A decisão de mudar da simples para as duplas o levou à final de Wimbledon
Há horas estou querendo sentar par escrever este post sobre o Marcelo Melo e a disputa da final de duplas de Wimbledon. É incrível para ele e para o Brasil ter um jogador decidindo o título do torneio de tênis mais importante do mundo.
Lembro perfeitamente da época em que o Marcelo resolveu trocar a carreira de simples pela de duplas.
O Guga ainda estava tentando voltar a jogar no mais alto nível e treinando com o argentino Hernan Gumy.
Melo, naquela época, praticamente vivia em Florianópolis, treinando na cidade e acabou virando uma espécie de Sparring do Guga.
Praticamente todos os dias eles treinavam juntos e claro que a gente acabava convivendo mais ainda.
Foi durante este período, entre 2005 e 2006 que ele começou a fazer a transição para as duplas e fazer bom uso da sua altura para o saque e o voleio.
Aos poucos, Marcelo, aquele mineirinho simpático de Belo Horizonte, um dos primeiros entrevistados da Tennis View na página do Cinco Minutos, lá entre 1997 e 1998, quando ainda jogava pelo Minas Tênis Clube e era treinado por Henrique Quintino, começou a ganhar não só torneios Challengers, mas os Futures também.
Naquele mesmo 2006, lembro quando Melo e Sá ganharam o primeiro título da parceria juntos, em Campos do Jordão. De lá em diante a carreira dele realmente deslanchou. Ganhou ou foi à final praticamente todos os Challengers que disputou.
O ranking subiu e em 2007 ele começou a jogar também alguns ATPs, além de continuar vencendo Challengers e dos grandes, como Bermuda.
Venceu o primeiro título de ATP em Estoril, com Sá e aí veio aquele Wimbledon histórico. Melo e Sá entraram para a história do Grand Slam britânico disputando na época, o quinto set mais longo, que só viria a ser derrubado depois por Isner e Mahut.
Foram à semi juntos e Melo, dali em diante, passou a de fato ver que um título de Grand Slam era realidade (perderam para Clement e Llodra). Lembro da entrevista e matéria de capa que fizemos com os dois mineiros para a Tennis View. Achei a entrevista feita pelo Leonardo Stavale!
O ano de 2007 marcaria ainda um momento de amadurecimento na carreira do mineiro. Ele foi pego no doping, por ter tomado Neosaldina para uma dor de cabeça e teve que ficar afasto do circuito por alguns meses.
Também acompanhei de perto este momento. Como a convivência com Guga e toda nossa equipe ainda era bem próxima, acabei cuidando, com o Paulo Carvalho, empresário do tricampeão de Roland Garros, da comunicação dele neste período de “crise.” Hoje parece que isso nem existiu, mas me lembro direitinho da minha ida para Belo Horizonte, da coletiva bem preparada no escritório, em São Paulo, enfim, acho que serviu mesmo para deixá-lo mais maduro.
Dois anos depois, completamente integrado no grande circuito, só disputando ATPs, Masters 1000, Marcelo foi à final de duplas mistas de Roland Garros, com Vania King.
Ficou com o vice-campeonato, mas sentiu o gostinho de disputar uma final de Grand Slam.
Fez parceria com Bruno Soares, hoje o número um do país e top 10 no ranking individual de duplas e acho que separados os dois cresceram ainda mais.
Cada um com seu parceiro há uns dois anos – Melo com mais instabilidade e mudando bem mais frequentemente do que Soares, um foi puxando o outro para cima e agora Melo se encontra na final de um Grand Slam e justo no seu favorito, o que ele cansou de dizer que seria um sonho vencer.
Ao lado do croata Ivan Dodig, seu principal parceiro desde o ano passado, ganhou jogos mais do que convincentes. É o primeiro brasileiro a disputar uma final de duplas (homem e não de mistas) em um Grand Slam e encarará na decisão a melhor dupla de todos os tempos, a dos irmãos Bryans, para tentar se tornar o quinto brasileiro da história a vencer um Grand Slam, depois de Maria Esther Bueno, Thomaz Koch, Gustavo Kuerten e Bruno Soares.