O Masters 1000 de Indian Wells começa hoje com a chave feminina e na quinta com a masculina com todo um “buzz” no ar. O primeiro e mais evidente é o da volta de Rafael Nadal às quadras rápidas e principalmente aos grandes torneios. Depois vem o sucesso mundo afora das festividades do World Tennis Day em Hong Kong, New York e Los Angeles, o lançamento da campanha da WTA 40 love e toda a questão do prize money que rondou o evento nos últimos meses e foi finalmente resolvida há poucos dias.
Estive em Indian Wells algumas vezes. Quando Sampras e Agassi ainda jogavam e o Guga, é claro, também, quando passou por apertos financeiros e esteve prestes a ser vendido e quando começou a ser transformado.
Eu nunca me “encontrei” muito por lá. Não sei se é por causa do fuso horário – são cinco horas mais cedo na Califórnia, o que dificulta, e muito, o trabalho -, pelo clima desértico, seco, quente e mais frio à noite, ou pela falta de vida na cidade. Palm Springs é o paraíso do pessoal da terceira idade, com muitos recursos financeiros. A região vive deles, com luxuosos resorts e campos de golfe.
O staff é dos mais atenciosos do circuito e o torneio tinha uma sensação quase familiar. Mas, mesmo assim nunca achei que era o meu lugar, ou me senti em casa como em outros torneios do circuito.
Mas, dizem colegas jornalistas, empresários e jogadores e as imagens e benfeitorias realizadas no local, comprovam, que o BNP Paribas Open mudou completamente nos últimos anos. De quase vendido para outro País está ganhando o status de 5º Grand Slam que pertencia a Miami.
Os tenistas que ficam hospedados em um hotel a poucos passos de distância das quadras, tem gostado cada vez mais de jogar lá, no Oásis no Meio do Deserto.
O grande responsável por isso é o co-fundador da Oracle, Larry Ellisson que comprou o torneio e deu carta branca e orçamento também para o staff fazer todo o possível para que o Masters 1000 e o WTA Premier não parem de crescer.
Foi Ellison também que propôs à ATP um aumento de Prize Money, no valor de U$ 800 mil e que tinha sido incialmente rejeitado pela Associação.
Quando soube da notícia de que em meio a toda confusão do Prize Money nos Grand Slams, de jogadores ameaçando boicote que eu nunca achei que fosse acontecer, mas enfim, exigindo mais dinheiro dos grandes torneios, fiquei perplexa com a informação de que a ATP havia rejeitado o aumento de premiação oferecido por Indian Wells.
Aos poucos fui me informando e tentando entender a complexidade do assunto. Não sei se cheguei a ter a visão geral do tema, mas passei a olhar também pelo lado da ATP e dos outros torneios e porque haviam tomado a decisão. Sem apenas ficar ao lado dos jogadores e pensar como eles “estão nos dando dinheiro de graça e nós estamos recusando.”
O ponto que mais me chamou a atenção é que os Masters 1000 são uma série de 9 torneios com o mesmo formato e praticamente a mesma pontuação. Se um deles começa a ficar tão maior do que os outros, não fazem mais parte de uma série. O conceito criado há tantos anos – como Super 9 – começaria a não fazer mais sentido.
Entendo a preocupação da ATP. E sinto que a entidade também ficou preocupada por decisões ou iniciativas como estas estarem vindo de um indíviduo com muito dinheiro. Se sentiu um pouco acuada.
A grande questão envolvendo o aumento do Prize Money foi também relativa à distribuição do mesmo entre os jogadores. Ellison queria que o aumento fosse refletido em 82% nos jogadores de simples e 18% nos de duplas. A ATP distribui o prize money com 80% e 20%.
Outro fato que causou estranheza não só aos jogadores mas à mídia foi também o fato de os votos do Conselho da ATP terem ficado empatados. Houve 3 votos para cada lado e Brad Drewett, o CEO, não quis desempatar.
Enfim, a turbulência passou. A ATP, diante do fiasco na mídia e da pressão dos jogadores, acabou aceitando a oferta de aumento de prize money, fazendo algumas exigências de distribuição de prêmio rodada a rodada e nas simples e duplas. As tenistas da WTA também receberam aumento.
Mesmo com o furacão já tendo passado, imagino que a conversa nos corredores do lindo Indian Wells Tennis Garden seja essa. A distribuição do Prize Money ficou assim.
Os corredores também estão agitados com a volta de Rafael Nadal. Poucos jornalistas e tenistas tops viram o sete vezes campeão de Roland Garros nos últimos tempos. A maioria dos jogadores que Nadal enfrentou nos torneios do Chile, Brasil e México não jogam a chave principal de Indian Wells e a maioria dos jornalistas que cobrem o circuito mundial de tênis também não veio a América do Sul e nós, brasileiros, chilenos e mexicanos também não costumamos ir a Indian Wells.
Consigo visualizar o sorriso no rosto e o tapinha nas costas simpático dos jogadores, técnicos, dirigentes e jornalistas cuprimentando Nadal e sua equipe e dizendo “it’s nice to have you back.”