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Djokovic, Del Potro, Murray e um polonês

Até que com tudo o que aconteceu neste Wimbledon, as semifinais não são das mais inusitadas ou inesperadas, com Djokovic(1º), Del Potro (8º) e Murray(2º). A não ser pelo quarto elemento, um jogador da Polônia, Jerzy Janowicz, 22 anos, disputando apenas o seu 5º Grand Slam.

JanowiczJanowicz ficou mais conhecido no final do ano passado quando passou o qualifying e chegou à final do Masters 1000 de Paris Bercy, gahando no caminho do mesmo Andy Murray que ele enfrentará por uma vaga na final de Wimbledon.

Até então, Janowicz passava a maior parte do ano jogando torneios Challengers.

Maior expoente da história do tênis polonês, Wojtek Fibak, que foi top 10, em entrevista ao jornal Lequipe, afirmou que “não entendia como caras tão altos quanto Janowicz, como Isner e Querrey estavam entre os tops e ele não estava. E olha que ele se movimenta melhor. Ficou muito tempo jogando Challengers e com falta de consistência. Agora melhorou tudo, os voleios em especial, mas ainda pode melhorar.”

Fibak tentou explicar na entrevista o caráter do número um da Polônia, às vezes confundido com arrogância.

“ Ele tem uma personalidade forte, tem caráter e gosta das grandes ocasiões. Adora uma quadra grande e ver um adversário top do outro lado da rede.”

Nos últimos meses, desde que entrou para o grande circuito, Janowicz, com a sua maneira de vibrar e olhar para os adversários, vem sendo comparado a Radek Stepanek, um dos tenistas menos queridos do Tour.

“É o jeito dele, mas eu o admiro pelo espírito de luta.”

Esse mesmo espírito de luta mostrou Andy Murray hoje ao derrotar, de virada, Fernando Verdasco. O ídolo britânico contou com apoio da torcida e a experiência para vencer o espanhol por 4/6 3/6 6/1 6/4 7/5.

Enquanto isso, do outro lado da chave, Novak Djokovic e Juan Martin del Potro venceram sem perder sets, diante, respectivamente de Tomas Berdych e David Ferrer.

Os dois viverão novamento o jogo que deu ao argentino a medalha de bronze olímpica.

Foto de Cynthia Lum

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A Era Djokovic e Murray? Ainda não.

Há algumas semanas, em Londres, abrindo um dos jornais britânicos vi uma manchete esportiva que dava fim a Era Federer x Nadal e afirmava que agora o momento é da Era Djokovic x Murray. Fiquei perplexa. O sérvio, número um do mundo e o escocês, número três, podem estar começando uma nova rivalidade no esporte, especialmente com a final do Australian Open, neste domingo, a segunda decisão seguida de Grand Slam. Mas, é muito cedo para dizer adeus a era Federer x Nadal.

Murray Australian Open Djokovic Australian Open

Enquanto acompanhava ao embate de 5 sets entre Murray e Federer, comecei a pensar. Se o Murray ganhar vão começar dizer que a Era do Federer e do Nadal já é passado. E de tanto pensar no assunto eu mesma, por alguns instantes, comecei a visualizar a Era Murray x Djokovic.  Mas, foi só por alguns segundos.

Foi um alívio navegar pela internet, ler jornais e sites especializados e ver que ninguém está dando destaque a este assunto.

Lembro quando o Guga estava no auge e durante alguns torneios seguidos enfrentou Safin e Norman com frequência que surgiram tentativas, da própria imprensa internacional, sofrendo com o fim da rivalidade Agassi x Sampras, de surgir com uma nova rivalidade. Saíram materias das novas rivalidades do ano 2000. Guga x Norman; Guga x Safin, mas de fato não pegou. Eles foram adversários, alguns dos mais importantes das respectivas carreiras, mas não se enfrentaram tantas vezes assim em grandes finais, apesar de algumas terem sido épicas.

Federer e Nadal se enfrentaram 28 vezes, sendo que 19 foram em finais e destas finais 8 foram em Grand Slam. (Nadal tem a vantagem de 18 vitórias).  Federer ficou um tempão à frente de Nadal no ranking, antes do espanhol começar conseguir a chegar às finais de Grand Slam. Foi só em 2006 que a rivalidade deles começou a dar sinais de que poderia ser grande. Tenho gravado na memória a decisão de colocar os dois na capa da Tennis View , antes de Roland Garros e eles acabarem fazendo a final do Grand Slam francês. A primeira das 8 que jogaram. Nadal x Federer rivalry

Agassi e Sampras duelaram 34 vezes, em 16 finais, sendo que 5 foram em Grand Slam e 1 em ATP Finals.

Murray e Djokovic estão se enfrentando apenas pela terceira vez em uma final de Grand Slam (na segunda, no US Open, no ano passado, Murray venceu o seu primeiro Grand Slam) e até agora jogaram somente 17 vezes.

Eles podem estar começando uma rivalidade, mas ainda estão longe de ter o impacto dos confrontos de Agassi e Sampras e Federer e Nadal. Ou até mesmo de Djokovic e Nadal que já se desafiaram 33 vezes, se enfrentando em 5 finais de Grand Slam.

Como disse Federer em uma de suas entrevistas em Melbourne, “no tênis tudo passa muito rápido e a gente segue em frente. Com certeza o tênis fica mais forte com ele do que sem ele e é nessa fase, de semifinal, que sentimos um pouquinho a falta dele.”

Isso, no entanto, não quer dizer que Rafael Nadal está acabado e que não haverá mais jogos eletrizantes entre ele e Djokovic e ele e Federer. “Tenho a sensação de que quando ele voltar, vai voltar forte e será difícil derrotá-lo. Especialmente no saibro, em que ele quase não perde jogos.”

Para quem pensa que Federer deve ter sentido o cansaço, que já não tem mais idade para rivalizar com Murray e Djokovic, se engana. O suíço, acredito eu, não se arriscaria a competir se não estivesse suficientemente bem preparado, não jogaria os torneios se não acreditasse que pudesse vencer, e não aceitou o físico ou a idade como desculpa para a derrota diante de Murray. “Ele simplesmente jogou melhor do que eu  ponto.”

Andre Agassi, em Melbourne para promover os vinhos Jacob’s Creek e entregar o trofeu ao campeão, o mesmo que ele ergueu quatro vezes, deu um bom panorama do tênis atual. “Estamos vivendo a Era de Ouro do Tênis.”

 

 

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Murray por Emilio Sanchez – o início na Espanha e a evolução

Andy Murray não conquistou o US Open de um dia para o outro. Aliás, desta geração de tenistas, foi o que mais “sofreu” trabalhando duríssimo e esperando a quinta oportunidade chegar para agarrá-la. Antes de alcançar finais de Grand Slam, de se tornar um profissional top, o escocês Andy Murray desenvolveu seu jogo na Espanha, em Barcelona, na academia de Emilio Sanchez. Há alguns meses, o próprio Emilio, ex-número um do mundo de duplas, 7 em simples e capitão vencedor da Copa Davis, escreveu para Tennis View, contando como foi o primeiro contato com Murray, como ele foi parar na Espanha e  mesmo antes do tenista se juntar a Ivan Lendl, já prevendo que ele deveria ganhar um Grand Slam neste ano. Vale a pena ler de novo!

“Estou aqui sentado na minha academia, a Sánchez-Casal, tentando me recordar dos momentos interessantes, que Andy Murray teve conosco. E a grande evolução dele foi em 2003.

Ele chegou um dia com a sua mãe na academia. Ela estava confiante e ele tinha muitas dúvidas. Eu me lembro daquele menino que quase nem me olhava, que estava assustado em chegar num país estranho, de iniciar uma nova aventura, mas como as fronteiras desaparecem dentro da quadra de tênis, pois são iguais em todos os locais do mundo, ele conseguiu se adaptar rapidamente ao lugar. Quando olhava para ele, achava que parecia qualquer coisa, menos um tenista, mas dentro da quadra, ele mostrava todo o seu talento.

Sua mãe Judy, ex-tenista, que treinava os jogadores juvenis de seu país e também trabalhava para a Federação de Tênis da Grã Bretanha, sabia que deveria fazer com que Andy mudasse do ambiente em que vivia na Inglaterra, tirá-lo da pressão da imprensa inglesa, querendo que Andy fosse um a mais no grupo, que não fosse diferente, que se misturasse com os outros jogadores de nível.  Além disso, devia conseguir que seu filho se movimentasse em quadra como os espanhóis, que fosse um gladiador na quadra e sabia que a Espanha era o melhor lugar para isso. Judy apostou na nossa academia, pois estava convencida que aqui daríamos tudo o que ele precisasse.

A primeira vez que joguei com ele, me apareceu na quadra um menino magro, alto, desengonçado, com as pernas juntas e que só olhava para o chão. Eu tentei fazer algum comentário para impressioná-lo, mas sua resposta me deixou pensativo; aqui tem alguma coisa, pensei, tem caráter. Então, começamos a bater bola, não havia nada de especial nele, golpes normais, que pena, pensei. Mas, como eu gosto de medir os jogadores numa partida, tentei novamente instigá-lo. Perguntei a ele se ele gostaria de jogar um set e ele respondeu “pensei que você não se atreveria a jogar contra mim!”.  Ele tem confiança, pensei e fiquei animado.

Começamos a jogar. Vou ganhar, com certeza, pensava. Mudava as alturas das bolas e ele respondia, o atacava e ele se defendia melhor, o trazia para a rede e ele voleava melhor, era difícil para ele correr nas deixadas, mas era explosivo e acabaria aprendendo, não sacava muito forte, mas a execução do movimento era quase perfeita, quando ficasse mais forte, sacaria muito bem. A verdade é que fiquei impressionado, ele tinha algo de especial, além do mais era ganhador e quando aprendesse a canalizar as energias, seria duríssimo de ser vencido. Melhor, vou dizer o que aconteceu…

Aquele dia, fui para casa com um sorriso no rosto, se conseguíssemos dar a este garoto os valores básicos de um tenista espanhol, seria espetacular. Além do mais, em poucos dias que estava treinando com a gente, mostrou seu companheirismo, sua humildade e se conseguíssemos que trabalhasse de forma contínua, melhoraria muito. Foi a parte mais difícil, que ele se acostumasse com as rotinas de treinos, algumas vezes precisamos buscá-lo no quarto para vir treinar, outras vezes precisávamos perseguí-lo para quase obrigá-lo a treinar, ele precisava se acostumar à vida dura. Mas, quando ia aos torneios, era quando dava o melhor de si, essa parte tão difícil de ensinar, já tinha naturalmente.

Se analisarmos Andy Murray hoje em dia, nos damos conta que depois desse anos, ele segue mantendo tudo de excepcional que tem em seu jogo, é muito agressivo com o serviço e domina seus adversários e quanto mais alguém o ataca, melhor se defende. Se nos Grand Slams conseguir manter a constância com a agressividade como fez nos últimos meses nos torneios ATP, teríamos quase que com certeza o primeiro inglês a ganhar um grande torneio deste porte, desde Fred Perry. Eu sou um daqueles que defendem que ele ainda irá melhorar. Além disso, precisamos levar em consideração que ele joga em uma era de grandes jogadores da história, Nadal, Federer e se em alguma ocasião eles não estiveram presentes, Andy ainda encontra com um Djokovic quase superior do que os melhores. De um lado, penso que é sorte triunfar no tênis em uma época tão maravilhosa como a atual, coincidindo com os melhores jogadores da história, que obrigam os demais a subir o nível, mas por outro lado, é falta de sorte, apesar do tênis de alto nível de Andy, é muito mais difícil para ele ganhar um Grand Slam.

Neste ano, estou certo que nos torneios grandes Andy vai enfrentar seus três maiores rivais com maiores chances de vencê-los; chegou seu momento.

Gostaria de terminar ressaltando que, mesmo chegando no topo, Andy sempre ajudou seus amigos, ex-companheiros de colégio e de residência da academia. É muito ligado aos seus amigos, é fiel e boa pessoa, convidou quase todos seus amigos aos grandes torneios e segue mantendo contato com o resto. Além disso, viajou quase dois anos com Carlos Mier, seu companheiro de quarto na Sánchez-Casal e agora Dani Vallverdú, outro grande amigo que fez aqui na academia, integra sua equipe técnica. Essas são as pessoas que estão perto de Andy, que conheceu aqui e ele continua com eles, e isso diz muito sobre quem ele é.

Eu só posso agradecer pelo Andy ser dessa forma que é, porque ele, desde que decidiu seguir sozinho, sempre se lembrou de todos nós da Sánchez-Casal, então somos muito agradecidos a ele. Aqui na academia não poderíamos ter maior referência, maior modelo a seguir. Um campeão como Andy e o fato de ele se recordar do tempo em que passou aqui como um dos melhores de sua vida nos enche de orgulho e satisfação. Todos que compartilhamos do seu crescimento, o admiramos e sabemos que em breve realizará seu sonho.”

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