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Título de Guga em Cincinnati completa 11 anos e ele ainda tem recorde no torneio

Sempre que chega essa semana da temporada, a do Masters 1000 de Cincinnati, as lembranças daqueles dias de vitórias do Guga, vem à mente. As pessoas perguntam, como é que foi mesmo? Teve “tempestade”, ele jogou duas partidas no mesmo dia? Teve de tudo. E é uma história que vale a pena ser relembrada, todos os anos.

 

Duas coisas ainda me impressionam quando eu penso no Masters 1000 de Cincinnati. A primeira é o fato de o torneio ser disputado no meio do nada, no meio-oeste americano, ficar de verdade na beira de uma Estrada e estar completamente lotado.

Todos nos acostumamos a chamar de Cincinnati, mas pela cidade a gente só passa para ir e vir do aeroporto, que aliás fica em Kentucky. É, o aeroporto de Kentucky é o mais perto da cidade de Mason, em Ohio, onde o complexo de tênis foi construído.

O caminho do hotel, que também fica na beira de uma estrada, ao lado de um supermercado e que tem no Applebee’s o restaurante mais próximo, para o torneio é típico da região. Casas em meio a campos de golfe e a plantações de milho.

A única atração à vista, entre o hotel e o Western & Southern Financial Group tournament, é o parque de diversões que a gente consegue ver do topo do estádio, onde também fica a sala de imprensa.

Pelo que me contam, o complexo foi totalmente reformado e ampliado para oferecer mais conforto aos tenistas e aos fãs. E tudo o que puder ser melhorado, ajuda, porque é um calor e uma umidade absurda que a gente sente naquela região.  No ano anterior ao título do Guga, lembro do jogo que ele fez com o Stefan Koubek, que teve que ser interrompido pois a umidade tinha chegado a níveis altíssimos.

E a outra coisa que ainda me surpreende, é olhar a chave do Guga de 11 anos atrás. Ele teve que ganhar de Andy Roddick (ranking da época 27), Tommy Haas (16), Goran Ivanisevic (19), Yevgeny Kafelnikov (6), Tim Henman (8) e Patrick Rafter (7) para ser campeão em Cincinnati.

São quatro campeões de Grand Slam e dois tenistas que estiveram muito próximos do topo do ranking. Até hoje esse feito é histórico. Guga foi o tenista que venceu mais tenistas tops para chegar ao título. A média de ranking de cada um foi de 13.8.

Na noite da semifinal, uma tempestade atingiu a região, o jogo com o Henman foi interrompido e até tentaram voltar. Mas, a tempestade havia sido forte. O entorno do torneio ficou alagado. Lembro de ver cadeiras flutando, carros quase boiando e como estava trovejando muito, com raios por toda parte, resolveram marcar a continuidade do jogo para o dia seguinte.

Enquanto isso, Rafter descansava no hotel. Ele havia jogado a semifinal na hora do almoço e provavelmente, depois da meia-noite, quando ainda estávamos saindo do estádio, sem o jogo terminado, ele já estava dormindo.

Lembro que subi e desci aquela escadaria da sala de imprensa inúmeras vezes, até decidirem o que seria feito.

Todos já davam o título para Rafter. Guga teve pouquíssimo tempo entre a disputa do jogo com Henman e Rafter. Quando a partida com o australiano começou eu ainda estava acabando de mandar os press releases da vitória sobre o Henman.

Com a tática planejada por Larri Passos executada à perfeição, Guga não deu a menor chance a Patrick Rafter. Ouvia o técnico gritar marreta e devolvia o saque do australiano de maneira que ia deixando o estádio todo boquiaberto.

A comemoração foi uma partida de golfe, seguida de um churrasco e uma parada no parquet de diversões, no dia seguinte, já no caminho para Indianápolis.

 

Encontrei nos meus arquivos um dos textos que escrevi sobre a conquista do título!

GUGA É CAMPEÃO EM CINCINNATI

Brasileiro conquistou o terceiro título em quadras rápidas, o sexto da temporada e o 16a. da carreira

Gustavo “Guga” Kuerten é campeão do Masters Series de Cincinnati. Com um jogo perfeito o número um do mundo derrotou o australiano Patrick Rafter, por 2 sets a 0, parciais de 6/1 6/3 e conquistou o seu primeiro título de Masters Series em quadra rápida. A vitória marcou a terceira conquista de Guga em quadras duras, a quinta em um Masters Series, a sexta na temporada e a 16a. da carreira.

Para conquistar o título em Cincinnati, Guga precisou vencer dois jogos neste domingo de muito calor no meio-oeste americano, depois de ver seu jogo de semifinal contra o inglês Tim Henman, interrompido no sábado à noite, devido a uma forte tempestade que caiu na região. Guga deixou o ATP Tennis Stadium depois das 00h00min, tendo vencido o primeiro set por 6/2 e estando perdendo o segundo por 1/5. Guga voltou à quadra central 18 horas depois de haver iniciado o jogo com Henman e conseguiu superar o inglês que o havia derrotado nas semifinais no ano passado, por 6/2 1/6 7/6 (4), em uma partida emocionante.

Poucos minutos depois, o número um do mundo já estava de novo em quadra, desta vez para disputar a final da competição e contra um adversário especialista neste tipo de piso e que já havia sido campeão, em 1998, naquela mesma quadra.

Quente ainda do jogo com Henman, Guga esqueceu o cansaço e partiu para cima de Rafter. O primeiro game do jogo, foi tudo o que o australiano conseguiu fazer no primeiro set. Todos os outros games da série foram vencidos por Guga, que ou ganhava o ponto com o seu serviço potente ou arrasava nas devoluções de saque e passadas. Na segunda série, o bicampeão do US Open até que tentou respirar um pouco mais aliviado, mas apenas tentou. Na primeira oportunidade que teve, no 3/2, Guga quebrou o saque de Rafter e administrou a vantagem para somente precisar sacar para a vitória no 5/3. Sem titubear, Guga sacou e comemorou o seu 16o. título com o sinal de uma “marretada” na quadra, símbolo das suas fortes devoluções de saque.

Durante o jogo, que teve a duração de uma hora, Guga marcou oito aces, duas duplas-faltas, teve 55% de aproveitamento do primeiro serviço, venceu 22 de 27 pontos com o primeiro saque e ganhou 58 dos 99 pontos do jogo.
Para chegar ao título, Guga teve que superar Andy Roddick, Tommy Haas, Goran Ivanisevic, Yevgeny Kafelnikov, Tim Henman e por fim Rafter, que foi só elogios ao número um do mundo. “O Guga jogou de forma superba. Ele não precisa mais provar que não é apenas um jogador de saibro, ele joga bem em todos os pisos e hoje eu não tive resposta para nada que ele fez.”

Por ter conquistado o troféu de campeão em Cincinnati, Guga (Banco do Brasil/Diadora/Head/Globo.com/ Motorola) marcou 500 pontos no ranking mundial e outros 100 na Corrida dos Campeões, em que aparecerá também como líder amanhã.

O brasileiro viaja para Indianápolis amanhã, onde provavelmente na quarta-feira, inicia a disputa da competição, em que foi campeão no ano passado. O adversário será o vencedor do jogo entre dois tenistas vindos do qualifying.

 

 

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Australian Open vai começar! Federer vai atrás do recorde das mulheres

Parece estranho, mas o primeiro Grand Slam do ano já vai começar neste domingo à noite para nós brasileiros.

Há pouquíssimo tempo, pouco mais de um mês, estávamos assistindo Roger Federer derrotar Rafael Nadal na final do Barclays ATP World Championships, em Londres e agora todos já estão do outro lado do mundo, na Oceania, para jogar o Australian Open.

Aqui vão alguns dados interessantes sobre a competição.

  • É a 28ª no Melbourne Park, conhecido anteriormente como Flinders Park.
  • Premiação total é de AUD 8,9 milhões (equivale praticamente ao dólar Americano). É a maior premiação de todos os Grand Slams. Os campeões de simples ganham AUD 2,2 milhões cada.
  • Quando Rod Laver derrotou Andres Gimeno na final, em 1969, ele ganhou AUD 5 mil.
  • Rafael Nadal pode se tornar o primeiro homem desde Don Budge e Rod Laver a vencer os quatro torneios de Grand Slam na sequência, já que ganhou Roland Garros, Wimbledon e o US Open na semana passada. Sampras e Federer também tiveram essa oportunidade, mas não alcançaram o feito. Sampras perdeu para Courier nas quartas-de-final de Roland Garros em 1994 e Federer para Nadal, nas finais de Roland Garros de 2006 e 2007.
  • Federer agora está atrás das mulheres. Já quebrou todos os recordes de número de títulos de Grand Slam de simples. Tem 16 e quer agora passar Navratilova e Evert. Elas tem 18 cada. A maior detentora de títulos de simples de Grand Slam é Margaret Court, com 24.
  • Só um tenista tem mais do que quatro títulos em Melbourne: Roy Emerson. São seis troféus do australiano. Federer tem 4, assim como Agassi.
  • Este é o 45º Grand Slam consecutivo que Federer disputa. O sul-africano Wayne Ferreira é o jogador que mais vezes jogou Grand Slams na sequência. Foram 56.
  • Federer é o atual campeão do torneio. A última vez que um detentor do título foi derrotado na primeira rodada foi em 1996, quando Becker perdeu para Moyá.
  • São 6 os campeões de Grand Slam na chave principal: Federer, Nadal, Del Potro, Roddick, Hewitt e Djokovic.
  • Nos últimos 13 anos 8 jogadores alcançaram a única final de Grand Slam da carreira, no Australian Open: Rios, Enqvist, Clement, Johansson, Schuettler, Baghdatis, Tsonga, Gonzalez. Destes, só Johansson foi campeão.
  • Gustavo Kuerten foi cabeça-de-chave 1 do Australian Open em 2001, há 10 anos. Perdeu na 2ª rodada. Hewitt é o único cabeça-de-chave 1 da história a ter sido eliminado na estreia, em 2002. Nadal é o cabeça-de-chave 1.
  • O último australiano a vencer o Australian Open foi Mark Edmonson, em 1976. Hewitt foi o último a alcançar uma final, em 2004, perdendo para Federer.
  • Federer pode alcançar mais um recorde neste Grand Slam, o de títulos em quadras rápidas. Ele tem 45 contra 46 do líder Andre Agassi.
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De Taipei para Wimbledon: a história de Yen Hsun Lu

Entre todos os jogos e resultados da principal segunda-feira do ano no tênis mundial, com todas as partidas de oitavas-de-final sendo disputadas em um único dia, teve um que chamou a minha atenção,a vitória de Yen Hsun Lu, de Taipei, sobre Andy Roddick.

Sim, houve jogos incríveis como as vitórias de Serena Williams sobre Sharapova e a de Clijsters sobre Henin, mas que hoje já ficaram no passado. Serena já está na semifinal. Ganhou de Li Na hoje e Clijsters foi eliminada pela russa Vera Zvonareva.   Petra Kvitova, Kaia Kanepi, Tatiana Pironkova, também marcaram vitórias impressionantes, mas nada me instigou mais do que ver o nome de Yen Hsun Lu nas quartas-de-final de Wimbledon.

Yen Hsun Lu jogando a MasterCard Tennis Cup, em 2003 (foto de Dália Gabanyi)

A primeira vez que ouvi falar no tal tenista de Taipei foi em 2003, quando ele jogou a MasterCard Tennis Cup, em Campos do Jordão. Perdeu para Goichi Motomura na época.  Um ano depois, voltaria a encontrar o jogador, no Masters 1000 de Cincinnati. Ele foi adversário de Guga em 2004 e com sua agilidade e movimentação em quadra, ganhou um set do brasileiro, mas terminou por perder o jogo.

Ocasionalmente via o nome de Lu em chaves de alguns torneios grandes, como nos Jogos Olímpicos de 2008, em que ganhou de Andy Murray, na 3ª rodada. Mas nada além disso.

Seu ranking variava entre 55 (sua melhor colocação há pouco mais de um ano) e 150, mas nunca obtinha um resultado constante no grande circuito, além dos torneios Challengers.

Já quando vi o nome de Lu na terceira rodada achei estranho. Surpresas costumam acontecer em Wimbledon, mas normalmente com jogadores muito altos, donos de potentes saques, o que não é o caso de Lu (1,80m). Ele havia vencido o argentino Zeballos na 1ª rodada, que não tem na grama o seu piso predileto e desconhecido polonês Michal Przysiezny, na segunda. O adversário na Terceira rodada era o alemão Florian Mayer. Lu ganhou os dois primeiros sets e Mayer abandonou o jogo.

O tenista asiático já fazia história como o primeiro tenista de Taiwan a alcançar as oitavas-de-final de um Grand Slam.

O próximo desafio era contra Andy Roddick, o três vezes vice-campeão de Wimbledon e ex-número um do mundo.

Nem o próprio Lu acreditava na vitória. “Quando o jogo foi para o quinto set pensei que não tivesse chances contra o Roddick porque ele saca melhor do que eu e e o quinto set não tem tie-break. Mas mesmo sem acreditar nas minhas chances ia lutar até o fim.”

Lu lutou e na primeira oportunidade que teve de quebrar o saque do americano, no 8/7 do quinto set, aproveitou a chance, fez a única quebra no saque de Roddick no jogo todo e comemorou olhando para os céus, dedicando a vitória ao pai, falecido há 10 anos, com quem começou a jogar tênis.

Intrigada pelo resultado, fui tentar saber mais sobre Yen Hsun, o primeiro tenista asiático desde Shuzo Matsuoka, em 1995, também em Wimbledon, a alcançar as quartas-de-final de um Grand Slam.

Conhecido como Rendy pelos mais próximos – era assim que a professora de inglês o chamava, por não conseguir pronunciar o seu nome -, começou a jogar tênis aos oito anos de idade, com o pai. “Aprendemos juntos a jogar tênis,” contou ele na entrevista coletiva em Wimbledon, ontem.

Apesar do pai não saber muito mais do que ele sobre tênis, o treinava e viajava pelo circuito mundial com o garoto.

A profissão original do pai era a de criação de frango. O pai era responsável por entregar os frangos, ainda vivos, para o abate. “Era muito difícil. Aprendi a pegar frangos também. A hora mais fácil era de madrugada, quando ainda estava escuro e eles não podiam enxergar,” lembra Rendy, se referindo ao seu início de vida humilde.

Muitos creditam a sua agilidade em quadra aos anos em que passou ajudando o pai a correr atrás dos frangos.

Lu começou a jogar os torneios juvenis, se tornou o tenista número um da Ásia e saiu para o mundo. Integrou o time de tenistas em países de desenvolvimnte da ITF, mas após a morte do pai, no ano 2000, Lu chegou a pensar em abandonar o tênis. Não tinha vontade, mas sabia que precisava tomar conta da família e encontrou no esporte o seu caminho.

Sem qualquer preparo físico sofreu com inúmeras lesões mas mesmo assim jogava, para poder levar dinheiro para casa e sustentar a família.

Foi só quando passou a treinar integralmente com Dirk Hordoff, o técnico de Rainer Schuettler, que Lu começou de fato a se preparar e treinar como todos os outros tenistas do circuito. “Vi alguma coisa especial nele e sabia que como todos os asiáticos, ele era trabalhador e que a sua confiança vinha do trabalho,” relata Hordoff.

O tenista trocou então os treinamentos em Taipei, pelas sessões de treino em Hamburgo, com Hordoff e Schuettler.

Depois de muito trabalhar, os resultados, entre lesões desmotivadoras, mas sempre com persistência, começaram a aparecer. Para se preparar para esta temporada Lu contratou também um preparador físico argentino, que treina o time olímpico em Taiwan e treinou também com o duplista Mark Woodforde. “Era muito difícil acompanhar o ritmo de Woodforde, mas com certeza me ajudou muito, especialmente no voleio.”

E agora, tudo o que o Sr. Lu sonhou está se tornando realidade. “Meu pai sonhava que um dia eu jogaria Wimbledon e agora estou nas quartas-de-final. Por isso, de certa maneira, estou um pouco triste. Queria que ele estivesse aqui.”

O próximo desafio do asiático é o sérvio Novak Djokovic e agora que ele já venceu quem ele não imaginava, nada mais parece impossível para o tenista de 26 anos e 82º colocado no ranking mundial. A ATP já fez a projeção e ele deve aparecer entre os top 50 na semana que vem.

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Roddick, transformado, entra na 2ª semana de Wimbledon em busca do troféu de campeão

Se existe no circuito um tenista que se transformou, como pessoa, e para melhor, ao longo da sua carreira, o nome dele é Andy Roddick.

De fenômeno juvenil, successor da geração de Courier, Agassi e Sampras, típico american boy, por vezes arrogante, Roddick foi crescendo, como ele mesmo gosta de dizer, diante dos olhos do mundo.

Foi treinado por Brad Gilbert, ganhou o US Open, chegou ao topo do ranking mundial, viveu o inferno ao aprovar uma campanha da American Express, toda feita em cima dele durante um US Open em que acabou perdendo na primeira rodada, namorou a atriz Mandy Moore, escolheu Jimmy Connors para ser seu treinador, levou os Estados Unidos a ganhar a Taça Davis, perdeu inúmeras vezes seguidas para Roger Federer (incluindo a final do ano passado em que perdeu por 16/14 no 5º set), tentou carreira solo, viajou com Patrick McEnroe e depois contratou Larry Stefanki. Casou com a modelo, capa da Sports Illustrated, Brooklin Decker, se tornou bom moço, ajudando em causas sociais, como a do “Champions for Chile,” no começo do ano, em Miami, na noite anterior a jogar a final que viria a vencer, levou pizza para John Isner, no meio da maratona do jogo mais longo da história do tênis e em meio a tudo isso decidiu três finais de Wimbledon e quer enfim levar para casa o troféu de campeão.

Roddick na final do ano passado contra Federer

Já nas oitavas-de-final, em que enfrentará, na segunda-feira – sim, segunda-feira, ninguém joga em Wimbledon no domingo, a grama precisa descansar – Yen-Hsun Lu, do Taipei, Roddick, apesar da derrota prematura no torneio de Queen’s (foi eliminado nas oitavas-de-final pelo israelense Dudi Sela), segue em busca do seu sonho: conquistar Wimbledon.

Reproduzo aqui a entrevista que Tennis View – www.tennisview.com.br – publicou na última edição, a 105, com Roddick, para que todos possam conhecê-lo um pouco mais.

Nota – A entrevista foi feita após a vitória do Americano no Sony Ericsson Open, no meio da temporada de saibro. Mas, ele já estava de olho na grama.

Roddick Declara Seu Amor Por Wimbledon

Tennis View – O que significou ganhar o Sony Ericsson Open, em Miami, para você?

Andy Roddick – Foi uma grande vitória para mim. Tive umas semanas muito boas e vencer um torneio como esses, o maior depois dos Grand Slams, foi fantástico. Eu tinha sido vice em Indian Wells umas semanas antes e estava sentindo um pouco de pressão para ganhar em Miami. Me dá muita motivação para o resto da temporada.

TV – O torneio de Miami foi um dos primeiros grandes que você jogou. Ganhou um convite aos 17 anos de idade, já ganhou do Sampras, Federer… Você tem uma conexão especial com o evento?
AR – Tenho muitas memórias daqui, até mesmo antes de jogar profissional. Joguei o Orange Bowl, a Sunshine Cup, a Copa Davis juvenil, tudo nesse estádio. Foi onde eu senti pela primeira vez o que era representar o tênis nos Estados Unidos. Já joguei tantas vezes aqui que me sinto em casa e super à vontade em quadra, com a torcida e com as condições de Miami.

TV – Há uns quatro anos você não ganhava um torneio tão importante. Isso te incomodava?

AR – Acho que todo atleta tem dúvidas. Eu cheguei a pensar que talvez o meu melhor já tivesse ficado para trás, mas no fundo eu sabia que ainda podia encontrar maneiras de continuar evoluindo e dar tudo de mim para ter sucesso.

TV – Você é superfã de esportes. Você aprende muito com outros esportistas?

AR – Sou sempre muito grato por ser um esportista e respeito de mais todos os atletas. Sempre fico pensando quando assisto um outro esporte o que o atleta teve que fazer, como treinou, como se preparou. Todo mundo acaba vendo só os resultados e acham que o atleta vai lá joga e ganha, mas tem um milhão de manhãs geladas em que você levanta cedo e está lá correndo, treinando. Fico fascinado com os esportistas e tudo o que eles fazem.

TV – Se você não fosse tenista, que outro esporte gostaria de jogar?

AR – Ser um quarterback – futebol Americano – seria divertido. Você tem que ser muito inteligente para ser um quarterback, muito esporte. É uma das posições mais difíceis.

TV – O seu maior adversário dos últimos anos é o Federer. Você chega a pensar que se não fosse por ele poderia ter ganhado muito mais troféus?

AR – Penso, mas não fico obcecado com isso. Ouço toda hora as pessoas dizerem quantas vezes ele já ganhou de mim, mas o que eu vou fazer. Eu entro em quadra e dou o meu melhor. Sou comparado ao melhor jogador de todos os tempos, que respeita e faz muito pelo esporte. Um cara que faz golpes dificílimos parecerem rotineiros.

TV – Foi difícil digerir a derrota na final de Wimbledon do ano passado?

AR – Foi muito, mas ao mesmo tempo, tenho muitas memórias boas daquele jogo. O tênis virou assunto em todos os lugares por umas duas ou três semanas e isso é incrível. Foi difícil não ter vencido, mas me trouxe muitas coisas boas.

Acho que perder para o Murray, em Wimbledon em 2006, foi mais duro, o período mais negro da minha carreira.

Eu não vinha jogando bem o ano todo, mas lá no fundo eu sabia que sempre tinha Wimbledon, onde eu costumo jogar bem constantemente. Mas perdi para o Murray que tinha 18, 19 anos na época. Foi duro me reerguer.

TV – Você sempre disse que tinha quatro objetivos na sua carreira: ganhar o US Open, ser número um do mundo, vencer a Davis e Wimbledon, o único que falta.

AR – Se você me falasse quando eu me tornei profissional aos 17 anos que eu teria essa carreira, eu teria pego na hora. Mas, obviamente quando você vai conquistando as coisas você vai mudando os seus objetivos. Eu quero muito ganhar Wimbledon e sinto que estou pronto. Signficaria muito para mim.

TV – Você gosta de toda aquela pompa, tradição..

AR – Eu amo, de coração. Todas aquelas pequenas tradições e sem meio termo. Você ama ou odeia. Eu adoro ficar na Vila de Wimbledon, andar pela vizinhança, ver rostos familiars quando você está indo para as quadras …

TV – E a Quadra Central, ela também é especial para você?

AR – É A QUADRA. Ela tem uma magia, uma aura, é a nossa Catedral, a Meca do tênis.  Wimbledon é tradição e não precisa de todo o show que os outros torneio promovem porque já é uma entidade.

TV – Você quer ganhar Wimbledon, mas já ganhou muito até agora. Qual momento foi mais especial?
AR – Não sei dizer, mas gostei muito da reação das pessoas depois da final de Wimbledon do ano passado. Acho que pela primeira vez as pessoas puderam me ver como realmente sou. Eu perdi o jogo mas todos apreciaram o esforço, o jogo e você não tem essas respostas sempre.

TV – Se você tivesse a oportunidade de escolher um sonho para realizar na sua carreira, qual seria?

AR – Se eu ganhasse Wimbledon, teria tudo que eu sempre quis.

TV – Você mudou um pouco o seu jogo, como o Larry Stefanky influenciou?

AR – Quando começamos a trabalhar acho que ele estava meio preocupado porque eu já tinha sido número um, sou um cara respeitado no circuito e ele afirmou que para trabalhar ele teria que comandar. Era isso que eu queria. Alguém que me guiasse novamente. Admiro a inteligência dele no tênis, a energia e a personalidade dele.

TV – Algo específico que você melhorou?
AR – Perdi um pouco de peso, incorporei slices e a minha esquerda em geral melhorou com certeza. Nunca vai ser o meu melhor golpe, mas eu não erro mais e consigo ser eficiente. A devolução também melhorou e isso me dá ainda mais segurança na hora de sacar.

TV – Você ainda fica chateado quando as pessoas dizem que a sua melhor arma é o saque e a sua raça?

AR – Eu sempre ouço as pessoas dizerem: olha que linda a esquerda desse cara, o voleio daquele, etc, e escuto que eu não consigo fazer nada, mas no fim, acabo ganhando de quase todo mundo, consistentemente.

TV – Falando em golpes, quem tem a melhor direita do circuito?

AR – O Roger. Ele controla o jogo com a direita no meio da quadra e bate bem de todas as maneiras, de dentro para fora, angulada, com ritmo…

TV – E uma esquerda?

AR – A do Rafa. Ninguém nunca fala dela, porque gostam de falar das belas esquerdas de uma mão. A esquerda do Rafa é sólida e muito pesada. Ele consegue variar demais a maneira como usa o golpe. A do Murray também é muito boa.

TV – Qual é o jogador mais forte mentalmente no circuito?

AR – Sempre penso no Hewitt. O Rafa nunca te dá nada de graça, mas sou fã do David Ferrer. Você olha para ele e não diz, isso é puro-talento. Adoro como ele consegue vencer jogos dando duro. Ele luta até o fim, trabalha muito e conseguiu se tornar um grande jogador de tênis.

TV – Que jogadores que fizeram a história do tênis você mais admira?

AR – O Arthur Ashe, que transcendeu o esporte, o Agassi por ter feito tanto pelo tênis e se tornado um líder filantropista e a Billie Jean King pela sua luta pela igualdade. Eles são heróis.  Conseguiram pegar tudo o que fizeram como esportistas e transformar em algo maior do que eles mesmos. São exemplos. Eu mesmo comecei a minha fundação por causa do Agassi. Fiquei muito chateado pela maneira como as pessoas o trataram quando ele lançou o livro. Ele é o cara que mais fez pelo tênis nas últimas décadas e de repente todo mundo virou as costas para ele.

TV – Depois de tantos anos sendo o principal nomes do tênis dos Estados Unidos, você ainda sente pressão dos americanos que parecem sempre estar em busca do Agassi e do Sampras?

AR – Acho que desde que eu tenho uns 17 anos eu escuto isso. Estou acostumado e lido bem com pressão e expectativas. Isso significa que as pessoas acreditam em mim.

TV – Você vê novos nomes surgindo no tênis americano?

AR – Gosto muito do Ryan Harrison, de 17 anos. Ele gosta de treinar, tem talento, escuta, presta atenção no que está acontecendo. Já treinei com ele várias vezes em Austin. Ele nunca reclama, aproveita as oportunidades, tem uma cabeça boa e tem todos os golpes que podem evoluir muito.

TV – A sua mulher, a Brooklyn Decker apareceu na capa da SwimSuit Issue da Sports Illustrated. Isso te incomoda?

AR – Tem sido uma loucura desde então, mas eu gosto de acompanhar o que acontece com ela. Tenho orgulho do sucesso dela, uma trabalhadora que nunca se afetou com o mundo da moda. Desde que a revista saiu, ela não parou, é como se ela tivesse vencido Wimbledon. Temos que conciliar nossas agendas. Então, quando tenho que parar, por algum motivo, por alguns dias, até fico empolgado pela chance de estar com ela.

TV – O pessoal fica mexendo muito com você no circuito?
AR – Surpreendentemente, não. Eles mais dizem” não é possível que você está com ela,” ou “ como é ser o mais feio no relacionamento?”

TV – Você cresceu em Austin, uma cidade pequena, e continua morando lá, com a Brooklyn. Nunca pensou em viver em outro lugar?

AR – Gosto de morar em Austin porque é um lugar em que as pessoas não são afetadas. Tem muitas pessoas conhecidas e empresários que moram em Austin e levam uma vida tranquila. Não quero falar sobre tênis cada vez que entro em um lugar para tomar um café e lá eu consigo fazer isso.

TV – Você acha que mudou muito nos últimos anos?
AR – Todo mundo muda e eu fui mudando na frente de todos, mas acho que dentro de mim não sou muito diferente do que era. Sou apenas um cara mais caseiro e que gosta ainda mais do tênis do que antes.

TV – Você está no circuito profissional há 10 anos e desde 2002 sempre esteve entre os top 10. A que você credita esse sucesso?
AR – Eu não tive lesões sérias em todos estes anos. Acho que o maior tempo que eu fiquei fora da quadra foi quando machuquei o tornozelo, no fim do ano passado e foram três meses. Também soube me adaptar às mudanças no circuito, sempre trabalho duro e tive um pouco de sorte.

TV – Você já está esperando jogar Wimbledon de novo?
AR – Tenho jogado bem até agora nesta temporada. Fui o melhor jogador nos torneios de quadra rápida do começo do ano. Estou otimista.

Colaborou a Lagardére Unlimited

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