Para quem não conseguiu ver a cerimônia de entrada do Guga no Hall of Fame, aqui vai um vídeo com um resumo do momento emocionante, com a Capriati lembrando a vitória dos dois em Roland Garros 2001, claro, parte do discurso do Guga e até o Larri falando da missão cumprida.
Tag Archives: kuerten hall of fame
Antes do Hall da Fama, lembranças de uma carreira ao lado do Guga
A semana é especial para o tênis brasileiro, para o Guga e também pra mim. Desde que foi anunciada a entrada de Guga para o Hall da Fama venho recebendo e-mails e telefonemas de jornalistas e comentaristas com pedidos de informações antigas, fotos e para contar histórias dos meus mais de 10 anos de trajetória com o Guga pelo mundo. Tive que abrir arquivos, HDs externas, encontrei muitas fotos, tenho todos os press releases que escrevi, e muita matéria bacana que eu guardei.
Durante a semana toda fui obrigada a buscar mais coisas ainda e fiquei lembrando de momentos marcantes, mas não nas quadras e sim para mim, como profissional.
Se fosse descrever todos ficaria dias e dias para contar todas as histórias, entrevistas, coletivas, correria e também diversão. Afinal, apesar de todo o stress que era ter que atender a imprensa nacional e internacional, escrever e enviar os releases, atualizar site, organizar as entrevistas, entrar e sair de avião toda semana, os jogos, a comunicação com os patrocinadores e muito mais, eu fazia tudo com muito prazer e profissionalismo.
Mas, algumas histórias ficam marcadas mais do que as outras. Assim como o Guga lembra de cada detalhe de cada jogo, lembro de cada detalhe de cada ação de aparição em evento ou de patrocinador, e de cada entrevista. Até de emails e / ou fax trocados eu lembro.
Talvez, depois de Roland Garros 97, que foi uma surpresa para todo mundo e eu tinha que explicar para o mundo quem era o Guga, contar sobre a família, a avó, Florianópolis, etc e para o Brasil tinha que explicar o que era Grand Slam, game, saibro, quadra rápida, de grama, como funcionava o ranking, etc, o ano mais emblematico em termos de mídia internacional tenha sido o de 2001.
Foi em 2001 que o Guga ganhou reconhecimento na terra dos reis do marketing, os Estados Unidos.
O ano começou com ele no topo, depois de ter derrotado Sampras e Agassi na sequência na Masters Cup de Lisboa em dezembro do ano 2000, chegou ao auge com o título de Roland Garros, o terceiro deles, em junho. A temporada de quadras rápidas continuou com as vitórias do Guga e quando chegou o US Open, Guga era o cabeça-de-chave 1 do Grand Slam, em Nova York e até Goran Ivanisevic apontava o brasileiro como favorito.
Era a época da “Guga Mania.” Nestas buscas encontrei uma matéria muito legal, escrita antes do US Open começar, pelo Doug Smith – não é o Doug Robson que escreve hoje em dia – no USA Today.
Lembro que o Doug, hoje aposentado, fez a maioria das entrevistas num evento na Times Square, em que a HEAD reuniu o Guga, o Agassi e o Goran, os três campeões de Grand Slam daquele ano.
Esse talvez tenha sido um dos eventos mais bacanas que o Guga fez durante um torneio. A cada evento tínhamos que combinar a agenda dele de treinos e jogos com pedido dos patrocinadores e do torneios para eventos, aparições, autógrafos, etc.
Naquele verão americano, Guga gravou propagandas de televiseo para a USA Networks, que na época detinha os direitos de transmissão do US Open e deu entrevista atrás de entrevista, quando era possível.
Lembro que a ATP tentou de todas as maneiras convencê-lo, junto comigo, de participar de uma sessão de fotos para a Sports Illustrated Swimsuit issue, mas ele não topou. Foi mais uma daquelas situações em que tudo o que eu queria era que ele dissesse sim, mas não consegui fazê-lo mudar de ideia.
Alguns meses antes, em Barcelona, o jornal La Vanguardia fez uma matéria bem legal comigo, que guardo até hoje. Na época, não dava muita importância para isso. Era entrevistada sobre o Guga a toda hora. Essa minha profissão era meio novidade no circuito. Hoje vejo que deveria ter guardado muito mais jornais do que guardei.
As voltas para casa depois de grandes campanhas, especialmente as de Roland Garros, eram sempre uma loucura. Todo mundo querendo colocar o Guga em carro de bombeiro e ele se recusando. Inúmeros programas de televisão querendo a presença dele e ele querendo uns dias de descanso para depois retomar os treinos com o Larri – Passos – e continuar na busca por mais títulos.
Parece fácil, mas organizar a agenda dele não era brincadeira não. Gravar comerciais para patrocinadores, treinar, fazer preparação física, entrevistas, viagens, num circuito que tinha um mês ou até menos de folga para quem jogava o Masters, era quebra-cabeça dos mais complicados.
Talvez o momento mais complicado de todos, em termos de comunicação, tenha sido a época do desgaste olímpico com o COB, nas Olimpíadas de Sidney, no ano 2000. Foram dias de angústia, com o empresário do Guga, Paulo Carvalho tentando negociar com o COB a ida dele a Sidney, sem ter que usar o uniforme do patrocinador olímpico, jogando de branco, como havia sido previamente acordado e depois modificado e o Guga querendo jogar, mas não podendo descumprir contrato. Dias de angústia, Guga não querendo dar entrevista, eu escrevendo um texto falando que ele não ia aos Jogos Olímpicos, o Jornal Nacional me ligando, até que à noite o COB voltou atrás e aceitou que o Guga jogasse de branco. Correria. Viagem para Florianópolis para entrevista coletiva de urgência, antes do embarque para Sidney.
Fora esse momento mais dramático, para mim, mais dramático do que as cirurgias e lesões, me orgulho do trabalho feito. Disse não pra muita, muita gente, mas nunca deixei de dar informação e atender a todos e organizar, com nível internacional, as entrevistas e aparições dele. Até hoje o pessoal me contata, inclusive, mais de fora do que aqui.
Tem duas entrevistas que me orgulho muito do Guga ter feito, a da Marília Gabriela, que ele demorou uns 7 anos para aceitar encarar a jornalista e a com o Juca Kfouri, em que o repórter foi até Camboriú entrevistar o Guga.
Já no final, antes da despedida em Roland Garros, foi especial levar o Guga ao Jornal Nacional, para sentar na bancada ao lado da Fátima Bernardes e do William Bonner. Até então apenas o Presidente Lula e o Parreira haviam participado do JN ao vivo, com eles.
Enfim, foram anos e anos de muitas histórias que serão relembradas neste sábado, em Newport!
PS – tem as entrevistas que fizemos e nunca saíram com as páginas amarelas da Veja, mas o momento é de comemoração…
Filed under Uncategorized
Por dentro do Hall of Fame, antes do Guga chegar
Guga desembarca em Newport, no Estado de Rhode Island, nesta quinta-feira, para ser condecorado com a entrada no Hall da Fama do tênis. Antes dele chegar fiz uma grande pesquisa e uma matéria publicada na edição 119 da Tennis View em que relato a história do Hall da Fama, como é o dia-a-dia do antigo Cassino de Newport e o que mais tem para fazer por lá. Para quem estiver pela região, dá para alugar uma quadra de grama para bater uma bola, visitar o histórico museu e até alugar o espaço para fazer festa de casamento.
São mais de 300 mil fotos, 5 mil títulos de livros, 4 mil ítens de material áudio visual, mais de 16.000 objetos, incluindo roupas que datam do século 19, 13 quadras de grama, em uma localização histórica em Newport (Rhode Island/EUA), que data de 1880. Este é o International Tennis Hall of Fame.
Com a nomeação oficial de Gustavo Kuerten para entrar no Hall da Fama no dia 14 de julho deste ano, ao lado de nomes como o de Andre Agassi, Pete Sampras, Bjorn Borg, Yannick Noah, Jim Courier, Stefan Edberg, John McEnroe, Mats Wilander, Ivan Lendl, entre muitos outros, Tennis View fez uma imersão sobre o Hall da Fama. Juntamos fotos de uma visita feita ao Newport Casino, há dois anos com informações adquiridas diretamente de lá, para mostrar como é o lugar que eternizará o nome de Gustavo Kuerten na história do esporte.
HISTÓRIA
Fundado em 1880, o Newport Casino, construído para ser um clube familiar e não de jogatina, sediou já no ano seguinte, em 1881, o primeiro campeonato nacional dos Estados Unidos de tênis na grama, hoje o US Open. De um clube, o local se tornou o Tennis Hall of Fame em 1954 e em 1986 foi reconhecido pela ITF, passando a ser o “International Tennis Hall of Fame.”
O prédio original, construído há 122 anos e transformado em patrimônio nacional em 1987, está preservado e é dentro dele que se encontram as relíquias do esporte e um centro de pesquisas.
A entrada é claro, uma quadra de tênis de grama.
MUSEU
O museu do Hall of Fame é dividido em diferentes áreas, com memorabilia, objetos relacionados a tênis em geral, roupas dos tenistas, algumas delas autografadas, raquetes das mais antigas já encontradas, inclusive com a caixa estilo-baú em que eram armazenadas, pôsters e fotos, muitas fotos.
Há as sessões dos campeões do mundo da ITF, de cada Grand Slam, com frases do tipo “Dominant Down Under, em referência ao Australian Open e “Suprême a Paris,” em alusão a Roland Garros.
Sobre cada grande torneio há objetos especiais que caracterizam a competição, como o chapeuzinho verde da Perrier distribuído todos os anos em Roland Garros e os cartazes da competição
Dentro destas partes do museu, Gustavo Kuerten já está presente. Mas, algumas semanas antes da entrada oficial no Hall da Fama terá uma exposição especial só sua, como Andre Agassi teve no ano passado.
Além de todos estes artigos, fotos, vídeos, pôsters, e tudo o mais que você possa imaginar relacionado a tênis, sendo um paraíso para qualquer apaixonado pelo esporte e por história, o Hall da Fama também tem um centro de pesquisa.
CENTRO DE PESQUISA
Profissionais especializados em museologia, pesquisam, restauram, conservam e armanezam, documentos, publicações, fotos, vídeos e materiais relacionados à história do tênis e a personalidades que fazem parte do esporte. São informações de mais de 150 anos, com publicações que datam de 1847 e imagens em vídeo desde 1920. Toda essa estrutura, inaugurada no ano 2000, fica no terceiro andar do edifício.
O mais interessante é que todo este material pode ser pesquisado e caso você queira adquirir uma fotografia específica, pode solicitar a reprodução por US$ 75 (aproximadamente R$ 130).
Pesquisadores e produtores de televisão e rádio também podem solicitar o serviço do Information Research Center para procurar imagens raras, com um custo de hora profissional de uma pessoa do staff.
Este mesmo serviço de pesquisa pode ser contratado à distância para qualquer tipo de assunto ligado a tênis.
JOGAR NA GRAMA
Mas, não é só uma visita ao museu ou ao centro de pesquisas que uma ida ao ITHF proporciona.
Entre os meses de maio e outubro é possível jogar nas quadras de grama históricas do Newport Casino. E você nem precisa levar a raquete. Pode alugar uma por US$ 10 (aproximadamente R$ 17,50), lá mesmo. A única exigência é pelo uso de roupas brancas.
O aluguel de uma hora de quadra de grama custa U$ 100 (R$ 175,00) – a de saibro sai por R$ 60 e a rápida, por R$ 52 – e a hora de um professor, U$ 90 (R$ 160,00).
Há pacotes especiais para grupos ou para aluguel de mais horas de quadra.
Você ainda pode alugar uma daquelas “ball machines,” que raramente encontramos no Brasil. Mas, só para jogar nas quadras rápidas ou de saibro, para não deteriorar a grama.
ATÉ CASAMENTO
Durante o ano todo há diferentes eventos sendo realizados no International Tennis Hall of Fame, de tênis ou não. O Campbell’s Hall of Fame Tennis Championships é o ATP 250 que acontece durante a semana da cerimônia oficial de entrada do Hall da Fama. É o único ATP disputado na grama, nos Estados Unidos.
Além disso há torneios juvenis, de veteranos, cadeirantes, festivais de Jazz, congressos de arquitetura, festivais de cinema e até eventos privados, incluindo cerimônias de casamento, afinal o “love,” faz parte do jogo.
Álbum de fotos completo aqui
Filed under Uncategorized
Guga no Hall da Fama. Que bom é poder celebrar as inesquecíveis vitórias e momentos históricos.
Enquanto apareciam num telão no 17º andar de um prédio na Avenida Paulista, com enormes janelas com a vista para a cidade de São Paulo, imagens de momentos marcantes da carreira de Guga, nesta quinta-feira, eu olhava e vinha na minha cabeça a loucura que foi viver tudo aquilo.
Ao lado de Thomaz Koch e de Paulo Carvalho, empresário do Guga durante a carreira dele, assisti a cerimônia que marcou oficialmente o anúncio da entrada do brasileiro no Hall da Fama do tênis (a entrada será no dia 14 de julho, em Newport).
Durante anos, acho que desde a segunda temporada da Tennis View, em 1998, acompanho – de longe – as cerimônias do Hall da Fama, sempre admirada e impressionada com as fortes emoções que provocam nos atletas. Nos últimos anos vimos Andre Agassi entrar para o Hall e antes disso, ele fazer um discurso emocionado para a esposa Steffi Graf, no ano em que ela foi homenageada. Vimos Monica Seles, Gabriela Sabatini, Yannick Noah, Stefan Edberg, Pete Sampras, Boris Becker, Jim Courier, Ivan Lendl, Jimmy Connors, John McEnroe, entre outros, receberem a famosa placa, posarem para fotos, se emocionarem, na cerimônia, na quadra central de grama, de Newport. E agora chegou a vez de Guga.
Sempre imaginei que ele fosse entrar para o Hall. Tem credenciais para isso. Foram 43 semanas como número um do mundo, três títulos de Roland Garros, a Masters Cup – só para começar. Mas, não imaginava que fosse tão cedo.
Ao ver a importância que o Hall da Fama dá para o atleta escolhido e para a história do tênis, dá para ter uma noção ainda maior do que isso significa para um atleta.
O anúncio não foi uma simples entrevista coletiva. O Presidente do Hall da Fama – Christopher Clouser – veio ao Brasil para fazer o anúncio. Havia fotos de Guga espalhadas, telão para a exibição das imagens, houve discurso do Presidente e tudo o que uma instituição séria costuma fazer. Houve cerimônia (até mesmo Maria Esther Bueno, reverenciada no mundo inteiro e integrante do Hall da Fama, veio para prestigiar o momento).
E como é bom ver isso, ver a importância da carreira de Guga reconhecida mundialmente. Saber que a história dele fará parte da exposição do museu durante um ano e que ao longo dos anos continuará a ser reverenciado pelo esporte mundo afora.
Hoje, muito mais do que quando Guga estava competindo e estávamos na loucura do dia-a-dia, de jogo após jogo, torneio após torneio, viagem atrás de viagem, sem parar pensar muito no que tudo aquilo significava, nós mesmos valorizamos bem mais tudo o que ele conquistou.
Ao ver todas as imagens e relembrar as vitórias emocionantes, quase nos esquecemos do caminho percorrido para chegar até lá.
Durante o discurso do Guga quando ele estava falando que para ser número um ele precisou antes ser número cinco, número três eu só pensava e trabalhar muito. Todos nós que estávamos com ele tínhamos esse objetivo. Para isso, cada um no seu papel, fazia o melhor possível para que ele tivesse toda a tranquilidade para fazer o que precisasse ao lado do Larri e chegar ao topo. Inclusive ter que dizer não para muita gente.
Mas, isso já passou e agora temos mesmo é que aplaudir o Hall da Fama e o Guga, como maneira de continuar preservando o único tenista da história do Brasil e da América do Sul – excluindo Maria Esther Bueno – a ter terminado uma temporada como número um do mundo.
PS – pensei em fazer uma seleção de fotos marcantes da carreira do Guga para colocar aqui. Busquei nos meus arquivos e vi tanta foto bacana – muitas que tirei com a minha máquina mesmo, de momentos muitos legais – mas resolvi esperar para o dia 14 de julho.
Escolhi duas fotos de Paris. Uma da conquista do tri e outra de um dia muito agradável que passamos na capital francesa, depois de 17 jogos de invencibilidade do Guga por lá.
Filed under Uncategorized