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Vamos ouvir Boris Becker “não vamos encontrar um novo campeão se não for pelo amor ao esporte, o coração e a vontade de vencer.”

Não importa quanto dinheiro uma Federação de tênis tenha. Se não souber empregar essa verba da maneira certa e conseguir encontrar os jogadores juvenis com mais vontade e determinação, não vai ser capaz de produzir um novo campeão de Grand Slam, ou pelo menos, tenistas que cheguem à segunda semana destes torneios. A afirmação é de Boris Becker e serve para muitos países, inclusive o Brasil, não apenas ao Reino Unido, país a que ele se referia.

Três vezes campeão no All England Lawn Tennis & Crocquet Club, mais jovem vencedor do Grand Slam inglês, aos 17 anos, Boris Becker está para Wimbledon, assim como Guga está para Roland Garros. Durante a quinzena ele é requisitadíssimo para entrevistas, comenta os jogos para a BBC e faz mais sucesso entre os fãs do que muito tenista da atualidade. Exatamente como Guga em Paris, com a diferença de que Guga ainda não se rendeu às cabines de televisão para comentar jogos.

Foi diante dos olhos britânicos que Becker surgiu para o mundo, assim como foi diante dos franceses que Guga se consagrou e onde venceu o seu primeiro grande título.

As comparações param por aí. Os dois são pessoas e tenistas completamente diferentes e a associação foi só um parenteses em meio às declarações de Becker ao The Guardian.

Como uma das figuras mais procuradas para emitir opiniões sobre o campeonato, Becker deu uma longa entrevista ao jornal londrino que procura explicações para a falta de campeões no Reino Unido.

“Vocês ainda tem sorte de ter Murray, que veio logo depois de Henman,” disse o alemão.

“Essa é uma resposta de um milhão de dólares.  Esse país tem um dos eventos esportivos de maior sucesso do mundo, tem a Federação inglesa que é uma organização profissional e que existe há muitos anos e um país que é louco por tênis. Ainda assim, o último inglês a vencer Wimbledon foi Fred Perry, em 1936. Há um centro de treinamento maravilhoso em Roehampton, muita gente envolvida, mas alguma coisa não está funcionando 100%. Já conversei sobre isso com Henman, Rusedski, Draper, Pat Cash e até com Murray. Aparentemente muito dinheiro está sendo investido nos meninos e nas meninas, mas nada acontece.”

O ponto que Becker levantou na entrevista não é sobre a questão financeira, mas principalmente questionou a maneira como os jogadores que recebem apoio da Federação estão sendo escolhidos.

“Com certeza aquela coisa a mais não está sendo encontrada nos jogadores. Não pode ser apenas um técnico o responsável, mas seja lá quem for na equipe de Roger Draper que faz esta busca pelo país, para encontrar os melhores de Liverpool, Newcastle, etc, não está encontrando tenistas que tenham aquele algo mais de vencedor. Ou será que estão procurando por isso?”

Para Becker, “as qualidades que estão sendo procuradas nas crianças de 10 e 12 anos, devem ir além da linda direita e pender mais para o lado da determinação, da atitude e do amor pelo jogo. Os britânicos devem querer tenistas que chorem e enlouqueçam ao perder um jogo, porque detestam, não suportam perder. Isso é um sinal de um futuro campeão. Está no DNA deles e é isso que está faltando para os juvenis ingleses.”

Muitas vezes me pergunto se este não é um pouco o caso do Brasil. Não há dúvida que temos jogadores talentosos, mas será que não falta para eles aquele a mais a que Becker se refere. Será que com tantas facilidades – patrocínio, viagens custeados, treinadores, preparadores físicos, etc, não ficou mais fácil ser tenista que na hora do vamos ver, não dão tudo de si, pois nem eles sabem se é aquilo que querem mesmo?

O tricampeão de Wimbledon vai além e diz que a única grande Federação que parece estar fazendo o trabalho corretamente é a Francesa, com muitos ex-jogadores envolvidos, como Guy Forget. “Na Alemanha o problema é muito pior. Os americaos também estão passando por isso.”

Quando sugerem se a procura por novos talentos não deveria ser feita em regiões de baixa renda, onde o tênis seria uma ótima maneira de mudar de vida, Becker concorda, mas insiste que o problema está em como esta busca é feita. “Os britânicos tem bons juvenis, mas eles serão número um do mundo? Acho que não.”

Uma solução apontada pelo alemão é a de envolver mais ex-jogadores no commando e procurano novos talentos “nós sabemos em 10 minutos se alguém tem ou não aquele a mais do campeão, mas o sistem tem que estar disposto a aceitar novas pessoas e novas ideias. Acho que se o Tim Henman soubesse que poderia fazer a diferença estando mais presente, além de um papel no Conselho, ele estaria.”

Nascido em uma família de classe alta alemã, Boris Franz Becker, hoje embaixador do Laureus, relata que seus pais não acreditavam que esportista fosse uma carreira e que ele teve que lutar para conseguir treinar mais e provar que poderia ter sucesso.

Antes de terminar o bate-papo com o Guardian, ele faz um alerta. “Não há ninguém para substituir o Murray. Não é possível que num país de 50, 60 milhões de habitantes não dê para encontrar 10 bons jogadores de tênis.”

E o que dizer do Brasil, com quase 200 milhões de habitantes? Não sonho e nem nunca sonhei com outro número um do mundo, mas com um número bem maior de jogadaores disputando Grand Slams e vencendo campeonatos além de Futures e ocasionalmente Challengers.

 

 

 

 

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Wimbledon – Tudo acontece em SW19

Durante as próximas duas semanas, ou melhor as próximas 7 semanas, nos acostumaremos a ver um código, o SW19. Especialmente para quem estiver pela Inglaterra, ou lendo e vendo o noticiário internacional essa CEP se tornará ainda mais comum. É o CEP do bairro onde está localizado Wimbledon, nos subúrbios de Londres.

Lembro que a primeira vez que fui a Wimbledon, em 1997, e vi a placa com SW19, em uma rua, mostrando que era o CEP, falei, ah, finalmente entendi. Da mesma maneira que o 90210 ficou conhecido como o nome do seriado Barrados no Baile, sendo o CEP de Beverly Hills, o SW19 é conhecido também para denominar Wimbledon.

É comum ver o CEP em títulos de matérias jornalísticas e mencionados cada vez que se fala de Wimbledon.

Para chegar do centro de Londres até SW19, a melhor maneira é mesmo o metrô, evitando o trânsito e as altas tarifas de taxi – pode demorar até uma hora – pegando a District Line até a Wimbledon Station e depois caminhando uns 10 minutos até o All England Lawn Tennis & Crocquet Club e vendo nas placas das ruas o SW19. 

Desta segunda até o fim das Olimpíadas, é neste zip code que se concentrarão os maiores tenistas da atualidade.

É em SW19 que os tenistas alugam casas – há apenas um hotel pequeno e nada luxuoso na região – , para evitar o trânsito entre os hoteis do centro londrino e o Grand Slam, e é lá que vivem durante três semanas (na semana anterior ao torneio eles já estão hospedados). Durante este período eles frequentam os restaurants de Wimbleodn Village, os supermercados e as lojas locais.

É deste cep que sairão os campeões do mais prestigioso torneio de tênis do mundo, o de Wimbledon e os medalhistas olímpicos, algumas semanas depois.

Federer, Nadal, Djokovic, Sharapova, Azarenka, Kvitova, ou Murray, Serena e Venus Williams, Del Potro, Stosur? Quem sairá com o trofeu ou a medalha de campeão não sabemos. Podemos tentar adivinhar, seguir as indicações do quem vem acontecendo nos últimos meses da temporada e o que a história já gravou na mítica quadra central de Wimbledon. Mas, é de SW19 que eles sairão como campeões.

 

 

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Rafa

Desde que acabei de ler a biografia do Nadal, RAFA, de John Carlin, publicada aqui no Brasil pela Sextante, queria ter escrito sobre ele, fazendo uma resenha daquelas.

Mas, terminei a leitura no meio de uma época conturbada de trabalho e acabei deixando passar.

Continuo, como sempre, atolada de coisas para fazer, mas no meio do primeiro Grand Slam do ano, achei que valia a pena recomendar a leitura.

Antes de tudo, gosto de biografias, ainda mais quando são bem escritas.

A do Nadal, a exemplo da de Andre Agassi foi feita por um aclamado escritor, John Carlin, autor de Invictus. A de Agassi, foi escrita por um vencedor de Pulitzer.

Essas características por si só, já fazem a diferença.

As comparações, no entanto, param por aí. São bem diferentes.

Apesar de achar que biografias devem ser escritas quando o personagem em questão encerra a sua atividade de destaque, no caso, como fez Agassi, a de Nadal vale a pena.

Entre descrições detalhadas de jogos importantes da carreira do espanhol, que te fazem sentir dentro da quadra, há inúmeras páginas dedicadas à pessoa Rafael Nadal, que acabam por mostrar como tudo o que faz dele quem ele é, influenciaram e influenciam a sua carreira.

O mais surpreendente para mim foi como, ao ler o livro, deu para me sentir muito mais entendida sobre ele.

São passagens como a que ele revela o medo do escuro; de tempestades; o desejo de comprar um carro uma vez durante Roland Garros e que o pai não deixou; a relação próxima com a irmã Maribel; como ele se sentiu quando os pais se separaram – aliás, o pai aparece como muito presente na carreira dele, muito mais do que podia imaginar – e olha que eu costumo saber destas coisas -; como foi cada processo da descoberta e de recuperação das lesões mais sérias, inclusive detalhando visitas a médicos que jogadores raramente gostam de comentar, que fazem do livro especial.

São detalhes dos jogos mais importantes que revelam uma vontade de vencer ainda maior do que a vemos quando ele luta em cada ponto até o final.

Não sei que resultado esperar do confronto com Roger Federer na semifinal do Australian Open, depois desta vitória sobre Tomas Berdych, de virada.

Mas, com certeza, um grande espetáculo de tênis e a julgar pelo que aprendi no livro, um Nadal diferente do que vimos até agora em Melbourne.

 

 

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Hewitt, fenômeno 14 anos atrás, agora cativa na Austrália com o seu c’mon

Nunca fui muito fã de Lleyton Hewitt. Durante certa época, achava quase insuportável ouvir aquele C’mon. Mas, no caso dele, o currículo fala por si só.

E no meu caso, gostando ou não, foi um dos jogadores que vi crescer no circuito.

Lembro quando publicamos na Tennis View, em 1998, a foto dele, com 16 anos, para retratar a vitória no ATP de Adelaide. Ele era um fenômeno.

Naquela época, Guga já havia ganhado o primeiro Roland Garros, então nos acostumamos a ver o Hewitt sempre, seja jogando, nos hotéis, sala dos jogadores, enfim, no circuito, de perto.

Rapidamente ele se tornou herói na Austrália, ganhou o US Open e Wimbledon, tirou Guga do topo do ranking mundial (no fim de 2001, com a Masters Cup em Sidney), e reinou por várias semanas na ATP.

Ficou noivo de Kim Clijsters, o que me fazia pensar que ele não devia ser tão difícil assim, com aquela imagem de durão, um pouco anti-social..

Continuou conquistando títulos, terminou o noivado, casou com uma atriz australiana, hoje Bec Hewitt – inclusive o site do tenista é junto com a esposa – wwww.lleytonandbechewitt.com – , sempre representando a Austrália com orgulho nos confrontos de Copa Davis e começou a se lesionar.

Foram lesões no pé, no quadril e umas três operações nos últimos anos.

Anos em que foi aumentando também o número de filhos. Hoje tem 3 crianças com Bec.

Não sei se foram os filhos – muitos mudam para melhor com a paterninadade ou maternidade -, as lesões que o afastaram das quadras por vários meses, ou o próprio amadurecimento. Mas, Lleyton Hewitt, que nem sempre teve apoio unânime do público na sua própria casa, parece ter reconquistado esse carinho.

E não só pela vitória de hoje sobre Milos Raonic por 4/6 6/3 7/6 6/3.

Talvez, por ao longo dos anos, ter mostrado sempre em quadra o seu coração. Mesmo na derrota na final em 2005 para Marat Safin, no Melbourne Park, sua única chance de conquistar o Grand Slam de casa.

Como ele mesmo afirmou após a vitória em quatro sets sobre o canadense de 21 anos e 1,98m, ninguém apostaria que ele estaria na segunda semana do Grand Slam quando o torneio começou. “É muito especial porque só eu e a minha equipe sabemos o que precisamos fazer para eu chegar até aqui. Há algumas semanas eu não sabia nem se poderia jogar o Australian Open.”

Ex-número um do mundo, hoje na 181ª posição, ele precisou de um wild card para entrar na chave principal em Melbourne.

A última vez que um tenista convidado chegou tão longe na chave, foi Mats Wilander, em 1994.

A próxima rodada é um desafio ainda maior para o lutador Hewitt, o número um do mundo Novak Djokovic.

Mas, independente do resultado daqui para frente, é sempre bom ver um ex-número um do mundo, um tenista que durante uma certa época era quase imbatível, brilhando mais uma vez e mostrando porque apenas poucos, muito poucos, chegam a ocupar o posto mais alto do ranking mundial. Eles tem alguma coisa a mais dentro deles, que faz sim a diferença.

Enfim, fã ou não de Hewitt, foi emocionante vê-lo avançar, sabendo de todo histórico da carreira dele. Afinal, quem não gosta de histórias de superação?

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Um raro bate-papo com Marian Vajda, o técnico de Djokovic

A temporada já acabou, os tenistas todos já estão em plena preparação para 2012, nas suas pré-temporadas pelo mundo.

Agora é o momento de relembrar como foi 2011 e homenagear Novak Djokovic, o destaque disparado do ano.

Para isso posto aqui a entrevista que a Tennis View, com Edgar Lepri, Leonardo Stavale e Nelson Aerts, fizeram com o homem que levou Novak ao topo, o técnico Marian Vajda, em Nova York, publicada na edição 116 da revista.

Vajda, o treinador que transformou Djokovic no melhor tenista do mundo

 

Qual o trabalho por trás do tenista de Novak Djokovic? Quem é o treinador capaz de fazer o sérvio passar Roger Federer e Rafael Nadal para disparar na liderança do ranking da ATP? O nome dele é Marian Vadja, um ex-tenista profissional, que chegou ao 34º lugar no ranking e vencedor de dois torneios ATPs. Feitos que parecem pequenos quando comparado às conquistas obtidas na sua segunda carreira.

Após parar de jogar por conta de uma lesão e se afastar do circuito para curtir a família, por volta dos 30 anos Vadja foi seduzido a iniciar a carreira como técnico ao ser convidado a trabalhar com o eslovaco Domink Hrbaty, na época 320º do mundo.  Para quem estava começando na profissão, Vajda não tem do que reclamar. Hrbaty foi o 14º melhor tenista da ATP, campeão de seis torneios e uma semifinal em Roland Garros.
Depois o treinador teve ainda boas experiências com Karol Kucera e embarcou no tênis feminino até receber a proposta há cinco anos de treinar a então jovem promessa Djokovic. De lá para cá, a história ficou conhecida, e muito. A relação de Vajda com Djoko vai além das quadras. O próprio tenista já afirmou que o treinador é como um segundo pai para ele. O treinador não é nenhum mágico, aparentemente sua grande maestria e genialidade é a capacidade infinita de entender como funciona a mente de seu pupilo.

 

Nesta entrevista exclusiva à Tennis View, realizada durante o US Open, Vadja destaca o fato de ter sido jogador como um diferencial no seu dia a dia como técnino. Diz saber saber a hora de dar um descanso, puxar um treino mais forte e motivar o jogador na medida certa. O treinador afirma também que a paciência é uma de suas maiores virtudes e que passou isso para Djoko quando o tenista ansiava por chegar ao topo. Confira esses e outros segredos do homem que transformou Djokovic no melhor tenista do mundo.

Tennis View  – Quando você se envolveu com tênis?

Marian Vajda – Eu tinha 10 anos e morava na Eslováquia, em Piestany, onde eu cresci. Fui apresentado ao tênis pelo meu pai, que tinha construído uma quadra na cidadezinha e tinha muitos bons técnicos me acompanhando.

 

TV – Como você avalia sua carreira como profissional? Você acha que poderia ter ido mais longe?

MV – O tênis era minha paixão, mas eu comecei a jogar profissionalmente muito tarde, com 18 anos, quase 19. Entrei no top 100 quando tinha 20 anos e meu objetivo, obviamente, era o de todo jovem tenista: ser o melhor do mundo. Sempre via Wimbledon quando era criança e sonhava com aquele troféu. Não realizei esse sonho, mas pude ganhar dois torneios de ATP Tour, fiz outras duas finais… Quando eu olho para trás, me sinto muito satisfeito. Talvez eu pudesse ter alcançado mais coisas, mas eu fui incapaz por minha carreira ter terminado com uma lesão, então parei com 30 anos.

 

TV – Quando você começou a ser treinador?

MV – Depois dos 30 anos, fiquei um tempo cuidando da minha família e senti que gostaria de voltar para o tênis. Tive uma proposta de treinar uma boa promessa, Dominik Hrbaty, que na época era 320º do mundo. Nós fizemos um período de experiência para ver se seria bom e eu realmente passei a gostar. No início eu ficava muito cansado, porque era completamente diferente a carreira de treinador e jogador. Eu precisava focar naquilo que ele estava fazendo, e não mais em mim. Mas começamos a trabalhar juntos, eu gostei e passei a me motivar, porque ele também tinha muita vontade de crescer. Foi assim que comecei como treinador, aos 31 anos e até hoje.

 

TV – Então você já começou com um trabalho muito bom?

MV – Sim, eu tive sorte desde o começo. Ele melhorou muito, fez mais de dez finais, foi semifinalista de Roland Garros e quase um top 10. Foi muito gratificante. Eu recebi muito crédito e sei que fiz um bom trabalho, mas estava com um jogador muito bom. Depois disso eu pensei que não conseguiria mais pegar nenhum bom jogador. Ele foi 12º, isso é o melhor que a gente consegue [risos]. Mas então eu ainda treinei Karol Kucera por dois anos e meio, trabalhei para a Federação por um ano e meio, depois um pouco no feminino…

 

TV – E como surgiu a oportunidade de treinar Novak Djokovic?

MV – Em 2006, eu recebi uma grande proposta da equipe que conduzia a carreira do Novak. Eles se lembravam de mim por ter treinado Dominik, mas eu não sabia quem o Novak era, porque na época eu estava treinando meninas. Aí eu fui para Paris, conheci os pais, a família e ele. E esse foi o início. Também tivemos um período de experiência, por cinco ou seis semanas, ele ganhou o primeiro torneio… E foi assim que tudo começou, de Wimbledon em 2006 e chegou ao auge agora [risos], com uma conquista em Wimbledon, então foi muito legal. Em cinco anos, ele alcançou o número 1 do mundo, o que foi realmente inacreditável. Ele é um cara muito talentoso e tenho muito sorte de contar com esse talento.

 

TV – Qual você acha que foi a grande mudança de Djokovic no último ano?

MV – Ele mudou muito mentalmente, sabe? Mas, em cinco anos de trabalho, ele sempre teve a ambição de ser número 1 do mundo, um desejo mesmo. E ele sempre conseguiu evoluir. Ele trabalhava em todos os golpes. Por exemplo, há um ano e meio o saque dele não estava muito bom. Trabalhamos com isso, depois o forehand, tudo da base. Hoje, ele tem esses movimentos praticamente perfeitos.

 

TV – E a diferença entre passar de top 3 para número 1 do mundo, o que mudou?

MV – Foi muito duro. Acho que ele percebeu algumas coisas importantes e está mais maduro. Se ele pode bater os números 1 e 2 do mundo, se ele pode ganhar a Copa Davis, ano passado, – o que o ajudou muito -, ele percebeu que poderia ser mais agressivo, mais rápido, fisicamente ele estava muito bem no final do ano, e isso tudo se juntou neste ano.

 

TV – Quais foram as mudanças físicas?

MV – Bem, ele parou de consumir glúten e reduziu muito o açúcar. Ele perdeu alguns quilos, está mais magro e muito mais rápido em quadra.

 

TV – O que é necessário para ser um bom treinador?

MV – É preciso ser paciente, viajar muito… ser paciente [risos], e é uma carreira dura. Você não pode ser dominante. Você precisa deixar o cara dominar, precisa ouvi-lo, ser muito paciente e definir metas, como evoluções em longo ou curto prazo. Mas você precisa ser muito paciente, porque você está diariamente com o cara, 24 horas por dia, e às vezes é difícil controlar os nervos, sabe? A carreira no tênis me ajuda, porque eu passei por isso como tenista e tive muitas experiências. É importante não confundir o jogador ao falar de algo que ele não está tão bom, mas ser paciente e melhorar aquilo. Teve um tempo em que ele estava muito para baixo e eu sempre dizia: ‘Você precisa ser paciente, você vai virar número 1. É um passo de cada vez, não vai ser de um dia para outro’. O mais importante é acalmar o tenista mentalmente, o que não é fácil.

 

TV – Você acha que ajuda muito ter sido um tenista profissional?

MV – Sim, definitivamente. Ajuda muito. Porque eu conheço tudo, todos os torneios, a programação de cada dia. Com o que eu fiz, eu posso dar exatamente o programa de treinos a ele sem causar overtraining, porque há treinadores que forçam demais, sabe? Eu tive sorte de conhecer boas pessoas na minha equipe, na preparação física, alimentar, na fisioterapia e sempre nos comunicamos. E a comunicação é muito importante, especialmente com ele (Djokovic), porque ele sabe identificar as coisas, então o que ele sente, ele conta para a gente. Ele é aberto com a equipe e tem muita sensibilidade nesse aspecto.

 

TV – E ele faz muito preparo físico?

MV – Acho que ele faz o mesmo que os outros, mas ele tem uma capacidade boa e pode “sintetizar” os exercícios muito, muito, muito mais rápido. Ele consegue aprender as coisas muito rapidamente e seu estilo de jogo é muito intenso. Por exemplo, atualmente, ele fica duas semanas sem jogar, volta para o circuito e joga do mesmo jeito. Enquanto muitos tenistas precisam de uma semana ou duas para retomar o ritmo. Então, isso é um talento, um dom.

 

(Fotos de Cynthia Lum)

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Continuando o post sobre o Agassi: vídeo da cerimônia do Hall of Fame

Esse post é uma breve continuação do anterior, apenas com o vídeo da cerimônia da entrada de Agassi para o Hall da Fama.

Vale a pena assistir, especialmente os minutos finais, com o discurso do oito vezes campeão de Grand Slam. Andre Agassi nos emociona mais uma vez.

 

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Clijsters, a supermãe, world number one da WTA

Sei que a época e de Brasil Open, mas o assunto do momento é a Kim Clijsters como número um do mundo novamente.

Cinco anos depois de ter atingido o auge, chegando ao posto mais cobiçado do tênis mundial, Kim Clijsters, agora mãe, retoma a coroa.


Já escrevi alguns posts sobre a Clijsters e recentemente, para fazer a materia da edição 111 da Tennis View, que saiu nesta semana, com a Clijsters na capa, li mais ainda sobre ela.

Muita gente vai dizer que ela só voltou a reinar no tênis porque Serena Williams está lesionada, porque a Henin definitivamente se aposentou e porque não tem ninguém para ameaçá-la. Mérito dela que não se lesionou, que conseguiu dominar o tênis, que programou um calendário adequado ao seu estilo de vida e que viu o ranking como consequência.

Campeã do US Open de 2010, do Masters de Doha e do Australian Open, Clijsters aparecerá como número um da WTA na seguna-feira, quando o novo ranking for divulgado, devido a esses resultados e por ter alcançado a semifinal do Open GDF de Suez, em Paris, exatamente 256 semanas depois da última vez em que esteve na liderança do circuito.

Apesar de focar nos Grand Slams, Clijsters comemorou a o novo status, de number one in the world, em Paris. “I am happy to regain the No.1 here in Paris as I feel like it’s close to home in Belgium. I’m proud that I have achieved this in my second career and as a mom.”

Clijsters tira a dinamarquesa Caroline Wozniacki, que muitos chamaram de rainha sem coroa, no topo do ranking desde outubro (18 semanas seguidas).

A belga tem que comemorar mesmo. Afinal, quantas mães já ganharam o título de número um do mundo, sem ser dado pelos filhos, por mérito mesmo nas suas carreiras, especialmente nas esportivas?

Supermãe, mãe do ano, mãe de todas, são títulos que serão cada vez mais atribuídos a ela nos próximos tempos.

Sinais de um novo mundo, em que o marido – Brian Lynch – toma conta dos afazeres domesticos e do dia a dia da família com a pequena Jada e a esposa Clijsters exerce com sucesso a sua profissão.

Para ler mais sobre a Clijsters tem estes posts – http://gabanyis.com/?p=2318http://gabanyis.com/?p=1815 e a edição 111 da Tennis View

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