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Lembranças muito boas daquele Roland Garros 2001

Faz tempo, muito tempo que não escrevo neste blog que tanto adoro. Mas, como venho falando nos últimos meses, se o dia tivesse 48 horas, ainda faltaria hora para eu dar conta de fazer tudo, bem feito, em que estou envolvida.

Mas, como hoje é um dia especial, resolvi pelo menos postar aqui o texto que escrevi para a revista programa do Claro Rio Champions, sobre o jogo que comemora os 10 anos da conquista do tricampeonato do Guga em Roland Garros.

Foram duas semanas marcantes, cheias de emoção em Paris, em que quase voltamos para casa no meio do campeonato, naquele jogo com o Michael Russell. E depois, muita curtição no jogo com o Corretja e para mim, muito trabalho, depois da vitória, do desenho do coração na quadra Philippe Chatrier, da camiseta escrita “Je Aime Roland Garros”, das coletivas de Guga e do Larri…

Lembro de ter ido direto para a festa, com a roupa que estava no corpo naquele dia… e no dia seguinte sessão de fotos no Sacre Couer…

Há 10 anos Gustavo Kuerten era o número um do mundo. Havia começado a temporada no topo do ranking mundial depois de ter conquistado o título da Masters Cup, em Lisboa.

Chegava a Roland Garros como o cabeça-de-chave 1, detentor do título (campeão em 2000) e favorito a levanter pela terceira vez o “Trophee des Mousquetaires,” já tendo erguido no ano os trofeus dos ATPs de Buenos Aires e Acapulco, do Masters 1000 de Monte Carlo e ficado com o vice em Roma.

Derrotado na estreia do Masters 1000 de Hamburgo, aproveitou quase as duas semanas que separavam o campeonato alemão de Roland Garros para descansar e se preparar para o seu torneio favorito.

Já Corretja vinha de uma temporada sem grandes resultados. Havia alcançado as quartas-de-final em Barcelona e no Masters 1000 de Roma (perdeu para Guga) e com uma derrota na segunda rodada em Hamburgo, optou por jogar a World Team Cup, em Dusseldorf, onde marcou três vitórias.

Roland Garros começou e todos os olhos estavam voltados para o brasileiro e para o duelo de estreia contra Guillermo Coria. Muito se falou deste jogo, do jovem argentino que poderia complicar a vida do bicampeão. Mas, Guga não encontrou dificuldades para vencê-lo, por 6/1 7/5 6/4.

Na segunda rodada, vitória tranquila sobre outro argentino Agustin Calleri por triplo 6/4.

Veio a terceira rodada e o jogo contra o marroquino Karim Alami complicou um pouco, mas Guga se superou e estava nas oitavas-de-final do Grand Slam francês novamente.

Enfrentaria o desconhecido americano Michael Russell, vindo do qualifying e num dia sem muito sol e com muito vento em Paris, parecia que o caso de amor entre Guga e Roland Garros estava se acabando. Russell chegou a ter match point no terceiro set para eliminar o brasileiro, mas num ponto longo e com uma bola na linha Guga se salvou e começou a mudar a história do jogo e estreitar ainda mais a sua relação com o público francês.

Empurrado pela torcida e em busca do seu melhor tênis no meio da partida, Guga venceu o americano em um emocionante jogo de cinco sets e ao término da partida, em agradecimento ao público, desenhou um coração na quadra Philippe Chatrier.

Em seguida vieram as vitórias sobre Yevgeny Kafelnikov e Juan Carlos Ferrero, bem mais tranquilas do que em anos anteriores e lá estava o brasileiro em mais uma final de Roland Garros, contra um adversário não tão esperado quando o torneio começou. Outros favoritos como Safin e Agassi haviam sido eliminados em rodadas anteriores.

Corretja chegava na final só com um jogo complicado em Roland Garros naquele ano, o da estreia contra Mariano Zabaleta, em cinco set. Depois, passou por Knippschild, Larsson, Santoro, Federer e Grosjean sem perder um set.

Começava a final e o vento dominava a quadra central. Corretja jogava o seu melhor tênis e levava o primeiro set por 7/6(3) e continuava jogando melhor no segundo. Até que Guga conseguiu quebrá-lo no 5×5 do segundo set, vencer o a segunda parcial e passar a tomar controle do jogo.

Quando começou o terceiro set, o brasileiro já dominava o jogo e no quarto set passou os seis games com já curtindo a vitória. “Mesmo quando eu tentava errar uma bola ela entrava,” lembrou Guga, de tão bem que estava jogando no último set de Roland Garros. “Foi o meu ano mais emocionante em Paris, por causa daquele jogo com o Russell e foi o ano em que eu mais curti a vitória.”

 

Ao término do jogo, Guga desenhou novamente o coração para demonstrar todo o seu amor por Roland Garros, deitou dentro dele e na hora da premiação ainda vestiu uma camiseta desenhada por ele na noite anterior com os dizeres: “Eu amo Roland Garros.”

 

 

 

 

 

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Guga e Agassi no Rio. O poder de dois ídolos.

Fazia tempo que o Brasil não assistia um espetáculo de tênis com 9.000 torcedores presentes.

Mérito das estrelas do Tênis Espetacular, Gustavo Kuerten e Andre Agassi, um o maior ídolo do esporte no Brasil e o outro, talvez o tenista mais popular mundialmente de todos os tempos.


As palavras de Larri Passos, depois da vitória de Guga por 7/5 7/6(5), resumiram o que a vinda de Agassi ao Brasil e o confronto signficaram.


“Agassi, vê-lo aqui no Brasil com essa motivação é uma honra. Quando nós começamos no circuito, eu e o Guga, você era o nosso ídolo e hoje você está aqui,” disse emocionado o mestre de Guga, corajosamente improvisando no inglês e ainda lembrando do trabalho que o Americano faz com as crianças, através da Andre Agassi Foundation, nos Estados Unidos. “O trabalho que você faz com as crianças é maravilhoso e serve de inspiração para nós.”


Agassi, que não vinha ao Brasil desde que conquistou o seu primeiro título na ATP, em 1987, elogiou o Brasil, falou da esquerda de Guga e principalmente da cidade do Rio de Janeiro. “Há alguns dias eu vi a população apoiando a lei (law enforcement) e isso diz tudo sobre o povo de um lugar.”


Guga, que não conseguiu conter as lágrimas ao ver a mãe Alice, o irmão Rafael, Larri, Agassi e o promotor da Masters Cup de LIsboa, João Lagos, reunidos, para homenageá-lo, diante de imagens marcantes de sua carreira, agradeceu a presença do público, das pessoas que estiveram com ele durante toda a carreira e disse que “Quando fui campeão em Lisboa o Agassi me falou para eu aproveitar aquele momento que era muito especial. Dez ano depois eu continuo aproveitando por causa de vocês.”

  • O evento que foi uma comemoração da conquista da Masters Cup de Lisboa, no ano 2000, em que Guga venceu Agassi por triplo 6/4, chegando assim ao topo do ranking da ATP, foi um presente para o público brasileiro.


  • Eu mesma não sabia muito o que esperar da partida. Afinal fui privilegiada e havia feito parte da carreira do Guga e assistido, de camarote, para o meu trabalho, praticamente todos os confrontos dele com Agassi, incluindo este histórico de Lisboa.

Mas foi maravilhoso ver os dois ex-números um do mundo em ação de novo. Apesar de 10 anos mais velhos daquele jogo em Lisboa, que Guga considera ter sido a sua melhor performance em quadra, eles ainda conseguiram exibir muitos dos golpes e das jogadas que os consagraram.

Jogaram sério, lutaram pelos pontos, fizeram o público vibrar e da beirinha da quadra, onde estava sentada junto aos fotógrafos, dava para sentir a força da batida na bola, ver os golpes bem de perto, perceber a frustração e/ou a alegria de ambos ao fazerem uma jogada brilhante, como quando Guga conseguiu fazer uma belíssima esquerda paralela.


Mais uma vez me senti privilegiada ao assistir este espetáculo ao vivo. Claro que poderia ter visto pela televisão e a transmissão do SporTV, pelo que me disseram, também foi legal, mas nada como ver o jogo de perto e claro que eu também queria participar deste momento que consagrou a carreira do Guga. Assistir pela televisão teria sido como ver um show de rock em um DVD. É legal, mas nada se compara a assistir um daqueles shows num estádio de futebol.

  • Obrigada Guga, obrigada Agassi. Detalhes de organização a parte, tenho certeza de que o agradecimento é de todo o público brasileiro que estava saudoso de ver o seu maior ídolo em ação, em um grande momento.

Dois ídolos reunidos, em completa sintonia, conseguiram fazer o tênis brilhar mais uma vez.

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