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A incrível temporada de Nadal terminará no topo do ranking mundial

Lembro no começo do ano aqui mesmo no Brasil, no Ginásio do Ibirapuera, de ouvir várias pessoas ligadas ao tênis e com conhecimento do esporte comentando: “Ih, o Nadal está bichado.” “ Acabou. Não volta mais.” “Nadal já era.” Não, ele não estava bichado. Ele não acabou. Ele ainda é e ele voltou da melhor maneira possível, da maneira que nem ele imaginava, terminando a temporada 2013 como número um do mundo.

Nadal number one

Aprendi ao longo dos anos, vendo de perto e observando de longe, que dos grandes campeões não se pode duvidar.

Nadal, desde o seu primeiro dia de volta ao circuito, em Vinã del Mar, não escondeu nada de ninguém.
Falou claramente que não havia desaprendido a jogar tênis, mas que ainda sentia dores, que estava com dificuldade de movimentação e que ainda ia demorar um pouco para voltar ao normal.

Foi um choque enorme para os amantes do tênis a derrota para Horacio Zeballos naquela final de Viña del Mar. Virou notícia no mundo todo, mas Nadal estava se sentindo no lucro. Afinal tinha feito 4 jogos durante a semana.

Durante o Brasil Open o espanhol não jogou bem. Sentiu dores, não se adaptou muito às condições de jogo na capital paulista, mas mesmo assim, diante de adversários de menor expressão chegou à decisão para fazer a melhor partida da semana e vencer David Nalbandian.

De São Paulo, Nadal foi para Acapulco e no balneário mexicano começou a jogar melhor. Fez uma das partidas que mais deu confiança, segundo ele, de que estava no caminho certo e voltando a jogar o seu melhor tênis, ao arrasar David Ferrer na decisão e conquistar o segundo trofeu consecutivo.

Nadal Sao Paulo

Com os bons resultados e se sentindo bem, Nadal decidiu jogar Indian Wells – ele ainda tinha dúvidas no início do ano se estaria pronto para jogar na Califórnia, na quadra rápida. A decisão foi acertadíssima. Ele ganhou de Roger Federer, Toma Berdych e Juan Martin del Potro para vencer mais uma vez em Indian Wells.

O espanhol já havia decidido pular o Masters 1000 de Miami e foi para casa descansar antes da temporada de saibro na Europa começar.

Nadal chegou perto de vencer o Masters 1000 de Monte Carlos pela 9ª vez seguida, mas foi parado por Novak Djokovic na final.

Dali em diante Nadal não perdeu mais nenhum jogo no saibro.
Ganhou, na sequência, o ATP World Tour 500 de Barcelona, os Masters 1000 de Madri e Roma e Roland Garros pela 8ª vez em 9 participações, se tornando o primeiro jogador da história a vencer o mesmo Grand Slam tantas vezes.

Nadal French Open 2013Veio Wimbledon e Nadal acabou fazendo apenas um jogo na grama. Perdeu na estreia para Steve Darcis e ao que parece as duas semanas que ele ficou em casa descansando, se recuperando e se preparando para a temporada de quadras rápidas nos Estados Unidos foram fundamentais para ele conquistar o Masters 1000 do Canadá, o Masters 1000 de Cincinnati e o US Open.

Ganhou nas finais, respectivamente, de Milos Raonic, John Isner e Djokovic.

Tantas vitórias já o colocaram mais próximo do número um Djokovic.

Nadal ainda seguiu do US Open para a Copa Davis, no saibro, na Espanha e depois foi para a Ásia jogar o ATP World Tour 500 de Beijing e o Masters 1000 de Xangai.

Nadal US Open champion

Foi vice-campeão em Beijing – perdeu para o seu maior rival hoje em dia, Djokovic e em Xangai caiu na semi. Perdeu para Del Potro.

Depois da Ásia, Nadal resolveu deixar de lado a participação no ATP World Tour 500 de Basel e se preparar para as 2 últimas semanas do ano, em que sabia que teria chances de terminar a temporada como número 1.

Ele foi à semifinal em Paris, send superado por David Ferrer e nesta semana, em Londres, só precisava de 2 vitórias para garantir o número um. Foi o que ele consolidou hoje, depois de ter estreado com vitória diante do conterrâneo espanhol e de ter ganhado de Wawrinka hoje.

O feito de Nadal de voltar ao topo do ranking mundial e terminar um ano que para ele começou sem a participação em um Grand Slam, como número um do mundo, se olharmos para a história. Nenhum jogador, até hoje, tinha terminado um ano como número um, perdido o posto e voltado duas vezes para encerrar a temporada como o melhor do mundo.
Nadal chegou ao topo do ranking mundial pela primeira vez em 2008 e ficou 46 semanas seguidas liderando o ranking. Perdeu a posição e recuperou em 2010, quando dominou o esporte por outras 56 seminas, terminando a 2ª temporada da carreira como o rei do tênis. Agora encerra a sua 3ª temporada no topo da listagem da ATP.

Como curiosidade, é o 10º ano seguido que o número um fica com Federer, Nadal ou Djokovic ao final de um ano.

A lista de todos os tenistas que terminaram a temporada como número um do mundo

 

ATP WORLD TOUR YEAR-END NO. 1  
     
Year Player  
2013 Rafael Nadal (Spain)
2012 Novak Djokovic (Serbia)
2011 Novak Djokovic (Serbia)
2010 Rafael Nadal (Spain)
2009 Roger Federer (Switzerland)
2008 Rafael Nadal (Spain)
2007 Roger Federer (Switzerland)
2006 Roger Federer (Switzerland)
2005 Roger Federer (Switzerland)
2004 Roger Federer (Switzerland)
2003 Andy Roddick (U.S.)
2002 Lleyton Hewitt (Australia)
2001 Lleyton Hewitt (Australia)  
2000 Gustavo Kuerten (Brazil)    
1999 Andre Agassi (U.S.)  
1998 Pete Sampras (U.S.)  
1997 Pete Sampras (U.S.)  
1996 Pete Sampras (U.S.)  
1995 Pete Sampras (U.S.)  
1994 Pete Sampras (U.S.)  
1993 Pete Sampras (U.S.)  
1992 Jim Courier (U.S.)  
1991 Stefan Edberg (Sweden)  
1990 Stefan Edberg (Sweden)  
1989 Ivan Lendl (Czech Republic)  
1988 Mats Wilander (Sweden)  
1987 Ivan Lendl (Czech Republic)  
1986 Ivan Lendl (Czech Republic)  
1985 Ivan Lendl (Czech Republic)  
1984 John McEnroe (U.S.)  
1983 John McEnroe (U.S.)  
1982 John McEnroe (U.S.)  
1981 John McEnroe (U.S.)  
1980 Bjorn Borg (Sweden)  
1979 Bjorn Borg (Sweden)  
1978 Jimmy Connors (U.S.)  
1977 Jimmy Connors (U.S.)  
1976 Jimmy Connors (U.S.)  
1975 Jimmy Connors (U.S.)  
1974 Jimmy Connors (U.S.)  
1973 Ilie Nastase (Romania)  

 

 

 

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Nadal, a entrevista

O Jornal L’Equipe desta quinta-feira publicou uma longa e como sempre, interessantíssima, entrevista com Rafael Nadal. Realizada no Chile, pelo jornalista Frederic Bernes que acompanha a volta do sete vezes campeão de Roland Garros ao circuito, em Viña del Mar, a conversa sincera mostra um Nadal consciente das dificuldades que irá enfrentar, brincalhão com algumas constatações e com a mesma ambição vencedora.

Nadal Vina del Mar ATP

Li a entrevista e reproduzo alguns trechos..

 

Qual é o sentimento que predomina hoje? Medo? Stress? Alívio?

Medo? Não. Stress sim. Alívio e alegria, com certeza. Mas, de verdade, o tema do momento é paciência. Tenho que ir passo a passo e aceitar que não estarei no meu melhor nível logo de cara. Há sete meses que não jogo. Se eu não for humilde, não vai funcionar.

Não tenho medo. Há três semanas que meus exames estão perfeitos. A verdade é que o meu joelho esquerdo está magnífico comparado ao direito (risos). Sei que voltando agora não há risco com o tendão. Os médicos me prometeram.

 

A dor que você sente é normal? Os medicos te avisaram?

Sim, me disseram que desapareceria aos poucos. Normalmente desaparecerá até o fim de fevereiro e eu poderei me movimentar plenamente em quadra.  Só preciso dar tempo do meu tendão rotuliano se acostumar novamente a esforços violentos.

Nadal ATP return

Como você descreve essa dor?

Eu posso sentir de manhã quando me levanto, na hora do almoço ou batendo uma esquerda. Os primeiros dias no Chile foram difíceis. Treinei mal. Mas domingo e segunda, melhorou. Preciso aceitar isso. Antes eu tinha 9 de 10 dias ruins, depois 8, sete e vai baixando.

Mas, com dor ou não, o sentimento que supera todos é o da alegria de estar aqui, de treinar com os profisisonais, de jogar uma partida, sentir a competição.

 

Você nunca parou tanto tempo. Essa volta é mais estressante do que a de 2006?

Francamente? Não. A minha lesão no pé era grave. Os medicos cogitaram até um fim de carreira. Com o joelho isso nunca foi o caso.

O ponto comum das duas lesões é que ninguém encontrou a formula para me livrar das dores.

 

Nesses quase oito meses parado. Qual foi o momento mais difícil?

Foi quando compreendi que não poderia jogar as Olimpíadas. Pensei que fosse curar rápida.

O difícil foi que o meu joelho me deixou, no melhor momento da minha carreira.

 

O melhor? Você ganhou mais em 2008, 2009, 2010..

Sim, mas em 2012 eu estava jogando muito melhor. A final do Australian Open, mesmo tendo perdido, foi grande. Eu tinha ganhado Monte Carlo, Barcelona Roma, Roland Garros…

 

Se você tivesse perdido contra o Delbonis, seria grave?

Não.

 

E o seu nível de exigência? A sua ambição?
Não perdi. Isso não. Mas aqui os resultados são as coisas menos importantes. E o ranking também. Se tudo correr bem terei outros objetivos em dois meses. O que eu quero é estar 100% para jogar bem Monte Carlo e a temporada de terra da Europa. Mas aqui, o essencial é como eu me sinto e como o meu joelho reage. Perder aqui, pff, não é um problema. Sete meses parado e sem treinar a fundo, eu deveria perder aqui. Seria a lógica. O drama seria se o meu joelho fosse mal.

 

Muita gente fala do seu retorno como uma segunda carreira. É justo falar isso?

A minha carreira já é bem completa. Não tenho vontade de começar e pensar em uma segunda carreira.  Eu vou continuar essa, se vocês não acharem inconveniente. Continuo amando o jogo e tenho a mesma exigência em cada bola que bato. Se o meu joelho me permitir de jogar forte por três horas, se me permitir de jogar 100% um torneio e depois dois torneios em seguida, se eu puder correr sem pensar no meu joelho ou na dor, porque eu não posso pensar em fazer o que eu fazia antes? O fato de ter parado sete meses, quando eu estava jogando super bem, me ajuda hoje.

Nadal interview

Vamos encontrar o Nadal de antes, forte no saibro, capaz de ganhar Wimbledon, mas com dificuldade sobre quadra rápida?

Tudo depende do joelho. Se o meu joelho vai bem, me dê uma razão para eu não acreditar que possa ganhar tudo novamente? Uma apenas.

Eu passei oito anos sendo número um ou dois do mundo, eu creio que sete meses parado não me fizeram esquecer como jogar tênis. Não quero parecer arrogante. Quero dizer que penso que sou capaz de voltar a esse nível.

 

E se dissessem que você ganhará Roland Garros em quatro meses? É possível?
Não sei de nada( rs). Ninguém sabe. Porque não? Se eu jogar Monte Carlos, Barcelona, Roma e Madri como eu quero, há chances. E eu vou tentar.

 

O Wilander, na Austrália, disse que você seria um outsider em Roland Garros.

Vamos ver. Mas não preciso ser favorite para ganhar.

 

Você sente necessidade de estar entre os top 4 para evitar um Murray, Djokovic ou Federer nas quartas?

Posso voltar ao nível dos top 4, mas acho que vai ser mais difícil voltar ao top 4 do que ganhar Roland Garros.

 

Depois das finais de NY e Melbourne, alguns, como Marian Vajda, técnico do Djokovic, disse que era o fim da era Feder/Nadal e o começo da  Djokovic/Murray. Como fica o seu ego?

Meu ego está tranquilo. Isso não me atrapalha e não é injusto. É a verdade do momento. Estamos com dois jogadores nas duas últimas finais de Grand Slam. A rivalidade Federer/ Nadal acabará, mas ainda não. Só tenho um ano a mais do que Djokovic e Murray. Não é a hora de me enterrar ainda. Há oito meses eu estava em posição de voltar a ser número um do mundo. Não esqueçam tão rápido. Agora vou tentar me infiltrar na época de Djokovic/Murray (rs).

 

Você passou por anti-doping durante esse tempo parado?

Nove vezes. Três vezes de sangue e seis com urina. Bastante para alguém que está parado. Nas últimas duas semanas o controle veio quatro vezes e dois dias seguidos.

 

Você não acha que os resultados deveriam ser divulgados?

Para mim seria o melhor. Se todos os exames fossem divulgados seria o fim de uma suspeita que mata o esporte. É o que eu peço.

 

Sabe que teve gente que disse que a sua ausência de sete meses era uma sanção por doping?

Sim, esse tipo de rumor existe porque os exames não são públicos.

A ITF deveria ser transparente. Se não, isso continuará e eu terei de escutar o Christophe Rochus fazer comentários estúpidos  sem prova alguma. Acho incrível que escrevam ou publiquem essas acusações sem prova. Me mostre uma prova e tudo ficará bem.

Fotos de Jym Rydell – VTR Open by Canchantun

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