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Les Années Guga serão inesquecíveis em Roland Garros – e os meus também

Os anos passam, Rafael Nadal ganha, ganha de novo e de novo, mas Gustavo Kuerten continua sendo o queridinho, o “chou chou” não só do público francês, mas também da Federação Francesa de Tênis.

guga roland garros

Depois de ter sido recebido com um elegante coquetel e um chorinho no Le Club, um dos espaços Vips de Roland Garros, na noite de sexta-feira, com direito a bolo, abraços do Presidente da FFT, Jean Gachassin, vídeos dos momentos marcantes da carreira em Paris e a presença de amigos e jornalistas que fizeram parte da sua história, Guga concedeu uma longa entrevista coletiva no “Main Interview Room,” da área de imprensa do torneio.

Desde 2008, quando disputou o último joga da sua carreira, diante de Paul Henri Mathieu, Guga não se sentava na sala de entrevistas de Roland Garros.

Quando a entrevista começou, com apresentação do Guy Forget, veio um Flash Back.

Quantas vezes sentamos nesta mesma sala de entrevistas depois dos jogos, ou antes mesmo de Roland Garros começar, quando havia a entrevista do campeão (antigamente só os campeões  / defending champions – davam coletivas oficiais, não havia media day).
E como acontecia antigamente, Guga ficou horas falando, com respostas longas e em inglês primeiro, depois português / espanhol. Atendeu também as TVs ao fim da coletiva, especialmente o World Feed, que gera imagens e entrevistas para o mundo inteiro.
Atendeu todo mundo que pediu, deu até entrevista na área externa, com o público gritando o seu nome.

Durante a entrevista, mencionou o meu trabalho com ele. É foram muitos anos, do começo ao fim da carreira e assim como para ele, Roland Garros também faz parte da minha história.

Roland Garros press room

Vim aqui pela primeira vez em 1997. Estava no meu último ano da faculdade e com pouquíssima experiência no trabalho de PR, assessora de imprensa, Publicist ou como queiram chamar. Vim no jogo contra o Kafelnikov e passei por tudo o que aconteceu com o Guga aqui.
Assim como ele cresceu em Roland Garros e se tornou quem é hoje, o torneio continua sendo a minha referência.

Aqui passei os momentos mais especiais da minha carreira. Não eram fáceis. A pressão era grande. Os pedidos de entrevistas nacionais e internacionais eram intermináveis, os de ingressos também e ainda tinha que escrever releases, muitas vezes em duas línguas, atualizar site, fazer fotos e passar informações que hoje são amplamente e imediatamente divulgadas, como horários de treinos, de jogos, resultados, head to head, entre outros.

Aqui construí a minha base de trabalho. Aprendi com jornalistas, com o torneio, com a Federação, com o Guga.

Já se passaram 18 anos do primeiro título. Este ano faz 15 do segundo e ainda parece que foi ontem.
Amizades duradouras foram construídas neste período, memórias foram se acumulando, dentro e fora de Roland Garros e ssão claras, como se tudo tivesse acontecido ontem.

E para o pessoal de Roland Garros também.
Ontem comentávámos isso no jantar e cada vez que entro aqui tenho essa sensação.
O efeito Guga em Paris ainda é vivo.

Ele mesmo lembrou de quando começou a ter essa conexão com o público francês, durante a sua coletiva que marcou o lançamento do seu livro Guga, um Brasileiro, paixão francesa, em francês, que a primeira vez que sentiu a conexão com o público francês foi durante a partida contra Thomas Muster, em 1997.
Eu estava perdendo de 3/0 no 5o. set. Comecei a virar o jogo e o público a gritar Allez Guga. Foi aí que senti essa conexão.
Conexão que nunca mais terminou.

Hoje não sento mais na mesa número 1. Mudaram todos os brasileiros para a Sale de Presse número 2, ao lado. Mas, a sensação de que o lugar é especial e de que Roland Garros faz parte da nossa história permanece.

Não há quem passe por mim ou pelo Chiquinho Leite Moreira, que este ano completa 30 anos de Roland Garros, e não conte ou relembre alguma história com o Guga aqui.

Les Annés Guga serão eternos.

Fotos da amiga Cynthia Lum

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Guga: a história eternizada em um livro

Gustavo Kuerten comemorou o 38º aniversário de maneira especial, lançando o seu livro Guga, Um Brasileiro (Editora Sextante), ao lado da família e amigos do tênis, na Livraria Cultura na Avenida Paulista. Guga livro

Com prefácio da mãe, Alice Kuerten, o livro de 383 páginas divididas em 40 capítulos conta a trajetória de Guga desde a infância até os dias de hoje, passando claro pelos principais momentos da carreira, as três conquistas de Roland Garros e a Masters Cup em Lisboa.

Durante entrevista coletiva, nesta quarta, Guga explicou o porquê do nome do livro “Eu sou um brasileiro como todos esses que nascem todos os dias aqui no nosso país. Alcançar o que alcancei não dependeu só de mim, mas de muita gente e de um monte de coisas. Sei que é bem mais difícil para nós, brasileiros, do que para alguém de fora. Mas é possível.” Guga espera que o livro sirva de inspiração para muita gente.

Um brasileiro que conquistou o mundo, se tornou o melhor do planeta, entrou para o Hall da Fama do tênis, virou o queridinho dos parisienses, posto que até hoje nem mesmo o nove vezes campeão, Rafael Nadal, conseguiu tirar.

Guga fala da parceira com Larri, o segundo pai, dos momentos difíceis na carreira, da família, lembra as amizades especiais com Carlos Moyá e Nicolas Lapentti e entre muitas outras coisas, fala também do nosso trabalho, na época uma inovação no circuito ter uma assessora de imprensa viajando com um jogador.

Momento especial para o tênis brasileiro ter tudo o que o Guga conquistou agora registrado em um livro, com tiragem

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O Roland Garros mais interessante dos últimos tempos

roland garros 2014Há tempos, ou melhor, há anos que não chegávamos nesta fase da temporada com tantas dúvidas. Com Roland Garros marcado para começar daqui a uma semana, pela primeira vez em muito tempo, Nadal não chegará à capital francesa com uma série de vitórias seguidas e um número de títulos impressionantes. Mas, não é só ele. Os outros tenistas tops também não dominaram os últimos meses no circuito. Por isso, este Roland Garros, mesmo antes de começar, já promete ser um dos mais interessantes dos últimos tempos.

Claro que não dá para dizer que o oito vezes campeão de Roland Garros não é um dos favoritos a erguer o Trophee des Mousquetaires, ainda mais em um Grand Slam e em jogos de cinco sets. Qualquer um que ganhou um torneio oito das últimas nove vezes será sempre favorito, mas a condição é bem distinta dos anos anteriores. Mesmo tendo sido campeão do Rio Open e do Masters 1000 de Madri, Nadal “não sobrou” em quadra, passou sim muita dificuldade e precisou de toda a sua força mental para vencer jogos que antes ganhava em menos de uma hora.

Novak Djokovic derrotou o número um do mundo Nadal na final de Roma e foi até a semi em Monte Carlo. Não jogou em Madri com lesão no punho. Apesar de ter vencido o Rei do Saibro no Foro Itálico, Djokovic também não teve vida fácil no torneio. Precisou vencer diversos jogos em três sets, mas segue confiante para Paris, onde tentará vencer o único torneio do Grand Slam que falta em seu currículo.

rafael nadal roland garros 2014djokovic roland garros 2014

 

 

 

 

Roger Federer pouco jogou na temporada de saibro. Foi vice-campeão em Monte Carlo, pulou Madri para acompanhar o nascimento dos gêmeos Leo e Lenny e em um dia de muito vento na capital italiana, perdeu na estreia em Roma. Chegará em Roland Garros com menos jogos do que está acostumado, mas jogando muito melhor do que em 2013. Federer roland garros

Stanislas Wawrinka ganhou o primeiro Masters 1000 da carreira em Monte Carlo, mas depois não conseguiu avançar nem em Madri, nem em Roma. O campeão do Australian Open chegará a Porte DÁuteil com muitas dúvidas na cabeça.

David Ferrer, também acostumado a brilhar na temporada de saibro, não chegou a ter uma gira sul-americana fantástica, apesar do título em Buenos Aires. Foi à semi em Monte Carlo e Madri, mas parece que ainda falta algo para o jogo do vice-campeão de Roland Garros do ano passado chegar onde estava 12 meses atrás.

Andy Murray até que fez um bom torneio em Roma, mas também pouco jogou no saibro e deve estar com a cabeça mais voltada para Wimbledon do que a terra vermelha de Paris.

 

Tomas Berdych fez uma temporada de saibro sem grandíssimos resultados. Todos sabem que a “terre battue” não é o seu piso predileto, mas o checo não chegará a Paris no auge da forma. Ele até foi vice-campeão do Portugal Open, mas não foi o suficiente para elevar seu nível de jogo.

 

Dimitrov tennis star Os novatos que brilharam nas últimas semanas, Grigor Dimitrov, Kei Nishikori e Milos Raonic, já não tão novos assim, mas pertencentes a uma geração diferente a dos big 4, tem a chance de mostrar a que vieram. Mas, será que eles estão prontos fisicamente para duelar com os melhores em jogos de cinco sets durante duas semanas, no mais desgastante dos Grand Slams. Eles chegaram perto de bater os tops nas últimas semanas, mas no momento final foram superados pelo próprio corpo ou pela mente ainda em formação de super campeão.

A discussão em torno dos franceses sempre acontece quando chega esta época do ano. Gael Monfils, Jo-Wilfried Tsonga, Richard Gasquet, Gilles Simon e Julien Benneteau serão os nomes mais invocados nos próximos dias em Paris. Mas, será que algum deles está pronto para erguer o trofeu que pela última vez foi levantado por um francês há 31 anos, com Yannick Noah? Monfils, apesar de pouco ter jogado nas últimas semanas, acredita no seu potencial em Roland Garros. Já afirmou que cresce de produção quando joga na sua casa e que sonha com o título. Até mesmo lembrou a posição de número 66 de Gustavo Kuerten, quando o brasileiro venceu o Grand Slam parisiense pela primeira vez.

Tsonga também continua com discurso otimista, mesmo sem ter ganhado um título no saibro ou feito uma final neste 2014 na terra batida.

Gasquet nem sabe se poderá jogar. A lesão nas costas é mais grave do que se imaginava e ele só tomará uma decisão um dia antes de Roland Garros começar.

Os outros correrão por fora, bem por fora.

Os argentinos que durante anos foram destaque da temporada de saibro chegarão a Paris sem nenhum tenista cabeça-de-chave e com apenas 6 (com Ormaechea) representantes na chave principal. Não que isso seja pouco, especialmente comparado ao Brasil que vai apenas com Thomaz Bellucci e Teliana Pereira, mas para quem já teve uns 14 na chave, é quase preocupante.

serena williams champion tennis

E entre as mulheres, dá para imaginar alguém além de Serena Williams e Maria Sharapova brigando mesmo pelo título. Podemos falar em Li Na, mas a chinesa não teve uma super temporada de saibro, assim como a polonesa Agnieszka Radwanska.

A novata Simona Halep, agora no top 5, pode fazer bonito, mas ainda deve precisar de uns anos para vencer a Coupe Suzanne Lenglen.

Ana Ivanovic vem fazendo a melhor temporada dos últimos tempos, mas na hora final, ainda está faltando aquele plus das campeãs. O mesmo podemos dizer da compatriota Jelena Jankovic.

Flavia Pennetta ganhou Indian Wells, mas depois não avançou muito nos torneios no saibro. sharapova paris 2014

Entre as francesas, Alize Cornet será o centro das atenções, seguida pela novata Caroline Garcia. Mas nenhuma delas venceu o suficiente até agora para dar esperança de título.

Pode ser que uma ou outra tenista do estilo de Carla Suarez Navarro ameace Serena ou Sharapova no início do torneio, mas não devem passar de um jogo apertado para as duas últimas campeãs em Paris.

A pergunta é quem vai conseguir ir mais longe, além de Serena e Sharapova.

E que o torneio que mais exibe o tênis arte comece!

Desta vez assistirei de casa, já sentindo falta de estar em Paris, mas pelo mais nobre dos motivos. Não, não vou cobrir a Copa do Mundo, estarei de licença maternidade.

 

 

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US Open – Brasil vive momento único nas duplas

Não vamos nos acostumar mal e achar que é normal. Vamos aproveitar este momento único na história do esporte brasileiro, com os tenistas de duplas disputando finais de Grand Slam, como faz o mineiro Bruno Soares, ao lado do austríaco Alexander Peya, no US Open, neste domingo, contra Leander Paes e Radek Stepanek.

bruno soares us open

O tênis brasileiro está vivendo um momento mágico nas duplas. É o segundo Grand Slam seguido que temos um tenista do Brasil na final. A 2ª melhor parceria do mundo tem um brasileiro – Bruno Soares – e a 10ª – Marcelo Melo – também. Temos 6 jogadores entre os top 100: Soares (4º), Melo (14º), Sá (68º), Demoliner (76º) e Souza (93º). E Melo ainda deve subir de posição quando os novos rankings forem divulgados na segunda à noite. Temos enormes chances de contar com dois brasileiros no ATP Finals, em Londres.

Bruno Soares, 31 anos, está vivendo essa fase de resultados espetaculares desde que conquistou o primeiro Grand Slam da carreira, há um ano, neste mesmo US Open, nas duplas mistas.

De lá para cá foram quatro títulos no fim de 2012 e mais cinco este ano, incluindo o primeiro trofeu de Masters 1000 (Canadá) e outras três finais. Esses bons resultados incluem ainda a semifinal de Roland Garros nas duplas e o vice-campeonato nas duplas mistas.

Sim, esta será a terceira final de Grand Slam de Bruno Soares e a primeira nas duplas. A segunda final seguida no US Open.

Marcelo Melo, que perdeu a semifinal em New York, com Ivan Dodig, para Bruno Soares, já disputou duas finais de Grand Slam. Foi vice-campeão de duplas mistas, em 2009, em Roland Garros e vice de Wimbledon, neste ano.

É tão difícil chegar à uma final de Grand Slam, que o Brasil demorou 08 anos, entre o título de Gustavo Kuerten em 2001, em Roland Garros e o vice de Melo, nas mistas, em 2009.

É tão raro vencer um Grand Slam, que até hoje, entre os brasileiros, apenas Maria Esther Bueno, Thomaz Koch, Guga e Soares ergueram o tão cobiçado trofeu.

Por isso, não vamos nos acostumar mal, achando que é normal assistir jogo de duplas na televisão e ver brasileiro na cerimônia de premiação. É raríssimo e eles devem ser festejados e reverenciados.

Nos acostumamos tão mal com Guga como número um do mundo e beijando o Tropheé des Mousquetaires, em Paris, que hoje parecemos apreciar – inclusive ele – muito mais o que ele fez, do que na época. Parecia normal, mas não é.

O que essa turma de duplistas está jogando de tênis é que é fora do normal.

 

 

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Para o Brasil o final de semana em Wimbledon será diferente

André Sá abriu as portas para Melo e Soares nas duplas

Esse final de semana vai ser diferente. Vamos acordar para assistir as finais de simples feminina e masculina pensando nas decisões de duplas e duplas mistas. É diferente. O Brasil tem dois tenistas nestas finais. Marcelo Melo, com o croata Ivan Dodig, na de duplas masculinas e Bruno Soares, com Lisa Raymond, nas duplas mistas.melo wimbledon final

É diferente para o Brasil, é diferente para nós que vivemos do tênis, de repente, termos dois (BRA)s escritos nos placares de duas finais do torneio de tênis mais importante do mundo.

É diferente para Marcelo Melo jogar uma final de Grand Slam, a segunda da sua carreira, depois da final de Roland Garros em 2009.

É diferente para Bruno Soares jogar pelo segundo trofeu de Grand Slam, depois do título de duplas mistas no US Open do ano passado, no templo sagrado do tênis.

Há 12 anos assistimos dois brasileiros jogando uma decisão de Grand Slam, no mesmo fim de semana. Foi em Roland Garros 2001, quando ganhou o tricampeonato e Jaime Oncins ficou com o vice de duplas mistas, ao lado de Paola Suarez. Foi diferente.

Não é mais diferente torcermos para as duplas. Já nos acostumamos a torcer para 2 em vez de 1 e a ver 4 tenistas em ação, em vez de 2. Não é de hoje que são os duplistas que estão mantendo o nome do Brasil em alta no circuito mundial. Já escrevi diversas vezes, que além do Thomaz Bellucci, só Melo, Soares e Sá disputam finais de ATPs. Agora eles jogam finais de Grand Slam. É diferente.

É incrível para o tênis brasileiro e o mérito de estar lá é todo deles. Já imagino que comecem a dizer que dupla é mais fácil. Se é tão fácil, como ninguém ganhou antes? Porque são poucos os que vencem os Grand Slams?

Bruno Soares Wimbledon finalMérito do Bruno, mérito do Marcelo e muito mérito do André Sá. Foi ele o primeiro brasileiro dos tempos recentes a optar por seguir a carreira de duplista, depois de ter sido um jogador de sucesso de simples, tendo alcançado as quartas-de-final de Wimbledon. Em busca de uma longevidade nas quadras, foi ele que começou a ganhar ATPs por aí, jogou duplas tanto com Melo, tanto com Soares e abriu as portas para eles. André Sá ainda está aí disputando o circuito e sempre que há alguma oportunidade, chega perto de algum título.

Pode ser diferente. Pode ser que a gente tenha em 2 dias, mais 2 títulos de Grand Slam.

Pode ser ainda mais diferente ver outros dois nomes de campeões brasileiros associados a Wimbledon, que não seja o da eterna bailarina do tênis, Maria Esther Bueno, campeã

Melo e Dodig enfrentam a melhor dupla de todos os tempos, os irmãos Bryans, no sábado.

Soares e a super experiente Raymond, que já foi número um do mundo de duplas e ganhou o Grand Slam britânico em 2001, jogam contra o também veterano das duplas, Daniel Nestor e a francesinha Kristina Mladenovic, vice-campeões em Roland Garros, há um mês.

Não vai ser diferente. Como acontece nestes momentos de glória, vai aparecer um monte de gente querendo tomar para si os louros da vitória. Mas, se Melo e Soares estão aí é por conta deles próprios. Eles investiram na carreira quando ninguém acreditava, foram atrás de patrocínio sozinhos – não estamos falando de hoje em dia, em que já são estabelecidos no circuito – , viajam com técnico, tem preparador físico e fisioterapeuta quando precisam e se prepararam para grandes ocasiões como a deste fim de semana.

Vamos curtir as finais de Wimbledon de maneira diferente.

foto de Soares de Cynthia Lum

 

 

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Com Ferrer, Roland Garros volta a ter final espanhola.

Desde o início Era Nadal não houve mais final espanhola em Roland Garros

Lembro como se fosse ontem de quando vi dois espanhóis na final de Roland Garros. Era 1995 e Sergi Bruguera derrotava Alberto Berasategui para conquistar o bicampeonato em Paris. Neste domingo, a capital francesa recebe uma outra decisão espanhola entre o heptacampeão Rafael Nadal e David Ferrer, que joga a sua primeira final de Grand Slam. David Ferrer Roland Garros

Dominantes no saibro, presentes em diversas finais de Roland Garros, nenhum outro espanhol depois que Nadal venceu o seu primeiro Tropheé des Mousquetaires, voltou a jogar uma final em Paris.

De 1993, ano do primeiro triunfo de Bruguera, 10 espanhóis jogaram a final de Roland Garros. Bruguera foi campeão em 93 e 94 e vice em 97, perdendo a final para Guga.

Moyá e Corretja decidiram o título de 98, com Moyá recebendo o Trofeu das mãos de Pelé.

Três anos depois, Corretja voltava à final em Roland Garros, mas perderia para Guga.

A decisão de 2002 foi entre dois espanhóis novamente, com Albert Costa ganhando de Juan Carlos Ferrero, que viria a ser campeão em 2003.

Dali em diante, a Espanha se resumiu a Nadal.

Gaudio ganhou em 2004, com vitória sobre o compatriota argentino Guillermo Coria.

A Era Nadal começou em 2005 e dali em diante só deu ele em Paris. Almagro, Robredo, Moyá e Ferrer pararam nas quartas-de-final e no ano passado, Ferrer chegou até a semi.

O mesmo Ferrer decidirá o título com Nadal, na primeira final de Grand Slam que disputa.

Se aos olhos dos fãs o número 2 espanhol parece um jogador sem muita graça, no circuito é elogiadíssimo por seu jogo de pernas e devolução. O tio e técnico de Rafael, Toni Nadal, chegou a afirmar em entrevista para a imprensa francesa que Ferrer se movimenta inclusive melhor do que Djokovic. “Ele não precisa mais provar que não é um jogador de 2º nível. Os resultados mostram. Já fez semifinal de Grand Slam, ganhou Master 1000..” Palavras do tio Toni.

Talvez seja difícil entender Ferrer porque ele também não é dos mais emotivos em quadra e fala pouco fora dela. Prefere viver sem grandes extravagâncias, longe dos flashes e do glamour que a vida de tenista top te propicia.

“Eu sei que vocês querem que eu fale de drama, de algo a mais, mas não tenho o que dizer,”  foi o comentário dele em um encontro com alguns jornalistas que participei antes do jogo com Tsonga, no Village de Roland Garros. Os “periodistas”espanhóis tentaram extrair informações de Ferrer de todos os jeitos, mas não conseguiram. E eles já sabem que ele é assim, um lutador em quadra, fiel – está há anos com o mesmo técnico – Javier Piles – e os mesmos patrocinadores, mas um homem de poucas palavras.

Rafael Nadal Roland Garros

O que ele e todo o público espera é que a final não seja de poucos games. Todos já consideraram a vitória de Nadal sobre Djokovic, por  64 36 61 67 97, uma decisão antecipada.

Ferrer não precisou fazer a metade do esforço do compatriota para chegar à final. Ganhou de Tsonga por 61 76 62 e mais parecendo o Nadal de outros anos, vai à final sem ter perdido nenhum set.

A entrevista pós jogo de Ferrer deixa claro que ele não quer fazer papel de coadjuvante na Terra de Nadal.

Confira alguns trechos.

 

Q.  Congratulations.  Can you give us an idea as to how excited you are to be in the final finally?

DAVID FERRER:  I’m very, very happy, sure, no?  This tournament is very special for me and to be the first final of Grand Slam in Roland Garros is amazing, no?

Now I want to enjoy this moment, to rest tomorrow, and to try my best in the final.

Q.  It’s come in your 42nd major.  Did you ever believe that you would get to this point?  Did you worry that you wouldn’t make a Grand Slam final?

DAVID FERRER:  Well, it’s a dream for me to be a final of a Grand Slam, and Roland Garros is more important for me.  Now, of course, the final I will fight.  I will try to do of me, and I don’t know.  I will play against Rafael, and it’s very important for us because, you know, we are Spanish players and this is very important for the country, also.

Q.  Rafa’s only lost one match here, so is it hard not to think he’s maybe a little bit unbeatable here?  And do you think you can be the guy to make the second beating of Rafa here?

DAVID FERRER:  Well, is very difficult to beat Rafael in all the surfaces, but in clay court is more difficult. I think I need to play my best tennis for to beat him.  I need to play very aggressive all the match, and to do my best tennis.

  Q.  How do you feel from the body, like the physical condition?  You were much faster than Rafa today.  Do you think that could play a role in the final?

DAVID FERRER:  Well, is important for me to be ready to play the final with good conditions. But I think Rafael, he’s going to recovery, sure.  He’s already play four hours and a half, and tomorrow he will have to rest and he will be ready, sure, after tomorrow, no?  He’s the best performance on physical, no?

Ferrer Roland Garros 2013

Q.  What is the best clay match you played against Rafa recently?

DAVID FERRER:  This year it was in Rome, sure.

        Q.  Can you explain?

DAVID FERRER:  Well, this year it was in Rome because I did a very good game.  I played very aggressive all the match, and finally I lost with him because he was better.

Q.  How difficult is it to play a local player?  Did you have to do something special to try and block the fact that most of the spectators were going to be against you?

DAVID FERRER:  No, is not difficult to play with a local player.  You know, we play a lot of times of our career.  It’s difficult to beat Rafael, but, you know, not because he’s Spanish player.  It’s because he’s a very good player.  Nothing else.It’s going to be my first final in a Grand Slam.  I am sure I am going to be a little bit nervous, but I will try to move a lot and to play very good.  I hope to play a good game.

Q.  I think it was five years ago and you were set to play Rafael in Rome.  The press conference beforehand you said, We Spanish players, we find it very difficult to even think we can beat Rafael on clay.

DAVID FERRER:  Uh‑huh.

        Q.  He’s so much better than everyone else.

DAVID FERRER:  Yeah.

     Q.  Do you still think that?

DAVID FERRER:  Yeah, of course it’s difficult to beat him.  He’s the best in clay court.

Q.  (Off microphone.)

DAVID FERRER:  I don’t know.  Djokovic, I think he won to him in Monte‑Carlo, but he’s the No. 1 of the world.  Of course Rafael and me improve our game, but of course Rafael is the favorite for to win Roland Garros.

  Q.  Even though you probably will have some nerves going into this first Grand Slam final, do you think you can go in with the mentality of nothing to lose?  I mean, you know you’ve lost to Rafa so many times.  He’s the big favorite.  So do you think that will allow you to maybe play a little bit freer?

DAVID FERRER:  Well, I know he’s the favorite, but I am going to be focused every point.  I will try to do my best. But I am not thinking about Rafael, he’s better than me or not.  I will try to fight a lot and to play very good match, no?  After that, you know, in the match gonna depend on a lot of things, no?

Q.  This is the opportunity of your life, isn’t it?

DAVID FERRER:  The opportunity of my life is to make it to the final.  I have already reached a final in the past, but there is still a lot for me to do.  Defeating Rafa is very difficult on any surface; it’s even worse on clay.  But once again, I’m going to try to play a beautiful match.  I don’t want to think of whether it’s the occasion, the opportunity of my life, if it’s a dream. If you start thinking like that, it’s not very positive.

Q.  You said you expected a very difficult semifinal with a Davis Cup type of atmosphere.  This was not the case.  It was much easier, wasn’t it?

DAVID FERRER:  Well, yes, you know, I had a good start in the match.  The crowd was pretty balanced then.  Of course, I mean, they supported Jo‑Wilfried, but I thought they would support him even more. But there were very fair play.

Q.  Was it easy?

DAVID FERRER:  The match wasn’t easy, but, you know, when there were difficult moments, the crowd was not a problem.  I managed to cope with the pressure.

Q.  How are you going to prepare for the final?  Are you going to change your routine?  That’s my first question.  And my second question is:  You already won a Masters 1000.  Are you going to do anything different?

DAVID FERRER:  No, I’m going to do just as usual.  I will stay with my family.  I’ll practice.  As for your second question, each match is different.  I managed to win my first final in Masters 1000, but this upcoming match is going to be a bit more complicated.

      Q.  Congratulations.  You made it.  You reached a final.  Can you tell us what you’re feeling at the moment?

DAVID FERRER:  Well, I’m happy.  I’m very happy  I can’t relax really because there is still the final that I need to play.  It’s a very important match and I want to do well.  I want to play a great match at the standards of a final of a Grand Slam. So I don’t want to celebrate right now saying, Okay, I made it to the final.  No, I want to be well‑prepared and I want to get to the final with a lot of dynamism and I’m really willing to win.

Q.  Do you remember your other matches against Rafael?

DAVID FERRER:  Well, it doesn’t matter, does it?  I won once when we were kids.  I won to him on clay.  Then I also won on faster surfaces, but each match is different, anyway.  So I need to focus on the now and I need to make the most of all my shots.

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Larri, encontro de Bia e Sharapova, Robredo e Federer

O tempo passa mas algumas coisas não mudam em Roland Garros. Há 28 anos Larri Passos está aqui com juvenis, profissionais, com Guga, claro, sendo tricampeão e agora com Bia Haddad Maia. A mesma careca, raspada em 1999, quando Guga chegou às 4as de Wimbledon e muitos dos mesmos hábitos.

Larri Passos Guga Kuerten

Cheguei cedo para assistir o jogo da Bia Maia. De longe, nas escadinhas da quadra 5 avistei o Larri sentado no canto, com a mão no rosto, perna cruzada, assistindo a tenista fazer uma excelente estreia em Roland Garros. Sentei com ele para assistir a vitória diante de Theo Gravouil por 6/1 6/2 e Larri foi me contando da evolução da Bia, das vitórias nos Challengers na Itália, dos planos e do trabalho de construção de uma carreira. Com os pontos conquistados nos torneios profissionais na Itália ficará entre as 330 do mundo e começará a jogar Challengers maiores, de U$ 50 mil e qualifyings de U$ 100 mil. Os torneios Futures de U$ 10 mil já ficaram para trás, assim como praticamente os torneios juvenis.

Depois do jogo fomos tomar um café na Suzanne Lenglen, como sempre fazíamos. Encontramos conhecidos, amigos, jogadores, técnicos, jornalistas, fomos lembrando de anos de história em Paris e Larri me contando do que já fez aqui com a Bia, que a apresentou para a Sharapova, onde já treinaram, comeram, enfim, tudo que a experiência dele proporciona para a tenista de recém-completados 17 anos.

Nenhum treinador no Brasil tem o conhecimento de Larri do circuito, a confiança e principalmente, mesmo anos depois de já ter se consagrado, o sonho de querer ver mais um tenista erguendo uma taça em Roland Garros, a vontade e um embasamento profundo. Pode ter gente que discorde dos métodos, da dureza do técnico, da maneira de levar as coisas, mas sempre disse e continuo dizendo, em quadra ele é indiscutível. Os resultados da Bia mostram.

Ainda assediado pelo público, brasileiro e estrangeiro, depois do nosso longo cafezinho, Larri foi dar entrevistas, posou para fotos, deu autógrafos e não cansou de ouvir “Merci Pour Guga.”

CQC Roland Garros

Com a Bia conversei um pouco depois. Ela falou do encontro com a Sharapova (no Brasil, já cansaram de escrever que ela é a Sharapova brasileira). Disse que Larri as apresentou e depois ficaram medindo para ver quem era a mais alta. Sharapova ganhou por 3cm, com 1,87m. A brasileira falou que apesar de não ser a primeira vez que joga em Roland Garros – foi vice de duplas no ano passado -, ainda sente um certo nervosismo jogando em um lugar tão especial como o complexo francês, mas que está confiante, especialmente depois dos resultados dos Challengers na Itália (foi vice-campeã de um e alcançou as oitavas em outro).

Os outros juvenis brasileiros, Marcelo Zorman, Rafael Matos e Carolina Meligeni Alves perderam na estreia neste domingo.

Depois da manhã e do início da tarde acompanhando os juvenis, consegui ver o 4º e o 5º set da vitória de Tommy Robredo, de virada, sobre Nicolas Almagro e lembrar do jogo que ele ganhou do Guga aqui em 2003, nas oitavas-de-final. O tricampeão já tinha feito cirurgia no quadril e sofreu com as curtinhas do espanhol. Neste domingo, Robredo, que há um ano não estava nem entre os top 400, se recuperando de lesão no adutor e mal conseguia correr, venceu o 3º jogo seguido depois de estar perdendo por 2 sets a 0 e está nas quartas em Paris. Só que desta vez com muito mais emoção do que das outras 4 vezes, quando vencer e ainda mais no saibro, era normal.

A ideia era, depois da entrevista do Robredo, ir para a degustação de queijos e vinhos no salão da Suzanne Lenglen. Mas, com o jogo do Federer e Simon emocionante, indo até quase 21h, vou ter que torcer para fazerem outra nos próximos dias.

Roger Federer - Roland Garros 2013

Federer, como ele mesmo disse, “quase foi para casa mais cedo.”O francês chegou a ter 2 sets a 1, mas o suíço saiu vencedor.

Fim especial da primeira semana em Roland Garros. Mais um jogo de cinco sets, de altíssimo nível e com um público participativo, torcendo para os dois jogadores, gritando “Rodgeur Rodgeur”e Ällez Gillou” até o último ponto.

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Roland Garros à vista

Roland Garros já começou e quando eu sair do metrô, subir as escadas e avistar as grades pretas dos portões que envolvem o complexo mais charmoso de tênis do mundo, a maioria das principais estrelas já terá disputado a primeira rodada. Mas, mesmo com o Grand Slam em andamento, essa chegada a Roland Garros é sempre especial.

Philipe Chatrier roland garros

Estou no aeroporto de Frankfurt, esperando a conexão para Paris. Se há dois dias estava difícil colocar a minha mente em Porte DÁuteil, com tantos outros compromissos distantes da terra batida francesa, agora só penso naquele momento da subida das escadinhas do metrô, com meu papel da credencial em mãos e a chegada na recepção da sala de imprensa, o encontro com diversos conhecidos e amigos e as sensações especiais que sempre voltam à mente quando entro em Roland Garros.

Apesar de já terem se passado 05 anos da despedida do Guga, 09 anos da última grande atuação dele em Paris, 12 anos do tricampeonato e 16 do primeiro título, as memórias de mais de uma década em Paris, trabalhando ao lado dele, estão frescas na minha mente.

Lembro da primeira vez que cheguei a Paris e entrei em Roland Garros. Viajei ainda de VASP e cheguei no meio daquele 1997 inesquecível.

Até da roupa que usei na comemoração no Ritz eu lembro –e  ainda uso a saia de flores azuis -. E lembro sem ter fotos. Não sei por qual motivo não tenho fotos daquela noite. Tenho fotografias do Guga com trofeu na Philippe Chatrier e do dia seguinte, uma maratona de entrevistas, encontro com a Seleção Brasileira de Futebol, no hotel Concorde de Lafayette e o Larri colocando no lobby do hotel “viver e não ter a vergonha de ser feliz…”

Quantas pessoas conheci naquele 1997  e que encontrarei dentro de algumas horas…

Acho que poderia ficar horas escrevendo histórias e lembranças de 15 idas a Roland Garros e a maioria delas marcantes. Mas, pretendo fazer isso ao longo da estada em Paris. Apesar de já terem se passado 16 anos daquele primeiro título do Guga – e me dou conta também que já são 16 anos de Tennis View – e de Nadal ser o “Rei do Saibro,” já tendo vencido 7 vezes o Grand Slam nos últimos 8 anos, cada vez que chega esta época do ano, esses momentos, apesar de pertencerem a uma outra época, na minha mente e no meu coração, parecem que foram ontem.

 

 

 

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É realmente um privilégio ter Djokovic, o n1 do mundo, no Rio

O número um do mundo está no Rio de Janeiro. Novak Djokovic, com status de astro de rock chegou à capital carioca nesta manhã para jogar com Guga, no Maracanãzinho, no sábado, em um momento inédito para o tênis do Brasil.

Desde que Guga ganhou Roland Garros e transformou o tênis, como ele mesmo gosta de dizer, da água para o vinho, não tivemos um número um atual jogando em terras brasileiras. Com o Brasil Open e algumas outras exibições, jogadores que já tinham alcançado o lugar mais alto do ranking mundial apareceram por aqui, mas nunca o número um da atualidade, o campeão do Australian Open deste ano, o campeão do ATP Finals.

Quando estava na entrevista coletiva, completamente lotada, ouvindo o Guga falar da importância que é ter um número um aqui, foi que de fato me dei conta da grandeza que é ter Novak Djokovic, no Rio de Janeiro.

Aquele cara que vimos erguer o trofeu do Masters há cinco dias está aqui. Concedeu longa entrevista coletiva, tirou fotos, deu autógrafos, subiu o morro da Rocinha, inaugurou a primeira quadra de saibro da comunidade, no Parque Ecológico, jogou com as crianças que lá estavam, tirou fotos com elas, deu mais fotos, vai participar de jogo de futebol, enfim, ele está aqui de carne e osso, perto de todos.

Lembro, ainda bem que minha memória está boa, do Guga sempre repetir nas diversas entrevistas que acompanhei enquanto assessora dele, que o fato dele ter se tornado número um do mundo, tendo saído de Florianópolis, uma ilha no sul do Brasil, era algo completamente atípico e que deve muito de tudo isso ao pai, Aldo. Guga falava com os olhos brilhando da iniciativa do pai de levar o ídolo Thomaz Koch para a capital catarinense, quando ele ainda era criança e o quanto isso foi importante para ele e para desenvolver o tênis no estado.

Se olharmos por este ângulo, imagina o que não significa para um tenista juvenil, ou para alguém que gosta de esporte se tornar um praticante de tênis, ter um Djokovic assim tão perto?

É realmente algo sem precedentes e vai se intensificar com a presença de Roger Federer em São Paulo, no início de dezembro, no Gillette Federer Tour.

Imagino que ele venha tão disposto quando Djokovic se mostrou na entrevista de hoje, rasgando elogios para Guga e vice-versa.

Djokovic lembrou da primeira vez que bateu bola com Guga, quando ainda tinha 17 anos e aqueceu o brasileiro para um jogo em Roland Garros e depois ainda disse: “para mim o momento mais inesquecível do Guga foi quando ele desenhou o coração em quadra. Chorei quando estava assinsto aquele jogo. Aquilo me inspirou muito.”

Quando Djokovic mencionou esse momento lembrei de outras duas ocasiões que me marcaram nessa breve convivência que eles tiveram no circuito. A primeira foi em 2007, quando Djokovic começava a ter expressivos no circuito mundial, jogou a sua primeira final de US Open e Guga ainda tentava voltar a competir e se livrar das dores no quadril. Guga ficou em Nova York mesmo depois de ter sido eliminado das duplas, com Robby Ginepri e acabou treinando com Djokovic antes da final.  Fizemos fotos que por sorte encontrei nos meus arquivos e aquele momento ficou marcado. Já mostrava o respeito que Djokovic tinha por Guga.

No ano seguinte quando Guga fez a turnê de despedida, com uma celebração em cada lugar que jogou, Djokovic foi prestigiar o tricampeão de Roland Garros na festa em Miami. Foi à festa e passou a noite toda com Guga e os amigos. Também encontrei essa foto. 

Como Guga parou de jogar justo quando o sérvio começou a subir no ranking, eles acabaram nunca se enfrentando e esse desejo, mesmo numa partida amistosa e mesmo sem condições de competitividade, acaba se tornando especial para ambos.

Djokovic porque tem uma admiração especial pelo cara que ganhou Roland Garros três vezes, justo o Grand Slam que ele ainda não venceu e Guga porque Djokovic é um dos grandes campeões da história do tênis e da atualidade.

Realmente, como o Guga disse, é um verdadeiro privilégio ter o número um do mundo aqui.

 

Fotos de Guga e Djokovic no Rio de Rosane Biekman

Foto de Guga e Djokovic em Miami – Cynthia Lum

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Direto de NY – as emoções da conquista de Bruno Soares no US Open e um pouco de história

Sou uma privilegiada. Assisti hoje, pela quarta vez, um brasileiro ganhar um Grand Slam. Foi a minha primeira final com um jogador do Brasil no US Open. As outras três foram em Paris, em Roland Garros, com o Guga. Há algo especial nestes dias, nestes momentos e ver Bruno Soares se tornar o quarto brasileiro campeão de Grand Slam, com a russa Ekaterina Makarova, nas duplas mistas, foi tão emocionante quanto o jogo. 

 

Acordei cedo hoje, olhei pela janela, o céu estava cinza e havia muito vento. Saí do quarto um pouco antes das 10h. Queria chegar cedo a Flushing Meadows e às vezes tem um trânsito horrível nessas horas de Manhattan para cá. 10h30 já estava no complexo. Fui comer um bagel com cream cheese no restaurante da imprensa, mas já estavam recolhendo o café-da-manhã e fui ver se o Bruno estava aquecendo no Arthur Ashe Stadium.

Ele já estava de saída. Cruzei com o técnico do mineiro, Marcio Torres e ele me disse que os dois, Soares e Makarova haviam aquecido muito bem.

 

Dei uma volta pela sala dos jogadores para ver quem estava por lá. Encontrei a esposa do Bruno, a Bruna e voltei para a sala de imprensa, para pedir o ingresso para sentar no Court Side seat – aqueles lugares bem pertos da quadra. Temos acesso livre no nível abaixo do da arquibancada, mas para sentar a poucas cadeiras da quadra, precisamos de um ticket especial.

 

Peguei o ingresso e fui para a quadra. Quando entrei, Bruno e Makarova já estavam dando entrevista no túnel que leva à quadra. Bruno entrou primeiro e em seguida, Makarova entrou com flores na mão e uma menina andava atrás segurando sua raqueteira. Era o clima da final.

 

Os quatro jogadores foram apresentados e começou o jogo. O resultado todo mundo viu. Bruno e Makarova precisaram salvar dois match points para vencer Kveta Petschke  e Marcin Matkowski por 6/7(8) 6/1 12/10.

 

Estar no estádio neste momento, ver a cerimônia de premiação sendo preparada, Mary Joe Fernandez entrevistando o brasileiro, o discurso dele sendo aplaudido, os fotógrafos e muitos, entrando para registrar a entrada do brasileiro para o seletíssimo grupo de brasileiros campeões de Grand Slam, ao lado de Maria Esther Bueno, Thomaz Koch e Gustavo Kuerten, foi emocionante.

 

Pensava em como sou privilegiada, depois dos três títulos do Guga em Roland Garros, poder acompanhar o próximo que foi este, 11 anos depois, ouvir na sala de imprensa no alto falante anunciarem os campeões de duplas mistas Soares e Makarova, na coletiva; Chegar na sala de coletiva principal e ver o troféu de duplas mistas na mesa, entre os nomes de um brasileiro e uma russa; ver o Bruno dando entrevista em inglês e depois ser trasladado para uma sala de entrevistas menor para falar com os brasileiros, com o rapaz do anti-doping atrás e surgindo pergunta atrás de pergunta e depois ele sendo levado para entrevistas exclusivas, uma rotina de campeão, o troféu sendo levado embora pelo guardião do mesmo, é o que há de mais interessante e especial num Grand Slam. Afinal, desde que comecei minha carreira profissional, há pouco menos de 20 anos, isso só aconteceu quatro vezes.

 

 O fato se torna mais especial, pois o Bruno é um daqueles garotos gente boa e que eu tive a oportunidade de acompanhar desde o início da carreira de juvenil, com a Tennis View (encontrei a primeira vez que ele apareceu em uma foto na revista, foi na edição 16, em 1999, há 13 anos) e com ele sendo junior na Copa Davis, na época em que o Guga liderava a equipe. Fizemos materias com ele desde que jogava o Banana Bowl, sentimos a ausência por dois anos quando ele se lesionou e quando ele chegou à semifinal de Roland Garros, nas duplas, em 2008, depois de ter começado a temporada praticamente sem ranking, eu também estava lá.

 

Perguntei para o Bruno então o que isso tudo significava para ele e a resposta foi a de que “é muito especial e muito assustador.”

 

Ele lembrou novamente de Thomaz Koch, a primeira pessoa que o fez sonhar, do Guga e falou que “se tornar o quarto jogador do Brasil a ganhar um Grand Slam é muito, muito especial. Estou muito feliz e esse título agora vai ficar marcado na minha carreira para sempre.”

 

Continuei com a pergunta, tentando saber se como muitos falam, passou o filme da carreira dele na cabeça, quando beijou o trofeu. “Passou muito coisa, o juvenil, os dois anos de lesão que foi uma fase indefinida, a minha decisão acertada de decidir focar nas duplas, mas o que mais pensei foi no meu pai – falecido em junho. Queria muito que ele estivesse aqui. Ele está fazendo falta, mas tenho certeza que ele está assistindo. Ele e a minha mãe fizeram todos os sacrifícios para eu poder jogar.”

 

Quis saber também do campeão do US Open, o que ele achava que esse título representava para o Brasil e Bruno foi rápido na resposta, esperando que traga “mais investimento, mais projetos e mais patrocinadores para o tênis brasileiro. Temos um ciclo olímpico de exatos quatro anos para trazer coisas boas para 2016.”

 

Ao lado de Marcelo Melo e André Sá, com Thomaz Bellucci também, Bruno forma o quarteto de jogadores brasileiros que representam o Brasil o ano todo no circuito. São eles, só eles, que levam o nome do País às finais de ATPs, a enfrentar os jogadores tops, a fazer o Brasil sonhar com uma medalha olímpica e agora ele foi recompensado com o trofeu do US Open de duplas mistas.

 

Parabéns, Bruno. É um prazer, um privilégio e uma honra acompanhar a sua carreira tão de perto, fazer parte da história do tênis do Brasil.

 

 

 

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