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A incrível Serena conquista o 16º Grand Slam e se mantém vencedora no circuito desde 1998

Há um ano começava a construção do 2º título de Roland Garros conquistador neste sábado por Serena Williams, ao derrotar Maria Sharapova por duplo 6/4 e erguer o 16º trofeu da Grand Slam da carreira.

Eliminada na primeira rodada em Roland Garros 2012 pela francesa Virginie Razzano, Serena sabia que tinha que fazer algo. Nunca havia perdido na primeira rodada de um Grand Slam em mais de 14 anos de carreira.

Serena Williams Roland Garros

Foi ao encontro do técnico Patrick Mouratoglou, proprietário de uma academia nos arredores de Paris e começou a trabalhar com o francês. A carreira de Serena, depois de embolia pulmonar, cirurgia no pé, acidente de bicicleta, começava a dar uma guinada naquele momento.

Uma nova voz, uma força de vontade ainda maior e um ano praticamente sem graves lesões, levaram Serena Williams a se tornar tão dominadora quanto fora 10, 11 anos atrás. A vitória em Paris, 11 temporadas após a primeira em 2002 é a mais longa de uma tenista da Era Aberta e também torna Serena Williams a campeã de Grand Slam mais velha de simples.

Depois daquela derrota para Virginie Razzano, em um ano inteiro, Serena ganhou 3 Grand Slams (Wimbledon, US Open e agora Roland Garros, a medalha de ouro olímpica, o Masters de Istambul e ainda foi campeã em Miami, Charleston, Madri e Roma). Perdeu apenas 4 jogos (Cincinnati, quartas do Australian Open, final de Doha e estreia em Dubai). Segundo o treinador, a única destas partidas em que não estava lesionada foi a final no Catar contra Victoria Azarenka.

Com apartamento em Paris – comprou em 2007 -, treinador francês, um link afetivo com a França, Serena colocou a vitória no saibro de Roland Garros como o seu grande objetivo. Esteve em situação complicada nas quartas-de-final contra Svetlana Kuznetsova mas não desistiu. Força mental + força física + experiência + saque + golpes sólidos + vontade de vencer = campeã de Roland Garros.

Para mim, de todos os dados e estatísticas o que mais me impressiona é que Serena jogou o primeiro Grand Slam em 1998, na Austrália. Em Roland Garros, naquele ano, perdeu nas oitavas-de-final para Arantxa Sanchez Vicário que hoje entregou a Coupe Suzanne Lenglen para ela.

Há 15 anos ela disputa o circuito e continua vencendo.  E parece a cada ano melhor. Ficam duas perguntas na cabeça. Até quando ela vai conseguir continuar jogando em alto nível, vencendo Grand Slams. Ela tem 31 anos de idade. E quando vai aparecer alguém capaz de jogar de igual para igual com ela?

Foto de Serena Williams – Cynthia Lum

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E quem diria, Sharapova é fã do estilo de vida parisiense. Eu também!

Hoje de manhã estava tomando o Petit Dejeuner no Café Les Editeurs, em Odeon, o bairro dos escritores, pensadores e boêmios, e pensando na vida parisiense, em como é maravilhoso ter lugares como este, em que você pode entrar, tomar um café, ler o jornal – os jornais ficam à disposição dos clientes, sem custo – ou até mesmo ler um livro da biblioteca do café, ou fazer uma mini-reunião, ligar o computador, pegar o caderninho de anotações e escrever.  Mais tarde, em Roland Garros, Maria Sharapova que hoje avançou à semifinal do Grand Slam parisiense, falava justamente sobre isso. 

“Adoro como as pessoas levam a vida aqui em Paris. Elas sentam nos cafés, uma perto das outras, conversam, estão a poucos centímetros dos carros que passam em frente, mas é muito bom. Quem não gostaria de ter esse estilo de vida?”

Fiquei surpresa ao ouvir essa declaração de Sharapova. E ela continuou. “Poderia comer todos os dias no restaurant L’Avenue, comer o escargot e os morangos de sobremesa. Claro que engordaria uns 20k, mas tudo bem. Todo mundo aqui anda de bicicleta ou a pé.”

Como ela é tão americanizada, mora em Los Angeles, numa casa daquelas enormes, anda de carro sempre, e é adepta do estilo americano de ser e viver, não pensei que ela pudesse gostar deste  estilo de vida francês.

E justamente eu vinha pensando nisso, porque depois do café da manhã no tradicional Les Editeurs, fui visitar uma amiga minha na região do metrô François Miterrand. Andei até St Michel, olhei para a imponente Notre Dame e fui pegar o RER – trem, já que era direto e apenas duas estações de “viagem”. Nossa, mas como andei dentro da estação.

O metrô fica a duas quadras e mais do escritório da minha amiga. Na volta, peguei o RER e desci na Gare D’Austerliz para trocar de trem para metrô, na linha que vem direto para Roland Garros.

Andei, andei e andei dentro da estação.

Quando cheguei na estação de Roland Garros, a Porte D’Auteil e tinha que andar mais uns 10 minutos para entrar no estádio, quase me desanimei. Mas você começa a andar e vai. Quando vê, já chegou. São questões de hábitos e é realmente um estilo de vida diferente.

Poucas pessoas tem carro. Se tem, não usam durante a semana ou durante o dia. É mais do que normal andar a pé, de metrô, de bicicleta. É normal sentar num restaurante ou café apertado e ficar ouvindo a conversa dos outros, sem prestar atenção. É mais do que normal tomar uma taça de vinho – ou mais – na hora do almoço e numa noite de verão, pegar uma garrafa de vinho como eu fiz na outra semana, com amigos, e bebericar às margens do Senna.

O que não é comum é ver a Sharapova falando sobre isso e muito menos chegando à semifinal de Roland Garros com uma certa tranquilidade. Derrotou Kaia Kanepi hoje por 6/2 6/3 e até agora só perdeu um set no torneio. Vai jogar contra Petra Kvitova, que precisou de três sets para vencer Yaroslava Shvedova.

A outra semifinal é entre Samantha Stosur e Sara Errani.

Parece que Sharapova nunca esteve tão perto de vencer o torneio que ela aprendeu a gostar e o único que falta para ela completar o Grand Slam.

Foto da Sharapova de Cynthia Lum

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Espanhol preparador físico de Sharapova fala da exigência do físico em Roland Garros e da preparação física no tênis mundial

Já estou para escrever este post até mesmo antes de Roland Garros começar. Estava com ele na cabeça, mas às vezes vão acontecendo outras histórias e as iniciais acabam ficando para trás.

Cada Grand Slam tem a sua particularidade e uma de Roland Garros é o fato de ser o que exige mais preparo físico dos jogadores. É no saibro, os pontos são mais longos e haja fôlego e resistência dos tenistas.

Por isso, reproduzo aqui o meu bate-papo com o Juan Reque, o preparador físico espanhol da Sharapova em que ele fala da transformação da preparação física no tênis nos últimos anos e da importância atual dela no circuito.

Ontem, depois do jogo em que Sharapova chegou a estar perto de um adeus precoce a Paris diante da francesa Caroline Garcia, falei com Juan e ele confirmou que se em Roland Garros você não estiver com o físico bem preparado, bem mais do que nos outros Grand Slams, vai sofrer para avançar ou não vai aguentar.

Veja os principais trechos da conversa com o madrilenho Reque, publicada na edição 113 da Tennis View sobre preparação física no circuito profissional e as dicas que ele dá para quem está começando.

 

 

Preparador físico de Sharapova avalia a evolução física no tênis profissional e avisa: “a preparação tem que começar antes do profissionalismo.”

 

Juan Reque trabalhou cinco anos na ATP antes de se mudar para os EUA para cuidar exclusivamente da russa

 

Já estamos cansados de ouvir e de comprovar que sem o físico no circuito profissional, tanto no masculino, quanto no feminino, não há como chegar longe e vencer barreiras entre os tops. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, até pouco tempo atrás o físico não tinha tanto espaço no dia-a-dia dos tenistas. Claro que havia a preparação, mas não da maneira como é feita atualmente.

Quem conta como tudo começou é o espanhol Juan Reque, 38 anos, fisioterapeuta e preparador físico de Maria Sharapova que trabalhou por cinco temporadas na ATP, como fisioterapeuta do circuito, atendeu entre muitos tops, Rafael Nadal em sua clínica a NovoReq na Espanha, antes de se mudar de Madri para  Los Angeles para cuidar exclusivamente do físico da russa radicada nos Estados Unidos.

 

Tennis View – Como você avalia a evolução física no tênis profissional?

Juan Reque – A primeira coisa que temos que notar é que há dez, quinze anos quase não havia jogadores viajando com preparadores físicos e fisioterapeutas no circuito. Pete Sampras foi um dos primeiros a viajar com um todo o tempo e foi o Alex Stober, que trabalhou na ATP e depois até trabalhou com o Guga. O Alex foi um precursor assim como o Walt Landers – falecido em 2004 – que viajou com o Yevgeny Kafelnikov, Marat Safin, Lleyton Hewitt e por um período até com o Andre Agassi e o próprio Sampras.

 

TV – Então os tenistas não se dedicavam tanto ao físico quanto hoje?

JR – Eles faziam o básico da preparação física que é o aquecimento e depois o que chamamos de cool down pós jogo ou treinos. Somente quando havia uma lesão os tenistas davam atenção de fato ao físico e iam tratar do que já estava ruim, quando já era tarde.

 

TV – E quando começou a haver essa mudança?

JR – Pouco a pouco, muito devido a exemplo de outros tenistas que deixaram as quadras cedo por causa de lesões, eles perceberam que talvez fosse melhor prevenir, do que chegar ao momento em que não possam fazer mais nada e tenham que parar de jogar antes da hora, como foi o caso do Guga e do Magnus Norman.

 

TV – E você sentiu essa mudança na base ou só entre os mais tops?
JR – Hoje em dia os adolescentes de 14, 16 anos já estão trabalhando o físico nos programas das principais federações do mundo e assim quando estiverem jogando profissionalmente já terão um conhecimento melhor do corpo, percebendo sinais importantes que ele sempre dá.

 

TV – Sabemos que você não pode contar detalhes do seu trabalho com a Sharapova, mas qual é a principal função de um fisioterapeuta e/ou preparador físico que se dedica exclusivamente a um tenista?

JR – O principal objetivo acompanhando o jogador o tempo todo é fazer com que o corpo do atleta se mantenha sempre em boas condições. O corpo tem que estar flexível, bem compensado e o atleta tem que poder se movimentar bem.

Além disso, uma das principais funções é estar atento, em cima o tempo todo para que não ocorra nenhuma lesão grave, apesar de nem sempre podermos evitar.

O trabalho compreende os músculos, as articulações, tendões, ligamentos, a parte cardio vascular e também do tempo de descanso, do treino, da alimentação. Enfim, é bem completo.

 

 

TV – O que você recomendaria aos tenistas que estão iniciando um trabalho mais sério como juvenis e entrando no profissionalismo?
JR – Acho que uma idade boa para começar a fazer preparação física mais a sério é aos 16 anos. Deve haver um aquecimento sempre, a preparação física em si, um bom trabalho de compensação e condicionamento físico. O que todos tem que ter em mente é que o físico, se não for bem trabalhado, pode um dia vir a te impedir de jogar e você tem que saber também que quando chegar ao profissionalismo não basta ter físico para jogar bem uma partida e sim um campeonato inteiro, uma temporada e para aguentar Grand Slams.

É recomendável, desde o início que haja um entendimento da equipe de preparação física com a equipe técnica, seja em clubes, academias ou quando for particular. Os treinos de tênis e preparação física tem que ser adaptados a cada jogador e aos objetivos traçados.

 

 

 

 

 

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