Quando estive em Wimbledon, no ano passado, tive a honra de me encontrar e conversar com um dos maiores historiadores do tênis, Alan Little. Como agradecimento pela visita à biblioteca de Wimbledon e a entrega de uma série de números da Tennis View para ficarem no arquivo britânico, ele me deu um livro autografado, que havia lançado há pouco, Tennis and The Olympic Games. Claro que não dei muita atenção ao material, até esta semana.
Comecei a ler toda a pesquisa que o Mr. Little fez e apesar de saber que não houve tênis nas Olimpíadas por 60 anos, de 1924 até 1984, não podia imaginar que as causas foram falta de estrutura, má organização, relacionamentos fracos entre o Comitê Olímpico e as organizações dos campeonatos de tênis.
Aparentemente, desde a inserção do tênis nos Jogos Olímpicos, desde a primeira edição em 1863, ao lado de outros 12 esportes, a edição mais bem organizada até então, foi a de 1912, na Suécia. O Rei Gustav V incentivou a disputa do tênis, a cidade de Estocolmo se envolveu com a competição e todos os jogos estavam lotados, diferente dos jogos anteriores, em Londres, praticamente esvaziado.
Já em 1920, em Antuérpia, o tênis participou das Olimpíadas, mas sem o mesmo incentive que teve na Suécia. Apesar do número grande de participantes, a organização foi pobre, escreveu o Sr. De Little.
Quatro anos mais tarde, nos Jogos de Paris, houve mais do que o dobro do número de participantes do que na edição de Antuérpia, a organização foi pior ainda.
Segundo o relato do pesquisador, quando os jogadores chegaram para os jogos, as arquibancadas não estavam prontas e as quadras e os vestiários eram primitivos. O vestiário feminino tinha apenas um chuveiro e o masculino ficava a 1km das quadras. O relato continua, com informações dos jogadores estressados, os juízes sofrendo com as atitudes dos atletas e o espírito olímpico longe do ideal.
Tentaram encontrar um culpado para a organização falha, mas as pessoas designadas pelo Comitê Olímpico Internacional para organizar o torneio, não tinham experiência e a International Lawn Tennis Federation, não podia se envolver.
A questão levou a discussões e as duas entidades se distanciaram, deixando o tênis ausente dos jogos.
O que ninguém imaginava é que demoraria mais 60 anos para o tênis voltar a integrar as Olimpíadas.
Mesmo não tendo o mesmo apelo do que um atletismo, ou uma natação, sendo um esporte tão global, é difícil mesmo pensar nos Jogos Olímpicos sem tênis.
Neste período de 60 anos, o Movimento Olímpico só crescia, aumentando a participação de países e competidores.
Por volta de 1963 tentaram colocar de volta o tênis nos Jogos Olímpicos. O assunto foi tema de assembleias, mas a época coincidia com a Era Aberta do Tênis e demorou mais 21 anos para o esporte voltar a fazer parte dos Jogos.
Com 6000 espectadores, em Los Angeles, o tênis voltou à competição criada pelo Barão de Coubertin, como um esporte exibição. Stefan Edberg e Steffi Graf saíram vencedores e já nas Olimpíadas seguintes, em Seul, tênis virava novamente esporte oficial olímpico.
De 1988 para cá houve uma série de mudanças nos quesitos de classificação, chaves, cabeças-de-chave, formato, entre outros.
Para mim, a mais significativa delas foi em Sidney, no ano 2000, quando a competição passou a dar pontos no ranking mundial.
A novidade para estes Jogos Olímpicos que começam nesta sexta, em Londres, com a cerimônia de abertura é a entrada da chave de duplas mistas.
Mas, é para apenas 16 duplas e só para os tenistas que já estão participando nas chaves de simples e / ou duplas. Ou seja, pode ser melhorada.
Como um colega observou recentemente, com apenas três jogos nessa chave de 16 duplas, dá para conquistar medalha. Muito pouco para o valor que tem uma medalha olímpica.
O Brasil, que quase ficou fora destes Jogos de Londres, disputa em Wimbledon, com Thomaz Bellucci, André Sá, Marcelo Melo e Bruno Soares, a sua sexta olimpíada consecutiva.
Abaixo reproduzo uma parte da material da jornalista Fabiana Oliveira, publicada na edição 118 da Tennis View, com a participação dos brasileiros nos Jogos Olímpicos. Até hoje, Fernando Meligeni foi quem fez a melhor campanha olímpica.
Meligeni, o Melhor Brasileiro Até o Momento
O brasileiro com melhor desempenho na história dos Jogos Olímpicos foi Fernando Meligeni, que ficou com a quarta colocação na disputa de Atlanta, após perder na semifinal para o espanhol Sergi Bruguera e na disputa pelo bronze para o indiano Leander Paes. Outros 15 tenistas do nosso País também marcaram seus nomes no evento: André Sá, Andréa Vieira, Cláudia Chabalgoity, Flávio Saretta, Gisele Miró, Gustavo Kuerten, Jaime Oncins, Joana Cortez, Luiz Mattar, Marcelo Melo, Miriam D’Agostini, Marcos Daniel, Ricardo Acioly, Thomaz Bellucci e Vanessa Menga.
Campanha dos Brasileiros
2008 – Pequim
– Bellucci e Daniel perderam na estreia de simples, respectivamente para e Benneteau
– Melo e Sá vencem Berdych e Stepanek e perdem para Bhuphati e Paes
2004 – Atenas
– Guga perdeu na estreia de simples para Massu, que se tornaria campeão do evento
– Saretta perdeu na estreia para Roddick
– Sá, ao lado de Saretta venceram Nadal e Moyá na estreia, perdendo em seguida para Black e Ullyett
2000 – Sidney
– Guga vence Pognon, Schuettler e Ljubicic, parando a um jogo da disputa de medalha diante de Kafelnikov, que mais tarde conquistaria o ouro
– Cortez e Menga vencem chinesas N.Li e T.Li na estreia mas perdem para Marosi e Mandula na segunda rodada.
– Guga e Oncins caíram na estreia de duplas diante dos campeões canadenses Nestor e Laureau
1996 – Atlanta
– Meligeni vence Pescosolido, A. Costa, Philippoussis, Olhovskiy, perde para Bruguera na semi e disputa medalha de bronze com Paes, que acaba subindo ao pódio
– D’Agostini e Menga perderam na estreia de duplas para Zvereva e Barabanschikova
1992 – Barcelona
– Oncins vence Muskatirovic, Chang, Koevermans e para nas quartas diante de Cherkasov foi quadrifinalista em simples
– Vieira e Chabalgoity vencem suecas na estreia e perdem para McQuillan e Provis, da Australia na segunda fase
– Mattar caiu na primeira rodada de simples, para Haarhuis, e de duplas, ao lado de Oncins, para Sanchez e Casal
1988 – Seul
– Acioly e Mattar chegaram à segunda rodada da chave de duplas, parando diante dos franceses Forget e Leconte
– Miró venceu vence canadense Kelesi na 1ª rodada e para na sequência diante de Maleeva
– Mattar caiu na primeira rodada de simples para Masur