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Federer afirma a CNN que “é ingênuo dizer que não há doping no tênis” –

“É ingênuo quem diz não haver doping no tênis.” A afirmação é de Roger Federer, em uma entrevista concedida a CNN, direto de Dubai. O doping tem sido um dos principais assuntos envolvendo o tênis nos últimos meses. Nadal, Federer e Murray, os três vem reforçando a necessidade de um maior controle.

Andy Murray foi um dos primeiros a se pronunciar, neste ano, pedindo mais testes, logo depois de o jornal britânico The Times ter publicado uma matéria, imaginando tudo o que aconteceu com Lance Armstrong, sendo feito por um tenista.

O escocês pediu mais testes e até sugeriu receber menos dinheiro, se fosse o caso, para que a ATP pudesse investir mais nos exames.

Nadal falou abertamente e praticamente afrontando a principal entidade do esporte, durante a passagem por Viña del Mar e São Paulo. Pediu mais testes e que eles fossem feitos abertamente. Ou seja, que o público soubesse quem foi testado, quando e qual foi o resultado.

Federer, que apenas havia pedido mais testes – na visão de Nadal, uma requisição fraca, já que não adianta nada pedir mais testes se as pessoas não souberem que foi ou não testado, se pronuncia a favor de tudo que deixe o esporte limpo. “Mais financiamento, mais testes de urina, mais exames de sangue – escolha. Talvez manter as amostras por mais tempo para que os tenistas tenham medo de serem pegos no futuro. Claro que tem gente que faz por engano, mas acaba caindo na mesma situação e tem que pagar o preço.”

Djokovic também se manifestou a favor de mais testes, mas com menos fervor.

O que todos temem, em comum, é que o esporte comece a perder fãs para outras modalidades porque os fãs não confiam mais nos jogadores.

ITF, ATP e WADA se reúnem na semana que vem para aumentar o valor investido no programa anti-doping e para tentar implementar ainda neste ano o passaporte biológico.

 

 

 

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Muita paciência com o Nadal

Nadal Brasil Open ATPAntes mesmo de voltar às quadras, ainda em dezembro, Rafael Nadal pediu paciência. Calma para saber o momento certo de voltar a competir e agora o que ele precisa é de tempo e o público, de paciência, porque isso ele demonstrou que tem e sabe precisar. 

Desde o retorno ao circuito, na semana passada, em Viña del Mar e especialmente nesta semana, no Brasil Open, ouço comentários e recebo mensagens de fãs, jornalistas, apreciadores do esporte, entre outros, reclamando do desempenho de Nadal.

“O Nadal normal não perderia 8 games para este cara,” ou “Nossa, como ele está errando essas devoluções,” e por aí vai.

Não vamos esperar que Nadal, depois de tanto tempo parado e sem poder treinar no mais alto nível, neste período, com uma lesão rara no joelho, volte a arrasar os adversários como se acostumou a fazer nos últimos 8 anos.

Ele mesmo afirmou e para todo mundo ouvir que precisará de tempo, paciência e que ainda tem dias ruins, com dores no joelho, como foi o caso da semifinal contra Martin Alund. Já disse que não é favorito para a final contra Nalbandian. A expectativa é de que as dores diminuam ao longo das semanas e que ele chegue em forma na temporada de saibro européia.

Qualquer pessoa, quando fica sem praticar exercício, sofre no recomeço. Imagina um atleta do nível de Nadal.

E não vamos esquecer que as condições em São Paulo estão longe das ideiais. Além da altitude, tem a problemática quadra e as bolas que foram alvo de repetidas reclamações dos tenistas.

Entendo que para os fãs e a comunidade tenística seja duro ver Nadal ter dificuldade com adversários que faria de bolinha de ping pong normalmente. Foi duríssimo passar por isso com Guga, nas inúmeras tentativas dele de voltar a competir. Com a diferença de que Guga jamais voltou a ser o mesmo.  Não acredito que seja o caso de Nadal. Ou se for, ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa. Nadal serve Brasil Open

Nadal está dando os passos iniciais e como disse um amigo jornalista, quando se anda, se vai adiante.

Foi com este pensamento, em 1997, que Andre Agassi também deu a cara para bater e se submeteu a jogar torneios Challengers para recuperar a confiança abalada. Perdeu a primeira final que jogou, no Challenger de Las Vegas para o desconhecido Christian Vinck, então número 202º do ranking. Muito pior do que o ranking de Horácio Zeballos que ganhou de Nadal, na final de Viña del Mar, na semana passada.

Agassi ainda jogou outro Challenger, em seguida, em Burbank e foi campeão, mesmo tendo dificuldades pelo caminho.

Recomeçou passo a passo e com muita coragem de arriscar a reputação em torneios em que a maioria dos adversários são muito piores do que você e jamais imaginariam te enfrentar.

Mas, esses passos são necessários. E vale pensar que se não fosse isso, o Brasil, com seu ATP 250, provavelmente não seria brindado com a presença do heptacampeão de Roland Garros.

Por isso, muita paciência.

 

Fotos de Dália Gabanyi

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Nadal, a entrevista

O Jornal L’Equipe desta quinta-feira publicou uma longa e como sempre, interessantíssima, entrevista com Rafael Nadal. Realizada no Chile, pelo jornalista Frederic Bernes que acompanha a volta do sete vezes campeão de Roland Garros ao circuito, em Viña del Mar, a conversa sincera mostra um Nadal consciente das dificuldades que irá enfrentar, brincalhão com algumas constatações e com a mesma ambição vencedora.

Nadal Vina del Mar ATP

Li a entrevista e reproduzo alguns trechos..

 

Qual é o sentimento que predomina hoje? Medo? Stress? Alívio?

Medo? Não. Stress sim. Alívio e alegria, com certeza. Mas, de verdade, o tema do momento é paciência. Tenho que ir passo a passo e aceitar que não estarei no meu melhor nível logo de cara. Há sete meses que não jogo. Se eu não for humilde, não vai funcionar.

Não tenho medo. Há três semanas que meus exames estão perfeitos. A verdade é que o meu joelho esquerdo está magnífico comparado ao direito (risos). Sei que voltando agora não há risco com o tendão. Os médicos me prometeram.

 

A dor que você sente é normal? Os medicos te avisaram?

Sim, me disseram que desapareceria aos poucos. Normalmente desaparecerá até o fim de fevereiro e eu poderei me movimentar plenamente em quadra.  Só preciso dar tempo do meu tendão rotuliano se acostumar novamente a esforços violentos.

Nadal ATP return

Como você descreve essa dor?

Eu posso sentir de manhã quando me levanto, na hora do almoço ou batendo uma esquerda. Os primeiros dias no Chile foram difíceis. Treinei mal. Mas domingo e segunda, melhorou. Preciso aceitar isso. Antes eu tinha 9 de 10 dias ruins, depois 8, sete e vai baixando.

Mas, com dor ou não, o sentimento que supera todos é o da alegria de estar aqui, de treinar com os profisisonais, de jogar uma partida, sentir a competição.

 

Você nunca parou tanto tempo. Essa volta é mais estressante do que a de 2006?

Francamente? Não. A minha lesão no pé era grave. Os medicos cogitaram até um fim de carreira. Com o joelho isso nunca foi o caso.

O ponto comum das duas lesões é que ninguém encontrou a formula para me livrar das dores.

 

Nesses quase oito meses parado. Qual foi o momento mais difícil?

Foi quando compreendi que não poderia jogar as Olimpíadas. Pensei que fosse curar rápida.

O difícil foi que o meu joelho me deixou, no melhor momento da minha carreira.

 

O melhor? Você ganhou mais em 2008, 2009, 2010..

Sim, mas em 2012 eu estava jogando muito melhor. A final do Australian Open, mesmo tendo perdido, foi grande. Eu tinha ganhado Monte Carlo, Barcelona Roma, Roland Garros…

 

Se você tivesse perdido contra o Delbonis, seria grave?

Não.

 

E o seu nível de exigência? A sua ambição?
Não perdi. Isso não. Mas aqui os resultados são as coisas menos importantes. E o ranking também. Se tudo correr bem terei outros objetivos em dois meses. O que eu quero é estar 100% para jogar bem Monte Carlo e a temporada de terra da Europa. Mas aqui, o essencial é como eu me sinto e como o meu joelho reage. Perder aqui, pff, não é um problema. Sete meses parado e sem treinar a fundo, eu deveria perder aqui. Seria a lógica. O drama seria se o meu joelho fosse mal.

 

Muita gente fala do seu retorno como uma segunda carreira. É justo falar isso?

A minha carreira já é bem completa. Não tenho vontade de começar e pensar em uma segunda carreira.  Eu vou continuar essa, se vocês não acharem inconveniente. Continuo amando o jogo e tenho a mesma exigência em cada bola que bato. Se o meu joelho me permitir de jogar forte por três horas, se me permitir de jogar 100% um torneio e depois dois torneios em seguida, se eu puder correr sem pensar no meu joelho ou na dor, porque eu não posso pensar em fazer o que eu fazia antes? O fato de ter parado sete meses, quando eu estava jogando super bem, me ajuda hoje.

Nadal interview

Vamos encontrar o Nadal de antes, forte no saibro, capaz de ganhar Wimbledon, mas com dificuldade sobre quadra rápida?

Tudo depende do joelho. Se o meu joelho vai bem, me dê uma razão para eu não acreditar que possa ganhar tudo novamente? Uma apenas.

Eu passei oito anos sendo número um ou dois do mundo, eu creio que sete meses parado não me fizeram esquecer como jogar tênis. Não quero parecer arrogante. Quero dizer que penso que sou capaz de voltar a esse nível.

 

E se dissessem que você ganhará Roland Garros em quatro meses? É possível?
Não sei de nada( rs). Ninguém sabe. Porque não? Se eu jogar Monte Carlos, Barcelona, Roma e Madri como eu quero, há chances. E eu vou tentar.

 

O Wilander, na Austrália, disse que você seria um outsider em Roland Garros.

Vamos ver. Mas não preciso ser favorite para ganhar.

 

Você sente necessidade de estar entre os top 4 para evitar um Murray, Djokovic ou Federer nas quartas?

Posso voltar ao nível dos top 4, mas acho que vai ser mais difícil voltar ao top 4 do que ganhar Roland Garros.

 

Depois das finais de NY e Melbourne, alguns, como Marian Vajda, técnico do Djokovic, disse que era o fim da era Feder/Nadal e o começo da  Djokovic/Murray. Como fica o seu ego?

Meu ego está tranquilo. Isso não me atrapalha e não é injusto. É a verdade do momento. Estamos com dois jogadores nas duas últimas finais de Grand Slam. A rivalidade Federer/ Nadal acabará, mas ainda não. Só tenho um ano a mais do que Djokovic e Murray. Não é a hora de me enterrar ainda. Há oito meses eu estava em posição de voltar a ser número um do mundo. Não esqueçam tão rápido. Agora vou tentar me infiltrar na época de Djokovic/Murray (rs).

 

Você passou por anti-doping durante esse tempo parado?

Nove vezes. Três vezes de sangue e seis com urina. Bastante para alguém que está parado. Nas últimas duas semanas o controle veio quatro vezes e dois dias seguidos.

 

Você não acha que os resultados deveriam ser divulgados?

Para mim seria o melhor. Se todos os exames fossem divulgados seria o fim de uma suspeita que mata o esporte. É o que eu peço.

 

Sabe que teve gente que disse que a sua ausência de sete meses era uma sanção por doping?

Sim, esse tipo de rumor existe porque os exames não são públicos.

A ITF deveria ser transparente. Se não, isso continuará e eu terei de escutar o Christophe Rochus fazer comentários estúpidos  sem prova alguma. Acho incrível que escrevam ou publiquem essas acusações sem prova. Me mostre uma prova e tudo ficará bem.

Fotos de Jym Rydell – VTR Open by Canchantun

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