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Djokovic, “pela honra da primeira treinadora”

Roland Garros é o único torneio que falta para Novak Djokovic completar o Grand Slam e se até dois dias atrás esse era o principal motivo para ele lutar pelo Trophee des Mousquetaires, hoje ele declarou abertamente que  “pela honra de Jelena Gencic, preciso ir até o fim.”

Com o cancelamento da entrevista coletiva pós-vitória sobre o Dimitrov, dois dias atrás, quando soube da morte de Jelena Gencic, a treinadora que o descobriu nas montanhas de Kapaonik e ënsinou tudo que ele sabe,”a sala estava lotada hoje.

Djokovic Roland Garros 2013

Com um colete fashion vermelho, grosso, meio brilhante, de nylon (procurei a foto, mas não encontrei – não podemos fotografar na sala de imprensa), nem reparei que ele já estava sentado quando entrei na Sale de Interview.

A primeira pergunta foi sobre o jogo e as condições difíceis, com o vento. Mas, em seguida, o assunto mudou para o da treinadora sérvia. De coração aberto, Djokovic falou da importância de Jelena para a sua formação, do caráter, do amor dela ao tênis e como muitas vezes nos esquecemos como esses treinadores, professores de crianças, são fundamentais para o desenvolvimento do esporte.

Ele falou muito mais do que eu esperava sobre um assunto tão delicado. Só em um momento, quando um jornalista do USA Today insistiu para ele contar como foi o último encontro com Jelena, em detalhes, ele pediu para não falar mais no assunto.

 

Abaixo os trechos da entrevista em que ele fala dela e principalmente o que menciona que agora é questão de honra vencer.

É justo dizer que as últimas 24 horas foram difíceis?

Djokovic: “Sim. Não está fácil, mas é a vida. A vida te dá coisas, tira pessoas próximas de você e Jelena foi a minha primeira técnica, era a minha segunda mãe. A gente sempre foi muito próximo, a vida toda. Ela me ensinou muitas coisas que são parte de mim, parte do meu caráter e eu tenho as melhores lembranças dela.

Isso vai ficar comigo para sempre. Espero que possa continuar onde ela parou, com o legado. Ela deixou tanto conhecimento para mim e para as pessoas que eram próximas dela.

Sinto a responsabilidade de continuar a fazer algo no futuro, porque ela trabalhou com crianças de 5, 6 anos até os 12, 13 anos. Ela dedicou a vida dela ao tênis. Nunca se casou. Nunca teve filhos. O tênis era tudo que ela tinha na vida.

Ela tinha 77 anos e antes de morrer 2 dias atrás, na semana passada, ela estava dando aulas. Ela não estava preocupada com a natureza da doença. Ela teve câncer de mama. Sobreviveu a isso. Ela é uma das pessoas mais incríveis que eu conheci.

Você acha que a sua equipe fez o certo em te contar apenas depois do jogo?

Sim, mas mesmo assim foi um choque.

Tive a sorte de encontrar a Jelena 5 anos atrás. Ela parecia muito calma. Falava devagar. Você concorda? Ela não era uma típica sérvia?

Nós somos muito emotivos, mas também temos um lado calmo.

Ela sabia exatamente o que tinha que faze rem quadra. E também na vida particular.  Ela nunca mostrava as fraquezas. Acho que é algo que todo mundo próximo dela aprendeu. Porque mesmo com lesões – ela jogava handball, tênis, dava treinos, e nunca mostrava quando estava lesionada ou triste. Ela sempre estava tentando ser positiva e sorrindo. Transcendia isso para todo mundo.

Ela também era uma mulher muito inteligente. Ela não treinava com todo mundo. Ela sabia reconhecer o potencial dos jogadores de tênis. Por isso ela é a melhor técnica para aquela geração jovem que eu já encontrei na vida.

As pessoas subestimam a importância do início, da infância dos jogadores de tênis, aquela idade entre 05 e 14 anos. É nessa idade que você desenvolve todas as suas habilidades e é importante ter alguém com conhecimento. Ela era ótima.

Faz um tempinho você dividiu conosco memórias do seu falecido avô. Qual é a sua melhor lembrança dela?

Foram muitos, muitos grandes momentos. De uma certa forma a experiência de ter perdido o meu avô no ano passado me ajudou um pouco, a ficar forte desta vez. Eu demorei para me recuperar. Esse ano, de novo, uma pessoa muito próxima, outro choque para mim. Mas estou lidando melhor, tentando me concentrar nas melhores lembranças dela e no tempo que passamos juntos.

É o melhor que você pode fazer quando alguém próximo falece, porque o espírito deles sempre vai estar com você, está na sua mente.

Eu sei que o espírito dela estará sempre comigo na quadra de tênis, porque era o que ela amava, o lugar favorito dela no mundo e vou me assegurar de que o legado dela continue.

Continuando no assunto, você tira forças disso? Como? Serve de inspiração?

Agora me sinto ainda mais responsável para ir até o fim neste torneio. Quero fazer isso pore la, porque ela era uma pessoa muito especial na minha vida. Lembro a última conversa que tivemos, há duas semanas, sobre Roland Garros. Ela falava o que pensava e me disse: “Você tem que se concentrar, focar a sua atenção neste torneio. Você precisa vencer esse torneio.”Ela estava me motivando ainda mais. Então, agora, pela honra dela, preciso ir até o fim. Mas, sabe, não depende só de mim. Tem tantos jogadores bons ainda no torneio. Me dá uma força interna ainda maior, para ir além.

Outros jogadores não teriam falado sobre isso na sala de imprensa. Outros jogadores não mostram emoção em quadra. Você faz os dois. Como isso te ajuda na carreira?

Bem, tem coisas que você mantém privadas e coisas que divide com todos. Sempre tentei estar com o coração aberto e me expressar de maneira honesta e verdadeira, como sempre fiz.Foi assim que aprendi, com meus pais, minha família e com a Jelena. Isso é quem eu sou.

Você pode esclarecer quando a encontrou pela última vez, a última vez que viu ela?

Antes do torneio de Dubai, 2 meses atrás.

Onde você a encontrou? Você a visitou em casa? Foi uma visita social?

Sim.

Você poderia falar sobre isso?

Não gostaria de falar sobre isso, se você não se incomoda. Acho que já falei o suficiente.

Você acha que isso contribui para o que você pode vir a conquistar?

Bem, a morte de um próximo, de uma pessoa especial na sua vida não é algo que eu estava desejando. Mas como eu disse, é a vida e você tem que seguir adiante.

Acredito que seja o destino, que as coisas acontecem por uma razão.

FOTO DE Cynthia Lum

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Roland Garros à vista

Roland Garros já começou e quando eu sair do metrô, subir as escadas e avistar as grades pretas dos portões que envolvem o complexo mais charmoso de tênis do mundo, a maioria das principais estrelas já terá disputado a primeira rodada. Mas, mesmo com o Grand Slam em andamento, essa chegada a Roland Garros é sempre especial.

Philipe Chatrier roland garros

Estou no aeroporto de Frankfurt, esperando a conexão para Paris. Se há dois dias estava difícil colocar a minha mente em Porte DÁuteil, com tantos outros compromissos distantes da terra batida francesa, agora só penso naquele momento da subida das escadinhas do metrô, com meu papel da credencial em mãos e a chegada na recepção da sala de imprensa, o encontro com diversos conhecidos e amigos e as sensações especiais que sempre voltam à mente quando entro em Roland Garros.

Apesar de já terem se passado 05 anos da despedida do Guga, 09 anos da última grande atuação dele em Paris, 12 anos do tricampeonato e 16 do primeiro título, as memórias de mais de uma década em Paris, trabalhando ao lado dele, estão frescas na minha mente.

Lembro da primeira vez que cheguei a Paris e entrei em Roland Garros. Viajei ainda de VASP e cheguei no meio daquele 1997 inesquecível.

Até da roupa que usei na comemoração no Ritz eu lembro –e  ainda uso a saia de flores azuis -. E lembro sem ter fotos. Não sei por qual motivo não tenho fotos daquela noite. Tenho fotografias do Guga com trofeu na Philippe Chatrier e do dia seguinte, uma maratona de entrevistas, encontro com a Seleção Brasileira de Futebol, no hotel Concorde de Lafayette e o Larri colocando no lobby do hotel “viver e não ter a vergonha de ser feliz…”

Quantas pessoas conheci naquele 1997  e que encontrarei dentro de algumas horas…

Acho que poderia ficar horas escrevendo histórias e lembranças de 15 idas a Roland Garros e a maioria delas marcantes. Mas, pretendo fazer isso ao longo da estada em Paris. Apesar de já terem se passado 16 anos daquele primeiro título do Guga – e me dou conta também que já são 16 anos de Tennis View – e de Nadal ser o “Rei do Saibro,” já tendo vencido 7 vezes o Grand Slam nos últimos 8 anos, cada vez que chega esta época do ano, esses momentos, apesar de pertencerem a uma outra época, na minha mente e no meu coração, parecem que foram ontem.

 

 

 

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E quem diria, Sharapova é fã do estilo de vida parisiense. Eu também!

Hoje de manhã estava tomando o Petit Dejeuner no Café Les Editeurs, em Odeon, o bairro dos escritores, pensadores e boêmios, e pensando na vida parisiense, em como é maravilhoso ter lugares como este, em que você pode entrar, tomar um café, ler o jornal – os jornais ficam à disposição dos clientes, sem custo – ou até mesmo ler um livro da biblioteca do café, ou fazer uma mini-reunião, ligar o computador, pegar o caderninho de anotações e escrever.  Mais tarde, em Roland Garros, Maria Sharapova que hoje avançou à semifinal do Grand Slam parisiense, falava justamente sobre isso. 

“Adoro como as pessoas levam a vida aqui em Paris. Elas sentam nos cafés, uma perto das outras, conversam, estão a poucos centímetros dos carros que passam em frente, mas é muito bom. Quem não gostaria de ter esse estilo de vida?”

Fiquei surpresa ao ouvir essa declaração de Sharapova. E ela continuou. “Poderia comer todos os dias no restaurant L’Avenue, comer o escargot e os morangos de sobremesa. Claro que engordaria uns 20k, mas tudo bem. Todo mundo aqui anda de bicicleta ou a pé.”

Como ela é tão americanizada, mora em Los Angeles, numa casa daquelas enormes, anda de carro sempre, e é adepta do estilo americano de ser e viver, não pensei que ela pudesse gostar deste  estilo de vida francês.

E justamente eu vinha pensando nisso, porque depois do café da manhã no tradicional Les Editeurs, fui visitar uma amiga minha na região do metrô François Miterrand. Andei até St Michel, olhei para a imponente Notre Dame e fui pegar o RER – trem, já que era direto e apenas duas estações de “viagem”. Nossa, mas como andei dentro da estação.

O metrô fica a duas quadras e mais do escritório da minha amiga. Na volta, peguei o RER e desci na Gare D’Austerliz para trocar de trem para metrô, na linha que vem direto para Roland Garros.

Andei, andei e andei dentro da estação.

Quando cheguei na estação de Roland Garros, a Porte D’Auteil e tinha que andar mais uns 10 minutos para entrar no estádio, quase me desanimei. Mas você começa a andar e vai. Quando vê, já chegou. São questões de hábitos e é realmente um estilo de vida diferente.

Poucas pessoas tem carro. Se tem, não usam durante a semana ou durante o dia. É mais do que normal andar a pé, de metrô, de bicicleta. É normal sentar num restaurante ou café apertado e ficar ouvindo a conversa dos outros, sem prestar atenção. É mais do que normal tomar uma taça de vinho – ou mais – na hora do almoço e numa noite de verão, pegar uma garrafa de vinho como eu fiz na outra semana, com amigos, e bebericar às margens do Senna.

O que não é comum é ver a Sharapova falando sobre isso e muito menos chegando à semifinal de Roland Garros com uma certa tranquilidade. Derrotou Kaia Kanepi hoje por 6/2 6/3 e até agora só perdeu um set no torneio. Vai jogar contra Petra Kvitova, que precisou de três sets para vencer Yaroslava Shvedova.

A outra semifinal é entre Samantha Stosur e Sara Errani.

Parece que Sharapova nunca esteve tão perto de vencer o torneio que ela aprendeu a gostar e o único que falta para ela completar o Grand Slam.

Foto da Sharapova de Cynthia Lum

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O aniversário de Nadal em Paris e o meu parabéns pessoal

Todo ano no aniversário de Rafael Nadal é a mesma coisa. O departamento de comunicação de Roland Garros prepara um lindo bolo para ele, o campeão aparece, corta o bolo, posa para fotos, recebe presentes do Grand Slam e vai embora. Desta vez, num dia meio cinza em Paris e não dos mais agradáveis para jogar tênis, em que Nadal devia estar comemorando é o fato de não ter que estar em quadra, resolvi acompanhar o evento midiático, em comemoração aos 26 anos do hexacampeão, de perto.

Cheguei na hora marcada ao Bar de La Presse, que fica no segundo andar do Centro de Imprensa e já vi muitos fotógrafos amontoados perto do balcão da caixa registradora. Chegou o bolo, em formato de quadra, com raquetes e bolinhas de doces e Joyeux Anniversaire Rafael escrito, no melhor estilo francês e foi colocado no canto, perto das janelas, junto a um balde de Moet Chandon.

Mais fotógrafos e mais câmeras foram chegando e nada do Nadal aparecer. Até que num certo momento, com tantos jornalistas no bar de la presse, começaram a barrar a passagem de quem estava chegando para perto do bolo.

Uma hora depois, Nadal chegou, vestindo um casaco azul, sorrindo e já pedindo desculpas pelo atraso. Enquanto ele não chegava, os jornalistas que estavam esperando pela presença dele, perderam o fim do jogo em que Cibulkova derrotou a número um do mundo Victoria Azarenka e mais de um set da partida entre Seppi e Djokovic.

Nadal estava antes numa entrevista com a televisão francesa que aparentemente atrasou. Nadal não ficou no bar de la presse mais do que cinco minutos. O suficiente para posar para fotos com o bolo, cortar uma fatia, experimentar um pedacinho, receber o presente das mãos de Guy Forget, no seu novo cargo de diretor de Roland Garros e quase morrer de vergonha quando ensaiaram um “Que Lo Cumpla Feliz…” 

Mas, humilde e educado como sempre, na saída, que foi menos tumultuada do que eu esperava, o hexacampeão de Roland Garros ao me ver, ainda parou e recebeu os meus cumprimentos.

 

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Um Roland Garros Futurista – RG LAB 2050

 

Desde o dia que cheguei estou vendo placas dentro e fora de Roland Garros com o dizer RG LAB 2050. Tinha visto uma placa de entrada, no lugar onde ficavam os video games e hoje fui averiguar o espaço. Me senti numa daquelas salas experimentais de Epcot Center.

Mas, em vez de brincar no computador e fazer uma foto sua com o Mickey Mouse, você desenha a sua própria camiseta de Roland Garros. Em vez de imaginar um mundo “verde” e fazer a sua própria horta, você testa a sua velocidade usando um tênis adidas e fazendo piques no mesmo estilo do que os tenistas profissionais.

Já imaginou entrar num daqueles pula-pulas de festinha de criança, mas com uma raquete na mão e ter que acertar a bola num alvo? Ou jogar tênis holograficamente?

Ah, você pode ainda participar de uma história em quadrinhos em que o herói principal é Jo-Wilfried Tsonga e jogar uma espécie de Pebolim com bola de tênis.

Para quem quiser apenas descansar entre os jogos, pode seguir todas as partidas das telas de televisão com imagens de todas as quadras instaladas no RG LAB ou jogar um Xbox ou PS3.

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Chave principal só começa domingo, mas Paris já sente o clima de Roland Garros

Oficialmente Roland Garros só começa no domingo, com a disputa dos jogos da primeira rodada da chave principal. Mas, o evento em si já começou. A disputa do qualifying está em andamento – desde terça-feira -, as principais estrelas do circuito já estão em Paris e treinando para o segundo Grand Slam do ano e os patrocinadores estão fazendo inúmeras ações de marketing pela cidade.

Antes do sorteio da chave principal, que acontece nesta sexta-feira, em Paris, em Roland Garros mesmo, Ana Ivanovic, Jo-Wilfried Tsonga, Richard Gasquet e a vice-campeã do ano passado, Samantha Stosur, fizeram uma aparição no topo da famosa Galeria Lafayette. ELes bateram bola em uma quadra montada no topo do histórico edifício do Boulevard Haussmann e levaram também os trofeus dos campeões que ficaram em exibição enquanto eles treinavam com a vista para a Torre Eiffel e outros marcos históricos da capital parisiense. 

Sábado, um dia antes do início da chave principal, a maioria dos tenistas faz jogos amistosos em Roland Garros, com duração de um set profissional e a renda da venda dos ingressos revertida para diversas instituições de caridade da França.

Nesta quinta à noite também, Rafael Nadal fez uma aparição na loja da Nike, na Champs Elysee. Ainda não recebi imagens, mas já sei que foi uma loucura.

Ou seja, Roland Garros, para Paris, já começou.

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