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11 de setembro na Costa do Sauípe

Já faz alguns dias que estava pensando se ia ou não escrever sobre o 11 de setembro, me questionando se valeria a pena escrever sobre algo que todo mundo estaria falando também. Mas, depois de pensar um pouco e relembrar o meu 11 de setembro, achei que valia a pena sim.

Há 10 anos, no dia 11 de setembro eu estava bem longe de Nova York, talvez num dos lugares mais opostos à loucura da metrópole Americana, a Costa do Sauípe, na Bahia. Onze anos atrás o complexo de resorts na Costa Verda da Bahia estava no início de suas operações, ou seja, parecia bem mais distante da realidade de uma grande cidade do que é hoje.

Havíamos ido de Nova York, onde o Guga havia feito quartas-de-final do US Open, direto para a Bahia. Quatro dias antes do 11 de setembro estávamos na Big Apple e no dia antes de ir embora eu estava lá do lado do World Trade Center, fazendo umas rápidas compras na Century 21. Tínhamos ficado quase três semanas em Nova York. Como número um do mundo o Guga teve uma série de atividades pré-US Open e indo até as fases finais do torneio, os dias passaram rápido e foram intensos na cidade.

 

Era a primeira vez que estávamos na Costa do Sauípe, para a primeira edição do Brasil Open e claro que o Guga era a principal atração do torneio.

Saiu a chave  e ele jogaria contra o Flávio Saretta. Já chegou na Bahia desgastado de um agitado verão norte-americano, com muitas vitórias e muitos jogos nas quadras rápidas e as tais dores na virilha – até então não se sabia que as dores eram causadas pelo problema no quadril.

Um dia antes da estreia era aniversário do Guga e para comemorar com o público armamos um bolo na quadra central do torneio que foi entregue pela favorita ao título feminino, Monica Seles.

Naquela época o torneio era ATP e WTA e a Monica tinha uma relação próxima com o Larri.

Depois do bolo na quadra, treinos e programamos uma festa para outro dia para o Guga, afinal tinha jogo cedo no dia seguinte. Para atender a televisão o jogo havia sido programado para o horário do almoço, no forte sol do nordeste.

Acordei cedo para acompanhar o bate-bola da manhã e me lembro de receber uma ligação da minha mãe, perguntando se eu já havia visto as imagens na internet de um avião batendo no World Trade Center. Dez anos atrás a internet não era sem fio, acredito que devia ser discada ainda então não dava simplesmente para sair da quadra, ligar o computador e ver o que estava acontecendo.

Fui até a sala de imprensa logo depois mas tinha que ver como estavam os ingressos para o jogo do Guga e tudo que envolve a preparação de uma estreia de um ATP pela primeira vez no Brasil, atender a imprensa, etc.

A cada hora alguém me ligava para falar alguma coisa e eu só pensava que dias antes a gente estava lá.

Tentava falar com alguns amigos e não conseguia.

Chegou a hora do jogo do Guga e fomos para a quadra. O sol e o desgaste dos jogos não ajudaram e o Saretta acabou ganhando. Aquela altura a derrota não importava.

Ninguém no mundo todo estava prestando atenção no ATP brasileiro.

Americanos da WTA e ATP não sabiam o que dizer aos tenistas, a imprensa perguntava para os jogadores o que eles estavam achando de tudo isso mas eles haviam sido orientados a não falar nada. Afinal, ninguém sabia do que se tratava.

Lembro da Monica bem agitada porque não conseguiu falar com ninguém e além disso os aeroportos americanos estavam fechados, ou seja, não se sabia quando poderiam voltar para casa.

Mesmo com a derrota, com tantos compromissos com patrocinadores, tivemos que ficar a semana toda no Sauípe.

Assistir daquele resort, em meio a coqueiros, caipirinhas e praia o mundo mudar para sempre foi praticamente surreal.

Naquela época o PR da ATP com quem eu trabalhava diariamente para organizar as ações do Guga era o Benito Perez Barbadillo, hoje PR do Nadal e durante algum tempo quando a gente se encontrava, comentávamos do quão estranho,de quão distante da realidade nós estávamos naquele 11 de setembro na Costa do Sauípe.

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Os meus best sellers na literatura do tênis. Agassi, Serena, Sampras, Seles, Ashe, McEnroe…

Uma troca de mensagens no Twitter, na tarde desta quarta-feira, me fez pensar em livros.

A questão se referia aos livros das irmãs Williams.

Fã de livros, ainda mais de autobiografias, na hora respondi que o da Serena valia a pena ler.

O da Venus, Come to Win: Business Leaders, Artists, Doctors, and Other Visionaries on How Sports Can Help You Top Your Profession ainda não li. Quando vi o título pela primeira vez pensei se tratar de um daqueles livros chatos, com muita auto-ajuda, mas lendo algumas páginas, disponíveis nos sites internacionais de livrarias virtuais, está me parecendo muito mais um exemplo de como o esporte pode mesmo te ajudar na vida. Há depoimentos inclusive do ex-presidente norte-americano Bill Clinton.

Bem diferente do livro da Serena – aliás, difícil as irmãs fazerem coisas iguais, estão sempre juntas, mas se diferenciando uma da outra -, que é uma autobiografia.

Fiquei pensando no que me atraiu no livro dela. A primeira razão de adquirir um exemplar foi puramente profissional.

Como editora de uma revista de tênis tenho por obrigação ler materiais como este. Achei estranho e ainda acho ler autobiografias de tenistas que ainda estão em atividade, mas ao ler o Serena Williams, On The Line, não senti falta da carreira dela ainda não ter terminado. Demorei para pegá-lo para ler e confesso que o livro não foi um daqueles que fluiu, que me fez virar página após página, sem parar. Mas, foi um livro que me trouxe muita informação sobre a história dela e de toda a família Williams que eu jamais havia ouvido falar e o interessante é ler sobre essas histórias não por alguém que apurou os fatos e escreveu, mas sim da própria personagem.

Ela conta com detalhes como era a vida na Califórnia, bem antes da fama, como no início todas as irmãs treinavam, como iam para o treino – em uma van -, como ela convenceu o pai que jogaria o primeiro torneio, como aconteceu a mudança para a Flórida, como viveu a morte da irmã Yetunde e por aí vai.

Dá para perceber no livro também a admiração que ela tem pela irmã Venus, que desde a infância mantém o papel de irmã mais velha e protetora e entre outras coisas, que sua vida se divide entre a de uma super atleta, de celebridade e de uma pessoa normal, que vai à faculdade e faz curso de manicure.

Por ser uma rica fonte de informações, gostando ou não da Serena e suas attitudes, a leitura de On The Line é válida.

Ao pensar um pouco no livro dela, olhei em volta da minha sala na redação da Tennis View e percebi quantos livros de tênis eu já tinha lido. Resolvi então fazer uma seleção dos mais interessantes, começando pelo livro de Andre Agassi, Open, que teve sua versão em português lançada recentemente.

Independentemente de toda controvérsia que surgiu semanas antes do livro ter sido lançado, com Agassi confessando ter usado drogas e mentido em um tested a ATP, eu já teria adquirido o exemplar, imaginando que se Agassi estava lançando uma biografia teria algo de novo para contar.

Toda a controvérsia gerada com os capítulos publicados pré-lançamento no The Times da Inglaterra, os depoimentos dos jogadores, praticamente todos atacando o norte-americano e sua entrevista no programa 60 minutes, em que parecia completamente transtornado, aumentaram ainda mais a minha curiosidade.

Este livro sim, eu devorei. Mais ainda do que o livro da Serena, o do Agassi traz, muito além da história das drogas e da peruca, uma verdadeira descrição de quem ele é e como viveu, desde o momento em que o pai colocou uma raquete na mão dele até os dias de hoje, a relação de amor e ódio com o esporte.

O livro todo, capítulo a capítulo, é baseado nas relações de Agassi, começando pelo pai e passando pela mãe, os irmãos, o ex-melhor amigo Perry Rogers, Nick Bollettieri, Gil Reyes, Brooke Shields, Steffi Graf, entre muitos outros. Cada página foi tão bem escrita – Agassi contratou o vencedor do prêmio Pulitzer, J.R. Moehringer – que apesar de ser uma autobiografia de um tenista você parece estar lenda uma verdadeira obra prima, diferente de qualquer outro livro de tênis, de esportes, que eu já tenha lido.

Os capítulos estão tão bem amarrados, que quando você está lendo o livro, sem pular páginas, a parte que fala das drogas, da peruca, do exame anti-doping da ATP, não chocam tanto, porque lendo a história todo você parece entender o ser humano Andre Agassi.

Os fãs de romance vão adorar todo o relato de como ele se apaixonou por Graf e a conquistou.

A lista de livros é grande e se for relatar o que cada tenista contou é melhor eu começar a escrever um livro sobre os livros e deixar todos os meus outros afazeres de lado.

Continuo aqui observações mais sucintas sobre os outros livros.

You Can Not Be Serious, do John McEnroe é outro livro que se destaca nas autobiografias dos tenistas. Não sei, se no meu caso, por eu não ter acompanhado de perto a carreira dele, mas me trouxe também muita informação e a leitura foi das mais agradáveis.

O livro de Pete Sampras, a Champion’s Mind, ou em português Mente de Campeão, também entre na lista dos meus favoritos. Ao ler o livro não estava achando tão interessante, mas com o passar das páginas fui percebendo que havia ali muitas passagens que nunca haviam sido contadas e que o objetivo do livro, de relatar como pensa um campeão, estava sendo cumprido. A visão de Sampras sobre o que é ser um atleta profissional e como ele trilhou o seu caminho, merecem atenção.

Fã de Monica Seles, desde criança, devorei o livro Getting a Grip on My Body, My Mind, My Self. Muito mais do que aprender sobre a carreira vitoriosa dela, antes da fatídica facada, o livro é um fiel relato de como ela viveu aquele momento e como o acidente transformou completamente a sua vida, causando sérios danos a sua saúde mental e física. É chocante ler as descrições de como ela perdia o controle com a comida, como se sentia mal quando vestia uma roupa de jogo e ficava apertada e quanto tempo demorou para ela conseguir sair do buraco.

Adorei ler o livro de Boris Becker, The Player. É outro livro, que já começa falando do episódio em que ele engravidou uma garçonete, em um bar de Londres, após o seu último jogo como profissional e em que você sente de fato estar ouvindo a própria voz do autor página após página.

O “Je Voulais Vous Dire,” de Henri Leconte, também me agradou muito. Não era um tenista que eu conhecia muito, apesar de sempre ler e ouvir histórias sobre ele. O livro, além de detalhes da carreira, relata como era o circuito nos anos 80 e início dos anos 90, o que é sempre interessante.

Um dos primeiros livros que li, antes mesmo de me tornar jornalista e guardo até hoje é o Arthur Ashe, Days of Grace, que ele escreveu com Arnold Rempersad, um ano antes da sua morte.

O livro de Billie Jean King, Pressure is a Privilege: Lessons I’ve Learned from Life and the Battle of the Sexes, é pequeno, com poucas páginas e fácil de ler. É também um livro de auto-ajuda, com conselhos desta lenda mundial que tanto fez e continua fazendo pelo tênis. Mesmo sendo um livro pequeno, dá para ter mais apreço ainda pela pessoa especial que é Billie Jean. Foi a primeira vez que li, em detalhes, como foi a famosa “Battle of the Sexes,” entre ela e Bobby Riggs.

Outro livro que não é exatamente uma autobiografia, mas é bem interessante é o de Martina Navratilova, Shape Your Self. Entre dicas de hábitos saudáveis, alimentares e físicos, ela conta alguns detalhes da sua vida no circuito.

Best Seller do New York Times, o livro de James Blake.

Breaking Back: How I Lost Everything and Won Back My Life, não me entusiasmou. Não trouxe quase nada que eu não soubesse sobre sua história. Talvez, para um leigo no esporte, seja interessante.

Os livros de Roger Federer, Quest for Perfection – sera lançado em português ainda neste ano –  e de Rafael Nadal, “Rafael Nadal, a biografia de um ídolo do tênis,” de Tom Oldfield, não são auto-biográficos, mas são boas fontes de informação, especialmente o de Federer, do amigo jornalisa René Stauffer.

Tenho dois livros na minha prateleira, me olhando diariamente, o de Rod Laver, The Education of a Tennis Player e do Fabrice Santoro, A Deux Mains.

Mas, estou lendo outros dois livros fora do esporte e é preciso ler outras coisas de vez em quando.

Assim que concluir a leitura de ambos faço um post contando  o que achei de cada um deles.

Ah, já ia me esquecendo. Tem outros dois livros que gostei muito de ter lido, com histórias interessantes do circuito, o do Brad Gilbert, I’ve Got Your Back e o de Nick Bollettieri, My Aces, My Faults.

Já li inúmeros outros livros de tênis, mas assim de cabeça – já saí do escritório com minha prateleira repleta deles – são os que me mais me recordo e com certeza, se recordo é porque ou são recentes, ou são os mais legais.

PS – Quase esqueci, mas jamais poderia. Aqui Tem, o livro do Fernando Meligeni com o jornalista André Kfouri é uma agradável leitura das melhores passagens do tenista no circuito mundial. Só o fato de Meligeni, um tenista, ter  conseguido lançar um livro no Brasil, país em que pouco se lê, merece aplausos.

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