbledon do que a terra vermelha de Paris.

 

Tomas Berdych fez uma temporada de saibro sem grandíssimos resultados. Todos sabem que a “terre battue” não é o seu piso predileto, mas o checo não chegará a Paris no auge da forma. Ele até foi vice-campeão do Portugal Open, mas não foi o suficiente para elevar seu nível de jogo.

 

Dimitrov tennis star Os novatos que brilharam nas últimas semanas, Grigor Dimitrov, Kei Nishikori e Milos Raonic, já não tão novos assim, mas pertencentes a uma geração diferente a dos big 4, tem a chance de mostrar a que vieram. Mas, será que eles estão prontos fisicamente para duelar com os melhores em jogos de cinco sets durante duas semanas, no mais desgastante dos Grand Slams. Eles chegaram perto de bater os tops nas últimas semanas, mas no momento final foram superados pelo próprio corpo ou pela mente ainda em formação de super campeão.

A discussão em torno dos franceses sempre acontece quando chega esta época do ano. Gael Monfils, Jo-Wilfried Tsonga, Richard Gasquet, Gilles Simon e Julien Benneteau serão os nomes mais invocados nos próximos dias em Paris. Mas, será que algum deles está pronto para erguer o trofeu que pela última vez foi levantado por um francês há 31 anos, com Yannick Noah? Monfils, apesar de pouco ter jogado nas últimas semanas, acredita no seu potencial em Roland Garros. Já afirmou que cresce de produção quando joga na sua casa e que sonha com o título. Até mesmo lembrou a posição de número 66 de Gustavo Kuerten, quando o brasileiro venceu o Grand Slam parisiense pela primeira vez.

Tsonga também continua com discurso otimista, mesmo sem ter ganhado um título no saibro ou feito uma final neste 2014 na terra batida.

Gasquet nem sabe se poderá jogar. A lesão nas costas é mais grave do que se imaginava e ele só tomará uma decisão um dia antes de Roland Garros começar.

Os outros correrão por fora, bem por fora.

Os argentinos que durante anos foram destaque da temporada de saibro chegarão a Paris sem nenhum tenista cabeça-de-chave e com apenas 6 (com Ormaechea) representantes na chave principal. Não que isso seja pouco, especialmente comparado ao Brasil que vai apenas com Thomaz Bellucci e Teliana Pereira, mas para quem já teve uns 14 na chave, é quase preocupante.

serena williams champion tennis

E entre as mulheres, dá para imaginar alguém além de Serena Williams e Maria Sharapova brigando mesmo pelo título. Podemos falar em Li Na, mas a chinesa não teve uma super temporada de saibro, assim como a polonesa Agnieszka Radwanska.

A novata Simona Halep, agora no top 5, pode fazer bonito, mas ainda deve precisar de uns anos para vencer a Coupe Suzanne Lenglen.

Ana Ivanovic vem fazendo a melhor temporada dos últimos tempos, mas na hora final, ainda está faltando aquele plus das campeãs. O mesmo podemos dizer da compatriota Jelena Jankovic.

Flavia Pennetta ganhou Indian Wells, mas depois não avançou muito nos torneios no saibro. sharapova paris 2014

Entre as francesas, Alize Cornet será o centro das atenções, seguida pela novata Caroline Garcia. Mas nenhuma delas venceu o suficiente até agora para dar esperança de título.

Pode ser que uma ou outra tenista do estilo de Carla Suarez Navarro ameace Serena ou Sharapova no início do torneio, mas não devem passar de um jogo apertado para as duas últimas campeãs em Paris.

A pergunta é quem vai conseguir ir mais longe, além de Serena e Sharapova.

E que o torneio que mais exibe o tênis arte comece!

Desta vez assistirei de casa, já sentindo falta de estar em Paris, mas pelo mais nobre dos motivos. Não, não vou cobrir a Copa do Mundo, estarei de licença maternidade.

 

 

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Federer, o engraçadinho

Federer sempre foi gentleman, desde o início da carreira. Suas entrevistas sempre foram longas e em três línguas – inglês, francês e suíço alemão. Mas, de uns tempos para cá o suíço ficou engraçadinho também.

Federer Roland GarrosPrimeiro achei que fosse somente em eventos de patrocinadores, em exibições, quando não há pressão, concentração e é hora de aproveitar mesmo. Não é não. Faz um tempo já que nas entrevistas em quadra ele está descontraído e nas coletivas também. Acompanhei praticamente todas dele em Roland Garros e reproduzo aqui partes da de ontem, após a vitória  de número 900 sobre Gilles Simon para mostrar que entre as respostas sérias e longas, ele está toda hora fazendo uma gracinha.

Q.  36 consecutive Grand Slam quarterfinals.  I was wondering how this achievement, in your opinion, ranks compared to the others that you have had?

ROGER FEDERER:  Well, I was asked on court.  I’m not going to say something totally different to you guys than to all the people, but I guess this is maybe a record I look back on when I’m not playing anymore, and go like, That was incredible that I was able to achieve this.  Because this isn’t just a one‑week thing or one‑year thing.  This is such a long period of time that I had to fight through matches like the one, for instance, here today.

The number is unbelievable.  I probably would have been happy with one at one point in my career, when I was younger and eventually you raise the bar and say, Okay, hopefully I can reach my first semifinals, like in 2003 at Wimbledon.  I went on to win the tournament, and the rest we know.

It’s been an amazing run, and I’m happy I’m still on it.

Q.  You were laughing when Gilles made his speech on center court.  Did he say something particularly funny for those who didn’t hear it and don’t know what he said?

ROGER FEDERER:  What did he say?

Man, I guess he mentioned something like he obviously hopes he can beat me sometime.  He was right, you know.  (Laughter.)

He’s not going to stand there like saying, I hope I’m not going to lose next time.  It’s very uncomfortable.  The other guy is sitting there.  I guess that’s what it was.  Maybe there was something else which now I forgot.  Too many things happened in the last hour.

Q.  You’re looking very fresh.  Actually, doesn’t look like you played five sets.

ROGER FEDERER:  Thank you.  You look great, too.  (Laughter.)

Q.        Thanks.

ROGER FEDERER:  For watching a match of five sets.  Did you take a shower?  (Laughter.)

Q.        These boring interviews, we have to get you guys to loosen up a bit.

ROGER FEDERER:  I’m happy you did.

Q.  As far as longevity goes ‑ and one would love to see you play forever because you’re such a fantastic player.

ROGER FEDERER:  Well I may not, but hopefully for a long time, yes.

Q.  36 quarters is an incredible accomplishment.  A big number.  Among all those quarterfinals, could you possibly pick out one or two that were particularly important or particularly meaningful in all of those?

ROGER FEDERER:  The quarterfinal match itself then

  Q.  Yes.

ROGER FEDERER:  God.  (Laughter.)

How much time do you give me?  Let me think.

I guess two that come to mind ‑‑ I don’t know.  I guess part of the streak.  It was maybe the first one in ‑‑ because I lost first round at the French in ’03 and then made the quarters at Wimbledon ’03, and then beat Sjeng Schalken, I think, on Court 2.

That was the first time for me to make it to a semis.  He was injured.  He couldn’t move very well.  He had a foot problem, I remember.  And I wasn’t happy he had that, but I was happy he wasn’t the Sjeng Schalken I knew he could be on the grass.

That was for me a particularly big one for me to give myself an opportunity to play Roddick in the semis.  I won Halle he won Queen’s, and I won that to go on and win.

So that one stands out for me.  But then ‑‑ I don’t know if that was the quarters, but I think it was ‑‑ against Agassi at the US Open.  I don’t know if the wind match ‑‑ was that a semis?  Anyway, so then I guess it’s just the Wimbledon match.

Otherwise if that was the quarters, that was an important one for me in my life.

Q.  It was a madhouse out there.  The volume of sound, that was incredible.  You were walking around behind the court in between points.  What are you saying to yourself, and can you get lost in your own head at that point and just forget everything?

ROGER FEDERER:  Yeah, I thought it was very fair.  I said it on the court, too.  But today definitely reminded me what Simon’s first name was.  I heard that throughout the entire match.  But I enjoyed it.

It’s always nice being part of an atmosphere like the one we had tonight, and you always look forward to those kind of matches.  You know, while you’re walking in the back you tell yourself that’s exactly why I work hard for; I’m going to be strong, stronger than him; I’m going to be good here; I’m going to fight and leave everything on the court.

That’s what I guess I was telling myself at times, as well.

(Pergunta do Felipe Andreoli – CQC) Q.  They already asked you about your physical, and we were worried about your back.  I want to know, how is your back, and if it hurts, I could do a massage because we want to see you at the finals.

ROGER FEDERER:  Right, right.  No, my back is good.  I’m happy it’s good so you don’t have to touch me.  (Laughter.)

Good to see you again.

Q.  I wonder what you thought of Tommy Robredo’s exploits in this tournament, winning three matches in concession from two sets to love down, a player over 30 who probably we have all been saying should have retired long ago.  You know what that’s like.  Doing that, how big of an achievement is that?

ROGER FEDERER:  I think it’s amazing, really.  I did see Tommy as well in Sao Paulo, so for me I was happy to see him back on tour.  He was injured for some time.  I have known him, man, since I was 15 maybe, so we go way back.  He was always one of the top juniors, as well.

So on tour we were very friendly.  I don’t quite know how it is to come back from injury, to be honest.  I know how it is to come back from two sets to love, and that is a big deal.

So the combo of him doing that three times consecutively at probably his most favorite tournament in the world, yeah, amazing achievement.  And, yeah, couldn’t be happier for the guy, really.

Q.  And what was the words that you heard in the audience that affected you?  I mean, I heard one that shocked me.  It was, Roger give me your genetic pool.

ROGER FEDERER:  It’s difficult really to pick out those sort of words ‑ it has to be cried out when everything else is tranquil in the stadium ‑ unless you’re sitting right next to the chap who’s saying it.

I mean, I hear basic things, if you like, but sometimes it’s true that you can pick out, I don’t know, maybe it’s a ball boy or, you know, people say, Roger, you know, Go for it, Roger.  You pick up on that.

It’s nice, those little messages of encouragement there just to help you.

 

Foto de Roger Federer – Cynthia Lum

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Larri, encontro de Bia e Sharapova, Robredo e Federer

O tempo passa mas algumas coisas não mudam em Roland Garros. Há 28 anos Larri Passos está aqui com juvenis, profissionais, com Guga, claro, sendo tricampeão e agora com Bia Haddad Maia. A mesma careca, raspada em 1999, quando Guga chegou às 4as de Wimbledon e muitos dos mesmos hábitos.

Larri Passos Guga Kuerten

Cheguei cedo para assistir o jogo da Bia Maia. De longe, nas escadinhas da quadra 5 avistei o Larri sentado no canto, com a mão no rosto, perna cruzada, assistindo a tenista fazer uma excelente estreia em Roland Garros. Sentei com ele para assistir a vitória diante de Theo Gravouil por 6/1 6/2 e Larri foi me contando da evolução da Bia, das vitórias nos Challengers na Itália, dos planos e do trabalho de construção de uma carreira. Com os pontos conquistados nos torneios profissionais na Itália ficará entre as 330 do mundo e começará a jogar Challengers maiores, de U$ 50 mil e qualifyings de U$ 100 mil. Os torneios Futures de U$ 10 mil já ficaram para trás, assim como praticamente os torneios juvenis.

Depois do jogo fomos tomar um café na Suzanne Lenglen, como sempre fazíamos. Encontramos conhecidos, amigos, jogadores, técnicos, jornalistas, fomos lembrando de anos de história em Paris e Larri me contando do que já fez aqui com a Bia, que a apresentou para a Sharapova, onde já treinaram, comeram, enfim, tudo que a experiência dele proporciona para a tenista de recém-completados 17 anos.

Nenhum treinador no Brasil tem o conhecimento de Larri do circuito, a confiança e principalmente, mesmo anos depois de já ter se consagrado, o sonho de querer ver mais um tenista erguendo uma taça em Roland Garros, a vontade e um embasamento profundo. Pode ter gente que discorde dos métodos, da dureza do técnico, da maneira de levar as coisas, mas sempre disse e continuo dizendo, em quadra ele é indiscutível. Os resultados da Bia mostram.

Ainda assediado pelo público, brasileiro e estrangeiro, depois do nosso longo cafezinho, Larri foi dar entrevistas, posou para fotos, deu autógrafos e não cansou de ouvir “Merci Pour Guga.”

CQC Roland Garros

Com a Bia conversei um pouco depois. Ela falou do encontro com a Sharapova (no Brasil, já cansaram de escrever que ela é a Sharapova brasileira). Disse que Larri as apresentou e depois ficaram medindo para ver quem era a mais alta. Sharapova ganhou por 3cm, com 1,87m. A brasileira falou que apesar de não ser a primeira vez que joga em Roland Garros – foi vice de duplas no ano passado -, ainda sente um certo nervosismo jogando em um lugar tão especial como o complexo francês, mas que está confiante, especialmente depois dos resultados dos Challengers na Itália (foi vice-campeã de um e alcançou as oitavas em outro).

Os outros juvenis brasileiros, Marcelo Zorman, Rafael Matos e Carolina Meligeni Alves perderam na estreia neste domingo.

Depois da manhã e do início da tarde acompanhando os juvenis, consegui ver o 4º e o 5º set da vitória de Tommy Robredo, de virada, sobre Nicolas Almagro e lembrar do jogo que ele ganhou do Guga aqui em 2003, nas oitavas-de-final. O tricampeão já tinha feito cirurgia no quadril e sofreu com as curtinhas do espanhol. Neste domingo, Robredo, que há um ano não estava nem entre os top 400, se recuperando de lesão no adutor e mal conseguia correr, venceu o 3º jogo seguido depois de estar perdendo por 2 sets a 0 e está nas quartas em Paris. Só que desta vez com muito mais emoção do que das outras 4 vezes, quando vencer e ainda mais no saibro, era normal.

A ideia era, depois da entrevista do Robredo, ir para a degustação de queijos e vinhos no salão da Suzanne Lenglen. Mas, com o jogo do Federer e Simon emocionante, indo até quase 21h, vou ter que torcer para fazerem outra nos próximos dias.

Roger Federer - Roland Garros 2013

Federer, como ele mesmo disse, “quase foi para casa mais cedo.”O francês chegou a ter 2 sets a 1, mas o suíço saiu vencedor.

Fim especial da primeira semana em Roland Garros. Mais um jogo de cinco sets, de altíssimo nível e com um público participativo, torcendo para os dois jogadores, gritando “Rodgeur Rodgeur”e Ällez Gillou” até o último ponto.

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“C’est Roland”

Ainda estamos na 2ª rodada – alguns jogaram a 1ª hoje – mas os franceses já começam a comemorar um bom Roland Garros. Tentei passar o dia acompanhando os jogos dos franceses para entender o que acontece com eles aqui e a resposta que mais ouvi, dos próprios jogadores, foi “C’est Roland”

JO WILFRIED TSONGA - ROLAND GARROS   Nesta quarta-feira, seis franceses saíram vitoriosos, com cinco avançando à terceira rodada (Monfils, Benneteau, Simon, Chardy, Tsonga) e um, Paire, à segunda. Em todos os jogos a torcida teve papel fundamental.

O primeiro pensamento que pode vir à cabeça é que isso é normal e acontece o mesmo em Wimbledon, no US Open e no Australian Open. Mas, no Reino Unido e na Austrália, há pouquíssimos jogadores na chave de simples e quando há mais do que o normal, costumam ser jogadores novos, convidados que não avançam. No US Open há um ambiente bom de torcida, mas é diferente. Aqui em Paris as pessoas vem assistir tênis, entendem do esporte e respiram Roland Garros durante 2 semanas, na cidade toda. Em New York, o público faz parte de um espetáculo, é um evento de entretenimento.

Este ano, com a data comemorativa dos 30 anos da vitória do último francês em Paris, Yannick Noah, em 1983, alguns jogadores disseram que estão sentindo mais a pressão, mas que isso é bom.

Além de ter assistido os jogos da maioria dos franceses em ação hoje e sentido a emoção da torcida, especialmente nas vitórias de Monfils, Benneteau e Paire, fui ouvir o que eles tinham a dizer sobre o quão especial é jogar em Roland Garros e porque, de repente, tudo acontece aqui. MONFILS ROLAND GARROS

Monfils, que ganhou de Berdych e Gulbis, falou: äqui há uma energia diferente, um espírito ótimo. A torcida está 100% me apoiando, sinto a pressão de uma maneira boa para mim. C’est Roland”

Benneteau, vencedor de Berankis em 4 sets e Kamke, em 5, falou “C’est Roland, por isso é especial. Sempre damos algo a mais.” E Benneteau precisará aparecer com algo a mais mesmo para derrotar Roger Federer na próxima rodada. “É no saibro, já ganhei dele, tudo pode acontecer. C’est Roland.”

O número um francês, Jo-Wilfried Tsonga confessou sentir uma pressão extra por ser o mais bem colocado de uma nação que não triunfa na própria casa há 30 anos, mas acha isso positive. “Sou francês, é na França e tem mais pressão, mas é positivo. Tenho tudo a meu favor para vencer e diria que nada para perder. Se eu perder, nada vai acontecer, mas se eu ganhar ou for longe, será algo enorme. Tenho que ficar concentrado e espero ir longe.”

O próximo adversário de Tsonga é outra francês, Jeremy Chardy.

PAIRE ROLAND GARROS

Benoit Paire, o mais novo conhecido jogador do público local, após alcançar a semifinal em Roma e perder para Roger Federer, recebendo elogios do suíço, também falou da pressão de jogar em casa. Äs pessoas estão me vendo com outros olhos este ano. Eles querem que eu vá longe, é normal. C’est Roland”

O tenista que derrotou Baghdatis e agora joga contra Lukasz Kubot, na 2ª rodada, disse que sonhava com um momento como o de hoje. “Quando eu era pequeno sonhava jogar nesta quadra – Suzanne Lenglen – Alguns acham que é mais pressão, mas eu só penso que é um sonho, as pessoas vão me apoiar e devo relaxar. Só não quero estragar isso. Tenho que manter o foco.”

Já são cinco franceses na 3ª rodada e amanhã eles podem se tornar 8 entre os 32 melhores do Grand Slam. C’est Roland.

 

Foto de Tsonga – Cynthia Lum

Monfils e Paire – FFT

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Ninguém é perfeito. Nem Nadal, Federer, Djokovic e Murray.

Roland Garros começa neste domingo e depois da vitória de Rafael Nadal, em Roma, derrotando Novak Djokovic, na final e da de Roger Federer, em Madri, os top 3 estão em destaque total, com Andy Murray vindo mais atrás.

Apesar de serem gênios do esporte, eles ainda tem o que melhorar e com esses detalhes que vão ajustando no jogo, estão conseguindo se manter no topo e na busca pelos maiores títulos do mundo.

O momento é propício para reproduzir a coluna que Emílio Sanchez escreveu na edição 119 da Tennis View, falando das deficiências de Nadal, Federer, Djokovic e Murray, como eles podem melhorar e como podemos aprender com eles.

 

RAFAEL NADAL

O ano de 2011 foi um ano cheio de supresas para Rafa. Ganhou Roland Garros, mas perdeu sete vezes para Djokovic. Durante o intervalo de inverno europeu trabalhou muito para voltar a seu nível máximo e já na Austrália mostrou que podia por em prática o que havia aprendido.

 

Como o tênis é um esporte mental e emocional, por haver perdido tantas partidas contra Djokovic, isso criou uma barreira na sua cabeça, a mesma que Federer tinha quando jogava contra ele.

 

Na final do Aberto da Austrália, Rafa jogou uma boa partida, mas tentar seguir as novas jogadas agressivas nos momentos máximos de tensão é o mais difícil para o jogador. Nesses casos, o jogo entra no subconsciente e isso ele não pode controlar. O jogador sabe que deve ser agressivo, mas seu subconsciente o leva a jogar como está acostumado.

 

O melhor golpe do Rafa Nadal ainda é seu drive de direita, mais para o lado de seu revés. Pelo contrário, Rafa sofre quando sacam no seu lado esquerdo, tirando ele da quadra. Agora tem melhorado o golpe e isso permite ficar sem perder tanto espaço na quadra, porque antes quando sacavam tirando ele da quadra, já começava o ponto perdendo espaço. Agora pode executar a devolução paralela, pode até ser agressivo, entrar na quadra e ir volear.

 

 

Como melhorar?

Para Rafa cada vez que atacam pelo seu lado direito, para jogá-lo para fora da quadra, uma solução é jogar a bola na paralela, e logo poder dominar o ponto, ficando na zona de transição para chegar a volear.

Para você: Se te jogam para fora da quadra, trate de voltar ao centro sempre na diagonal, não ficar nunca fora da quadra ou voltar horizontalmente, e então atacar a direita e depois a esquerda para terminar voleando. Treine isso deixando que alguém te ataque do seu melhor lado e te tire para fora da quadra.

 

 

 

ANDY MURRAY

Ele vai bem em todos os aspectos importantes, técnico, físico, mental e emocional, mas ainda não venceu as partidas chaves dos Grand Slams. Mas como Lendl também viveu essa experiência, estou quase seguro que poderá ajudá-lo neste aspecto.

 

Para Andy é muito difícil mudar as zonas de jogo. Quando se defende é difícil passar para a zona de transição e depois para a de definição.

 

A mesma coisa acontece quando alguém o ataca, como fica muito atrás, até mesmo quando saca, que deveria ficar posicionado mais a frente e daí definir, também fica atrasado. Andy joga em uma só zona, deve ampliar seu repertório e utilizar todos os seus recursos que são muitos.

Como melhorar?

Para Andy: Trabalhar as mudanças de zona, quando o atacam posicionar-se para defender-se bem e assim passar a atacar. Andy deve trabalhar antes a defesa do seu lado de esquerda e atacar paralelo do mesmo lado. Na direita depois de defender-se, entrar na quadra e atacar paralelo para ir à rede e volear de forma mais confortável. Ter atenção especial para chegar equilibrado na direita para bater na paralela, mas antes sempre jogar cruzado e com muito giro.

Para você: É importante treinar o lado da esquerda, já que é um golpe mais difícil para esses tipos de jogadores. É necessário praticar o ataque dos dois lados, inclusive o lado que não é tão bom.

 

 

 

ROGER FEDERER

 

Em 2011 não ganhou nenhum Grand Slam, mas seu padrão de jogo ficou mais sólido. Se recuperou para ser mais agressivo, vai muito mais à rede para definir voleando, mas ainda sofre uma barreira mental com Rafael Nadal.

Seu problema é que deve acreditar mais em suas qualidades físicas, porque sempre parece querer guardar energias, parece que não acredita que pode aguentar 5 sets. Isso leva a querer acabar os pontos muito rápido. Deve aprender a buscar as trocas de ritmo, mantendo a agressividade e procurar mudar as velocidades de movimento, mudando também de zonas, para causar muito mais impacto ao adversário.

 

Federer se movimenta em uma só velocidade. Deve pensar que a bola sempre voltará e concentrar-se em fechar os espaços com velocidade, usando as pernas, sobretudo contra seu maior rival, Rafa Nadal.

Como melhorar?

Para Roger: Treinar para fazer a jogada completa, defendendo-se bem, passar para a zona de transição e logo definir na rede.

Para você: Jogar com alguém que devolva todas as bolas e assim ter que cobrir os espaços da quadra sem medo de ficar cansado. 

Importante fazer treinamentos de:

1. Mudança de ritmo

2. Defender-se de esquerda e recuperar a iniciativa

3. Cobrir os espaços para chegar mais a frente

 

 

 

 

 

NOVAK DJOKOVIC

 

Depois de um ano de crescimento, Djokovic estabilizou seu nível de jogo, ficando mais completo. Tem melhorado muito seu aspecto físico, mental, emocional e a paixão que coloca em cada partida.

Nole tem um ótimo repertório técnico e se adapta a qualquer superfície. Portanto há pouco que melhorar, mas se tivéssemos que escolher algo, poderíamos dizer que sofre quando joga contra adversários muito agressivos, contra os que não lhe dão ritmo, então contra Federer sofre muito mais do que contra Nadal.

 

Ele não gosta de velocidade e de pontos curtos, é um jogador que se defende de maneira agressiva e joga dentro da quadra e não gosta de ir para trás. Eu treinaria mais suas defesas ficando mais atrás, jogando mais profundo e recuperando sua zona natural depois de defender-se para pode chegar a atacar e depois definir mais para frente.

O voleio de revés é um outro ponto a ser melhorado devido a sua esquerda de duas mãos.

 

Como melhorar?

Para Novak: Sair da linha da defesa, sair mais de trás e ir voltando para sua zona natural.

Exercício: sair mais atrás da linha de base para depois entrar e atacar para definir mais para frente, que é a zona menos natural para ele. Se atacar melhor, voleará mais fácilmente e definirá melhor, especialmente em quadras muito rápidas. Tentar equilibrar o corpo para volear na esquerda.

Para você: O mesmo. Treinar para sair de mais de trás da quadra e depois acabar definindo na rede, fazer os ataques e os voleios paralelos. 

 

 

 

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Federer: “Nunca tive uma semana antes de Roland Garros tão calma e para mim, o Nadal ainda é o favorito.”

Roland Garros começa neste domingo e confesso que é bem estranho não estar em Paris. Tinha me programado para viajar neste sábado, mas os compromissos com o meu outro trabalho do “Lixo Extraordinário,” e os catadores de materiais recicláveis, na transformação deles em empreendedores, além de exposições de arte que estou envolvida (Fernando de La Rocque e Gais), me impediram de viajar agora. Quem sabe ainda consiga chegar a Paris para a segunda semana do Grand Slam.

De qualquer maneira, não é só porque não estou em Roland Garros que não estou acompanhando o torneio  e o que está acontecendo por lá. Tenho meus contatos, minhas fontes e vou passar muitas horas nos próximos dias lendo os jornais franceses.

Neste sábado, em uma entrevista das mais legais que li do Federer nos últimos tempos, feita pelo colega jornalista Vincent Cognet no L’Equipe, ele afirma que com toda atenção voltada para o Nadal e para o Djokovic, que nunca teve uma semana tão tranquila antes de Roland Garros. “Antes tinha aquela história de que era o único Grand Slam que faltava para eu vencer; eu ganhei e no ano passado eu era o defending champion. Neste ano tive menos pedidos de entrevistas e eventos com os patrocinadores, menos pressão, muito mais calmo.”

Entre as inúmeras perguntas e respostas, Federer afirmou que agora já não é mais o momento de se perguntar o que ele tem que fazer em quadra. “Essas perguntas eu fiz depois de Monte Carlos. Reuni minha equipe e vimos o que tinha que ser feito antes de Roland Garros. Se eu devo jogar mais dentro da quadra, trabalhar melhor a movimentação, as pernas, etc… Agora já estamos numa bolha.”

Sobre o momento de Djokovic, Federer disse que não esperava ver o sérvio chegar a Roland Garros, desde o começo do ano sem perder um jogo. “Ninguém imaginava. Mas, depois de vê-lo em Dubai, sabia que ele seria um adversário muito complicado em Indian Wells e Miami. Quando um jogador começa uma temporada como ele, ela poder ir longe.”

Mesmo com todos os resultados de Djokovic dos últimos meses, Federer não considera que o tenista de Belgrado esteja no mesmo patamar do que ele e Nadal. “Eu tenho 16 Grand Slams, o Rafa tem 9 e ele tem dois. Ele ainda precisa de um pouco mais para se sentir um monstro, como eu eu o Rafa nos sentimos.”

E como é se sentir um monstro pergunta o L’Equipe. “Eu gostava, mas tudo passa muito rápido. Fora da quadra era muito estressante, mas dentro da quadra era uma alegria total. Mas é torneio atrás de torneio, você vive a sua vida quando pode e acaba ficando dentro de uma bolha. Você acaba esquecendo do resto do mundo, mas o mais importante disso é aproveitar porque isso é passageiro e você vai de um para o outro muito rapidamente.”

Federer disse que para ele o fato de não ser favorito este ano em Roland Garros – ele estreia contra Feliciano Lopez e está na chave de Djokovic – não é novidade. “Nunca me senti favorito aqui e prefiro estar na chave do Djokovic do que na do Nadal. Para mim, ele ainda é o favorito.”

Sobre o fato de não ser mais número um do mundo, o suíço falou que não faz diferença, mas que claro que ele preferiria ser o número um do que o número três. “Quem não gostaria?”

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