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Heptacampeão em Wimbledon, Federer é comparado a Pelé e a Muhammad Ali

Assistimos Rafael Nadal erguer o sétimo trofeu de Roland Garros, há um mês. Neste domingo, vimos Roger Federer  derrotar Andy Murray e: levantar o sétimo trofeu de Wimbledon, conquistar o 17º título de Grand Slam da carreira, voltar ao posto de número um do mundo, com a garantia de ultrapassar Pete Sampras como tenista que mais semanas ficou no topo.  Por estas razões e pela estética, pela maneira que joga tênis, com tanta beleza e precisão, Federer começa a ser comparada aos maiores nomes do esporte do mundo, como Pelé e Muhammad Ali.

 

Essa vitória em Wimbledon, aos quase 31 anos de idade, depois de mais de dois anos sem ganhar um Grand Slam e derrotando um inglês na final, começam a elevá-lo a outra categoria de ídolo.

 

O ambiente na região do All England Club hoje era de uma final de Copa do Mundo, com a Inglaterra jogando pelo título inédito. O Primeiro Ministro David Cameron estava lá; a Princesa Kate Middleton, Duquesa de Cambridge, e a irmã Pippa, também; David e Victoria Beckham; Alex Ferguson, entre as outras lendas do tênis, como Rod Laver, foram até SW19 tentar ver a história da Grã Bretanha sendo feita diante dos olhos.

 

Não viram Andy Murray se tornar o primeiro campeão desde Fred Perry, em 1936, mas viram Roger Federer no auge de sua performance, como ele mesmo falou na entrevista coletiva após o jogo. “Acho que estou jogando o melhor tênis da minha carreira.”

 

E olha que Murray foi muito, mais muito melhor do que as outras três finais de Grand Slam que disputou. Surpreendeu muita gente, inclusive eu. Não sentiu a pressão de bispo fazendo missa para ele, de máscaras sendo vendidas com a imagem de seu rosto, de ingressos sendo comprados a 15 mil libras e a 20 milhões de pessoas assistindo o jogo pela BBC. Entrou em quadra agressivo, jogando o tênis da sua vida. Mas, do outro lado da rede estava o Pelé das quadras, jogando como o Pelé do Santos dos anos 1970.

 

Depois do jogo, Murray deixou mostrar toda a emoção e os sentimentos daquele momento único. Ganhou ainda mais afago do público, ao chorar diante de todos esses espectadores e dizer “estou chegando mais perto.”

 

Wimbledon quase viu o desfecho perfeito para uma quinzena de muito tênis no All England Club. Mas, como Federer falou “Murray ainda vai ganhar muito Grand Slam.”  

 

Mas, a sensação é de que o torneio não acabou. Daqui a três semanas, Federer, Murray, Djokovic, Nadal e os outros tenistas da ATP e WTA estarão de volta em busca da medalha de ouro olímpica e o Reino Unido torcerá muito mais pelo escocês Andy Murray.

 

Fotos Cynthia Lum

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“Murray ainda vai melhorar muito” – quem disse foi Emilio Sanchez, há oito meses

Esse post é a reprodução da coluna do Emilio Sanchez, publicada na edição 117 da Tennis View. Vale a pena ler as observações que Sanchez, que treinou Murray, faz sobre o finalista de Wimbledon, nessa véspera de final histórica contra Federer.  Emilio inclusive previu que Murray melhoraria muito e que disputaria as vagas nas finais e os títulos de Grand Slams com mais chances de vencer os tops neste ano.

 

“Estou aqui sentado na minha academia, a Sánchez-Casal, tentando me recordar dos momentos interessantes, que Andy Murray teve conosco. E a grande evolução dele foi em 2003.

Ele chegou um dia com a sua mãe na academia. Ela estava confiante e ele tinha muitas dúvidas. Eu me lembro daquele menino que quase nem me olhava, que estava assustado em chegar num país estranho, de iniciar uma nova aventura, mas como as fronteiras desaparecem dentro da quadra de tênis, pois são iguais em todos os locais do mundo, ele conseguiu se adaptar rapidamente ao lugar. Quando olhava para ele, achava que parecia qualquer coisa, menos um tenista, mas dentro da quadra, ele mostrava todo o seu talento.

Sua mãe Judy, ex-tenista, que treinava os jogadores juvenis de seu país e também trabalhava para a Federação de Tênis da Grã Bretanha, sabia que deveria fazer com que Andy mudasse do ambiente em que vivia na Inglaterra, tirá-lo da pressão da imprensa inglesa, querendo que Andy fosse um a mais no grupo, que não fosse diferente, que se misturasse com os outros jogadores de nível.  Além disso, devia conseguir que seu filho se movimentasse em quadra como os espanhóis, que fosse um gladiador na quadra e sabia que a Espanha era o melhor lugar para isso. Judy apostou na nossa academia, pois estava convencida que aqui daríamos tudo o que ele precisasse.

A primeira vez que joguei com ele, me apareceu na quadra um menino magro, alto, desengonçado, com as pernas juntas e que só olhava para o chão. Eu tentei fazer algum comentário para impressioná-lo, mas sua resposta me deixou pensativo; aqui tem alguma coisa, pensei, tem caráter. Então, começamos a bater bola, não havia nada de especial nele, golpes normais, que pena, pensei. Mas, como eu gosto de medir os jogadores numa partida, tentei novamente instigá-lo. Perguntei a ele se ele gostaria de jogar um set e ele respondeu “pensei que você não se atreveria a jogar contra mim!”.  Ele tem confiança, pensei e fiquei animado.

Começamos a jogar. Vou ganhar, com certeza, pensava. Mudava as alturas das bolas e ele respondia, o atacava e ele se defendia melhor, o trazia para a rede e ele voleava melhor, era difícil para ele correr nas deixadas, mas era explosivo e acabaria aprendendo, não sacava muito forte, mas a execução do movimento era quase perfeita, quando ficasse mais forte, sacaria muito bem. A verdade é que fiquei impressionado, ele tinha algo de especial, além do mais era ganhador e quando aprendesse a canalizar as energias, seria duríssimo de ser vencido. Melhor, vou dizer o que aconteceu…

Aquele dia, fui para casa com um sorriso no rosto, se conseguíssemos dar a este garoto os valores básicos de um tenista espanhol, seria espetacular. Além do mais, em poucos dias que estava treinando com a gente, mostrou seu companheirismo, sua humildade e se conseguíssemos que trabalhasse de forma contínua, melhoraria muito. Foi a parte mais difícil, que ele se acostumasse com as rotinas de treinos, algumas vezes precisamos buscá-lo no quarto para vir treinar, outras vezes precisávamos perseguí-lo para quase obrigá-lo a treinar, ele precisava se acostumar à vida dura. Mas, quando ia aos torneios, era quando dava o melhor de si, essa parte tão difícil de ensinar, já tinha naturalmente.

Se analisarmos Andy Murray hoje em dia, nos damos conta que depois desse anos, ele segue mantendo tudo de excepcional que tem em seu jogo, é muito agressivo com o serviço e domina seus adversários e quanto mais alguém o ataca, melhor se defende. Se nos Grand Slams conseguir manter a constância com a agressividade como fez nos últimos meses nos torneios ATP, teríamos quase que com certeza o primeiro inglês a ganhar um grande torneio deste porte, desde Fred Perry. Eu sou um daqueles que defendem que ele ainda irá melhorar. Além disso, precisamos levar em consideração que ele joga em uma era de grandes jogadores da história, Nadal, Federer e se em alguma ocasião eles não estiveram presentes, Andy ainda encontra com um Djokovic quase superior do que os melhores. De um lado, penso que é sorte triunfar no tênis em uma época tão maravilhosa como a atual, coincidindo com os melhores jogadores da história, que obrigam os demais a subir o nível, mas por outro lado, é falta de sorte, apesar do tênis de alto nível de Andy, é muito mais difícil para ele ganhar um Grand Slam.

No ano que vem, em 2012, estou certo que nos torneios grandes Andy vai enfrentar seus três maiores rivais com maiores chances de vencê-los; chegou seu momento e no Masters que é disputado em seu país, é o principal candidato para o título.

Gostaria de terminar ressaltando que, mesmo chegando no topo, Andy sempre ajudou seus amigos, ex-companheiros de colégio e de residência da academia. É muito ligado aos seus amigos, é fiel e boa pessoa, convidou quase todos seus amigos aos grandes torneios e segue mantendo contato com o resto. Além disso, viajou quase dois anos com Carlos Mier, seu companheiro de quarto na Sánchez-Casal e agora seu técnico é o Dani Vallverdú, outro grande amigo que fez aqui na academia. Essas são as pessoas que estão perto de Andy, que conheceu aqui e ele continua com eles, e isso diz muito sobre quem ele é.

Eu só posso agradecer pelo Andy ser dessa forma que é, porque ele, desde que decidiu seguir sozinho, sempre se lembrou de todos nós da Sánchez-Casal, então somos muito agradecidos a ele. Aqui na academia não poderíamos ter maior referência, maior modelo a seguir. Um campeão como Andy e o fato de ele se recordar do tempo em que passou aqui como um dos melhores de sua vida nos enche de orgulho e satisfação. Todos que compartilhamos do seu crescimento, o admiramos e sabemos que em breve realizará seu sonho.”

 

Abraços,

Emilio Sànchez

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Serena é pentacampeã de Wimbledon e já são 14 os trofeus de Grand Slam

Já não sei quantas vezes escrevi da admiração pela Serena e pelas irmãs Williams. Já mencionei que elas podem ter todos os defeitos possíveis, que há quem goste ou não goste, mas que indiscutivelmente são campeãs e as melhores que vimos na última década. Neste sábado, Serena Williams ergueu pela 14ª vez um trofeu da categoria. Foi o 5º de Wimbledon, igualando a irmã Venus. Papai Richard fez, de fato, um belo trabalho.

Foi o pai, Richard Williams, que iniciou as meninas no esporte, como uma oportunidade de mudar de vida, quando elas ainda eram bem crianças. Colocava Venus, Serena e as outras irmãs no carro, no bairro de baixa classe, de Compton, na Califórnia e as levava para jogar numa quadra pública da região. 

Richard, apoiado pela esposa na época, Oracene, dedicou todos os esforços para que as meninas se tornassem campeãs.

Colocou um objetivo em mente e foi atrás dele com as filhas.

Na sua auto-biografia, lançada em 1999, Serena relata detalhes destes primeiros anos de formação e da mesma maneira que falou na cerimônia de premiação que sempre quis copiar a Venus, querendo igualar o número de trofeus dela, na Inglaterra, conta em “Serena Williams, Queen of The Court,” como queria imitar a irmã mais velha.

Desde o ano 2000, ou seja, dos últimos 13 trofeus, uma das Williams ganhou o torneio. É impressionante para uma família sua.

Curiosamente, Agnieszka, a polonesa que quase chegou ao topo do ranking mundial neste sábado, se não se tivesse sido derrotada por Serena por 6/1 5/7 6/2, também tem uma irmã que joga, Urszula. Mas elas estão longe de terem a potência das Williams. Apesar de jogarem duplas juntas, enquanto Agnieszka, a mais nova, é a número 3 do mundo Urszula é a 54ª

Por isso, o que assistimos durante os últimos 15 anos, sim 15 anos, quando elas começaram a aparecer no circuito e nos últimos 13, quando começaram a vencer Grand Slams, é histórico. 

Ah, e sem deixar de lado os problemas físicos e de saúde que ambas passaram, motivo pelo qual ela se emocionou ao agradecer a família que esteve com ela no hospital, no início do ano passado, quando teve uma embolia pulmonar e não sabia se voltaria a jogar. Como disse o pai Richard Williams, ao longo desta semana “estou feliz de vê-la jogar, porque realmente achei que ela fosse morrer.”

É dramático, mas é verdade. De uma cama de hospital, há um ano e meio, para o 14º trofeu de Grand Slam.

 

 

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Vamos ouvir Boris Becker “não vamos encontrar um novo campeão se não for pelo amor ao esporte, o coração e a vontade de vencer.”

Não importa quanto dinheiro uma Federação de tênis tenha. Se não souber empregar essa verba da maneira certa e conseguir encontrar os jogadores juvenis com mais vontade e determinação, não vai ser capaz de produzir um novo campeão de Grand Slam, ou pelo menos, tenistas que cheguem à segunda semana destes torneios. A afirmação é de Boris Becker e serve para muitos países, inclusive o Brasil, não apenas ao Reino Unido, país a que ele se referia.

Três vezes campeão no All England Lawn Tennis & Crocquet Club, mais jovem vencedor do Grand Slam inglês, aos 17 anos, Boris Becker está para Wimbledon, assim como Guga está para Roland Garros. Durante a quinzena ele é requisitadíssimo para entrevistas, comenta os jogos para a BBC e faz mais sucesso entre os fãs do que muito tenista da atualidade. Exatamente como Guga em Paris, com a diferença de que Guga ainda não se rendeu às cabines de televisão para comentar jogos.

Foi diante dos olhos britânicos que Becker surgiu para o mundo, assim como foi diante dos franceses que Guga se consagrou e onde venceu o seu primeiro grande título.

As comparações param por aí. Os dois são pessoas e tenistas completamente diferentes e a associação foi só um parenteses em meio às declarações de Becker ao The Guardian.

Como uma das figuras mais procuradas para emitir opiniões sobre o campeonato, Becker deu uma longa entrevista ao jornal londrino que procura explicações para a falta de campeões no Reino Unido.

“Vocês ainda tem sorte de ter Murray, que veio logo depois de Henman,” disse o alemão.

“Essa é uma resposta de um milhão de dólares.  Esse país tem um dos eventos esportivos de maior sucesso do mundo, tem a Federação inglesa que é uma organização profissional e que existe há muitos anos e um país que é louco por tênis. Ainda assim, o último inglês a vencer Wimbledon foi Fred Perry, em 1936. Há um centro de treinamento maravilhoso em Roehampton, muita gente envolvida, mas alguma coisa não está funcionando 100%. Já conversei sobre isso com Henman, Rusedski, Draper, Pat Cash e até com Murray. Aparentemente muito dinheiro está sendo investido nos meninos e nas meninas, mas nada acontece.”

O ponto que Becker levantou na entrevista não é sobre a questão financeira, mas principalmente questionou a maneira como os jogadores que recebem apoio da Federação estão sendo escolhidos.

“Com certeza aquela coisa a mais não está sendo encontrada nos jogadores. Não pode ser apenas um técnico o responsável, mas seja lá quem for na equipe de Roger Draper que faz esta busca pelo país, para encontrar os melhores de Liverpool, Newcastle, etc, não está encontrando tenistas que tenham aquele algo mais de vencedor. Ou será que estão procurando por isso?”

Para Becker, “as qualidades que estão sendo procuradas nas crianças de 10 e 12 anos, devem ir além da linda direita e pender mais para o lado da determinação, da atitude e do amor pelo jogo. Os britânicos devem querer tenistas que chorem e enlouqueçam ao perder um jogo, porque detestam, não suportam perder. Isso é um sinal de um futuro campeão. Está no DNA deles e é isso que está faltando para os juvenis ingleses.”

Muitas vezes me pergunto se este não é um pouco o caso do Brasil. Não há dúvida que temos jogadores talentosos, mas será que não falta para eles aquele a mais a que Becker se refere. Será que com tantas facilidades – patrocínio, viagens custeados, treinadores, preparadores físicos, etc, não ficou mais fácil ser tenista que na hora do vamos ver, não dão tudo de si, pois nem eles sabem se é aquilo que querem mesmo?

O tricampeão de Wimbledon vai além e diz que a única grande Federação que parece estar fazendo o trabalho corretamente é a Francesa, com muitos ex-jogadores envolvidos, como Guy Forget. “Na Alemanha o problema é muito pior. Os americaos também estão passando por isso.”

Quando sugerem se a procura por novos talentos não deveria ser feita em regiões de baixa renda, onde o tênis seria uma ótima maneira de mudar de vida, Becker concorda, mas insiste que o problema está em como esta busca é feita. “Os britânicos tem bons juvenis, mas eles serão número um do mundo? Acho que não.”

Uma solução apontada pelo alemão é a de envolver mais ex-jogadores no commando e procurano novos talentos “nós sabemos em 10 minutos se alguém tem ou não aquele a mais do campeão, mas o sistem tem que estar disposto a aceitar novas pessoas e novas ideias. Acho que se o Tim Henman soubesse que poderia fazer a diferença estando mais presente, além de um papel no Conselho, ele estaria.”

Nascido em uma família de classe alta alemã, Boris Franz Becker, hoje embaixador do Laureus, relata que seus pais não acreditavam que esportista fosse uma carreira e que ele teve que lutar para conseguir treinar mais e provar que poderia ter sucesso.

Antes de terminar o bate-papo com o Guardian, ele faz um alerta. “Não há ninguém para substituir o Murray. Não é possível que num país de 50, 60 milhões de habitantes não dê para encontrar 10 bons jogadores de tênis.”

E o que dizer do Brasil, com quase 200 milhões de habitantes? Não sonho e nem nunca sonhei com outro número um do mundo, mas com um número bem maior de jogadaores disputando Grand Slams e vencendo campeonatos além de Futures e ocasionalmente Challengers.

 

 

 

 

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