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Para Nadal a vida continua, e para Wimbledon também

Acabo de receber as chaves atualizadas de Wimbledon e é realmente estranho não ver o nome de Rafael Nadal na segunda rodada. Mas, apesar de ter sido a primeira derrota do espanhol na primeira rodada de um Grand Slam, em toda a carreira, a eliminação não foi tão chocante quanto no ano passado. E como ele mesmo disse, a vida continua e para Wimbledon também.  Nadal derrota Wimbledon

O Grand Slam britânico começou nesta segunda com as vitórias de Roger Federer, Andy Murray, Maria Sharapova, Ana Ivanovic, Jo-Wiflried Tsonga, Petra Kvitova, Marin Cilic, Victoria Azarenka, Lleyton Hewitt e muitos outros.

Nesta terça ainda estreiam Novak Djokovic, Serena Williams, Laura Robson, Tomas Berdych, Juan Martin del Potro e outros inúmeros tenistas.

O torneio de Wimbledon claro, perde um de seus grandes campeões, mas talvez por já ter sido eliminado no ano passado, na segunda rodada, desta vez a derrota precoce não chocou tanto. Nadal mesmo avisou que não jogaria o torneio de Halle, mas que sabia do risco que corria ao não competir previamente na grama. Ele procurou dar o crédito ao belga Steve Darcis que o derrotou por 7/6 7/6 6/4. Não quis falar do joelho, apesar de ter se movimentado mal no terceiro set. E no final afirmou, “não é uma tragédia.”

Para ele não é mesmo. Até Wimbledon havia jogado nove torneios, ido à final de todos e vencido sete, incluindo Roland Garros. Há duas semanas estava comemorando o oitavo título em Paris. Ele tentou se adaptar à grama nas condições que podia. Nos outros anos, no dia seguinte após a vitória na França estava num trem indo para Londres jogar o torneio de Queen’s ou num avião para Halle. Hoje suas condições físicas não permitem mais que ele faça isso e está tudo bem.  Um ano atrás ele deixava o All England Club com dores no joelho, sem saber exatamente que lesão tinha e como curaria. Ficou sete meses fora das quadras. Agora sabe que não é tão grave e disse que voltará bem mais cedo do que no ano passado. “Não vai demorar tanto, com certeza.”

Nadal vai para casa descansar, recuperar o joelho ainda mais e se preparar para a temporada de quadras rápidas nos Estados Unidos. Darcis Wimbledon

E em Wimbledon o campeonato continuará. Sem um dos Big Four, mas com a mesma vibração com a Grã Bretanha toda torcendo para Andy Murray, ou com o público vibrando com a incrível vitória de Hewitt sobre Stanislas Wawrinka, com Roger Federer, o rei da grama e seu tênis clássico, com Novak Djokovic tentando vencer o segundo Grand Slam do ano e muitas outras histórias, vitórias e derrotas que surgirão nas próximas duas semanas. Quanto ao belga Darcis, de 29 anos e 135o. colocado no ranking mundial, ele aproveitou uma tarde de inspiração suprema e um Nadal sem estar 100%, seja física, mental ou tenisticamente. O que será dele no torneio de Wimbledon, ninguém pode prever. Pode ser até que ele seja eliminado na próxima rodada, depois de toda a adrenalina que é vencer uma partida dessas, ou continue inspirado e inspirando.

Quanto mais o torneio for se afunilando, mais as coisas vão complicando para os menos experientes. As chances de vencer um tenista top nas primeiras rodadas, quando ainda não estão tão à vontade no torneio, tão empolgados quanto o adversário do outro lado da rede, são sempre maiores.  Vencer um top confiante e a poucas rodadas de ver o trofeu na sua prateleira é bem diferente.

Mas, como escrevi ontem me referindo às previsões feitas antes do torneio começar e a todo o falatório pré-Grand Slam, tudo isso fica para trás quando o jogo começa. E foi o que aconteceu hoje. Tanto se falou da chave difícil de Federer, Murray e Nadal e agora todas as teorias já fazem parte do passado e Nadal já está a caminho de casa.

Fotos: Cynthia Lum

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Com Ferrer, Roland Garros volta a ter final espanhola.

Desde o início Era Nadal não houve mais final espanhola em Roland Garros

Lembro como se fosse ontem de quando vi dois espanhóis na final de Roland Garros. Era 1995 e Sergi Bruguera derrotava Alberto Berasategui para conquistar o bicampeonato em Paris. Neste domingo, a capital francesa recebe uma outra decisão espanhola entre o heptacampeão Rafael Nadal e David Ferrer, que joga a sua primeira final de Grand Slam. David Ferrer Roland Garros

Dominantes no saibro, presentes em diversas finais de Roland Garros, nenhum outro espanhol depois que Nadal venceu o seu primeiro Tropheé des Mousquetaires, voltou a jogar uma final em Paris.

De 1993, ano do primeiro triunfo de Bruguera, 10 espanhóis jogaram a final de Roland Garros. Bruguera foi campeão em 93 e 94 e vice em 97, perdendo a final para Guga.

Moyá e Corretja decidiram o título de 98, com Moyá recebendo o Trofeu das mãos de Pelé.

Três anos depois, Corretja voltava à final em Roland Garros, mas perderia para Guga.

A decisão de 2002 foi entre dois espanhóis novamente, com Albert Costa ganhando de Juan Carlos Ferrero, que viria a ser campeão em 2003.

Dali em diante, a Espanha se resumiu a Nadal.

Gaudio ganhou em 2004, com vitória sobre o compatriota argentino Guillermo Coria.

A Era Nadal começou em 2005 e dali em diante só deu ele em Paris. Almagro, Robredo, Moyá e Ferrer pararam nas quartas-de-final e no ano passado, Ferrer chegou até a semi.

O mesmo Ferrer decidirá o título com Nadal, na primeira final de Grand Slam que disputa.

Se aos olhos dos fãs o número 2 espanhol parece um jogador sem muita graça, no circuito é elogiadíssimo por seu jogo de pernas e devolução. O tio e técnico de Rafael, Toni Nadal, chegou a afirmar em entrevista para a imprensa francesa que Ferrer se movimenta inclusive melhor do que Djokovic. “Ele não precisa mais provar que não é um jogador de 2º nível. Os resultados mostram. Já fez semifinal de Grand Slam, ganhou Master 1000..” Palavras do tio Toni.

Talvez seja difícil entender Ferrer porque ele também não é dos mais emotivos em quadra e fala pouco fora dela. Prefere viver sem grandes extravagâncias, longe dos flashes e do glamour que a vida de tenista top te propicia.

“Eu sei que vocês querem que eu fale de drama, de algo a mais, mas não tenho o que dizer,”  foi o comentário dele em um encontro com alguns jornalistas que participei antes do jogo com Tsonga, no Village de Roland Garros. Os “periodistas”espanhóis tentaram extrair informações de Ferrer de todos os jeitos, mas não conseguiram. E eles já sabem que ele é assim, um lutador em quadra, fiel – está há anos com o mesmo técnico – Javier Piles – e os mesmos patrocinadores, mas um homem de poucas palavras.

Rafael Nadal Roland Garros

O que ele e todo o público espera é que a final não seja de poucos games. Todos já consideraram a vitória de Nadal sobre Djokovic, por  64 36 61 67 97, uma decisão antecipada.

Ferrer não precisou fazer a metade do esforço do compatriota para chegar à final. Ganhou de Tsonga por 61 76 62 e mais parecendo o Nadal de outros anos, vai à final sem ter perdido nenhum set.

A entrevista pós jogo de Ferrer deixa claro que ele não quer fazer papel de coadjuvante na Terra de Nadal.

Confira alguns trechos.

 

Q.  Congratulations.  Can you give us an idea as to how excited you are to be in the final finally?

DAVID FERRER:  I’m very, very happy, sure, no?  This tournament is very special for me and to be the first final of Grand Slam in Roland Garros is amazing, no?

Now I want to enjoy this moment, to rest tomorrow, and to try my best in the final.

Q.  It’s come in your 42nd major.  Did you ever believe that you would get to this point?  Did you worry that you wouldn’t make a Grand Slam final?

DAVID FERRER:  Well, it’s a dream for me to be a final of a Grand Slam, and Roland Garros is more important for me.  Now, of course, the final I will fight.  I will try to do of me, and I don’t know.  I will play against Rafael, and it’s very important for us because, you know, we are Spanish players and this is very important for the country, also.

Q.  Rafa’s only lost one match here, so is it hard not to think he’s maybe a little bit unbeatable here?  And do you think you can be the guy to make the second beating of Rafa here?

DAVID FERRER:  Well, is very difficult to beat Rafael in all the surfaces, but in clay court is more difficult. I think I need to play my best tennis for to beat him.  I need to play very aggressive all the match, and to do my best tennis.

  Q.  How do you feel from the body, like the physical condition?  You were much faster than Rafa today.  Do you think that could play a role in the final?

DAVID FERRER:  Well, is important for me to be ready to play the final with good conditions. But I think Rafael, he’s going to recovery, sure.  He’s already play four hours and a half, and tomorrow he will have to rest and he will be ready, sure, after tomorrow, no?  He’s the best performance on physical, no?

Ferrer Roland Garros 2013

Q.  What is the best clay match you played against Rafa recently?

DAVID FERRER:  This year it was in Rome, sure.

        Q.  Can you explain?

DAVID FERRER:  Well, this year it was in Rome because I did a very good game.  I played very aggressive all the match, and finally I lost with him because he was better.

Q.  How difficult is it to play a local player?  Did you have to do something special to try and block the fact that most of the spectators were going to be against you?

DAVID FERRER:  No, is not difficult to play with a local player.  You know, we play a lot of times of our career.  It’s difficult to beat Rafael, but, you know, not because he’s Spanish player.  It’s because he’s a very good player.  Nothing else.It’s going to be my first final in a Grand Slam.  I am sure I am going to be a little bit nervous, but I will try to move a lot and to play very good.  I hope to play a good game.

Q.  I think it was five years ago and you were set to play Rafael in Rome.  The press conference beforehand you said, We Spanish players, we find it very difficult to even think we can beat Rafael on clay.

DAVID FERRER:  Uh‑huh.

        Q.  He’s so much better than everyone else.

DAVID FERRER:  Yeah.

     Q.  Do you still think that?

DAVID FERRER:  Yeah, of course it’s difficult to beat him.  He’s the best in clay court.

Q.  (Off microphone.)

DAVID FERRER:  I don’t know.  Djokovic, I think he won to him in Monte‑Carlo, but he’s the No. 1 of the world.  Of course Rafael and me improve our game, but of course Rafael is the favorite for to win Roland Garros.

  Q.  Even though you probably will have some nerves going into this first Grand Slam final, do you think you can go in with the mentality of nothing to lose?  I mean, you know you’ve lost to Rafa so many times.  He’s the big favorite.  So do you think that will allow you to maybe play a little bit freer?

DAVID FERRER:  Well, I know he’s the favorite, but I am going to be focused every point.  I will try to do my best. But I am not thinking about Rafael, he’s better than me or not.  I will try to fight a lot and to play very good match, no?  After that, you know, in the match gonna depend on a lot of things, no?

Q.  This is the opportunity of your life, isn’t it?

DAVID FERRER:  The opportunity of my life is to make it to the final.  I have already reached a final in the past, but there is still a lot for me to do.  Defeating Rafa is very difficult on any surface; it’s even worse on clay.  But once again, I’m going to try to play a beautiful match.  I don’t want to think of whether it’s the occasion, the opportunity of my life, if it’s a dream. If you start thinking like that, it’s not very positive.

Q.  You said you expected a very difficult semifinal with a Davis Cup type of atmosphere.  This was not the case.  It was much easier, wasn’t it?

DAVID FERRER:  Well, yes, you know, I had a good start in the match.  The crowd was pretty balanced then.  Of course, I mean, they supported Jo‑Wilfried, but I thought they would support him even more. But there were very fair play.

Q.  Was it easy?

DAVID FERRER:  The match wasn’t easy, but, you know, when there were difficult moments, the crowd was not a problem.  I managed to cope with the pressure.

Q.  How are you going to prepare for the final?  Are you going to change your routine?  That’s my first question.  And my second question is:  You already won a Masters 1000.  Are you going to do anything different?

DAVID FERRER:  No, I’m going to do just as usual.  I will stay with my family.  I’ll practice.  As for your second question, each match is different.  I managed to win my first final in Masters 1000, but this upcoming match is going to be a bit more complicated.

      Q.  Congratulations.  You made it.  You reached a final.  Can you tell us what you’re feeling at the moment?

DAVID FERRER:  Well, I’m happy.  I’m very happy  I can’t relax really because there is still the final that I need to play.  It’s a very important match and I want to do well.  I want to play a great match at the standards of a final of a Grand Slam. So I don’t want to celebrate right now saying, Okay, I made it to the final.  No, I want to be well‑prepared and I want to get to the final with a lot of dynamism and I’m really willing to win.

Q.  Do you remember your other matches against Rafael?

DAVID FERRER:  Well, it doesn’t matter, does it?  I won once when we were kids.  I won to him on clay.  Then I also won on faster surfaces, but each match is different, anyway.  So I need to focus on the now and I need to make the most of all my shots.

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Arantxa, Vamos! Uma resenha sobre a polêmica biografia da tenista

Acabo de ler mais uma biografia, mais uma de tenista, a da Arantxa Sanchez Vicário.

Fiquei curiosa em relação ao conteúdo do livro “Arantxa, Vamos!”, quando há alguns dias li em diversos meios de comunicação internacionais que ela havia rompido com a família e que estava sem dinheiro algum. A notícia veio à tona dias antes do lançamento da biografia.

Imagino que como a maioria das pessoas, ligadas ao tênis ou não, a notícia tenha sido uma surpresa. Afinal, a família Sanchez-Vicário sempre foi uma “instituição do esporte.”

Com dois irmãos mais velhos, tenistas – Emilio e Javier -, sendo Emilio o mais bem sucedido dos dois, tendo chegado ao posto de número um do mundo em duplas e sete em simples – raros eram os torneios em que não se via um Sanchez-Vicário nas quadras ou nos bastidores.

Emilio fez ainda o nome da família permanecer em destaque ao se tornar um capitão campeão da Copa Davis pela Espanha e a fundar a reconhecida academia Sanchez-Casal, em Barcelona.

Como Emilio já esteve no Brasil diversas vezes e é colunista da Tennis View, o nome Sanchez é ainda mais presente para mim.

Não vi, ao vivo, a Arantxa jogar muito. Mas, lembro de ter assistido pela televisão a primeira vitória dela em Roland Garros contra a Steffi Graf e, em Paris, ao último triunfo, em 1998, contra a Monica Seles.

Mas, além da conhecida garra da mais jovem dos Sanchez-Vicário e do sorriso sempre estampado no rosto, o que me marcou nos poucos anos em que coincidimos no circuito – era o início da carreira do Guga e o fim da dela – foi a presença da mãe Marisa. Sempre elegante, às vezes com um cachorrinho de estimação nos eventos, e muito séria.

Ao ler as primeiras notícias da briga familiar fiquei pensando, nossa, aquela senhora tão aristocrata teria roubado a filha?

De posse do meu Kindle – adquiri um recentemente e estou adorando, lendo muito mais do que estava – fui procurar o “Arantxa, Vamos” e encontrei.

Tive que esperar até o epílogo para ler a tenista realmente falar que rompeu com a família, que não tem nada dos aproximadamente 45 milhões de Euros que acumulou, entre prize money e patrocínio, nos 17 anos de carreira.

Apesar de dar pinceladas ao longo dos 12 capítulos de que os pais tomaram conta da carreira dela – a parte de inscrição nos torneios e exibições ficava a cargo da IMG – e que se opuseram ao casamento com o atual marido Pep – o primeiro casamento com o jornalista esportivo Johan Vehils foi anulado após 10 meses de matrimônio -, é só no final que ela realmente desabafa.

Repetitiva em vários capítulos, a biografia não relata momentos emocionantes da carreira vencedora de Arantxa. Não conta detalhes de vitórias em Roland Garros ou no US Open. Não conta sobre o jogo que a levou ao topo do ranking mundial.

Fala rapidamente sobre sua relação especial com Paris, do amor a Roland Garros, da ida precoce a Marbella para treinar em uma escola alemã de tênis, dos diversos treinadores que teve no circuito, da amiga e primeira patrocinadora Elvira Vazquez, da falta de opções para uma carreira pós-tenista, do plano da EPA – European Players Association – que falhou (tinha a ideia de uma educação a distância para tenistas ligada a uma universidade inglesa enquanto estavam no circuito) e do deseja de criar um forum, ou um congresso de ex-jogadoras.

Mas, tudo sem muita profundidade, mas de uma maneira sincera.

Para os mais leigos no tênis, ela explica a função de cada pessoa no circuito e especialmente ligada a um jogador – do manager, do agent, do PR, dos pais, do preparador físico, nutricionista, das agências, diretores de torneios, etc.

A linguagem é bem simples e até que não fala espanhol com maestria é capaz de entender o livro.

Arantxa descreve sua admiração por Emilio, numa declaração de amor que talvez nunca tenha tido a oportunidade de dizer ao vivo e também sua decepção ao saber que o irmão ficaria do lado da família e não dela nesta guerra financeira. Justo o irmão que ela tanto admirava por ter tomado controle total da carreira desde cedo e não deixado nada nas mãos dos pais.

Ela fala da frustração por ter pedido ao pai para ter investido na academia de Emilio – era seu objetivo trabalhar com ele no futuro – do pai ter negado e dela não ter insistido muito.

A hoje mãe de dois filhos com o atual marido Pep – Arantxa e Leo – não se isenta de culpa por não saber onde foram parar os seus milhões de euros. Diz que deveria ter ido mais a fundo anos antes, enquanto ainda jogava e quando já era maior de idade. Fala que perguntava ao pai e ao advogado como iam as coisas, que investimento era esse ou aquele, ou que propriedade havia comprado depois de ler uma notícia na imprensa e eles sempre respondiam para ela ficar tranquila que ninguém mais estaria tomando melhor conta e fazendo o dinheiro render mais do que ele.

Era o pai e Arantxa acreditava.

Da mãe ela diz que Dna Marisa não a deixava tomar decisão nenhuma, nem mesmo escolher que roupa vestir e com quem sair.

Fala com tristeza e mágoa que os pais diziam que todos que se aproximavam era por interesse e que os homens que quisessem sair com ela também seria pelo mesmo motivo. Isso a magoava mais do que tudo. Afinal, pensava ela, será que não poderia ser capaz de atrair alguém pelo que era? Foi até procurar ajuda psicológica durante época da carreira.

Mas, apesar de ter se sentido livre apenas quando anunciou a despedida das quadras, em 2002, quando tomaria todas as decisões sozinhas, estando livre da pressão dos pais diariamente, não imaginava ter problemas financeiros.

Durante a carreira recebia um dinheiro por mês que os pais davam e tinha que prestar conta de tudos.

Mas, o contrário não foi feito.

Quando foi pega pela Receita Federal, não tendo pago os impostos de 1989 a 1993, por ter domicílio fiscal em Andorra, foi pesquisar mais e começou a se deparar com um pesadelo, que ao que parece, não está nem perto de terminar.

O livro é inconclusivo. Arantxa diz não ter respostas ainda para saber onde foram parar os seus euros. Nunca recebeu um extrato e nem prestação de contas mensal de onde o seu dinheiro foi investido ou gasto.

Ela está tentando, com advogados e outros recursos  conseguir essas explicações e afirma que assim como lutou durante toda a carreira até o último ponto, vai se inspirar no seu “Arantxa, vamos,” até o fim para descobrir o que aconteceu e onde está cada centavo que lutou para ganhar.

Não procurei explicações do porque isso veio à tona agora ou porque ela decidiu revelar tudo em um livro. Talvez por parecer uma gananciosa ou má-elemento como pintou num início a imprensa espanhola ao saber que ela havia se distanciado da família; para desabafar; para conseguir esse dinheiro de maneira mais fácil ou para conseguir encontrar o paradeiro…

O colega da tennis.com Peter Bodo sugere que o livro é a maneira que Arantxa encontrou para tentar driblar a Receita Federal espanhola. Não compartilho desta opinião, mas nunca se sabe.

É um caso estranho, mas não acho que seja incomum. Já ouvimos histórias como a de Jelena Dokic, Mirjana Lucic, tem ainda a de Anna Chakvetadze, e de pais abusivos como o de Mary Pierce e Jennifer Capriati.

Quantos mais como os de Arantxa não deve haver por aí?

Arantxa mesmo fala que a família não era aristocrata e que sem ela os pais não teriam o nível de vida que tem.

Quantos pais não sonham com o luxo que o tênis pode proporcionar?

É um pensamento horrível imaginar seus pais tirando o seu dinheiro, mas já ouvi histórias bem perto da gente e talvez o livro de Arantxa sirva de alerta para sabermos que isso é bem mais comum do que a maioria possa sonhar.

 

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Parabéns Argentina

Parabéns Argentina

 

 

A essa hora a Espanha está comemorando a conquista da sua quinta Copa Davis. Estranho pensar que só é a quinta Saladeira espanhola da história e que até uma década atrás eles nunca tinham erguido a tão famosa Taça.

 

Dez, vinte anos atrás outros nomes, outras nações ainda dominavam o esporte. Estados Unidos, Grã Bretanha, Suécia cansaram de ganhar essa competição.

 

Mas, o post não é sobre o time de Rafael Nadal e sim sobre os argentinos.

Já faz tempo também que a nação vizinha deixou de ser uma força dominante no tênis como uma vez já fora, tendo quatro tenistas no top 10.

Eles ainda tem Nalbandian e Del Potro, mas nenhum dos dois está no auge. Já faz seis anos que Nalbandian ganhou o Masters em Xangai e dois que Del Potro venceu o US Open.

 

Por isso, chegar à final pela terceira vez em cinco anos e pela quarta na história e ter chances reais de vencer é para se aplaudir de pé.

 

Pelo que dizem os amigos jornalistas e há até livros escritos sobre o assunto, até hoje a Argentina não ganhou a Davis devido a brigas internas do time, o que aparentemente não aconteceu desta vez.

Como disse Nalbandian, os espanhóis ganharam porque foram melhores.

E ganhar de Nadal, no saibro, na casa dele, é missão quase impossível e Del Potro chegou perto.

 

O domingo também foi cheio de debates entre jornalistas e técnicos sobre a mudança de formato da Copa Davis, especialmente dos Americanos que depois que deixaram de chegar à final, não conseguiram fazer a competição ter destaque nos Estados Unidos.

Houve gente que falou que a Davis só importa para as nações que estão na final.

Não concordo. Quantas pessoas ao redor do mundo assistiram ao embate hoje entre Espanha e Argentina? E no ano passado entre Sérvia e França.

Depende sim da qualidade dos jogadores envolvidos e principalmente do coração que eles estão colocando em quadra.

Adoro os espanhóis e como não gostar de Rafa Nadal, mas gostaria muito de ter visto uma vitória argentina.

Com certeza uma Taça Davis chegando em Buenos Aires teria muito mais impacto no povo argentine do que ela tem nos espanhóis.

Mas mesmo assim, parabéns Argentina.

 

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