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Lembranças muito boas daquele Roland Garros 2001

Faz tempo, muito tempo que não escrevo neste blog que tanto adoro. Mas, como venho falando nos últimos meses, se o dia tivesse 48 horas, ainda faltaria hora para eu dar conta de fazer tudo, bem feito, em que estou envolvida.

Mas, como hoje é um dia especial, resolvi pelo menos postar aqui o texto que escrevi para a revista programa do Claro Rio Champions, sobre o jogo que comemora os 10 anos da conquista do tricampeonato do Guga em Roland Garros.

Foram duas semanas marcantes, cheias de emoção em Paris, em que quase voltamos para casa no meio do campeonato, naquele jogo com o Michael Russell. E depois, muita curtição no jogo com o Corretja e para mim, muito trabalho, depois da vitória, do desenho do coração na quadra Philippe Chatrier, da camiseta escrita “Je Aime Roland Garros”, das coletivas de Guga e do Larri…

Lembro de ter ido direto para a festa, com a roupa que estava no corpo naquele dia… e no dia seguinte sessão de fotos no Sacre Couer…

Há 10 anos Gustavo Kuerten era o número um do mundo. Havia começado a temporada no topo do ranking mundial depois de ter conquistado o título da Masters Cup, em Lisboa.

Chegava a Roland Garros como o cabeça-de-chave 1, detentor do título (campeão em 2000) e favorito a levanter pela terceira vez o “Trophee des Mousquetaires,” já tendo erguido no ano os trofeus dos ATPs de Buenos Aires e Acapulco, do Masters 1000 de Monte Carlo e ficado com o vice em Roma.

Derrotado na estreia do Masters 1000 de Hamburgo, aproveitou quase as duas semanas que separavam o campeonato alemão de Roland Garros para descansar e se preparar para o seu torneio favorito.

Já Corretja vinha de uma temporada sem grandes resultados. Havia alcançado as quartas-de-final em Barcelona e no Masters 1000 de Roma (perdeu para Guga) e com uma derrota na segunda rodada em Hamburgo, optou por jogar a World Team Cup, em Dusseldorf, onde marcou três vitórias.

Roland Garros começou e todos os olhos estavam voltados para o brasileiro e para o duelo de estreia contra Guillermo Coria. Muito se falou deste jogo, do jovem argentino que poderia complicar a vida do bicampeão. Mas, Guga não encontrou dificuldades para vencê-lo, por 6/1 7/5 6/4.

Na segunda rodada, vitória tranquila sobre outro argentino Agustin Calleri por triplo 6/4.

Veio a terceira rodada e o jogo contra o marroquino Karim Alami complicou um pouco, mas Guga se superou e estava nas oitavas-de-final do Grand Slam francês novamente.

Enfrentaria o desconhecido americano Michael Russell, vindo do qualifying e num dia sem muito sol e com muito vento em Paris, parecia que o caso de amor entre Guga e Roland Garros estava se acabando. Russell chegou a ter match point no terceiro set para eliminar o brasileiro, mas num ponto longo e com uma bola na linha Guga se salvou e começou a mudar a história do jogo e estreitar ainda mais a sua relação com o público francês.

Empurrado pela torcida e em busca do seu melhor tênis no meio da partida, Guga venceu o americano em um emocionante jogo de cinco sets e ao término da partida, em agradecimento ao público, desenhou um coração na quadra Philippe Chatrier.

Em seguida vieram as vitórias sobre Yevgeny Kafelnikov e Juan Carlos Ferrero, bem mais tranquilas do que em anos anteriores e lá estava o brasileiro em mais uma final de Roland Garros, contra um adversário não tão esperado quando o torneio começou. Outros favoritos como Safin e Agassi haviam sido eliminados em rodadas anteriores.

Corretja chegava na final só com um jogo complicado em Roland Garros naquele ano, o da estreia contra Mariano Zabaleta, em cinco set. Depois, passou por Knippschild, Larsson, Santoro, Federer e Grosjean sem perder um set.

Começava a final e o vento dominava a quadra central. Corretja jogava o seu melhor tênis e levava o primeiro set por 7/6(3) e continuava jogando melhor no segundo. Até que Guga conseguiu quebrá-lo no 5×5 do segundo set, vencer o a segunda parcial e passar a tomar controle do jogo.

Quando começou o terceiro set, o brasileiro já dominava o jogo e no quarto set passou os seis games com já curtindo a vitória. “Mesmo quando eu tentava errar uma bola ela entrava,” lembrou Guga, de tão bem que estava jogando no último set de Roland Garros. “Foi o meu ano mais emocionante em Paris, por causa daquele jogo com o Russell e foi o ano em que eu mais curti a vitória.”

 

Ao término do jogo, Guga desenhou novamente o coração para demonstrar todo o seu amor por Roland Garros, deitou dentro dele e na hora da premiação ainda vestiu uma camiseta desenhada por ele na noite anterior com os dizeres: “Eu amo Roland Garros.”

 

 

 

 

 

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Memórias do tricampeonato de Guga em Roland Garros

Normalmente agora eu deveria estar escrevendo sobre a conquista de Na Li em Roland Garros. A primeira chinesa a vencer um Grand Slam, depois de ter derrotado Francesca Schiavone por 64 76. Mas, amanhã dia da final masculina faz 10 anos do tricampeonato de Guga em Roland Garros e depois de responder inúmeras entrevistas sobre aquelas duas semanas do ano 2001 na capital francesa, dar informações para os jornalistas nos últimos meses, tendo feito parte dessa história, vou contar um pouquinho do que lembro.

Estava tentando, sem ajuda de computador e papéis a lembrar tudo o que havia se passado naquelas três semanas em Paris. Sim três semanas, porque o Guga chegava sempre uns 5, 6 dias antes do torneio começar para treinar.

Confesso que minha memória já foi melhor. Claro que lembro da estreia contra o Coria e de toda a expectativa gerada em torno desse jogo, dos jornalistas argentinos falando “cuidado com o Coria, ele pode ganhar do Guga.” Claro que Guga não deu muitas chances ao argentino…

Lembro muito bem do jogo contra o Michael Russell e da sensação que eu senti estando ao lado do Larri e do Rafael assistindo o jogo, quase perdido, num dia de muito frio em Paris e vendo tudo se transformar quando ele salvou o match point. Lembro do meu amigo jornalista Fernando Eichenberg me perguntando após a partida se eu tinha ideia de quantas trocas de bola aquele match point teve? Não tinha ideia na hora, mas nunca me esqueci. Foram 28.  É claro na minha mente a alegria do Guga depois daquela vitória e a emoção dele ao vencer o jogo. Ainda lembro da expressão do Larri olhando pra mim e dizendo, quando ele começou a desenhar o coração na quadra naquele dia: “O que ele está fazendo?” Estava demonstrando todo o seu amor ao torneio, ao público francês, à quadra central e agradecendo a sensação que havia passado naquele momento, algo que ele diz até hoje nunca ter sido superado.

Depois vieram as vitórias sobre o Kafelnikov e o Ferrero, bem mais tranquilas do que as do ano 2000. Havia muita especulação também em cima do Ferrero. Ele havia vencido o Guga na final de Roma e praticamente estava cantando vitória, fazendo aparições para a imprensa com passeio no Senna, photoshoots, etc… Falou, falou, falou, mas quem arrasou foi Guga que o derrotou em três sets.

A final, depois de um primeiro set complicado, foi uma curtição. Quando começou a disputar o terceiro set Guga já sentia que ia ganhar o tricampeonato e foi curtindo com a torcida, com todo mundo aquele momento e claro, todos nós também.

Depois de tentar lembrar de todos esses momentos – a festa depois no Terra Samba e as fotos no dia seguinte no Sacre Couer – fui procurar meus arquivos de press releases que eu havia escrito naquele Roland Garros e fiquei emocionada lendo o material e relembrando que foi naquele ano que Kafelnikov apelidou Guga de o Picasso das quadras; foi naquele ano também que Guga ganhou o trofeu da ITF de melhor do mundo e em vez de ficar na festa de Gala no Bois de Boulogne, fomos jantar churrasco brasileiro; Encontrei menções também às presenças de Leonardo e Rodrigo Pessoa torcendo por Guga e do vice-campeonato de Jaime Oncins nas duplas mistas em Paris.

Ah, não esqueço que de tanto trabalho nem tive tempo para me trocar antes de irmos pra festa… Fui das últimas a deixar Roland Garros naquele domingo de 2001, sempre contando com a companhia do amigo e que esteve ao meu lado durante quase toda a carreira do Guga, Paulo Carvalho. 

Vou reproduzir aqui alguns dos textos que achei mais bacanas que escrevi naquele Roland Garros 2001.

GUGA SALVA MATCH POINT E ESTÁ

NAS QUARTAS-DE-FINAL DE ROLAND GARROS

 

 

Brasileiro teve a vitória do coração.

 

Gustavo “Guga” Kuerten está nas quartas-de-final de Roland Garros. Com uma vitória emocionante, à base de muita luta, Guga virou um jogo praticamente perdido e venceu o norte-americano Michael Russell, por 3 sets a 2, parciais de 3/6 4/6 7/6 (3) 6/3 6/1, em um espetáculo de 3h25min de duração, na quadra central de Roland Garros, que terminou com o brasileiro ajoelhado no meio de um coração, que ele mesmo desenhou. Na terça-feira, em horário ainda indefinido, Guga enfrenta o russo Yevgeny Kafelnikov, em busca de uma vaga na semifinal do Grand Slam.

 

Atual campeão do torneio, Guga acordou cedo neste domingo para enfrentar o norte-americano. Quando a partida começou o termômetro marcava 11o.C na quadra Philippe Chatrier e o vento fazia a temperatura parecer ainda mais fria. Guga saiu sacando, mas perdeu o seu serviço no terceiro e no quinto game, deixando Russell fazer 5/1. No 5/2, Guga devolveu uma quebra, mas não foi suficiente para reverter a situação do set e no game seguinte, no saque de Guga, com uma direita paralela, Russell fez um set a zero.

 

No segundo set, a partida seguiu equilibrada até o 3/4, quando Guga perdeu o seu saque. No game seguinte, o catarinense devolveu a quebra, mas no 4/5 não conseguiu manter o seu serviço novamente e com outra bola paralela, desta vez de esquerda, Russell fez 2 sets a 0.

 

Na terceira série, o norte-americano que veio do qualifying, parecia estar ainda mais no jogo, continuando a jogar bolas na linha e a estragar qualquer tipo de jogada que Guga tentava fazer. No 2/3 ele quebrou o serviço do número um do mundo e fez 2/4. Em seguida, sacou e fez 2/5 e no 3/5 sacou para ganhar a partida e esteve bem perto disso. Guga teve dois break points, não converteu e Russell chegou ao match point. Depois de um ponto muito disputado, com uma bola na linha, Guga escapou de deixar a quadra e aí sim conseguiu quebrar o saque do norte-americano e levar a decisão do set para o tie-break. Confiante depois de haver vencido um set no tie-break no jogo contra Alami, Guga não deixou dúvidas de que não queria entrar no avião e voltar para o Brasil. Entrou firme na hora do desempate e com uma devolução de saque para fora de Russell, fechou a série, com 7/3 no tie-break.

 

Um pouco mais aliviado no quarto set e jogando mais solto, Guga ficou adiante no placar do jogo pela primeira vez ao quebrar o serviço de Russell no segundo game e só precisou manter o seu saque para empatar o jogo em dois sets. Com um ace Guga fechou a série e entrou no quinto set, em que conseguiu três quebras de saque para vencer a partida, no primeiro, quinto e último game. No 5/1, no segundo match point, Guga cravou um smash na quadra e celebrou uma das maiores vitórias de sua carreira.

 

Emocionado, Guga desenhou um coração na quadra de saibro com a sua raquete, ajoelhou no meio dele e agradeceu a torcida que o apoiou durante toda a partida.

 

“Eu sou muito emotivo e hoje tive uma das melhores sensações da minha vida em uma quadra de tênis. Foi muito especial e talvez um dos dias mais felizes que eu já tive,” disse Guga, que não planejava desenhar o coração na quadra. “Foi uma coisa do momento. Eu estava com uma sensação incrível que eu não tenho muitas vezes e foi a maneira que eu encontrei de agradecer ao público, que influenciou muito a minha vitória de hoje.”

 

Sem nunca ter enfrentado Russell antes na carreira, Guga contou que encontrou dificuldades com o jogo do norte-americano no início do jogo. “Ele jogou o melhor tênis dele numa situação muito difícil. Eu nunca tinha jogado com ele e estava mais defensivo do que agressivo. Ele estava me frustrando e bloqueando todo o tipo de jogada que eu tentava fazer, até que chegou um momento em que eu fiquei mais tranquilo e saí de uma zona de segurança para uma de risco e as bolas na linha, a esquerda paralela, o saque, tudo começou a funcionar. Saí do fundo do poço para o paraíso. Na hora que estava tudo praticamente perdido, terminado a bola pegou na linha, entrou e quando o jogo terminou me senti o homem mais feliz do mundo por alguns minutos. Ganhei uma recompensa por todo o trabalho que eu venho fazendo. Muita gente me viu treinando aqui às 20h durante alguns dias e essas coisas de repente fazem a diferença e me fizeram acreditar que eu poderia ganhar.”

 

Feliz com a vitória, antes de iniciar as entrevistas para as televisões internacionais, Guga brincou, querendo saber se ninguem havia tido um ataque do coração no Brasil, por causa do seu jogo. “Em poucos segundos me tiraram e me colocaram de novo no torneio e agora estou aqui, nas quartas-de-final, em vez de estar arrumando as malas para entrar no avião. Já não tenho mais nada a perder e provavelmente vou jogara bem mais solto daqui pra frente.”

 

Esta é a quarta vez que Guga alcança as quartas-de-final em Roland Garros e a segunda consecutiva, tendo sido campeão em 1997, 2000 e quadrifinalista há dois anos. Com 11 vitórias seguidas no Grand Slam francês, Guga (Banco do Brasil/Diadora/Head/Globo.com/Motorola) voltará a competir na terça-feira, enfrentando um velho rival, campeão do torneio em 96, o russo Yevgeny Kafelnikov (7o. colocado no ranking mundial e 8o. na corrida dos campeões), de quem ganhou nas duas vezes em que ergueu o troféu de campeão em Paris, também nas quartas-de-final. “Já vou entrar na quadra com essa vantagem,” brincou ele, que no total, já enfrentou Kafelnikov oito vezes, vencendo cinco, inclusive a última, no Masters Cup de Lisboa.

 

Tenista número um do mundo e terceiro colocado na Corrida dos Campeões, Guga já garantiu 250 pontos no ranking mundial e outros 50 na Corrida. Se passar por Kafelnikov fica com 450 e 90, respectivamente.

 

TORCIDA ESPECIAL

Além do apoio da torcida francesa, do irmão Rafael, do técnico Larri Passos, Guga contou com uma força a mais neste domingo em Roland Garros. O cavaleiro Rodrigo Pessoa e o jogador de futebol Leonardo estavam acompanhando a partida do número um do mundo na Tribuna Internacional, ao lado também do cantor e compositor Marcelo.

 

Conhecido de Guga, Pessoa veio esta manhã de Bruxelas para prestigiar o catarinense e antes do jogo começar conversou bastante com Rafael.

 

Já Leonardo, conseguiu um convite com amigos e encontrou Guga depois do jogo. Os dois almoçaram juntos no restaurante dos jogadores, que fica embaixo da quadra Philippe Chatrier.

 

GUGA X KAFELNIKOV – Confrontos Diretos

1996 ATP Tour de Stuttgart / saibro Kafelnikov d. Guga 6/1 6/4

1997 Roland Garros / saibro Guga d. Kafelnikov 6/2 5/7 2/6 6/0 6/4

1998 New Haven / rápida Kafelnikov d. Guga 6/4 6/4

1999 Masters Series Indian Wells / rápida Guga d. Kafelnikov 0/6 7/6 6/3

1999 Masters Series Roma / saibro Guga d. Kafelnikov 7/5 6/1

2000 Roland Garros / saibro Guga d. Kafelnikov 6/3 3/6 4/6 6/4 6/2

2000 Olimpíadas Sydney / rápida – Kafelnikov d. Guga 6/4 7/5

 

GUGA VENCE KAFELNIKOV E ESTÁ NA SEMIFINAL DE ROLAND GARROS

 

 

Gustavo “Guga” Kuerten está na semifinal do torneio de Roland Garros, um dos eventos mais importantes do circuito mundial. Nesta terça-feira, com uma atuação impecável, ele derrotou o russo Yevgeny Kafelnikov, por 3 sets a 1, parciais de 6/1 3/6 7/6 (3) 6/4, em 2h32min de jogo e decide, na sexta-feira, pela terceira vez na carreira, uma vaga na final do torneio. O adversário é o espanhol Juan Carlos Ferrero.

 

Depois de ter ganhado uma nova vida no torneio, ao salvar um match point na partida de oitavas-de-final contra Michael Russell, Guga entrou solto na quadra Philippe Chatrier e com o objetivo de surpreender Kafelnikov, campeão de Roland Garros em 1996. E foram necessários apenas 18 minutos para Guga mostrar isso ao russo, 7o. colocado no ranking mundial. Nesse tempo, Guga fechou o 1º set, com duas quebras de serviço no 2/1 e no 4/1 e só perdendo três pontos no seu saque no set inteiro.

 

No 2ºset, foi a vez de Kafelnikov tomar conta da partida e ele e Guga começaram a protagonizar um belíssimo espetáculo de tênis em Roland Garros. No 1/2 ele conseguiu uma quebra de saque e manteve o seu serviço para fechar o set em 6/3, com um ace. No 3º set, o russo chegou a estar bem perto de sacar para a série, quando no 4/4, Guga sacava com 0/40. Guga se salvou desses três break points e de outros dois no mesmo game e conseguiu levar a decisão para o tie-break, em que entrou concentrado, jogando ponto por ponto e venceu por 7/3.

 

No 4º set, Guga saiu na frente e abriu 3/0 com duas quebras de serviço do adversário. Mas, Kafelnikov não quis se entregar e ainda conseguiu quebrar o saque de Guga mais uma vez, no 3/0. Mas foi só o que Guga deixou o russo fazer, além dos aplausos que recebeu do próprio adversário, ao dar uma passada de esquerda paralela espetacular. No 4/3 salvou dois break points para sacar para a vitória no 5/4 e celebrar a passagem à semifinal com uma bola de Kafelnikov que ficou na rede.

 

“Quando a minha primeira bola entrou em jogo eu já estava sentindo-a bem melhor na minha raquete, do que no jogo contra o Russell. Eu sabia que tinha que começar bem no jogo, até para surpreendê-lo um pouco e mostrar que eu estava sólido. Ele esperava que eu jogasse mais cruzado e eu estava indo mais para a parelala e arrisacando mais do que o normal. No Masters, em Lisboa, joguei assim com ele e deu certo,” contou Guga, muito feliz por estar, pela terceira vez, na semifinal de um Grand Slam e especialmente em Roland Garros, seu torneio favorito.

 

“Tenho agora que desfrutar um pouco disso. Passei por uma maratona antes desses jogos e não é todo dia que você está na semifinal de um Grand Slam. Tive as melhores sensações da minha vida no tênis nesta quadra central de Roland Garros e vou lutar muito para estar pela terceira vez na final,” comemorou o número um do mundo, que em nove confrontos venceu Kafelnikov seis vezes, incluindo a vitória desta terça-feira e outras duas nas quartas-de-final deste mesmo torneio, nos anos em que foi campeão, 1997 e 2000.

 

“Já estão dizendo que o Kafelnikov é o meu amuleto e tomara que seja mesmo, mas não é isso que vai me fazer ganhar o torneio. Os jogos contra o Kafelnikov são sempre como jogos de xadrez, em que um ponto pode mudar tudo e você tem que estar focado, no jogo o tempo todo. Agora me vejo com boas chances de ganhar outra vez, mas vou ter que estar muito forte mentalmente”, concluiu Guga, que foi chamado por Kafelnikov de um Picasso das quadras, pelas mágicas que faz com sua esquerda. “Ele falou isso porque nunca me viu desenhando. Talvez eu possa fazer mágica na quadra, mas quando pego o papel sou como um jogador do qualifying.”

 

O técnico Larri Passos, que está com Guga há 11 anos, se emocionou tanto quanto o seu pupilo ao vê-lo alcançar a semifinal de Roland Garros pela terceira vez e, com lágrimas nos olhos, disse que uma das principais coisas que Guga continua fazendo é o trabalho duro. “Hoje, antes do jogo nós aquecemos por 45 minutos e isso é fundamental. O Guga é número um do mundo e continua dando duro. Ele jogou um 1ºset incrível contra o Kafelnikov e o principal nos próximos dois dias vai ser trabalhar duro e fazer a recuperação física também.” O técnico também aproveitou para explicar que não tem falado muito com a imprensa porque “aprendi com os chineses, que os sábios não falam e eu porque não sou sábio e tenho que aprender a cada dia, me calo.”

 

 

GUGA VENCE FERRERO E ESTÁ NA FINAL DE ROLAND GARROS

 

Brasileiro ganhou por 3 a 0 e lutará pelo terceiro título em Paris

 

Gustavo “Guga” Kuerten está na final do torneio de Roland Garros. Nesta sexta-feira em Paris, com uma atuação perfeita do começo ao fim, Guga não deu chances ao espanhol Juan Carlos Ferrero, 4o. colocado no ranking mundial, e venceu, sem perder um set, por 6/4 6/4 6/3, em 2h10min de um show de tênis na quadra Philippe Chatrier. No domingo, a partir das 09h15min (Brasília), ele luta pelo tricampeonato com o espanhol Alex Corretja.

 

Melhor jogador de saibro da temporada, Guga, como ele mesmo afirmou, “jogou perto da perfeição” seguindo um plano de jogo e estando forte mentalmente em todos os momentos da partida, inclusive naqueles em que a situação não lhe era tão favorável. Logo no primeiro game o brasileiro teve três break points contra e conseguiu reverter a situação. No 3/3, teve seu serviço quebrado, mas não deixou Ferrero tomar a dianteira no jogo, devolvendo a quebra em seguida, quebrando novamente o serviço do “Mosquito,” no 5/4 e fechando a série com um winner de esquerda cruzada.

 

No segundo set, Guga abriu 2/0, mas perdeu o seu saque no game seguinte. O jogo seguiu igual até o 5/4, quando novamente o brasileiro quebrou o saque de Ferrero, com uma esquerda do adversário na rede e fez 2 sets a 0. No terceiro set, mantendo o mesmo ritmo forte do início do jogo, Guga continuou sem dar chances ao espanhol, mesmo quando este tinha algum break point a favor. Guga se superava e, com jogadas fantásticas, não deixava o espanhol respirar por muitos segundos e no 4/3 a quebra apareceu, deixando o brasileiro tranquilo para sacar para vitória no game seguinte. No segundo match point, com uma bola para fora de Ferrero, Guga pulou, ergueu os braços para cima e comemorou a sua terceira passagem a uma final de Roland Garros, tendo sido campeão em 1997 e 2000.

 

“Joguei perto da perfeição, me movimentando bem e com as minhas táticas de jogo bem claras, do início ao fim da partida,” disse Guga. “Eu sabia que não podia deixá-lo controlar o jogo e nem mesmo respirar muito. Tentei surpreendê-lo com jogadas fundas e usando a experiência que adquiri nos últimos dois anos e de já ter sido campeão aqui duas vezes. Estava super à vontade na quadra e quando estou sentindo bem a bola na raquete e jogando o meu melhor tênis é difícil alguém ganhar de mim.”

 

De tão bem que Guga vem jogando ele foi comparado a Picasso pelo russo Yevgeny Kafelnikov, há três dias, e o número um do mundo contou que tentou acreditar no russo. “Eu tentei acreditar nas palavras dele, de que eu sou um Picasso na quadra. Agora quem sabe possa pegar alguma coisa do Van Gogh e tentar desenhar o meu jogo ainda melhor, porque eu não poderia querer jogar mais do que eu joguei hoje. Foi um dia muito feliz para mim e um prêmio pelo que eu passei aqui essa semana, nos jogos e nos treinos. Foram horas na quadra tentando dar um passo adiante e foi na parte mental, com a minha cabeça positiva que eu me superei,” comemorou Guga, sem esquecer do jogo contra o norte-americano Michael Russell, nas oitavas-de-final, em que salvou um match point. “O Guga que está hoje em quadra é um Guga diferente do que o de antes do match point contra o Russell. Como eu já disse, me tiraram do torneio e me colocaram de volta e agora não tenho mais nada a perder. Fui um abençoado naquele dia.”

 

E é assim, tranquilo e curtindo cada momento, que Guga pretende disputar a sua terceira final em Paris e a quinta da temporada, tendo conquistado três títulos, em Buenos Aires, Acapulco e Monte Carlo. “Nem nos meus sonhos mais mirabolantes eu poderia imaginar que eu estaria disputando a minha terceira final em Roland Garros. Vou entrar em quadra me sentindo um cara de muita sorte e disposto a lutar por todos os pontos.”

 

Nas duas outras finais que jogou em Roland Garros, Guga venceu, respectivamente, o espanhol Sergi Bruguera e o sueco Magnus Norman.

 

A partida final, será a 29a. em Roland Garros, sendo que destas 29 ele está invicto a 13. “Roland Garros para mim é um lugar muito especial. Toda vez que venho para cá, até mesmo para treinar, sinto uma coisa a mais, uma energia especial.”

 

Neste sábado, Guga (Banco do Brasil/ Diadora/ Head/ Globo.com/ Motorola) deve manter a mesma rotina com o técnico Larri Passos. Acordar por volta das 11h, fazer trabalho físico e, no final da tarde, uma hora de treinos na quadra. A esses treinos, Larri credita a passagem de Guga à final. “Foi a vitória do trabalho. Ontem à noite eu assisti uma reportagem sobre o Maurice Green e ele respondeu uma pergunta sobre qual era o segredo do sucesso dele e a resposta foi o trabalho que eu faço com o meu técnico. Eu e o Guga trabalhamos duro nesses últimos dias e eu mostrei o ombro pra ele no final do jogo, porque treinei forte com ele na quadra, fiz muita força e deu certo.”

 

Com 700 pontos já garantidos no ranking mundial e outros 140 na Corrida dos Campeões, Guga pode ficar com 1000 e 200, respectivamente, se passar pelo espanhol Alex Corretja, 13o. colocado no ranking mundial e 32o. na Corrida. Os dois já se enfrentaram seis vezes, todas elas no saibro, com quatro vitórias para Guga, incluindo a última, nas quartas-de-final do Masters Series de Roma.

GUGA FAZ FESTA BRASILEIRA EM PARIS

 

 

Depois de conquistar o tricampeonato de Roland Garros, no domingo à tarde, em Paris, derrotando o espanhol Alex Corretja, por 3 sets a 1, parciais de 6/7 (3) 7/5 6/2 6/0, em 3h12min de jogo, Guga comemorou como queria.

 

Curtiu o terceiro triunfo, se igualando a Mats Wilander, Ivan Lendl e Bjorn Borg, na quadra, festejando bastante com a torcida, desenhando um novo coração, deitando nele, vestindo uma camiseta com os dizeres Je táime Roland Garros e posando para fotos com a bandeira brasileira.

 

Depois de passar por uma maratona de entrevistas para jornalistas do mundo inteiro e de falar ao vivo com a France 2 /3, canal de televisão responsável pela transmissão do torneio na França, Guga voltou ao hotel onde está hospedado, próximo a Roland Garros, trocou de roupa e partiu para a região da Bastilha.

 

Lá, no restaurante brasileiro, Terra Samba, ele comemorou com a família, com o técnico Larri Passos, os membros de sua equipe e os amigos que o acompanharam na campanha rumo ao tri, o título que mais saboreou na quadra central de Roland Garros.

 

No restaurante, Guga comeu churrasco, arroz, feijão, cantou e dançou ao som do músico Marcelo.

 

Também estava presente no Terra Samba o vice-campeão de duplas mista, Jaime Oncins, que ficou em Paris para assistir ao companheiro de equipe de Copa Davis jogar a final do torneio mais charmoso de tênis do mundo.

 

Bem ao seu estilo, Guga estava completamente à vontade, entre a mãe Alice, o irmão Rafael, o técnico Larri, sua equipe e os amigos.

Fotos da nossa fotógrafa e grande amiga Cynthia Lum

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Espanhol preparador físico de Sharapova fala da exigência do físico em Roland Garros e da preparação física no tênis mundial

Já estou para escrever este post até mesmo antes de Roland Garros começar. Estava com ele na cabeça, mas às vezes vão acontecendo outras histórias e as iniciais acabam ficando para trás.

Cada Grand Slam tem a sua particularidade e uma de Roland Garros é o fato de ser o que exige mais preparo físico dos jogadores. É no saibro, os pontos são mais longos e haja fôlego e resistência dos tenistas.

Por isso, reproduzo aqui o meu bate-papo com o Juan Reque, o preparador físico espanhol da Sharapova em que ele fala da transformação da preparação física no tênis nos últimos anos e da importância atual dela no circuito.

Ontem, depois do jogo em que Sharapova chegou a estar perto de um adeus precoce a Paris diante da francesa Caroline Garcia, falei com Juan e ele confirmou que se em Roland Garros você não estiver com o físico bem preparado, bem mais do que nos outros Grand Slams, vai sofrer para avançar ou não vai aguentar.

Veja os principais trechos da conversa com o madrilenho Reque, publicada na edição 113 da Tennis View sobre preparação física no circuito profissional e as dicas que ele dá para quem está começando.

 

 

Preparador físico de Sharapova avalia a evolução física no tênis profissional e avisa: “a preparação tem que começar antes do profissionalismo.”

 

Juan Reque trabalhou cinco anos na ATP antes de se mudar para os EUA para cuidar exclusivamente da russa

 

Já estamos cansados de ouvir e de comprovar que sem o físico no circuito profissional, tanto no masculino, quanto no feminino, não há como chegar longe e vencer barreiras entre os tops. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, até pouco tempo atrás o físico não tinha tanto espaço no dia-a-dia dos tenistas. Claro que havia a preparação, mas não da maneira como é feita atualmente.

Quem conta como tudo começou é o espanhol Juan Reque, 38 anos, fisioterapeuta e preparador físico de Maria Sharapova que trabalhou por cinco temporadas na ATP, como fisioterapeuta do circuito, atendeu entre muitos tops, Rafael Nadal em sua clínica a NovoReq na Espanha, antes de se mudar de Madri para  Los Angeles para cuidar exclusivamente do físico da russa radicada nos Estados Unidos.

 

Tennis View – Como você avalia a evolução física no tênis profissional?

Juan Reque – A primeira coisa que temos que notar é que há dez, quinze anos quase não havia jogadores viajando com preparadores físicos e fisioterapeutas no circuito. Pete Sampras foi um dos primeiros a viajar com um todo o tempo e foi o Alex Stober, que trabalhou na ATP e depois até trabalhou com o Guga. O Alex foi um precursor assim como o Walt Landers – falecido em 2004 – que viajou com o Yevgeny Kafelnikov, Marat Safin, Lleyton Hewitt e por um período até com o Andre Agassi e o próprio Sampras.

 

TV – Então os tenistas não se dedicavam tanto ao físico quanto hoje?

JR – Eles faziam o básico da preparação física que é o aquecimento e depois o que chamamos de cool down pós jogo ou treinos. Somente quando havia uma lesão os tenistas davam atenção de fato ao físico e iam tratar do que já estava ruim, quando já era tarde.

 

TV – E quando começou a haver essa mudança?

JR – Pouco a pouco, muito devido a exemplo de outros tenistas que deixaram as quadras cedo por causa de lesões, eles perceberam que talvez fosse melhor prevenir, do que chegar ao momento em que não possam fazer mais nada e tenham que parar de jogar antes da hora, como foi o caso do Guga e do Magnus Norman.

 

TV – E você sentiu essa mudança na base ou só entre os mais tops?
JR – Hoje em dia os adolescentes de 14, 16 anos já estão trabalhando o físico nos programas das principais federações do mundo e assim quando estiverem jogando profissionalmente já terão um conhecimento melhor do corpo, percebendo sinais importantes que ele sempre dá.

 

TV – Sabemos que você não pode contar detalhes do seu trabalho com a Sharapova, mas qual é a principal função de um fisioterapeuta e/ou preparador físico que se dedica exclusivamente a um tenista?

JR – O principal objetivo acompanhando o jogador o tempo todo é fazer com que o corpo do atleta se mantenha sempre em boas condições. O corpo tem que estar flexível, bem compensado e o atleta tem que poder se movimentar bem.

Além disso, uma das principais funções é estar atento, em cima o tempo todo para que não ocorra nenhuma lesão grave, apesar de nem sempre podermos evitar.

O trabalho compreende os músculos, as articulações, tendões, ligamentos, a parte cardio vascular e também do tempo de descanso, do treino, da alimentação. Enfim, é bem completo.

 

 

TV – O que você recomendaria aos tenistas que estão iniciando um trabalho mais sério como juvenis e entrando no profissionalismo?
JR – Acho que uma idade boa para começar a fazer preparação física mais a sério é aos 16 anos. Deve haver um aquecimento sempre, a preparação física em si, um bom trabalho de compensação e condicionamento físico. O que todos tem que ter em mente é que o físico, se não for bem trabalhado, pode um dia vir a te impedir de jogar e você tem que saber também que quando chegar ao profissionalismo não basta ter físico para jogar bem uma partida e sim um campeonato inteiro, uma temporada e para aguentar Grand Slams.

É recomendável, desde o início que haja um entendimento da equipe de preparação física com a equipe técnica, seja em clubes, academias ou quando for particular. Os treinos de tênis e preparação física tem que ser adaptados a cada jogador e aos objetivos traçados.

 

 

 

 

 

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E Roland Garros começou… Djokovic, Federer, Bellucci, Schiavone

Roland Garros começou ontem, no domingo, mas foi uma rodada sem grandes emoções e jogos.  Desde que iniciaram esse novo formato, talvez o único domingo inesquecível do campeonato tenha sido o da despedida do Guga em 2008. Os outros foram apenas um aquecimento para as grandes estrelas entrarem em quadra.

E nesta segunda, o torneio começou com tudo. 

Para os brasileiros, comemoração da vitória de Thomaz Bellucci sobre Andrey Golubev, do Cazaquistão, por 6/4 6/4 6/7(4) 7/6(5).

Roger Federer não teve muitas dificuldades para vencer Feliciano Lopez por 6/3 6/4 7/6(3) e nem Novak Djokovic, vindo de um dia de comemorações do seu 24º aniversário. Ele passou fácil por Thiemo de Bakker, por 6/2 6/1 6/3.

Campeã do ano passado, Francesca Schiavone arrasou a americana Melanie Oudin, por 6/2 6/0.

E o francês Stephane Robert, vindo do qualifying, se tornou a grande estrela do dia ao eliminar, em cinco sets, o semifinalista do ano pasado, Tomas Berdych, de virada, por 3/6 3/6 6/2 6/2 9/7.

Longe do circuito há 14 meses – jogou duplas em Munique há algumas semanas – Tommy Haas, usando seu ranking protegido jogou mas perdeu contra o turco Marsel Ilhan, por 6/4 4/6 7/6(1) 6/4.

Com muita expectativa em torno de sua participação, Aravane Rezai não conseguiu corresponder e perdeu para Irina Begu por duplo 6/3. A francesa de origem iraniana atravessa o período mais conturbado da sua história, com o pai tendo sido banido do circuito e ela tendo praticamente abandonado a família, por motivos pessoais, em que os familiars não aceitam sua posição de mulher ocidental.

Homem do momento, Novak Djokovic, teve talvez a estreia mais tranquila de Roland Garros até então.

Mas, até como forma de tirar um pouco a pressão de si mesmo, continua afirmando que o favorito ao título é Rafael Nadal. “Ele perdeu apenas um jogo em todas as participações dele em Roland Garros,” disse o sérvio na entrevista coletiva após o jogo.

Djokovic teve que falar também sobre a sua dieta sem glutem. Ontem, durante a comemoração do aniversário, em que visitou a redação do jornal L’Equipe e a embaixada sérvia com os jogadores de seu País, ele não comeu alimentos com glutem e evitou bebidas alcóolicas. “Não vou revelar detalhes, só vou dizer que é uma dieta sem glutem e me ajuda muito especialmente nos problemas que eu tinha de alergia, ainda mais nesta época do ano. Mas não é só isso que estou fazendo. Muitas outras coisas me ajudam, como a preparação física, mental, recuperação, etc…”

 

 

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Federer: “Nunca tive uma semana antes de Roland Garros tão calma e para mim, o Nadal ainda é o favorito.”

Roland Garros começa neste domingo e confesso que é bem estranho não estar em Paris. Tinha me programado para viajar neste sábado, mas os compromissos com o meu outro trabalho do “Lixo Extraordinário,” e os catadores de materiais recicláveis, na transformação deles em empreendedores, além de exposições de arte que estou envolvida (Fernando de La Rocque e Gais), me impediram de viajar agora. Quem sabe ainda consiga chegar a Paris para a segunda semana do Grand Slam.

De qualquer maneira, não é só porque não estou em Roland Garros que não estou acompanhando o torneio  e o que está acontecendo por lá. Tenho meus contatos, minhas fontes e vou passar muitas horas nos próximos dias lendo os jornais franceses.

Neste sábado, em uma entrevista das mais legais que li do Federer nos últimos tempos, feita pelo colega jornalista Vincent Cognet no L’Equipe, ele afirma que com toda atenção voltada para o Nadal e para o Djokovic, que nunca teve uma semana tão tranquila antes de Roland Garros. “Antes tinha aquela história de que era o único Grand Slam que faltava para eu vencer; eu ganhei e no ano passado eu era o defending champion. Neste ano tive menos pedidos de entrevistas e eventos com os patrocinadores, menos pressão, muito mais calmo.”

Entre as inúmeras perguntas e respostas, Federer afirmou que agora já não é mais o momento de se perguntar o que ele tem que fazer em quadra. “Essas perguntas eu fiz depois de Monte Carlos. Reuni minha equipe e vimos o que tinha que ser feito antes de Roland Garros. Se eu devo jogar mais dentro da quadra, trabalhar melhor a movimentação, as pernas, etc… Agora já estamos numa bolha.”

Sobre o momento de Djokovic, Federer disse que não esperava ver o sérvio chegar a Roland Garros, desde o começo do ano sem perder um jogo. “Ninguém imaginava. Mas, depois de vê-lo em Dubai, sabia que ele seria um adversário muito complicado em Indian Wells e Miami. Quando um jogador começa uma temporada como ele, ela poder ir longe.”

Mesmo com todos os resultados de Djokovic dos últimos meses, Federer não considera que o tenista de Belgrado esteja no mesmo patamar do que ele e Nadal. “Eu tenho 16 Grand Slams, o Rafa tem 9 e ele tem dois. Ele ainda precisa de um pouco mais para se sentir um monstro, como eu eu o Rafa nos sentimos.”

E como é se sentir um monstro pergunta o L’Equipe. “Eu gostava, mas tudo passa muito rápido. Fora da quadra era muito estressante, mas dentro da quadra era uma alegria total. Mas é torneio atrás de torneio, você vive a sua vida quando pode e acaba ficando dentro de uma bolha. Você acaba esquecendo do resto do mundo, mas o mais importante disso é aproveitar porque isso é passageiro e você vai de um para o outro muito rapidamente.”

Federer disse que para ele o fato de não ser favorito este ano em Roland Garros – ele estreia contra Feliciano Lopez e está na chave de Djokovic – não é novidade. “Nunca me senti favorito aqui e prefiro estar na chave do Djokovic do que na do Nadal. Para mim, ele ainda é o favorito.”

Sobre o fato de não ser mais número um do mundo, o suíço falou que não faz diferença, mas que claro que ele preferiria ser o número um do que o número três. “Quem não gostaria?”

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Do “Red Carpet” do tênis, Roland Garros, para Hollywood

Faz um tempo que não posto nada no blog e ainda vou ficar alguns dias ausente. O motivo é empolgante e a missão é nova.

Escrevo de dentro do avião, no trecho Atlanta – Los Angeles e o mais incrível é que parece que vou conseguir colocar o texto online daqui mesmo, above the clouds. O Facebook já funcionou – uma oferta para divulgar o wifi no avião. Vamos ver depois como vai ser para navegar de fato na internet.

Assim como quando comecei a trabalhar com o Guga e ele ganhou Roland Garros pela primeira vez ainda estava na faculdade e tinha praticamente nenhuma experiência em ser assessora de um astro do esporte do mundial, cheguei a Paris no meio do campeonato sem nunca ter estado em um Grand Slam e acabei trabalhando com ele por mais de 13 anos, entrei agora numa nova aventura.

Por enquanto ela está sendo extraordinária e eu nem cheguei a Hollywood.

Há algumas semanas comecei a trabalhar com a Jackie de Botton, uma amiga que conheci através de um grande amigo em comum. A Jackie, baseada no Rio de Janeiro, é produtora executiva do filme “Lixo Extraordinário – Waste Land” de co-produção Brasil /Inglaterra que concorre ao Oscar de Melhor Documentário e empresária do Tião, o Sebastião Santos, personagem principal do filme e líder dos catadores, um personagem e tanto da vida real.

Enfim, o trabalho que começou bem discreto acabou me trazendo a este vôo que me leva a Los Angeles para o Oscar.


Nas últimas semanas esse trabalho virou minha função principal. Passei mais tempo no Rio do que em São Paulo, estive algumas vezes no Jardim Gramacho, o maior “lixão” da América Latina, conheci pessoas incríveis que tem planos arrojados de transformar a maneira como o Brasil se relaciona com o lixo e que podem fazer muito pelo nosso País, em termos de sustentabilidade, passei a falar com as editorias de entretenimento e “verdes,” em vez da de esportes, escrevi sobre cinema, manifestação, a história do catador de material reciclável que estará no “Red Carpet,” no domingo, fizemos photo shoots, no ateliê e no Jardim Gramacho, agendei entrevistas, e muitas, para ele nos próximos dias em Los Angeles, entre muitas outras coisas ligadas a esta nova função de publicist e PR do Tião e da Jackie e enfim, daqui a pouco aterriso in LA.

A agenda está cheia até domingo. São inúmeras entrevistas, encontro com cônsul, jantar, screening do filme no WGA Theater, sessão de perguntas e respostas com o público, e o Oscar no domingo.

É um novo mundo, mas o trabalho é o mesmo e por enquanto, estou adorando.

Tennis View, Try Sports, os livros de PR & Marketing e tudo o mais que faço, não ficaram esquecidos, nem abandonados. Estou acompanhando tudo a distância e contando com a minha superequipe no escritório em São Paulo e na semana que vem, estou de volta.

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Clijsters, a supermãe, world number one da WTA

Sei que a época e de Brasil Open, mas o assunto do momento é a Kim Clijsters como número um do mundo novamente.

Cinco anos depois de ter atingido o auge, chegando ao posto mais cobiçado do tênis mundial, Kim Clijsters, agora mãe, retoma a coroa.


Já escrevi alguns posts sobre a Clijsters e recentemente, para fazer a materia da edição 111 da Tennis View, que saiu nesta semana, com a Clijsters na capa, li mais ainda sobre ela.

Muita gente vai dizer que ela só voltou a reinar no tênis porque Serena Williams está lesionada, porque a Henin definitivamente se aposentou e porque não tem ninguém para ameaçá-la. Mérito dela que não se lesionou, que conseguiu dominar o tênis, que programou um calendário adequado ao seu estilo de vida e que viu o ranking como consequência.

Campeã do US Open de 2010, do Masters de Doha e do Australian Open, Clijsters aparecerá como número um da WTA na seguna-feira, quando o novo ranking for divulgado, devido a esses resultados e por ter alcançado a semifinal do Open GDF de Suez, em Paris, exatamente 256 semanas depois da última vez em que esteve na liderança do circuito.

Apesar de focar nos Grand Slams, Clijsters comemorou a o novo status, de number one in the world, em Paris. “I am happy to regain the No.1 here in Paris as I feel like it’s close to home in Belgium. I’m proud that I have achieved this in my second career and as a mom.”

Clijsters tira a dinamarquesa Caroline Wozniacki, que muitos chamaram de rainha sem coroa, no topo do ranking desde outubro (18 semanas seguidas).

A belga tem que comemorar mesmo. Afinal, quantas mães já ganharam o título de número um do mundo, sem ser dado pelos filhos, por mérito mesmo nas suas carreiras, especialmente nas esportivas?

Supermãe, mãe do ano, mãe de todas, são títulos que serão cada vez mais atribuídos a ela nos próximos tempos.

Sinais de um novo mundo, em que o marido – Brian Lynch – toma conta dos afazeres domesticos e do dia a dia da família com a pequena Jada e a esposa Clijsters exerce com sucesso a sua profissão.

Para ler mais sobre a Clijsters tem estes posts – http://gabanyis.com/?p=2318http://gabanyis.com/?p=1815 e a edição 111 da Tennis View

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Djokovic comprova evolução mental e física na conquista do Australian Open

Lembro logo que o Australian Open começou de ter ouvido uma pergunta para o Djokovic, após uma de suas vitórias, que me chamou a atenção. A questão era. Desde Roland Garros você vem melhorando de produção nos Grand Slams. Foi às quartas em Paris, à semi em Wimbledon e a à final no US Open. Vai ganhar o Australian Open?

Sim, Novak Djokovic, o “Imperador da Sérvia,” ganhou o  seu segundo título de Grand Slam, convincentemente, derrotando Federer na semifinal e Andy Murray na decisão, por 6/4 6/2 6/3, sem falar do Berdych nas quartas.

Como a comparação da evolução dos resultados nos Grand Slams, a vitória para a Sérvia na Copa Davis, no fim do ano, é notória a evolução mental, física (lembra quando ele tinha que abandonar jogos, especialmente no calor, por não aguentar fisicamente?) e técnica do seu jogo.

Para duelar de igual para igual com Federer e Nadal, teve que  fazer mudanças em todos os planos do seu jogo.

Mudanças que ele mesmo explica e que foram principalmente mentais e físicas. Como costuma dizer o colunista de preparação física e mental da Tennis View, o internacional Steve Jack, não há como separar a mente do corpo. Djokovic comprova.

Veja o que ele disse na entrevista coletiva do campeão do Australian Open 2011.

N  Djokovic – 30 01 11 1

Q.  Do you think you could play any
better than this?  Is it a perfect match that
you expected, that you dream of, or not?
NOVAK DJOKOVIC:  This was a great match.  From the start to the last point, I did what I intended of doing tactically, what I talked with my coach, what I prepared for.  Physically I was very fit. I had two days between the semifinals and finals match, which was important at this stage of the tournament.  Because I was aware of the fact that I
am going to — yeah, bring it to me.  (Laughter.)  That will have long rallies and I will have a player who doesn’t miss a lot, a very talented player who is one of the best returners in the game.  And, yeah, you know, I had to step in.  That was the key.  When I had the chance to step in and try to move him around the court, that’s what I did.  Probably the turning point was the last game of the first set where we had some incredible exchange from the baseline, long rallies, and some passing shots that turned the
match around.  You know, when you have a set advantage, it’s much different, you know, instead of getting into the match.

Q.  It’s been three years between getting one of those.  Do you feel like now that you’re older and more experienced, it
won’t be as long the next time?
NOVAK DJOKOVIC:  Yes, I feel like more experienced player.  I feel a better player
now than I was three years ago, because I think that physically I’m stronger, I’m faster, mentally I’m more motivated on the court.  I know how to react in certain moments, and I know how to play on a big stage.  It’s the best way that I could ask for to start a season.

Q.  How did you fix your serve?
NOVAK DJOKOVIC:  Well, hitting thousands and thousands of balls on the practice.  It’s all about hard work and patience, I guess, dedication to the hard work which in the end pays off.  That’s the situation.  There is no secrets.  Of course, I was aware of what I do wrong.  But once it gets into your head, it’s really hard to get it out of your habit.  Everybody was, you know, criticizing me, Why did I change my serve?  I didn’t change it intentionally.  It just came like that.  I worked hard the last 10 months, and
now it’s back.

Q.  You took a tough loss here last year, Roland Garros obviously, and then even
Wimbledon.  Did something happen in between Wimbledon and the hard courts where you regained confidence?
NOVAK DJOKOVIC:  Something switched in my head, because I am very
emotional on and off the court
.  I show my emotions.  This is the way I am.  Everybody’s
different.  The things off court were not working for me, you know.  It reflected on my game, on my
professional tennis career.  But then, you know, I settled some things in my head.  It was all on me. You know, I had to try to find the best possible solution and try to get back on the right track.  That’s what I did.

Q.  Can you talk about some of those secrets that you discovered about yourself that helped you get back on track?
NOVAK DJOKOVIC:  As I said, you know, something switched in my head.  It’s been a big mental struggle, because I was trying to separate my, of course, professional life from my
more private life.  But, you know, if somebody’s emotional — we’re all humans.  It’s not possible.  If something isn’t working off court, then it’s going to reflect on the court.  I managed to solve that problems.
This is all part of life.  Of course, everybody’s facing difficult situations in their lives.  To overcome the crisis and to stand up
and try to still dedicate yourself to the sport was a big success for me as a person.

Q.  You said you were sure Andy would win one one day.  What makes you sure?
NOVAK DJOKOVIC:  I just said.  He’s, first of all, a very talented player and he’s a hard
worker.  He’s been in finals three times, and he just needs to make that final step.
Of course, it’s not easy.  You could see his struggle and frustrations tonight, because he
felt his chances to win a first Grand Slam trophy tonight.
But, you know, it’s a learning process, I guess.  It wasn’t easy for me, as well.  I know
how he feels.  I’m sure that he knows how he feels the best.  He’s still young.  I’m sure he’s
gonna have more chances to win it, so…

Q.  Three sets to Federer and three sets to Murray.  How different were you  feeling against Federer and Murray?  When
you were more worried?
NOVAK DJOKOVIC:  You’re always worried, the semifinals and finals of Grand Slam.
You have your own worries and little pressure and expectations and things that you feel during the match.
But, you know, you work hard to be mentally prepared for these moments and physically fit to overcome the long five-setters.

You know, both of those matches were different, because I played against two different types of
players.  You know, I take always one match at a time.  I try not to look who I’m going to play, you
know, in the later stages of the tournament, even though maybe as a top player I’m expected to.
But, you know, it’s always been like that.  I always try to take one match at a time.

Q.  You have so much in common.  What’s the difference between having two Grand Slams and not having one?  What’s the
difference between you, do you feel?
NOVAK DJOKOVIC:  Well, it’s hard to say.  What do you mean?

Q.  Do you feel for him it’s a mental issue in the big matches?  You looked very confident and strong out there tonight.
NOVAK DJOKOVIC:  Well, it is in some ways a mental issue when you are facing a
situation, playing the finals of a Grand Slam, being so close to winning a title.  Every time you get it there, you know, you want to win it badly, but some things go wrong.  You’re thinking too much.  You’re worrying too much in your head.
It’s a mental battle, definitely.  Bottom line is that this is a very mental sport in the end
.  Everybody
is very fit.   I think tennis has improved so much in the last couple of years.  It’s incredible.  To compare the tennis from 2007, ‘8, to the tennis of 2010, ’11, I have the feeling the ball is traveling much faster, they’re big hitters, big servers.
So in order to keep up, you have to be always dedicated professional and consistent with your success.

Q.  There are a few people saying now that because Rafa and Roger went out before the final, the tide is turning, a changing of the guards, so to speak. Do you feel that’s the case?
NOVAK DJOKOVIC:  Still Rafa and Roger are the two best players in the world.  No question about that.  You can’t compare my
success and Murray’s success to their success.  They’re the two most dominant players in the game for a while.  All the credit to them.  It’s nice to see that there are some new players in the later stages of Grand Slams fighting for a title.  That’s all I can say.

Q.  Some of your footwork was outstanding.  At the end when you took your shoes off to throw them into the crowd, you
took out the insoles.  Do you have to have special insoles?
NOVAK DJOKOVIC:  Yes.  That’s the secret to my footwork.  You got me there
(smiling).

Q.  The Davis Cup win and now this, the last two months, has this been the best period in your life so far?
NOVAK DJOKOVIC:  On the tennis court, yes.  Yeah, Davis Cup title and another Grand Slam title.  I’m living the dream of a tennis player, definitely.

Q.  Are you more focused than ever on your game?
NOVAK DJOKOVIC:  Yeah, I’m very focused.  Yes, I have been more focused and dedicated to the sport than I have ever been before.

Q.  There are only two players but Nadal and Federer that have won two slams, you and Hewitt.  Hewitt when he did it, he
stopped.  What do you expect from yourself, to win many?
NOVAK DJOKOVIC:  I don’t want to stop here.  Definitely I want to keep my body healthy,
fit, and ready for some more challenges to come.

I feel that I have a good game for all the surfaces.  I have proven that in the past.

Q.  Which ones?
NOVAK DJOKOVIC:  Hard court.  Hard
court is my favorite surface.  Two finals in US
Open and two finals here.  It’s obvious; results
are showing everything.
But, still, I feel I can do well at French
Open and Wimbledon.

Q.  You’ve driven yourself to the point of exhaustion, overplaying, in previous seasons.  How do you avoid doing that again
this year?
NOVAK DJOKOVIC:  Well, I think you’re getting wiser by the time of being a part of this
sport.  You are more aware of the things that you should do and not do.  I was spending too much
energy on the things I shouldn’t spend on.  I mean, it’s school, a learning process.
That’s why I have a big team around me of people who are organizing my time and making me feel a bit released and making me perform the best that I can on the court.

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Dementieva explica a despedida do tênis, em Doha


Dementieva anuncia o fim da carreira em DohaA despedida de Elena Dementieva pegou todo mundo de surpresa ontem. A russa, de 29 anos, depois de perder o seu último jogo no WTA Championships, em Doha, contra Francesca Schiavone, anunciou para o mundo que estava se aposentando das quadras.

A decisão ela já havia tomado no início da temporada, mas optou por não contar para muitas pessoas – somente a família e os amigos muito próximos sabiam da decisão – querendo evitar turnê de despedida e ter que falar sobre o assunto o tempo todo.

Preferiu deixar o circuito enquanto ainda estava vencendo. Chegou ao terceiro posto no ranking mundial, venceu 16 torneios, ganhou a Medalha de Ouro Olímpica em Beijing, em 2008 e agora está pronta para começar uma família.

Primeira russa a alcançar a final de um Grand Slam – em 2004, em Roland Garros, perdeu a final para a compatriota Anastasia Myskina -, Dementieva não conseguiu vencer um torneio da categoria, mas sempre estava lá. Teve seu saque como seu principal inimigo, mas não deixou de vencer por isso. Competiu durante 13 temporadas, encantando o mundo.

Não posso dizer que conheço bem a tenista. Claro que a vi jogar bastante, participei de bastante entrevistas com ela e durante muitos anos em Paris ela ficava no mesmo pequeno hotel, a poucos passos de Roland Garros, em que costumávamos ficar com o Guga. Discreta, fluente em diversas línguas, era dedicada ao esporte, aos estudos, um pouco diferente das superestrelas do circuito. Era uma estrela, sem precisar aparecer.

Como despedida, deixo aqui a transcrição da entrevista coletiva enviada por colegas, que ela concedeu ontem, no Khalifa Stadium, em Doha, logo após anunciar que não competiria mais na WTA.

Q. Why are you doing it?
ELENA DEMENTIEVA: (Laughter.) I need some support. Why are you asking me these questions?
I think it’s the right time for me. I never wanted to wait until my ranking dropped and I’m not going to be able to go to the main draw. I always wanted to leave this sport with a passion for it. Tennis has been such a big part of my life, and always will be.
To be honest with you, I mean, if I would be a man I would never stop playing. But in the age 29; I have to think about something else. I think I’m ready for the big change in my life.
Still, it’s very tough decision to make. Very emotional. I made the decision in the beginning of this season, so it was very hard coming to the tournaments knowing that this was my last one. It was very emotional for me to play the whole year.
But, I mean, that’s decision like — you know, it will happen to every athlete, and you have to get ready for this.

Q. What ideas do you have for the future? You say you want to explore new avenues. Media? Coaching? Getting away from tennis altogether?
ELENA DEMENTIEVA: You know, I think — well, I’m pretty sure I’m going to miss so many things about our tour. Well, right now I feel like it’s the end of the world, because I really like to play. It’s going to be completely different life for me.
It’s really hard to talk about it. Very emotional.

Q. In those circumstances, it’s tough, I know, but some of the Tweets that have been coming in from all over the world, most seem to be why? They can’t understand why someone as who is talented as you and can still play at a very high level would decide that now is the time to stop playing. That seems to be the general feeling.
ELENA DEMENTIEVA: Yeah, that’s the way I feel. When I talk to my family about this decision I was really waiting for them to support me, but they were very surprised. They told me, You have to make the decision. It’s up to you. You are the only one who knows what is the right time for you. Nobody else.
We want you to play because we know who good you can be, and you still can play couple of years and win many tournaments. But if you feel this way, you have to make this decision. I was really looking for some support. I think nobody was really happy about it maybe except my boyfriend.
Yeah, I feel very sad. But, like I said, it’s the right time for me.

Q. How will you occupy your time?
ELENA DEMENTIEVA: Well, I study. I study in one of the best university in Moscow. I started last year, so obviously now I have more time to do some more study.
Then I decide what I like to do in my life. Because I think it’s one of the most difficult part, you know, for every athlete to make such a big change in my life.
I really want to keep myself busy, because it’s going to be hard to watch all the girls playing. I know I’m going to follow the tournaments. I’m sure I’m going to watch Australian Open and send some messages to the winners.
I’m going to keep myself busy and try to find some other interests in my life.

Q. So when you did the speech for Amélie in Paris, you already know for you?
ELENA DEMENTIEVA: Yes, and, you know, I was very emotional for her, because we all kind of — we had idea that she was going to retire in Paris, but I think nobody really know about my decision.
I didn’t want to make it public. I didn’t want everybody talking about the whole season. You know, I only told to my family and close friends, so today in the court I was very surprised that everyone kind of knew about my secret. They all were standing, and it was very special for me.

Q. How do you want people remember you in the future?
ELENA DEMENTIEVA: Well, I don’t know if I want people to remember me. I’m sure I’m going to remember myself as Olympic champion. That’s the best thing could ever happen in my career. That was the biggest goal, and I’m so proud of that moment. It was unforgettable experience and unforgettable memories for me and my family.
I don’t think about how people going to remember me.

Q. Was there one match or one experience that – I guess it was this time last year – made you think, That’s it, one more year? Or did you just come to the conclusion when you were in the off-season and taking time off?
ELENA DEMENTIEVA: Well, I always had a dream of winning French Open, so starting — you know, playing this season, I just wanted to give myself another try. After Olympic Games, that was the biggest dream of mine. I was so close.
But I mean, I was pretty lucky. I never had so many injuries during my career. I was pretty healthy. But that injury probably happened in the worst moment in my entire career.
Yeah, but, you know, I have no regrets. I think I was practicing very hard; I was trying very hard; that was my way.
If it didn’t happen, it didn’t happen, but I have nothing to blame myself. I was very professional and I had nothing but tennis, tennis, tennis, and I did it with passion.
So I have absolutely in regrets. I have so many things to be proud of. It was a very difficult and long way for me. So, yeah, I just have very nice and unforgettable memories.

Q. Stacey Allaster said, This is your family; please don’t go away, or don’t go away for too long. Can you imagine being involved in the WTA Tour in some way in the future?
ELENA DEMENTIEVA: Yeah, it’s so true. I know all of these people who work in WTA for so many years, and we get very close with some of them. It feels like a family. We’re all spending so much time together, traveling together. It’s very hard not to see them again.
I’m not sure if I’m going to be involved in WTA Tour, but it’s great to know that Stacey is taking care of our tour. I think she’s doing a great job. It’s not an easy job to do. We have so many great changes already.

Q. I remember asking you at the start of the week how you thought you were going to do next year, and now I know why you said you didn’t want to talk about next year.
ELENA DEMENTIEVA: It was so funny, like all the players are asking me, Oh, where you going for vacation? Where are you going tos tart next year? I’m playing Hopman Cup or Hong Kong. What’s next for you?
I was like, Well I don’t want to talk about it.

Q. But in terms of strength of the game, how strong do you think women’s tennis is and can become with some of the young players coming into the game right now, someone like Caroline Wozniacki, for instance, the new No. 1?
ELENA DEMENTIEVA: Well, it’s really great achievement for her. In the age 20 she’s reaching the No. 1 one position. I think it’s extraordinary result. It’s good to have new faces on the tour. She played an excellent year, and she really deserves to be No. 1.
You know, I just feel sorry for Williams sisters, that they are not here. With them, it’s really interesting and challenging for the rest of the players. But I think we’re going to see some more young players coming on the tour and playing in the top level, because I think this is kind of time to change.
There are a lot of 29, 27, 30 years old players that are going to retire in a year or two, so for sure we going to see some new faces coming up.

Q. Does stop playing tennis in not a big country, in Qatar, mean anything for you?
ELENA DEMENTIEVA: You know, in the beginning of every season, I always had a motivation to get to the Championships. This is the biggest event in the end of the season.
You know, I was very happy that I could play my last one here. It’s been three years that we’re playing here. Like I said, it’s been very amazing and unique experience for all of us. I will remember this. It was very special.

Q. When you came into the top part of the game, you were a major part of what was, you know, probably wrongly called at the time, the Russian Revolution. There was so many of you girls coming through at the same time. Do you see now that Russia is going to carry on producing such a number of top-class players, or do you think it’s going to be more maybe China or places like that that bring numbers of players through?
ELENA DEMENTIEVA: Well, it’s difficult for me to talk about China because I don’t know exactly how many junior players they have for the moment. I think we going to see some more very good Russian players coming on the tour.
Well, I think from my generation, the key for all of those good result was the competition. We had so many great players, and the competition really makes you work hard. It’s just an extra motivation for all of us.
So I think right now we have so many good juniors playing in the top level and trying to come to the tour, so, yeah, for sure we going to see some more Russian girls.

Q. You said that if you were a man you would play on forever, and you got some big changes in your life coming up. Can we assume you’re looking to start a family in the future?
ELENA DEMENTIEVA: I hope so, yeah.

Q. Which is the best moment in your sports career that you would never forget it?
ELENA DEMENTIEVA: Well, there are a couple of things, couple of weeks that I will never forget. I would never forget my first tournament that I won on the tour, because I was waiting for this moment for a long, long time.
I remember I won in Amelia Island, one of the very popular tournament on the tour, beating like four, you know, top 10 players. Beating Justine in the semifinals, saving match point, I still remember that. And then beating Lindsay Davenport in the final, I was so exciting to win my first event.
For sure I will remember all the experience in the Olympic Games. My first Olympic Games in Sydney with a silver medal; disaster in Athens; and for sure the gold medal in Beijing. I will never forget it. That was the best week of my career. Yeah, like I said unforgettable experience.

Q. What were the biggest disappointments in your career, that French Open against Anastasia?
ELENA DEMENTIEVA: No, I’ve not thought about that as a disappointing. I was 19 years old. It was a great experience for me.
Like I said, I have no regrets because, you know, that was my way. That’s the way I played. I was far away from being perfect, but, you know, I had a great fighting spirit. Even without good serve, I was struggling for so many matches, but I was fighting and I was never give up. I was giving 100% on the court no matter who well I was playing. This is what I like.
You don’t have to be perfect, but you have to try very hard, and I did all the time.

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Update sobre o futuro de Roland Garros – Grand Slam deve permanecer em Paris

Desde a edição deste ano do torneio de Roland Garros, um dos assuntos mais comentados é a possível mudança do local histórico do torneio, de Paris para alguma outra região próxima à capital francesa. Algo que parecia apenas história, começou a se tornar uma real possibilidade.

Durante o torneio, tive acesso a um dossier com as possíveis candidaturas  das regiões de Versalhes, Marne-la-Vallée e Gonesse para receber o Grand Slam para fazer a matéria para a Tennis View, que reproduzo neste blog.

O principal motivo para a mudança é a falta de espaço do lugar onde está hoje o French Open.

Todos os Grand Slams cresceram, menos Roland Garros.

O público, os jogadores, a imprensa, enfim, todos os envolvidos no evento sentem a falta de espaço e na localização atual, sem o auxílio da prefeitura para liberar áreas em Porte D’Auteil, não haveria maneira de aumentar o espaço físico do torneio.

vista aérea de Roland Garros (FFT)

Ontem, em uma visita ao ATP de Metz, o Presidente da Federação Francesa de Tênis, Jean Gachassin, afirmou que desde o anúncio da possibilidade real de mudança de lugar de Roland Garros, a prefeitura vem se mobilizando para ajudar a manter o French Open onde ele está e onde nós brasileiros assistimos Gustavo Kuerten brilhar.


“Há alguns dias obtivemos da prefeitura a concessão do estádio Jean Bouin, que tem 17 quadras e fica a 100m de Roland Garros. É um grande plus,” afirmou Gachassin.

Mesmo assim, o Presidente ainda não quer dar como definitivo “o fico”. Disse que ainda estão sendo estudadas mais melhorias na região e que as outras candidaturas não foram descartadas.

Nas últimas semanas até mesmo o maior ídolo francês, Yannick Noah se manifestou a favor da permanência de Roland Garros em Paris. “Pela tradição, pela história, o torneio merece ficar em Paris. As paredes falam. Os mosqueteiros, toda a história do torneio, há muitas coisas aqui e devemos conservar a tradição, mesmo que a gente perca um pouco de dinheiro.”

Mas, pelo desenrolar da história, Noah não precisará se preocupar. Parece que Roland Garros deverá ficar mesmo em Roland Garros.

Matéria da edição 106 da Revista Tennis View

Projeto da quadra Philippe Chatrier

O Futuro de Roland Garros

Roland Garros na Disney ou em Versalhes?

Dá para imaginar o Maracaña no Recreio dos Bandeirantes, ou o Morumbi em Jundiaí?

E Roland Garros em Versalhes, Marne-la-Vallée ou em Gonesse, na região do Val d’Oise?

Os estádios brasileiros não mudarão de endereço, mas o histórico complexo de Roland Garros, desde 1928 instalado na Avenue Gordon Bennett, em Porte D’Auteil, em Paris, pode ser completamente transformado e deslocado.

Com apenas 8,5 hectares de espaço, quase a metade do US Open (14 hectares) e quase um terço do Melbourne Park e de Wimbledon (ambos com 20 hectares), Roland Garros, apesar de todas as suas modernizações e ampliações ao longo das últimas décadas, está ficando para trás em termos de entretenimento e conforto para o público.

Ainda sem ter uma quadra com teto retrátil, o torneio não consegue mais acomodar tantos espectadores. Andar pelas suas alamedas durante o torneio é uma aventura. Buscar um lugar tranquilo para comer, relaxar, ou se proteger da chuva, se torna missão ingrata.

Diferente dos outros torneios do Grand Slam, as áreas VIPS, por falta de espaço, são pequenas, há poucos lugares para interatividade do público e para comunicação, com mais telões e placares eletrônicos.

Desde a criação do complexo, em 1928, o local foi se transformando. De cinco quadras hoje há 21 e a quadra central, a Philippe Chatrier, já sofreu várias intervenções, mas sem nunca perder a sua alma.

A quadra Suzanne Lenglen, símbolo da arquitetura moderna parisiense foi inaugurada há pouco mais de 15 anos.

Neste ano, novas áreas de restaurantes foram abertas durante o torneio, a sala dos jogadores II, na quadra Suzanne Lenglen foi completamente reformada para ficar mais agradável e dar mais espaço aos tenistas e seus familiares, mas mesmo assim, a Federação Francesa de Tênis, sabe que para que o evento continue crescendo e para que o tênis siga atraindo novos espectadores, ele precisa mudar. Além disso o contrato com a Prefeitura vence em 2015.

“Claro que temos uma ligação especial com o estádio onde ele está. Algumas das maiores páginas da história do esporte foram escritas nestas quadras. Esse estádio tem um passado, uma alma. A sua rica história é a razão dele ser tão especial e estar tão ancorado em Paris.  Por isso elaboramos um plano, em perfeita harmonia com a Cidade de Paris, para otimizar o complexo, cobrindo a quadra Philippe Chatrier e espalhando outras quadras e áreas VIPs e de entretenimento, pelos arredores, como os Jardins de Serres D’Auteil e o Bois de Boulogne,” explicou o Presidente da Federação Francesa de Tênis, Jean Gachassin, em uma conversa com os jornalistas durante o torneio deste ano.

Então por que mudar?

“Esse é um projeto complexo e precisamos ter um Plano B, que seria o deslocamento do estádio de Roland Garros para um destes locais: Marne-la-Vallée (onde fica a EuroDisney), Versalhes, Gonesse. Já recebemos os projetos e estamos analisando todas as opções. É uma decisão muito importante para Roland Garros, para a Federação Francesa de Tênis e para a França.”

Roland Garros é um dos maiores eventos anuais da França. É o único Grand Slam em que se fala francês e não inglês. É pequeno para os dias de hoje, mas talvez a sua estrutura atual seja o seu charme e é isso que a Federação Francesa não quer perder.

Desde o início do milênio há rumores sobre mudanças no complexo. Havia um projeto assinado para a construção de um novo estádio, com teto retrátil e capacidade para 15.000 pessoas, no Bois de Boulogne, praticamente em frente ao estádio atual, caso Paris ganhasse o direito de sediar as Olimpíadas de 2012. Mas, como a França perdeu a briga com Londres, Roland Garros perdeu também a sua ampliação com apoio do governo.

O maior problema para conseguir permanecer na região onde está atualmente é ter aprovação de ambientalistas e da prefeitura para usar regiões verdes e ultrapassar a altura permitida de construções na área, para cobrir a quadra.

Os custos estimados da renovação do estádio onde ele está atualmente – a FFT paga 1,5 milhões de Euros anuais à Prefeitura pela locação do espaço –  foram estimados em 200 milhões de Euros. Já os custos para a construção de um novo complexo chegam a 600 milhões de Euros, sem falar no custo da transformação do atual complexo de Roland Garros em algo novo.

Diante da possibilidade real de ver Roland Garros deixar a cidade de Paris, o prefeito, Bertrand Delanoe, parece mais disposto a colaborar política e financeiramente para que o torneio permaneça onde está e já afirmou ter encontrado algumas soluções.

Mas, enquanto nada é decidido, Gachassin, Presidente há menos de dois anos, da FFT, está ampliando suas possibilidades.

Versalhes é a região que sai na frente na briga para receber Roland Garros. Local mais próximo do atual complexo, a apenas 15km de Porte D’Auteil e 20km do centro de Paris, é a mais francesa das áreas, é histórica e tem fácil e rápido acesso.

Região onde está construída a EuroDisney, Marne-la-Vallée ganha no quesito quntidade de opções de acesso e no desenvolvimento do local desde que o parque foi construído há mais de duas décadas. O tempo de viagem do centro de Paris, de trem, até Marne-la-Vallée é de 40 minutos e a estação recebe trens TGV de seis países da Europa.  A região é a segunda mais visitada na Ile de France e espaço não é problema.

A principal vantagem da região de Gonesse (Val d’Oise) é a sua localização entre os aeroportos de Roissy Charles de Gaulle e o de Le Bourget.  Fica a 5km de CDG e a 7km de Bourget. Há linhas de trens (RER) direto de Paris e a região é uma das que mais cresce economicamente na França.

A decisão final será tomada em fevereiro, na Assembléia anual da Federação Francesa de Tênis.

O Australian Open já mudou de lugar. Foi de Kooyong para o Melbourne Park. O US Open também saiu de Forest Hills e foi para Flushing Meadows.

E Roland Garros? Que destino terá o mais charmoso e torneio de tênis do mundo?

Diana Gabanyi,

De Paris

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