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Vai começar a temporada de saibro européia, a mais bela do tênis mundial

A temporada de saibro começou timidamente com as disputas dos ATPs de Casablanca e Houston, depois de disputas agitadas da Copa Davis. Mas, “the clay court season,” começa mesmo pra valer agora, com a disputa do Masters 1000 de Monte Carlo.

Monte Carlo Country Club Em um dos cenários mais belos do tênis mundial, tem início a também mais glamurosa e linda temporada anual do tênis. De agora até o início de junho, os tenistas percorrerão boa parte da Europa, passando, depois do Principado de Mônaco, por Barcelona, Bucareste, Roma, Estoril, Madri, Nice, Munique, Dusseldorf até chegar na mágica Paris.

Nadal rei do saibroAté lá tanta coisa pode acontecer no nosso esporte, ou não. Será que Rafael Nadal conseguirá manter o nível altíssimo do ano passado, quando ganhou praticamente tudo (perdeu a final de Monte Carlo para Djokovic). Será que ele ganhará mais um Roland Garros?

 

 

É justamente o título em Paris que Djokovic persegue, o único do Grand Slam que falta na sua estante.Como se desenrolará o relacionamento com o técnico Boris Becker?

Djokovic Monte CarloRoger Federer, ausente de Monte Carlo nos últimos dois anos, volta a jogar na Cote DAzur, mostrando que as lesões ficaram realmente no ano passado.

Andy Murray, sem técnico desde o Sony Open, em Miami, não jogará o primeiro Masters 1000 do saibro. Está em busca de novo treinador e quer descansar depois dos Masters 1000 americano e da disputa da Copa Davis.

Como será a performance no saibro, do atual campeão do Australian Open, Stanislas Wawrinka, que em 2013 iniciou a escalada no ranking com o título do ATP de Oeiras (ex-Estoril Open)?

E Fabio Fognini, repetirá o bom desempenho em Monaco e nos outros Masters 1000 da terra batida, especialmente no da sua casa, em Roma, para continuar subindo no ranking e ganhando respeito dos jogadores e fãs, principalmente.

E os franceses? Daqui a algumas semanas começará a conversa de mais de 30 anos sem francês campeão em Roland Garros. Algum deles conseguirá fazer uma temporada de saibro que dê confiança para chegar a Paris como um dos favoritos? Monfils? Gasquet? Tsonga?

Será interessante observar a performance de David Ferrer nos próximos torneios. Vice-campeão de Roland Garros no ano passado, o número dois espanhol pode sempre surpreender, mas ainda falta um resultado mais convincente em 2014. Outro espanhol que sempre se dá bem no saibro é Nicolas Almagro. Apesar de não ter tido bons resulatdos na gira da América do Sul, ainda está em tempo de se recuperar.

Grigor Dimitrov, um pouco mais maduro ao lado de Roger Rasheed, também será uma das atrações da temporada, ao lado de Tomas Berdych. Apesar de preferirem a quadra rápida, ambos  costumam ser versatéis.

Enfim, a temporada está apenas começando, muitas horas de tênis estão por vir e daqui a 2 meses tudo pode ser diferente, ou Rafael Nadal pode continuar quebrando recordes e fazendo mais história no mundo do esporte.

 

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Existe palavra para descrever o feito de Rafael Nadal em Roland Garros?

Hoje li sobre o “Emotionary,” um dicionário de emoções que tenta colocar em palavras sensações que não conseguimos descrever. Fiquei pensando que palavra descreveria a conquista dos oito títulos de Roland Garros de Rafael Nadal. Ao derrotar David Ferrer por 6/3 6/2 6/3 ele entrou para a história novamente como o único tenista a vencer o mesmo Grand Slam oito vezes.

Nadal French Open 2013

Seria “Dreamedible” – sonho incrível? Procurei no dicionário algumas palavras e me deparei com Incredulation, com a explicação de empolgação com a surpresa de algo que você duvidava, ou não achava que fosse conseguir, saia muito bem. Essa palavra poderia se adaptar mais ao técnico e tio de Rafael, Toni Nadal. Antes mesmo dos pontos finais ele já estava de pé nas tribunas dos “jouers”em Roland Garros.

Nadal, em vez do “excitement”em excesso, ou dos pulos que costumam dar as irmãs Williams e Jo-Wilfried Tsonga, se emocionou. Lágrimas quase correram dos olhos dele quando o hino espanhol tocou e ele segurava, ou melhor, abraçava o “Trophee des Mousquetaires.”

A emoção vem, principalmente, pelas dificuldades que acometeram a carreira dele há quase um ano. Depois do sétimo título em Roland Garros, Nadal foi jogar em Halle. Perdeu nas quartas-de-final para Philip Kohlschreiber e partiu em direção a Wimbledon. Mesmo com dores no joelho não quis desistir do Grand Slam britânico. Mas, foi eliminado na segunda rodada por Lukas Rosol.

Quem imaginaria que daquele final de julho, Nadal só voltaria a jogar em fevereiro deste ano?

Ele passou quase oito meses fora das quadras. Tantas dúvidas passaram pela cabeça dele e do seu staff que Toni Nadal interrompeu uma entrevista em Roland Garros, na sexta-feira, de tanto que chorava de emoção.

Nadal Roland Garros 2013

Mesmo a retomada das competições não foram fáceis. Nadal resolveu jogar os torneios da América Latina, no saibro, contra jogadores desconhecidos para ele e estruturas de evento bem menores às que ele está acostumado. Sofreu nos dois primeiros eventos, em Viña del Mar e em São Paulo. Mas, mesmo assim, foi vice no Chile e campeão no Brasil. Foi para Acapulco já jogando melhor e ganhou do mesmo David Ferrer na final.

Pensou em não jogar em Indian Wells, mas se sentia bem e foi para a quadra rápida californiana. Muitos achavam que ele não teria o mesmo resultado que nos torneios de saibro. Se enganaram. Ele foi campeão.

Sabiamente descansou por algumas semanas e foi jogar em Monte Carlo, o seu primeiro grande torneio no saibro. Perdeu a final para Novak Djokovic e de lá em diante não perdeu mais. Ergueu trofeus em Barcelona, Madri, Roma e neste domingo em Roland Garros.

Foram quatro títulos seguidos e em Roland Garros são 8 “Trophee des Mousquetaires” em 9 participações. Apenas uma derrota – para Robin Soderling em 2009.  São 59 vitórias, uma a mais do que Roger Federer e Guillermo Vilas.

Que palavra usar para descrever este fenômeno? Quando ganhou três Roland Garros achávamos que era algo incrível. Olhávamos para os recordes de Borg e achávamos que ninguém alcançaria tal patamar, 6 títulos em Paris. Mas Borg já ficou para trás. A terra de Roland Garros é dele, 100% dele, 8 vezes dele, de Rafael Nadal.

Entre os campeões de Grand Slam, Nadal também só vai aumentando a sua coleção. Quando Sampras ultrapassou o recorde de Roy Emerson (12) e chegou à marca de 14 títulos de Grand Slam, também pensávamos que ninguém alcançaria este número. Roger Federer já está no trofeu número 17 e Nadal agora tem 12.

Alguém duvida que ele possa chegar lá?

Foto Nadal vibrando Cynthia Lum

 

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Com Ferrer, Roland Garros volta a ter final espanhola.

Desde o início Era Nadal não houve mais final espanhola em Roland Garros

Lembro como se fosse ontem de quando vi dois espanhóis na final de Roland Garros. Era 1995 e Sergi Bruguera derrotava Alberto Berasategui para conquistar o bicampeonato em Paris. Neste domingo, a capital francesa recebe uma outra decisão espanhola entre o heptacampeão Rafael Nadal e David Ferrer, que joga a sua primeira final de Grand Slam. David Ferrer Roland Garros

Dominantes no saibro, presentes em diversas finais de Roland Garros, nenhum outro espanhol depois que Nadal venceu o seu primeiro Tropheé des Mousquetaires, voltou a jogar uma final em Paris.

De 1993, ano do primeiro triunfo de Bruguera, 10 espanhóis jogaram a final de Roland Garros. Bruguera foi campeão em 93 e 94 e vice em 97, perdendo a final para Guga.

Moyá e Corretja decidiram o título de 98, com Moyá recebendo o Trofeu das mãos de Pelé.

Três anos depois, Corretja voltava à final em Roland Garros, mas perderia para Guga.

A decisão de 2002 foi entre dois espanhóis novamente, com Albert Costa ganhando de Juan Carlos Ferrero, que viria a ser campeão em 2003.

Dali em diante, a Espanha se resumiu a Nadal.

Gaudio ganhou em 2004, com vitória sobre o compatriota argentino Guillermo Coria.

A Era Nadal começou em 2005 e dali em diante só deu ele em Paris. Almagro, Robredo, Moyá e Ferrer pararam nas quartas-de-final e no ano passado, Ferrer chegou até a semi.

O mesmo Ferrer decidirá o título com Nadal, na primeira final de Grand Slam que disputa.

Se aos olhos dos fãs o número 2 espanhol parece um jogador sem muita graça, no circuito é elogiadíssimo por seu jogo de pernas e devolução. O tio e técnico de Rafael, Toni Nadal, chegou a afirmar em entrevista para a imprensa francesa que Ferrer se movimenta inclusive melhor do que Djokovic. “Ele não precisa mais provar que não é um jogador de 2º nível. Os resultados mostram. Já fez semifinal de Grand Slam, ganhou Master 1000..” Palavras do tio Toni.

Talvez seja difícil entender Ferrer porque ele também não é dos mais emotivos em quadra e fala pouco fora dela. Prefere viver sem grandes extravagâncias, longe dos flashes e do glamour que a vida de tenista top te propicia.

“Eu sei que vocês querem que eu fale de drama, de algo a mais, mas não tenho o que dizer,”  foi o comentário dele em um encontro com alguns jornalistas que participei antes do jogo com Tsonga, no Village de Roland Garros. Os “periodistas”espanhóis tentaram extrair informações de Ferrer de todos os jeitos, mas não conseguiram. E eles já sabem que ele é assim, um lutador em quadra, fiel – está há anos com o mesmo técnico – Javier Piles – e os mesmos patrocinadores, mas um homem de poucas palavras.

Rafael Nadal Roland Garros

O que ele e todo o público espera é que a final não seja de poucos games. Todos já consideraram a vitória de Nadal sobre Djokovic, por  64 36 61 67 97, uma decisão antecipada.

Ferrer não precisou fazer a metade do esforço do compatriota para chegar à final. Ganhou de Tsonga por 61 76 62 e mais parecendo o Nadal de outros anos, vai à final sem ter perdido nenhum set.

A entrevista pós jogo de Ferrer deixa claro que ele não quer fazer papel de coadjuvante na Terra de Nadal.

Confira alguns trechos.

 

Q.  Congratulations.  Can you give us an idea as to how excited you are to be in the final finally?

DAVID FERRER:  I’m very, very happy, sure, no?  This tournament is very special for me and to be the first final of Grand Slam in Roland Garros is amazing, no?

Now I want to enjoy this moment, to rest tomorrow, and to try my best in the final.

Q.  It’s come in your 42nd major.  Did you ever believe that you would get to this point?  Did you worry that you wouldn’t make a Grand Slam final?

DAVID FERRER:  Well, it’s a dream for me to be a final of a Grand Slam, and Roland Garros is more important for me.  Now, of course, the final I will fight.  I will try to do of me, and I don’t know.  I will play against Rafael, and it’s very important for us because, you know, we are Spanish players and this is very important for the country, also.

Q.  Rafa’s only lost one match here, so is it hard not to think he’s maybe a little bit unbeatable here?  And do you think you can be the guy to make the second beating of Rafa here?

DAVID FERRER:  Well, is very difficult to beat Rafael in all the surfaces, but in clay court is more difficult. I think I need to play my best tennis for to beat him.  I need to play very aggressive all the match, and to do my best tennis.

  Q.  How do you feel from the body, like the physical condition?  You were much faster than Rafa today.  Do you think that could play a role in the final?

DAVID FERRER:  Well, is important for me to be ready to play the final with good conditions. But I think Rafael, he’s going to recovery, sure.  He’s already play four hours and a half, and tomorrow he will have to rest and he will be ready, sure, after tomorrow, no?  He’s the best performance on physical, no?

Ferrer Roland Garros 2013

Q.  What is the best clay match you played against Rafa recently?

DAVID FERRER:  This year it was in Rome, sure.

        Q.  Can you explain?

DAVID FERRER:  Well, this year it was in Rome because I did a very good game.  I played very aggressive all the match, and finally I lost with him because he was better.

Q.  How difficult is it to play a local player?  Did you have to do something special to try and block the fact that most of the spectators were going to be against you?

DAVID FERRER:  No, is not difficult to play with a local player.  You know, we play a lot of times of our career.  It’s difficult to beat Rafael, but, you know, not because he’s Spanish player.  It’s because he’s a very good player.  Nothing else.It’s going to be my first final in a Grand Slam.  I am sure I am going to be a little bit nervous, but I will try to move a lot and to play very good.  I hope to play a good game.

Q.  I think it was five years ago and you were set to play Rafael in Rome.  The press conference beforehand you said, We Spanish players, we find it very difficult to even think we can beat Rafael on clay.

DAVID FERRER:  Uh‑huh.

        Q.  He’s so much better than everyone else.

DAVID FERRER:  Yeah.

     Q.  Do you still think that?

DAVID FERRER:  Yeah, of course it’s difficult to beat him.  He’s the best in clay court.

Q.  (Off microphone.)

DAVID FERRER:  I don’t know.  Djokovic, I think he won to him in Monte‑Carlo, but he’s the No. 1 of the world.  Of course Rafael and me improve our game, but of course Rafael is the favorite for to win Roland Garros.

  Q.  Even though you probably will have some nerves going into this first Grand Slam final, do you think you can go in with the mentality of nothing to lose?  I mean, you know you’ve lost to Rafa so many times.  He’s the big favorite.  So do you think that will allow you to maybe play a little bit freer?

DAVID FERRER:  Well, I know he’s the favorite, but I am going to be focused every point.  I will try to do my best. But I am not thinking about Rafael, he’s better than me or not.  I will try to fight a lot and to play very good match, no?  After that, you know, in the match gonna depend on a lot of things, no?

Q.  This is the opportunity of your life, isn’t it?

DAVID FERRER:  The opportunity of my life is to make it to the final.  I have already reached a final in the past, but there is still a lot for me to do.  Defeating Rafa is very difficult on any surface; it’s even worse on clay.  But once again, I’m going to try to play a beautiful match.  I don’t want to think of whether it’s the occasion, the opportunity of my life, if it’s a dream. If you start thinking like that, it’s not very positive.

Q.  You said you expected a very difficult semifinal with a Davis Cup type of atmosphere.  This was not the case.  It was much easier, wasn’t it?

DAVID FERRER:  Well, yes, you know, I had a good start in the match.  The crowd was pretty balanced then.  Of course, I mean, they supported Jo‑Wilfried, but I thought they would support him even more. But there were very fair play.

Q.  Was it easy?

DAVID FERRER:  The match wasn’t easy, but, you know, when there were difficult moments, the crowd was not a problem.  I managed to cope with the pressure.

Q.  How are you going to prepare for the final?  Are you going to change your routine?  That’s my first question.  And my second question is:  You already won a Masters 1000.  Are you going to do anything different?

DAVID FERRER:  No, I’m going to do just as usual.  I will stay with my family.  I’ll practice.  As for your second question, each match is different.  I managed to win my first final in Masters 1000, but this upcoming match is going to be a bit more complicated.

      Q.  Congratulations.  You made it.  You reached a final.  Can you tell us what you’re feeling at the moment?

DAVID FERRER:  Well, I’m happy.  I’m very happy  I can’t relax really because there is still the final that I need to play.  It’s a very important match and I want to do well.  I want to play a great match at the standards of a final of a Grand Slam. So I don’t want to celebrate right now saying, Okay, I made it to the final.  No, I want to be well‑prepared and I want to get to the final with a lot of dynamism and I’m really willing to win.

Q.  Do you remember your other matches against Rafael?

DAVID FERRER:  Well, it doesn’t matter, does it?  I won once when we were kids.  I won to him on clay.  Then I also won on faster surfaces, but each match is different, anyway.  So I need to focus on the now and I need to make the most of all my shots.

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Roland Garros à vista

Roland Garros já começou e quando eu sair do metrô, subir as escadas e avistar as grades pretas dos portões que envolvem o complexo mais charmoso de tênis do mundo, a maioria das principais estrelas já terá disputado a primeira rodada. Mas, mesmo com o Grand Slam em andamento, essa chegada a Roland Garros é sempre especial.

Philipe Chatrier roland garros

Estou no aeroporto de Frankfurt, esperando a conexão para Paris. Se há dois dias estava difícil colocar a minha mente em Porte DÁuteil, com tantos outros compromissos distantes da terra batida francesa, agora só penso naquele momento da subida das escadinhas do metrô, com meu papel da credencial em mãos e a chegada na recepção da sala de imprensa, o encontro com diversos conhecidos e amigos e as sensações especiais que sempre voltam à mente quando entro em Roland Garros.

Apesar de já terem se passado 05 anos da despedida do Guga, 09 anos da última grande atuação dele em Paris, 12 anos do tricampeonato e 16 do primeiro título, as memórias de mais de uma década em Paris, trabalhando ao lado dele, estão frescas na minha mente.

Lembro da primeira vez que cheguei a Paris e entrei em Roland Garros. Viajei ainda de VASP e cheguei no meio daquele 1997 inesquecível.

Até da roupa que usei na comemoração no Ritz eu lembro –e  ainda uso a saia de flores azuis -. E lembro sem ter fotos. Não sei por qual motivo não tenho fotos daquela noite. Tenho fotografias do Guga com trofeu na Philippe Chatrier e do dia seguinte, uma maratona de entrevistas, encontro com a Seleção Brasileira de Futebol, no hotel Concorde de Lafayette e o Larri colocando no lobby do hotel “viver e não ter a vergonha de ser feliz…”

Quantas pessoas conheci naquele 1997  e que encontrarei dentro de algumas horas…

Acho que poderia ficar horas escrevendo histórias e lembranças de 15 idas a Roland Garros e a maioria delas marcantes. Mas, pretendo fazer isso ao longo da estada em Paris. Apesar de já terem se passado 16 anos daquele primeiro título do Guga – e me dou conta também que já são 16 anos de Tennis View – e de Nadal ser o “Rei do Saibro,” já tendo vencido 7 vezes o Grand Slam nos últimos 8 anos, cada vez que chega esta época do ano, esses momentos, apesar de pertencerem a uma outra época, na minha mente e no meu coração, parecem que foram ontem.

 

 

 

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Nadal “Tenho que manter os pés bem no chão”

Que ele é um fenômeno, não é novidade. Que ele já havia vencido Madri outras duas vezes, todo mundo sabia. Que ele é o Rei do Saibro está longe de ser breaking news. Mas, imaginar que Rafael Nadal disputaria 7 finais dos 7 torneios que disputou, depois de 7 meses de ausência do circuito, e ganharia 5, isso sim é tema para análise.

Nadal tentou explicar, mas não conseguiu muito. Amigos me perguntaram nos últimos dias o que eu achava disso tudo e a explicação mais lógica para entender o que Nadal vem fazendo é a vontade de vencer, depois de tantos meses afastado contra a vontade, se recuperando de uma lesão rara, aliada a um calendário bem feitíssimo.

Nadal madrid

O espanhol voltou a jogar em torneios pequenos, onde foi pegando ritmo de jogo e confiança aos poucos. Talvez se tivesse voltado em um grande torneio, os resultados teriam sido outros.

Mas, ele teve tempo para se readaptar ao circuito.

Enquanto Nadal descansou a mente e o corpo do circuito, durante sete meses, Djokovic, Murray e Federer continuaram jogando. Neste fim de semana, quando Nadal jogava pelo 40º título no saibro, os outros três tenistas já estavam em Roma, eliminados precocemente de Madri.

Nadal e Wawrinka MadridMesmo não sendo muito explicativa, a coletiva de Nadal, após a vitória sobre Stanislas Wawrinka, que reproduzo aqui, mostra um pouco a vontade do heptacampeão de Roland Garros de vencer, de aproveitar o momento e de como está sendo cauteloso ao projetar o futuro. Ä minha lesão não foi há dois anos, foi há poucos meses. Tenho que manter os pés bem no chão.”

An interview with:

 

RAFAEL NADAL

(Through translation.)

Q.  Was it easier than you were expecting or really today you were playing really well in the altitude of Madrid?  It’s been incredible.

RAFAEL NADAL:  Well, in the end, as I said the other day, I don’t expect anything.  If I expect is the most difficult thing when I go out there and play a match.

In this case what I expected was to go out there and try and do it and do what I like to do, what I want to do before I go out there in the match.

I’m very happy.  I think I did a really good match.  I think I played the best match of the whole week today in the final.

As I said, I managed to do what I was thinking to do before starting the match.  It’s always difficult.  I had the idea to go out there and to do a good drive, you know, to smack it hard, and try to get many points with my drive.

I think I managed to do that.  From the first point I think I managed that.  I missed a couple break points, but I was also dominating.  I made it to the line, and, well, afterwards with my backhand I was trying to, you know, not to play very parallel.

I was trying to play balls up there in the middle, long balls, because I knew that those balls were the right ones.  If I played that way then he didn’t have the right angle.  He has some pretty good angles with his drive and his backhand.

If I did that I do only good drives, so I think that tactically talking I played a really good match.  Afterwards, tennistically talking, I think it has been a complete match, an all-round match.

I didn’t suffer with my serve, and in the second set I played really good.  About the rest, everything went pretty well.

 

Q.  Congratulations on your third victory here and for your great career.  I think that today you won your 40th tournament on clay.  You’ve got 23rd Masters 1000.  I wanted to ask you, of all the finals you played and you won them, do you remember this has been the most simple final to beat of all the Masters 1000 that you have?

RAFAEL NADAL:  No, no.  The finals of a Masters 1000 are always a complicated matches.  Talking about the rest that were not that complicated, perhaps in Rome against Gonzales it was 6-1, 6-2, I’m trying to remember.

Also I’m trying to remember in Toronto against Kiefer where I was more or less feeling comfortable.  I don’t remember any others that were comfortable.

Also against Federer in Monte-Carlo, 6-4, 6-4.  But, well, I think nearly all the matches are complicated, and a final is always more complicated.

If can tell you today that the beginning of the match was really positive, that today I was playing well, I think that I played with a lot intensity.  I was very electric with my movements and the way I was hitting the ball.

At the beginning I was able to make a double break.  Well, you know that you have the set in your pocket if you just take advantage of the double break.

Even here in Madrid with your serve you know you can harm many opponents.  You know it’s going to be complicated with all that.  You have the set in your pocket, and then you face that really good.

You know that the other one is going to have a really bad time.  You know that you have the option to win it.

That’s the way it went today.  I managed to get my opportunity and he committed a double fault in the 3-All.  After that, I was able to defend pretty well the match.

It’s was not one of these days when I serve with advantage as I was serving before, because it was something that I had to change.  I did it with David when I was serving 5-4 in the second set.  I also lost the serve with Djokovic in Monte-Carlo.  It was 4-2 in the second set and I lost the serve.

6-5 I was serving for the set and I lost my serve.  Well, I had clear what I wanted to do and how I wanted to lose the set if I was going to lose it, so that’s the positive thing.  I played pretty aggressive and everything went pretty well.  Happy about how the week has gone.  It’s been very good for me.

Being able to play here in Madrid and being able to win in front of all my people and also being able to win for two straight weeks here in Spain is something really special, especially due to the last month that I have passed which has been really complicated.

A lot of these victories, they just help you even more if you can do it in front of your people because you feel loved and they all support you.  In front of this amazing audience, these are the victories you’ll remember forever.

Nadal campeao

Q.  Talking about your game, is this the match you are the most satisfied with?

RAFAEL NADAL:  Well, of the last ones I played, yeah, I’m pretty satisfied.  Since we started playing in clay in Europe, for sure.  I’ve realized that my drive is working again at its high level.  I’m able to open the angles and play a lot of winning points.  Well, I just did it.

I couldn’t do that in Barcelona or Monte-Carlo; over here I could.  I was playing with a lot of decision.  It’s true that in some moments I was lacking a little bit of backhand or legs.

Well, if I’m able to substitute that with my aggressiveness, well, everything changes.  It’s true that he has played at a very high level, too.  I don’t know if this is, of the seven matches, the one I played best.

Acapulco was really good too; Indian Wells I played really high level.  It’s true these last matches I have been able to reach that goal, you know, that line, that place where I want to be playing, the kind of play that I’m aiming for.

 

Q.  After how well you played on clay this year in Monte-Carlo and South America and Madrid, and after what we have seen here in Madrid, what Djokovic has done, Federer, do you see yourself as more of a favorite towards the French Open?

RAFAEL NADAL:  You know, I said the same the other day and I’m going to repeat it:  For me it’s a moment not to talk about Roland Garros.  It’s a moment just to be happy with what I have achieved right now in Madrid, in Barcelona, and Monte-Carlo.

In this moment nowadays I am just happy to have what I did today and win an important tournament such as Madrid.  To think this is a warmup to Roland Garros, that’s wrong.  It’s not a warmup.  I give my maximum level.

For me this tournament means a lot, the same as Monte-Carlo and Barcelona.  I just give it the maximum importance.  At home, even more important.

I don’t think a tournament this important deserves the word of being a warmup for another tournament.  You know, I’m here and next week I will be in Rome and I will be thinking about Rome.  I won’t be thinking Roland Garros.

When it comes we will think about Roland Garros, which is a pretty important tournament, of course, but it’s not the only one in the world.  You know, that’s clear.  I’ll try to be about as good as possible.

I evaluate a lot what’s happening to me.  I appreciate what’s happening before Roland Garros.  If you told me four months ago all this would have happened and I wasn’t going to do well in Roland Garros I would tell you, yes, I will sign that.

We’re playing with calm and we will see what happens.

 

Q.  This tournament is the number 40 in clay.  You’re six away from Guillermo Vilas who one 46 tournaments.

RAFAEL NADAL:  I’m not thinking about that I am competing with Vilas, really, no, no.  He’s Argentinian, you know, like you, right?

 

Q.  What did you think about being in this moment, and what can you tell us about Vilas, being able to reach a player like him next year?

RAFAEL NADAL:  Well, you know nowadays for me this is just numbers.  This is just historic numbers.  The only thing I’m going to say is what I always say:  The history of each player, you analyze it when they have finished their career, not before.

In this case, well, I’m happy for everything that has happened for me until now.  Hopefully I still will have the chances to be able to live the moments like the ones I’ve lived this week, the one I just experienced a moment ago.

I’m very happy for everything that has happened.  40 titles in clay, they are far more than what I’ve ever dreamed of.  Well, I will just enjoy them and continue working on the same level to try to be better and to try to be at a really good level for what will come in the future.

Thank you.

THE MODERATOR:  Questions in English.

Q.  You came back in February, and now you’ve been in seven finals in seven tournaments.  How excited are you now about the prospects of the rest of the year?

RAFAEL NADAL:  I don’t know.  I don’t know yet.  I want to enjoy every moment, because it’s very special what’s happening after seven months outside of this world of tennis.

So every victory means a lot to me, more than ever.  The perspective will be great if I don’t feel nothing on my knee.  But I don’t know how the thing’s going to improve, so that’s why I want to be very calm, stay with the feet completely on the floor, and go day by day.

Things are going well, but the injury is not two years ago.  It’s just few months ago.  So I need to be with calm, enjoy every moment, and for sure keep working hard to be fit for the rest of the season.

But I just enjoy everything what’s happening today.  The confidence winning here is big, especially the way that I won playing good tennis.

But every week is a different history.  Tomorrow I will be in Rome practicing a little bit, and I need to adapt another time to the conditions playing in a, you know, a little bit slower conditions than here.

Hopefully should not be a problem.  But I need to do it, and I need to do it with the right concentration tomorrow.  After tomorrow, try to be ready for the match on Wednesday.

That’s all.

Q.  In Monte-Carlo you said that you were not playing your best level and you needed to improve some things.  Do you think that now you are at your best level?  And if not, what do you need to improve?

RAFAEL NADAL:  Sounds very arrogant if I say I’m not playing at my best level and I just won a tournament that the best players of the world are playing here.

So that’s not fair, no?  But I always think that I can keep improving.  That’s why I go every day on court and I practice every day, because I think that always there is things to keep improving.

If you ask me if I feel better today than Monte-Carlo playing I will say probably yes.  My forehand is going faster; I am able to play more inside the court; I am serving well, more or less.

I need a little bit more with my backhand; I need a little bit more with my movements; I need to keep finding a little bit more calm, more confidence on my movements.

Today I was more confident than previous days, but I need more days like today.  That’s all.  I am working hard to try to arrive to this feeling.  I am not talking about winning, losing, or playing good, bad.

When you are winning, it’s because you are doing the right things.  You cannot win playing bad tennis and you cannot win these kind of tournaments playing bad.

So I think I’m playing very well, but I need to be a little bit more confident on my movements.

Q.  Stan has been playing very, very well the last two weeks.  You knew that, but you also knew he never won a set against you; didn’t today.  How did you find him today, and how did you explain that you’ve never lost a set to him?

RAFAEL NADAL:  I saw this statistic today in the morning.  I didn’t know this.  Was a surprise for me, because Stan is a big player, you know, with a big potential.  Good serve.  He has all the shots, so when I saw the statistics that in eight times I didn’t lose a set was a surprise for me.

I really didn’t think about that before the match.  I just think about he’s playing very well.  He won in Portugal playing against David in the finals 6-1, 6-4.  To win against David with this score you need to play fantastic.

Then here he played fantastic matches winning very tough opponents, and he’s in the final of Masters 1000.  So just before the match, the only thing that I thought is he’s playing fantastic and I need to do the things very well if I want to have any chance.

That’s what I tried.  I think I increase a little bit the rhythm and the intensity of the game today; it worked well, because my feeling on court was he didn’t have a lot of chances to go inside the court and to play comfortable shots.

I think I played with a lot of topspin; my ball with the forehand goes long and fast.

So I feel confident in the way that I played today.

Q.  Congratulations.  It felt like a very, very different you today than against Benoit Paire.  You seemed to be much more aggressive going into this match.  Is it because it’s a final and you’re just ready to go from the start?

RAFAEL NADAL:  We cannot compare the match against Paire.  Paire is very difficult player to play against, as I said the first day.  You can try to play aggressive, but if he don’t want to play, he wants to play just one shot winner or dropshot or short points, you don’t have the chance to choose what’s going to happen or what you going to do.

It depends on him.  I am not more motivated today than in the first round.  To be in the final you have to be playing well from the first round.  So the motivation is the same, but when you are playing a final you are more confident than when you were playing a first round.

You already have four matches on your shoulders and the confidence of winning these four matches, so that maybe changes.  That’s why I am able to go for the match from the beginning and to try to play more aggressive from the beginning.  Because my feeling is more confident.

Fotos: Mutua Madri Open

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E este foi só o primeiro capítulo da temporada de saibro

O primeiro capítulo da temporada européia de saibro 2013 terminou com vitória e Novak Djokovic. Como até conto de fadas tem fim, um dia, foi o sérvio que recebeu das mãos do Príncipe Albert, de Mônaco, o trofeu de campeão do Monte Carlo Rolex Masters, erguido oito vezes seguidas pelo vice deste ano, Rafael Nadal. Djokovic Monte Carlo

Número um do mundo, Djokovic festejou a vitória por 6/2 7/6(1) sobre Nadal, como um de seus maiores feitos. Monte Carlo era um de apenas 2 Masters 1000 que faltavam em seu currículo para preencher a sua prateleira com todos os títulos da categoria. O outro é o de Cincinnati.  Nas duas outras finais que disputou em Monte Carlo, no ano passado e em 2009 perdera para Nadal.

Todos sabemos que Nadal é um atleta bem fora do normal até mesmo para os grandes campeões. Eu ficava olhando aquele número de vitórias em Monte Carlo – 46 jogos sem perder, oito trofeus seguidos – e pensando na perfeição e superioridade do espanhol. Vencer um mesmo torneio 8 vezes significa que durante estes oito anos você não acordou num mal dia, não duvidou de si mesmo, não se machucou, não ficou doente, não se contentou com os títulos já conseguidos, não relaxou, não perdeu o foco, não se deu por vencido.

Neste domingo perdeu para um melhor jogador, o mesmo que o derrotara nas finais de Roma e Madri, em 2011 e a quem não enfrentava desde a final de Roland Garros, no ano passado, quando ergueu o Trophée des Mousquetaires, pela sétima vez. O Trophée que falta para Djokovic completar o Grand Slam.

Maior recordista de Roland Garros, com seis títulos, até Nadal ultrapassá-lo no ano passado, Bjorn Borg afirmou ao jornal LÉquipe, que quem vencesse Monte Carlo ganharia Roland Garros.

E já neste primeiro capítulo da temporada de saibro começaram as especulações sobre quem será cabeça-de-chave em Roland Garros. Guy Forget, diretor do torneio francês, já disse que a Federação Francesa pode vir a fazer uma revisão no sistema de escolhas de cabeças-de-chave, normalmente baseado no ranking.

Se a temporada já começou eletrizante, mesmo sem Murray alcançando as fases finais e sem Federer no torneio, imagina nas próximas semanas, com o ATP de Barcelona e o Masters 1000 de Madri e Roma?

 

 

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Muita paciência com o Nadal

Nadal Brasil Open ATPAntes mesmo de voltar às quadras, ainda em dezembro, Rafael Nadal pediu paciência. Calma para saber o momento certo de voltar a competir e agora o que ele precisa é de tempo e o público, de paciência, porque isso ele demonstrou que tem e sabe precisar. 

Desde o retorno ao circuito, na semana passada, em Viña del Mar e especialmente nesta semana, no Brasil Open, ouço comentários e recebo mensagens de fãs, jornalistas, apreciadores do esporte, entre outros, reclamando do desempenho de Nadal.

“O Nadal normal não perderia 8 games para este cara,” ou “Nossa, como ele está errando essas devoluções,” e por aí vai.

Não vamos esperar que Nadal, depois de tanto tempo parado e sem poder treinar no mais alto nível, neste período, com uma lesão rara no joelho, volte a arrasar os adversários como se acostumou a fazer nos últimos 8 anos.

Ele mesmo afirmou e para todo mundo ouvir que precisará de tempo, paciência e que ainda tem dias ruins, com dores no joelho, como foi o caso da semifinal contra Martin Alund. Já disse que não é favorito para a final contra Nalbandian. A expectativa é de que as dores diminuam ao longo das semanas e que ele chegue em forma na temporada de saibro européia.

Qualquer pessoa, quando fica sem praticar exercício, sofre no recomeço. Imagina um atleta do nível de Nadal.

E não vamos esquecer que as condições em São Paulo estão longe das ideiais. Além da altitude, tem a problemática quadra e as bolas que foram alvo de repetidas reclamações dos tenistas.

Entendo que para os fãs e a comunidade tenística seja duro ver Nadal ter dificuldade com adversários que faria de bolinha de ping pong normalmente. Foi duríssimo passar por isso com Guga, nas inúmeras tentativas dele de voltar a competir. Com a diferença de que Guga jamais voltou a ser o mesmo.  Não acredito que seja o caso de Nadal. Ou se for, ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa. Nadal serve Brasil Open

Nadal está dando os passos iniciais e como disse um amigo jornalista, quando se anda, se vai adiante.

Foi com este pensamento, em 1997, que Andre Agassi também deu a cara para bater e se submeteu a jogar torneios Challengers para recuperar a confiança abalada. Perdeu a primeira final que jogou, no Challenger de Las Vegas para o desconhecido Christian Vinck, então número 202º do ranking. Muito pior do que o ranking de Horácio Zeballos que ganhou de Nadal, na final de Viña del Mar, na semana passada.

Agassi ainda jogou outro Challenger, em seguida, em Burbank e foi campeão, mesmo tendo dificuldades pelo caminho.

Recomeçou passo a passo e com muita coragem de arriscar a reputação em torneios em que a maioria dos adversários são muito piores do que você e jamais imaginariam te enfrentar.

Mas, esses passos são necessários. E vale pensar que se não fosse isso, o Brasil, com seu ATP 250, provavelmente não seria brindado com a presença do heptacampeão de Roland Garros.

Por isso, muita paciência.

 

Fotos de Dália Gabanyi

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Nadal, a entrevista

O Jornal L’Equipe desta quinta-feira publicou uma longa e como sempre, interessantíssima, entrevista com Rafael Nadal. Realizada no Chile, pelo jornalista Frederic Bernes que acompanha a volta do sete vezes campeão de Roland Garros ao circuito, em Viña del Mar, a conversa sincera mostra um Nadal consciente das dificuldades que irá enfrentar, brincalhão com algumas constatações e com a mesma ambição vencedora.

Nadal Vina del Mar ATP

Li a entrevista e reproduzo alguns trechos..

 

Qual é o sentimento que predomina hoje? Medo? Stress? Alívio?

Medo? Não. Stress sim. Alívio e alegria, com certeza. Mas, de verdade, o tema do momento é paciência. Tenho que ir passo a passo e aceitar que não estarei no meu melhor nível logo de cara. Há sete meses que não jogo. Se eu não for humilde, não vai funcionar.

Não tenho medo. Há três semanas que meus exames estão perfeitos. A verdade é que o meu joelho esquerdo está magnífico comparado ao direito (risos). Sei que voltando agora não há risco com o tendão. Os médicos me prometeram.

 

A dor que você sente é normal? Os medicos te avisaram?

Sim, me disseram que desapareceria aos poucos. Normalmente desaparecerá até o fim de fevereiro e eu poderei me movimentar plenamente em quadra.  Só preciso dar tempo do meu tendão rotuliano se acostumar novamente a esforços violentos.

Nadal ATP return

Como você descreve essa dor?

Eu posso sentir de manhã quando me levanto, na hora do almoço ou batendo uma esquerda. Os primeiros dias no Chile foram difíceis. Treinei mal. Mas domingo e segunda, melhorou. Preciso aceitar isso. Antes eu tinha 9 de 10 dias ruins, depois 8, sete e vai baixando.

Mas, com dor ou não, o sentimento que supera todos é o da alegria de estar aqui, de treinar com os profisisonais, de jogar uma partida, sentir a competição.

 

Você nunca parou tanto tempo. Essa volta é mais estressante do que a de 2006?

Francamente? Não. A minha lesão no pé era grave. Os medicos cogitaram até um fim de carreira. Com o joelho isso nunca foi o caso.

O ponto comum das duas lesões é que ninguém encontrou a formula para me livrar das dores.

 

Nesses quase oito meses parado. Qual foi o momento mais difícil?

Foi quando compreendi que não poderia jogar as Olimpíadas. Pensei que fosse curar rápida.

O difícil foi que o meu joelho me deixou, no melhor momento da minha carreira.

 

O melhor? Você ganhou mais em 2008, 2009, 2010..

Sim, mas em 2012 eu estava jogando muito melhor. A final do Australian Open, mesmo tendo perdido, foi grande. Eu tinha ganhado Monte Carlo, Barcelona Roma, Roland Garros…

 

Se você tivesse perdido contra o Delbonis, seria grave?

Não.

 

E o seu nível de exigência? A sua ambição?
Não perdi. Isso não. Mas aqui os resultados são as coisas menos importantes. E o ranking também. Se tudo correr bem terei outros objetivos em dois meses. O que eu quero é estar 100% para jogar bem Monte Carlo e a temporada de terra da Europa. Mas aqui, o essencial é como eu me sinto e como o meu joelho reage. Perder aqui, pff, não é um problema. Sete meses parado e sem treinar a fundo, eu deveria perder aqui. Seria a lógica. O drama seria se o meu joelho fosse mal.

 

Muita gente fala do seu retorno como uma segunda carreira. É justo falar isso?

A minha carreira já é bem completa. Não tenho vontade de começar e pensar em uma segunda carreira.  Eu vou continuar essa, se vocês não acharem inconveniente. Continuo amando o jogo e tenho a mesma exigência em cada bola que bato. Se o meu joelho me permitir de jogar forte por três horas, se me permitir de jogar 100% um torneio e depois dois torneios em seguida, se eu puder correr sem pensar no meu joelho ou na dor, porque eu não posso pensar em fazer o que eu fazia antes? O fato de ter parado sete meses, quando eu estava jogando super bem, me ajuda hoje.

Nadal interview

Vamos encontrar o Nadal de antes, forte no saibro, capaz de ganhar Wimbledon, mas com dificuldade sobre quadra rápida?

Tudo depende do joelho. Se o meu joelho vai bem, me dê uma razão para eu não acreditar que possa ganhar tudo novamente? Uma apenas.

Eu passei oito anos sendo número um ou dois do mundo, eu creio que sete meses parado não me fizeram esquecer como jogar tênis. Não quero parecer arrogante. Quero dizer que penso que sou capaz de voltar a esse nível.

 

E se dissessem que você ganhará Roland Garros em quatro meses? É possível?
Não sei de nada( rs). Ninguém sabe. Porque não? Se eu jogar Monte Carlos, Barcelona, Roma e Madri como eu quero, há chances. E eu vou tentar.

 

O Wilander, na Austrália, disse que você seria um outsider em Roland Garros.

Vamos ver. Mas não preciso ser favorite para ganhar.

 

Você sente necessidade de estar entre os top 4 para evitar um Murray, Djokovic ou Federer nas quartas?

Posso voltar ao nível dos top 4, mas acho que vai ser mais difícil voltar ao top 4 do que ganhar Roland Garros.

 

Depois das finais de NY e Melbourne, alguns, como Marian Vajda, técnico do Djokovic, disse que era o fim da era Feder/Nadal e o começo da  Djokovic/Murray. Como fica o seu ego?

Meu ego está tranquilo. Isso não me atrapalha e não é injusto. É a verdade do momento. Estamos com dois jogadores nas duas últimas finais de Grand Slam. A rivalidade Federer/ Nadal acabará, mas ainda não. Só tenho um ano a mais do que Djokovic e Murray. Não é a hora de me enterrar ainda. Há oito meses eu estava em posição de voltar a ser número um do mundo. Não esqueçam tão rápido. Agora vou tentar me infiltrar na época de Djokovic/Murray (rs).

 

Você passou por anti-doping durante esse tempo parado?

Nove vezes. Três vezes de sangue e seis com urina. Bastante para alguém que está parado. Nas últimas duas semanas o controle veio quatro vezes e dois dias seguidos.

 

Você não acha que os resultados deveriam ser divulgados?

Para mim seria o melhor. Se todos os exames fossem divulgados seria o fim de uma suspeita que mata o esporte. É o que eu peço.

 

Sabe que teve gente que disse que a sua ausência de sete meses era uma sanção por doping?

Sim, esse tipo de rumor existe porque os exames não são públicos.

A ITF deveria ser transparente. Se não, isso continuará e eu terei de escutar o Christophe Rochus fazer comentários estúpidos  sem prova alguma. Acho incrível que escrevam ou publiquem essas acusações sem prova. Me mostre uma prova e tudo ficará bem.

Fotos de Jym Rydell – VTR Open by Canchantun

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Djokovic triunfa no ATP Finals, encerrando temporada mais equilibrada dos últimos tempos

 

Número um do mundo Novak Djokovic ratificou a sua condição de líder do ranking vencendo o hexacampeão do ATP Finals, Roger Federer, por 7/6(6) 7/5 em uma acirradíssima partida na Arena 02, em Londres. Foi um grande final para uma das mais equilibradas temporadas do circuito mundial.

O ano de 2012 não viu o domínio de apenas um ou dois jogadores como acontecera nos últimos anos, com o próprio Djokovic, Federer ou Nadal.

 

Djokovic começou a temporada ganhando o Australian Open e tentando imprimir o mesmo ritmo de 2011, quando ganhou 10 títulos, incluindo três Grand Slams. Mas, veio a temporada de saibro e o espanhol reinou absoluto para conquistar o seu sétimo trofeu de Roland Garros.

 

Federer, que ganhava alguns Masters pelo caminho, foi rei onde raramente perde a majestade, em Wimbledon. Mas, era o começo da ascensão do súdito da rainha local, Andy Murray, que chegou onde nunca havia estado, numa final do Grand Slam inglês. Foi vice-campeão, mas adquiriu força mental e experiência suficiente para algumas semanas depois ganhar o Ouro Olímpico e deixar Federer com a medalha de Prata.

 

Veio a temporada da América do Norte, sem a presença de Nadal, lesionado desde Wimbledon e que mais tarde viria anunciar a sua ausência das quadras até o fim deste ano. Federer e Djokovic ganharam os Masters 1000 e Murray enfim venceu o seu primeiro Grand Slam, o US Open, em uma épica batalha com o sérvio.

 

A disputa entre os três continuou na turnê asiática, com Djokovic vencendo a maioria dos títulos.

 

De volta a Europa, quem triunfou antes do ATP Finals foram Juan Martin del Potro e David Ferrer.

 

Com cada tenista tendo vencido um Grand Slam e com Djokovic já garantido como número um do mundo, restava ver quem seria mais forte mental e fisicamente no último torneio do ano. Ganhou o sérvio. Pela segunda vez ele ergue o trofeu do ATP Finals e prova que o topo do ranking não foi uma mera combinação de resultados.

Se ainda existia dúvidas de quem deveria terminar o posto como número um, elas terminaram nesta noite de segunda-feira.

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Ninguém é perfeito. Nem Nadal, Federer, Djokovic e Murray.

Roland Garros começa neste domingo e depois da vitória de Rafael Nadal, em Roma, derrotando Novak Djokovic, na final e da de Roger Federer, em Madri, os top 3 estão em destaque total, com Andy Murray vindo mais atrás.

Apesar de serem gênios do esporte, eles ainda tem o que melhorar e com esses detalhes que vão ajustando no jogo, estão conseguindo se manter no topo e na busca pelos maiores títulos do mundo.

O momento é propício para reproduzir a coluna que Emílio Sanchez escreveu na edição 119 da Tennis View, falando das deficiências de Nadal, Federer, Djokovic e Murray, como eles podem melhorar e como podemos aprender com eles.

 

RAFAEL NADAL

O ano de 2011 foi um ano cheio de supresas para Rafa. Ganhou Roland Garros, mas perdeu sete vezes para Djokovic. Durante o intervalo de inverno europeu trabalhou muito para voltar a seu nível máximo e já na Austrália mostrou que podia por em prática o que havia aprendido.

 

Como o tênis é um esporte mental e emocional, por haver perdido tantas partidas contra Djokovic, isso criou uma barreira na sua cabeça, a mesma que Federer tinha quando jogava contra ele.

 

Na final do Aberto da Austrália, Rafa jogou uma boa partida, mas tentar seguir as novas jogadas agressivas nos momentos máximos de tensão é o mais difícil para o jogador. Nesses casos, o jogo entra no subconsciente e isso ele não pode controlar. O jogador sabe que deve ser agressivo, mas seu subconsciente o leva a jogar como está acostumado.

 

O melhor golpe do Rafa Nadal ainda é seu drive de direita, mais para o lado de seu revés. Pelo contrário, Rafa sofre quando sacam no seu lado esquerdo, tirando ele da quadra. Agora tem melhorado o golpe e isso permite ficar sem perder tanto espaço na quadra, porque antes quando sacavam tirando ele da quadra, já começava o ponto perdendo espaço. Agora pode executar a devolução paralela, pode até ser agressivo, entrar na quadra e ir volear.

 

 

Como melhorar?

Para Rafa cada vez que atacam pelo seu lado direito, para jogá-lo para fora da quadra, uma solução é jogar a bola na paralela, e logo poder dominar o ponto, ficando na zona de transição para chegar a volear.

Para você: Se te jogam para fora da quadra, trate de voltar ao centro sempre na diagonal, não ficar nunca fora da quadra ou voltar horizontalmente, e então atacar a direita e depois a esquerda para terminar voleando. Treine isso deixando que alguém te ataque do seu melhor lado e te tire para fora da quadra.

 

 

 

ANDY MURRAY

Ele vai bem em todos os aspectos importantes, técnico, físico, mental e emocional, mas ainda não venceu as partidas chaves dos Grand Slams. Mas como Lendl também viveu essa experiência, estou quase seguro que poderá ajudá-lo neste aspecto.

 

Para Andy é muito difícil mudar as zonas de jogo. Quando se defende é difícil passar para a zona de transição e depois para a de definição.

 

A mesma coisa acontece quando alguém o ataca, como fica muito atrás, até mesmo quando saca, que deveria ficar posicionado mais a frente e daí definir, também fica atrasado. Andy joga em uma só zona, deve ampliar seu repertório e utilizar todos os seus recursos que são muitos.

Como melhorar?

Para Andy: Trabalhar as mudanças de zona, quando o atacam posicionar-se para defender-se bem e assim passar a atacar. Andy deve trabalhar antes a defesa do seu lado de esquerda e atacar paralelo do mesmo lado. Na direita depois de defender-se, entrar na quadra e atacar paralelo para ir à rede e volear de forma mais confortável. Ter atenção especial para chegar equilibrado na direita para bater na paralela, mas antes sempre jogar cruzado e com muito giro.

Para você: É importante treinar o lado da esquerda, já que é um golpe mais difícil para esses tipos de jogadores. É necessário praticar o ataque dos dois lados, inclusive o lado que não é tão bom.

 

 

 

ROGER FEDERER

 

Em 2011 não ganhou nenhum Grand Slam, mas seu padrão de jogo ficou mais sólido. Se recuperou para ser mais agressivo, vai muito mais à rede para definir voleando, mas ainda sofre uma barreira mental com Rafael Nadal.

Seu problema é que deve acreditar mais em suas qualidades físicas, porque sempre parece querer guardar energias, parece que não acredita que pode aguentar 5 sets. Isso leva a querer acabar os pontos muito rápido. Deve aprender a buscar as trocas de ritmo, mantendo a agressividade e procurar mudar as velocidades de movimento, mudando também de zonas, para causar muito mais impacto ao adversário.

 

Federer se movimenta em uma só velocidade. Deve pensar que a bola sempre voltará e concentrar-se em fechar os espaços com velocidade, usando as pernas, sobretudo contra seu maior rival, Rafa Nadal.

Como melhorar?

Para Roger: Treinar para fazer a jogada completa, defendendo-se bem, passar para a zona de transição e logo definir na rede.

Para você: Jogar com alguém que devolva todas as bolas e assim ter que cobrir os espaços da quadra sem medo de ficar cansado. 

Importante fazer treinamentos de:

1. Mudança de ritmo

2. Defender-se de esquerda e recuperar a iniciativa

3. Cobrir os espaços para chegar mais a frente

 

 

 

 

 

NOVAK DJOKOVIC

 

Depois de um ano de crescimento, Djokovic estabilizou seu nível de jogo, ficando mais completo. Tem melhorado muito seu aspecto físico, mental, emocional e a paixão que coloca em cada partida.

Nole tem um ótimo repertório técnico e se adapta a qualquer superfície. Portanto há pouco que melhorar, mas se tivéssemos que escolher algo, poderíamos dizer que sofre quando joga contra adversários muito agressivos, contra os que não lhe dão ritmo, então contra Federer sofre muito mais do que contra Nadal.

 

Ele não gosta de velocidade e de pontos curtos, é um jogador que se defende de maneira agressiva e joga dentro da quadra e não gosta de ir para trás. Eu treinaria mais suas defesas ficando mais atrás, jogando mais profundo e recuperando sua zona natural depois de defender-se para pode chegar a atacar e depois definir mais para frente.

O voleio de revés é um outro ponto a ser melhorado devido a sua esquerda de duas mãos.

 

Como melhorar?

Para Novak: Sair da linha da defesa, sair mais de trás e ir voltando para sua zona natural.

Exercício: sair mais atrás da linha de base para depois entrar e atacar para definir mais para frente, que é a zona menos natural para ele. Se atacar melhor, voleará mais fácilmente e definirá melhor, especialmente em quadras muito rápidas. Tentar equilibrar o corpo para volear na esquerda.

Para você: O mesmo. Treinar para sair de mais de trás da quadra e depois acabar definindo na rede, fazer os ataques e os voleios paralelos. 

 

 

 

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