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Impressionante. Federer jogou a 1ª final de Masters há nove anos. Que longevidade!

É quase inacreditável. Mas Roger Federer disputará nesta 2ª feira, contra o sérvio Novak Djokovic, a sua 8ª final de ATP Finals, buscando o sétimo título. Há 9 anos ele ganhava o seu primeiro trofeu do Masters, em Houston, derrotando Andre Agassi na final.

Todos queriam assistir a decisão entre Djokovic (d. Del Potro 4/6 6/3 6/2)  e Andy Murray, derrotado por Federer, o duelo que vem sendo chamado de o novo “Federer x Nadal,” do tênis, mas o Maestro Federer, depois de vencer o primeiro set contra Murray por 7/6, não deu chances ao britânico no segundo e fechou o jogo 6/2.

 

Desde que disputou o seu primeiro ATP Finals, em Xangai, há exatamente 10 anos, Federer viu diversos de seus companheiros de melhores da temporada se aposentarem. Da turma de 2002, com Safin, Ferrero, Agassi, Moya, Costa, Novak e Hewitt, só o australiano continua jogando. Foi justamente Hewitt que eliminou Federer na semifinal.

 

Em 2003, quando ganhou de Agassi na sua primeira decisão, em Houston, com Roddick, Coria, Moya, Agassi, Ferrero, Schuettler e Nalbandian, só o argentino segue competindo, mas longe dos holofotes.

 

Da turma de 2004, ano em que foi campeão novamente no Texas, derrotando Hewitt, só sobrou o australiano também, do grupo que teve Coria, Safin, Roddick, Henman, Gaudio e Moya.

 

Em 2005, Federer foi surpreendido na final por Nalbandian, em Xangai e com exceção do argentino e de outro jogador que também sumiu dos pódios, o russo Nikolay Davydenko, o resto já parou de jogar. Ljubicic, Puerta, Gaudio, Coria e Agassi completavam os top 8 daquele ano.

 

Campeão em 2006, na mesma Xangai, ganhando de James Blake na final, Federer dividiu a arena com Ljubicic, Roddick, Nalbandian, Davydenko, Robredo, Blake e Rafael Nadal, aparecendo pela primeira vez no Masters. Metade desta turma ainda joga, mas a exemplo dos anteriores, também sem se destacar entre os tops.

 

Em 2007, Federer repetiu o título em Xangai, ganhando de David Ferrer na final. Cinco anos atrás, os top 8 já se assemelham um pouco mais com os de hoje, mas ainda assim teve dois tenistas que hoje já não jogam mais: Roddick e Gonzalez. Gasquet, Davydenko, Nadal e Djokovic completaram a lista.

 

O ano de 2008 foi de Novak Djokovic. Em Xangai, Federer perdeu para Simon e Murray no Round Robin, ganhando apenas de Stepanek, que substituiu Roddick. Tsonga, Del Potro e Davydenko fecharam a lista dos top 8.

 

Federer também não teve sucesso imediato quando o ATP Finals mudou da China para a Inglaterra e Nikolay Davydenko foi o campeão em 2009, ganhando de Federer na semifinal, no ano em que Verdasco, Nadal, Djokovic, Soderling, Del Potro e Murray jogaram o Masters.

 

Em 2010, Federer foi campeão invicto, ganhando de Nadal na final. O grupo também foi composto por Berdych, Soderling, Ferrer, Murray, Roddick e Djokovic.

 

Há um ano o suíço também ganhava o ATP Finals sem perder um jogo, derrotando Tsonga na decisão, em um grupo muito parecido com o de 2012. Djokovic, Murray, Tipsarevic, Nadal, Ferrer e Fish jogaram pelo troféu de melhor da temporada.

 

Com essa rápida passada por todos os anos que Federer jogou o ATP Finals dá para ter uma boa ideia da longevidade dele no circuito. Diversos tenistas tiveram a honra de jogar o Masters, alguns nomes que hoje olhamos e nem nos lembramos que estiveram entre os oito melhores do ano. Mas, nenhum deles está há 10 anos nesta posição.

 

Foto de Cynthia Lum

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“Murray ainda vai melhorar muito” – quem disse foi Emilio Sanchez, há oito meses

Esse post é a reprodução da coluna do Emilio Sanchez, publicada na edição 117 da Tennis View. Vale a pena ler as observações que Sanchez, que treinou Murray, faz sobre o finalista de Wimbledon, nessa véspera de final histórica contra Federer.  Emilio inclusive previu que Murray melhoraria muito e que disputaria as vagas nas finais e os títulos de Grand Slams com mais chances de vencer os tops neste ano.

 

“Estou aqui sentado na minha academia, a Sánchez-Casal, tentando me recordar dos momentos interessantes, que Andy Murray teve conosco. E a grande evolução dele foi em 2003.

Ele chegou um dia com a sua mãe na academia. Ela estava confiante e ele tinha muitas dúvidas. Eu me lembro daquele menino que quase nem me olhava, que estava assustado em chegar num país estranho, de iniciar uma nova aventura, mas como as fronteiras desaparecem dentro da quadra de tênis, pois são iguais em todos os locais do mundo, ele conseguiu se adaptar rapidamente ao lugar. Quando olhava para ele, achava que parecia qualquer coisa, menos um tenista, mas dentro da quadra, ele mostrava todo o seu talento.

Sua mãe Judy, ex-tenista, que treinava os jogadores juvenis de seu país e também trabalhava para a Federação de Tênis da Grã Bretanha, sabia que deveria fazer com que Andy mudasse do ambiente em que vivia na Inglaterra, tirá-lo da pressão da imprensa inglesa, querendo que Andy fosse um a mais no grupo, que não fosse diferente, que se misturasse com os outros jogadores de nível.  Além disso, devia conseguir que seu filho se movimentasse em quadra como os espanhóis, que fosse um gladiador na quadra e sabia que a Espanha era o melhor lugar para isso. Judy apostou na nossa academia, pois estava convencida que aqui daríamos tudo o que ele precisasse.

A primeira vez que joguei com ele, me apareceu na quadra um menino magro, alto, desengonçado, com as pernas juntas e que só olhava para o chão. Eu tentei fazer algum comentário para impressioná-lo, mas sua resposta me deixou pensativo; aqui tem alguma coisa, pensei, tem caráter. Então, começamos a bater bola, não havia nada de especial nele, golpes normais, que pena, pensei. Mas, como eu gosto de medir os jogadores numa partida, tentei novamente instigá-lo. Perguntei a ele se ele gostaria de jogar um set e ele respondeu “pensei que você não se atreveria a jogar contra mim!”.  Ele tem confiança, pensei e fiquei animado.

Começamos a jogar. Vou ganhar, com certeza, pensava. Mudava as alturas das bolas e ele respondia, o atacava e ele se defendia melhor, o trazia para a rede e ele voleava melhor, era difícil para ele correr nas deixadas, mas era explosivo e acabaria aprendendo, não sacava muito forte, mas a execução do movimento era quase perfeita, quando ficasse mais forte, sacaria muito bem. A verdade é que fiquei impressionado, ele tinha algo de especial, além do mais era ganhador e quando aprendesse a canalizar as energias, seria duríssimo de ser vencido. Melhor, vou dizer o que aconteceu…

Aquele dia, fui para casa com um sorriso no rosto, se conseguíssemos dar a este garoto os valores básicos de um tenista espanhol, seria espetacular. Além do mais, em poucos dias que estava treinando com a gente, mostrou seu companheirismo, sua humildade e se conseguíssemos que trabalhasse de forma contínua, melhoraria muito. Foi a parte mais difícil, que ele se acostumasse com as rotinas de treinos, algumas vezes precisamos buscá-lo no quarto para vir treinar, outras vezes precisávamos perseguí-lo para quase obrigá-lo a treinar, ele precisava se acostumar à vida dura. Mas, quando ia aos torneios, era quando dava o melhor de si, essa parte tão difícil de ensinar, já tinha naturalmente.

Se analisarmos Andy Murray hoje em dia, nos damos conta que depois desse anos, ele segue mantendo tudo de excepcional que tem em seu jogo, é muito agressivo com o serviço e domina seus adversários e quanto mais alguém o ataca, melhor se defende. Se nos Grand Slams conseguir manter a constância com a agressividade como fez nos últimos meses nos torneios ATP, teríamos quase que com certeza o primeiro inglês a ganhar um grande torneio deste porte, desde Fred Perry. Eu sou um daqueles que defendem que ele ainda irá melhorar. Além disso, precisamos levar em consideração que ele joga em uma era de grandes jogadores da história, Nadal, Federer e se em alguma ocasião eles não estiveram presentes, Andy ainda encontra com um Djokovic quase superior do que os melhores. De um lado, penso que é sorte triunfar no tênis em uma época tão maravilhosa como a atual, coincidindo com os melhores jogadores da história, que obrigam os demais a subir o nível, mas por outro lado, é falta de sorte, apesar do tênis de alto nível de Andy, é muito mais difícil para ele ganhar um Grand Slam.

No ano que vem, em 2012, estou certo que nos torneios grandes Andy vai enfrentar seus três maiores rivais com maiores chances de vencê-los; chegou seu momento e no Masters que é disputado em seu país, é o principal candidato para o título.

Gostaria de terminar ressaltando que, mesmo chegando no topo, Andy sempre ajudou seus amigos, ex-companheiros de colégio e de residência da academia. É muito ligado aos seus amigos, é fiel e boa pessoa, convidou quase todos seus amigos aos grandes torneios e segue mantendo contato com o resto. Além disso, viajou quase dois anos com Carlos Mier, seu companheiro de quarto na Sánchez-Casal e agora seu técnico é o Dani Vallverdú, outro grande amigo que fez aqui na academia. Essas são as pessoas que estão perto de Andy, que conheceu aqui e ele continua com eles, e isso diz muito sobre quem ele é.

Eu só posso agradecer pelo Andy ser dessa forma que é, porque ele, desde que decidiu seguir sozinho, sempre se lembrou de todos nós da Sánchez-Casal, então somos muito agradecidos a ele. Aqui na academia não poderíamos ter maior referência, maior modelo a seguir. Um campeão como Andy e o fato de ele se recordar do tempo em que passou aqui como um dos melhores de sua vida nos enche de orgulho e satisfação. Todos que compartilhamos do seu crescimento, o admiramos e sabemos que em breve realizará seu sonho.”

 

Abraços,

Emilio Sànchez

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