Hoje faz exatamente 15 anos da histórica primeira conquista de Guga em Roland Garros. Era 08 de junho de 1997 e Guga derrotava o espanhol Sergi Bruguera na final do Grand Slam francês, recebia o trofeu das mãos de Bjorn Borg, reverenciando-o e transformando para sempre a os rumos do esporte no Brasil, a vida dele e a minha também.
Já escrevi inúmeras vezes sobre jogos marcantes do Guga, experiências que vivi, conquistas inéditas, mas escrever sobre isso daqui de Roland Garros e tendo passado já quase duas semanas neste lugar que também é sagrado para mim, tem um sentido especial.
Várias vezes durante esta quinzena me peguei lembrando daquele 1997, da estada no simples Hotel Mont Blanc – parece mentira, mas me lembro exatamente do meu quarto, da vista da janela para o Boulevard Victor, do velhinho careca da recepção, do telefone tocando sem parar, dos faxes chegando do brasil, e da alegria contagiante daquele momento inesperado, em que tudo era novidade. Lembro inclusive da roupa que usei na festa da vitória, no Ritz e não é porque fico vendo em fotos não. Engraçado, mas não tenho fotos daquela noite no Ritz. Devia estar insanamente ocupada ou o filme deve ter acabado. É, naquela época as fotos ainda não eram digitais.
Aquela conquista de 1997 é daquelas tão marcantas, em que todo mundo tem alguma história para contar. Ontem mesmo, no Dinner de la Presse, em Roland Garros, um jornalista da Rádio Catalã veio me contar a sua história com Guga há 15 anos. Com alguns membros da direção de comunicação em Roland Garros relembramos momentos daquele 1997, em que de fato Roland Garros se tornou verde e amarelo. Com jornalistas amigos e que estavam em Paris naquele 08 de junho também damos boas risadas lembrando de fatos momentaneamente esquecidos e ainda brincamos: é se passaram 15 anos e continuamos aqui, trabalhando e revivendo essas emoções.
Olho as fotos do Guga e vejo uma alegria tão pura, genuine, um garoto ganhando inesperadamente um dos maiores torneios do mundo, em que tudo era motivo de alegria. E eu, assim como ele, também era uma garota, com 20 anos e sem saber muito bem o que estava fazendo, mas tentando ajudar a organizar toda aquela demanda por informações e entrevistas.
No Brasil ninguém sabia o que era tênis de verdade. As perguntas variavam do que é um Grand Slam, para o que é saibro e se depois de perder o jogador estava eliminado.
A música que Larri tocava na recepção do hotel do Gonzaguinha, com o refrão “Viver e não tem a vergonha de ser feliz,” não sai da minha cabeça nesses últimos dias, pois esse era mesmo o sentimento daquele 1997, de uma felicidade inocente, que a capa do jornal L’Equipe do dia 09 de junho conseguiu traduzir perfeitamente, com uma imagem do sorriso do Guga e a frase: “Obrigada por esse sorriso”