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Murray por Emilio Sanchez – o início na Espanha e a evolução

Andy Murray não conquistou o US Open de um dia para o outro. Aliás, desta geração de tenistas, foi o que mais “sofreu” trabalhando duríssimo e esperando a quinta oportunidade chegar para agarrá-la. Antes de alcançar finais de Grand Slam, de se tornar um profissional top, o escocês Andy Murray desenvolveu seu jogo na Espanha, em Barcelona, na academia de Emilio Sanchez. Há alguns meses, o próprio Emilio, ex-número um do mundo de duplas, 7 em simples e capitão vencedor da Copa Davis, escreveu para Tennis View, contando como foi o primeiro contato com Murray, como ele foi parar na Espanha e  mesmo antes do tenista se juntar a Ivan Lendl, já prevendo que ele deveria ganhar um Grand Slam neste ano. Vale a pena ler de novo!

“Estou aqui sentado na minha academia, a Sánchez-Casal, tentando me recordar dos momentos interessantes, que Andy Murray teve conosco. E a grande evolução dele foi em 2003.

Ele chegou um dia com a sua mãe na academia. Ela estava confiante e ele tinha muitas dúvidas. Eu me lembro daquele menino que quase nem me olhava, que estava assustado em chegar num país estranho, de iniciar uma nova aventura, mas como as fronteiras desaparecem dentro da quadra de tênis, pois são iguais em todos os locais do mundo, ele conseguiu se adaptar rapidamente ao lugar. Quando olhava para ele, achava que parecia qualquer coisa, menos um tenista, mas dentro da quadra, ele mostrava todo o seu talento.

Sua mãe Judy, ex-tenista, que treinava os jogadores juvenis de seu país e também trabalhava para a Federação de Tênis da Grã Bretanha, sabia que deveria fazer com que Andy mudasse do ambiente em que vivia na Inglaterra, tirá-lo da pressão da imprensa inglesa, querendo que Andy fosse um a mais no grupo, que não fosse diferente, que se misturasse com os outros jogadores de nível.  Além disso, devia conseguir que seu filho se movimentasse em quadra como os espanhóis, que fosse um gladiador na quadra e sabia que a Espanha era o melhor lugar para isso. Judy apostou na nossa academia, pois estava convencida que aqui daríamos tudo o que ele precisasse.

A primeira vez que joguei com ele, me apareceu na quadra um menino magro, alto, desengonçado, com as pernas juntas e que só olhava para o chão. Eu tentei fazer algum comentário para impressioná-lo, mas sua resposta me deixou pensativo; aqui tem alguma coisa, pensei, tem caráter. Então, começamos a bater bola, não havia nada de especial nele, golpes normais, que pena, pensei. Mas, como eu gosto de medir os jogadores numa partida, tentei novamente instigá-lo. Perguntei a ele se ele gostaria de jogar um set e ele respondeu “pensei que você não se atreveria a jogar contra mim!”.  Ele tem confiança, pensei e fiquei animado.

Começamos a jogar. Vou ganhar, com certeza, pensava. Mudava as alturas das bolas e ele respondia, o atacava e ele se defendia melhor, o trazia para a rede e ele voleava melhor, era difícil para ele correr nas deixadas, mas era explosivo e acabaria aprendendo, não sacava muito forte, mas a execução do movimento era quase perfeita, quando ficasse mais forte, sacaria muito bem. A verdade é que fiquei impressionado, ele tinha algo de especial, além do mais era ganhador e quando aprendesse a canalizar as energias, seria duríssimo de ser vencido. Melhor, vou dizer o que aconteceu…

Aquele dia, fui para casa com um sorriso no rosto, se conseguíssemos dar a este garoto os valores básicos de um tenista espanhol, seria espetacular. Além do mais, em poucos dias que estava treinando com a gente, mostrou seu companheirismo, sua humildade e se conseguíssemos que trabalhasse de forma contínua, melhoraria muito. Foi a parte mais difícil, que ele se acostumasse com as rotinas de treinos, algumas vezes precisamos buscá-lo no quarto para vir treinar, outras vezes precisávamos perseguí-lo para quase obrigá-lo a treinar, ele precisava se acostumar à vida dura. Mas, quando ia aos torneios, era quando dava o melhor de si, essa parte tão difícil de ensinar, já tinha naturalmente.

Se analisarmos Andy Murray hoje em dia, nos damos conta que depois desse anos, ele segue mantendo tudo de excepcional que tem em seu jogo, é muito agressivo com o serviço e domina seus adversários e quanto mais alguém o ataca, melhor se defende. Se nos Grand Slams conseguir manter a constância com a agressividade como fez nos últimos meses nos torneios ATP, teríamos quase que com certeza o primeiro inglês a ganhar um grande torneio deste porte, desde Fred Perry. Eu sou um daqueles que defendem que ele ainda irá melhorar. Além disso, precisamos levar em consideração que ele joga em uma era de grandes jogadores da história, Nadal, Federer e se em alguma ocasião eles não estiveram presentes, Andy ainda encontra com um Djokovic quase superior do que os melhores. De um lado, penso que é sorte triunfar no tênis em uma época tão maravilhosa como a atual, coincidindo com os melhores jogadores da história, que obrigam os demais a subir o nível, mas por outro lado, é falta de sorte, apesar do tênis de alto nível de Andy, é muito mais difícil para ele ganhar um Grand Slam.

Neste ano, estou certo que nos torneios grandes Andy vai enfrentar seus três maiores rivais com maiores chances de vencê-los; chegou seu momento.

Gostaria de terminar ressaltando que, mesmo chegando no topo, Andy sempre ajudou seus amigos, ex-companheiros de colégio e de residência da academia. É muito ligado aos seus amigos, é fiel e boa pessoa, convidou quase todos seus amigos aos grandes torneios e segue mantendo contato com o resto. Além disso, viajou quase dois anos com Carlos Mier, seu companheiro de quarto na Sánchez-Casal e agora Dani Vallverdú, outro grande amigo que fez aqui na academia, integra sua equipe técnica. Essas são as pessoas que estão perto de Andy, que conheceu aqui e ele continua com eles, e isso diz muito sobre quem ele é.

Eu só posso agradecer pelo Andy ser dessa forma que é, porque ele, desde que decidiu seguir sozinho, sempre se lembrou de todos nós da Sánchez-Casal, então somos muito agradecidos a ele. Aqui na academia não poderíamos ter maior referência, maior modelo a seguir. Um campeão como Andy e o fato de ele se recordar do tempo em que passou aqui como um dos melhores de sua vida nos enche de orgulho e satisfação. Todos que compartilhamos do seu crescimento, o admiramos e sabemos que em breve realizará seu sonho.”

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Direto de NY – as emoções da conquista de Bruno Soares no US Open e um pouco de história

Sou uma privilegiada. Assisti hoje, pela quarta vez, um brasileiro ganhar um Grand Slam. Foi a minha primeira final com um jogador do Brasil no US Open. As outras três foram em Paris, em Roland Garros, com o Guga. Há algo especial nestes dias, nestes momentos e ver Bruno Soares se tornar o quarto brasileiro campeão de Grand Slam, com a russa Ekaterina Makarova, nas duplas mistas, foi tão emocionante quanto o jogo. 

 

Acordei cedo hoje, olhei pela janela, o céu estava cinza e havia muito vento. Saí do quarto um pouco antes das 10h. Queria chegar cedo a Flushing Meadows e às vezes tem um trânsito horrível nessas horas de Manhattan para cá. 10h30 já estava no complexo. Fui comer um bagel com cream cheese no restaurante da imprensa, mas já estavam recolhendo o café-da-manhã e fui ver se o Bruno estava aquecendo no Arthur Ashe Stadium.

Ele já estava de saída. Cruzei com o técnico do mineiro, Marcio Torres e ele me disse que os dois, Soares e Makarova haviam aquecido muito bem.

 

Dei uma volta pela sala dos jogadores para ver quem estava por lá. Encontrei a esposa do Bruno, a Bruna e voltei para a sala de imprensa, para pedir o ingresso para sentar no Court Side seat – aqueles lugares bem pertos da quadra. Temos acesso livre no nível abaixo do da arquibancada, mas para sentar a poucas cadeiras da quadra, precisamos de um ticket especial.

 

Peguei o ingresso e fui para a quadra. Quando entrei, Bruno e Makarova já estavam dando entrevista no túnel que leva à quadra. Bruno entrou primeiro e em seguida, Makarova entrou com flores na mão e uma menina andava atrás segurando sua raqueteira. Era o clima da final.

 

Os quatro jogadores foram apresentados e começou o jogo. O resultado todo mundo viu. Bruno e Makarova precisaram salvar dois match points para vencer Kveta Petschke  e Marcin Matkowski por 6/7(8) 6/1 12/10.

 

Estar no estádio neste momento, ver a cerimônia de premiação sendo preparada, Mary Joe Fernandez entrevistando o brasileiro, o discurso dele sendo aplaudido, os fotógrafos e muitos, entrando para registrar a entrada do brasileiro para o seletíssimo grupo de brasileiros campeões de Grand Slam, ao lado de Maria Esther Bueno, Thomaz Koch e Gustavo Kuerten, foi emocionante.

 

Pensava em como sou privilegiada, depois dos três títulos do Guga em Roland Garros, poder acompanhar o próximo que foi este, 11 anos depois, ouvir na sala de imprensa no alto falante anunciarem os campeões de duplas mistas Soares e Makarova, na coletiva; Chegar na sala de coletiva principal e ver o troféu de duplas mistas na mesa, entre os nomes de um brasileiro e uma russa; ver o Bruno dando entrevista em inglês e depois ser trasladado para uma sala de entrevistas menor para falar com os brasileiros, com o rapaz do anti-doping atrás e surgindo pergunta atrás de pergunta e depois ele sendo levado para entrevistas exclusivas, uma rotina de campeão, o troféu sendo levado embora pelo guardião do mesmo, é o que há de mais interessante e especial num Grand Slam. Afinal, desde que comecei minha carreira profissional, há pouco menos de 20 anos, isso só aconteceu quatro vezes.

 

 O fato se torna mais especial, pois o Bruno é um daqueles garotos gente boa e que eu tive a oportunidade de acompanhar desde o início da carreira de juvenil, com a Tennis View (encontrei a primeira vez que ele apareceu em uma foto na revista, foi na edição 16, em 1999, há 13 anos) e com ele sendo junior na Copa Davis, na época em que o Guga liderava a equipe. Fizemos materias com ele desde que jogava o Banana Bowl, sentimos a ausência por dois anos quando ele se lesionou e quando ele chegou à semifinal de Roland Garros, nas duplas, em 2008, depois de ter começado a temporada praticamente sem ranking, eu também estava lá.

 

Perguntei para o Bruno então o que isso tudo significava para ele e a resposta foi a de que “é muito especial e muito assustador.”

 

Ele lembrou novamente de Thomaz Koch, a primeira pessoa que o fez sonhar, do Guga e falou que “se tornar o quarto jogador do Brasil a ganhar um Grand Slam é muito, muito especial. Estou muito feliz e esse título agora vai ficar marcado na minha carreira para sempre.”

 

Continuei com a pergunta, tentando saber se como muitos falam, passou o filme da carreira dele na cabeça, quando beijou o trofeu. “Passou muito coisa, o juvenil, os dois anos de lesão que foi uma fase indefinida, a minha decisão acertada de decidir focar nas duplas, mas o que mais pensei foi no meu pai – falecido em junho. Queria muito que ele estivesse aqui. Ele está fazendo falta, mas tenho certeza que ele está assistindo. Ele e a minha mãe fizeram todos os sacrifícios para eu poder jogar.”

 

Quis saber também do campeão do US Open, o que ele achava que esse título representava para o Brasil e Bruno foi rápido na resposta, esperando que traga “mais investimento, mais projetos e mais patrocinadores para o tênis brasileiro. Temos um ciclo olímpico de exatos quatro anos para trazer coisas boas para 2016.”

 

Ao lado de Marcelo Melo e André Sá, com Thomaz Bellucci também, Bruno forma o quarteto de jogadores brasileiros que representam o Brasil o ano todo no circuito. São eles, só eles, que levam o nome do País às finais de ATPs, a enfrentar os jogadores tops, a fazer o Brasil sonhar com uma medalha olímpica e agora ele foi recompensado com o trofeu do US Open de duplas mistas.

 

Parabéns, Bruno. É um prazer, um privilégio e uma honra acompanhar a sua carreira tão de perto, fazer parte da história do tênis do Brasil.

 

 

 

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Direto de NY – Um bate papo com o finalista do US Open, Bruno Soares… e com Makarova

Amanhã vou assistar a minha quarta final de Grand Slam com um brasileiro em quadra. Já assisti muitas outras, mas nada se compara a ver alguém do seu país, alguém que você conhece há muitos anos, em quadra, jogando por um dos mais cobiçados trofeus do mundo. A partir das 13h (Brasília), Bruno Soares, com a russa Ekaterina Makarova, jogam a final de duplas mistas, no Arthur Ashe Stadium, contra a checa Kveta Peschke e o polonês Marcin Matkowski.

 

Claro que não dá para comparar as três finais de Roland Garros do Guga, até porque trabalhava com ele, com a final de duplas mistas do Bruno Soares do US Open, mas não deixa de ser uma final de Grand Slam. E para o Brasil, uma muito importante. Depois do Guga erguendo os três trofeus em Paris, só Marcelo Melo jogo uma decisão de Grand Slam, em Roland Garros também, com a americana Vania King, em 2009. Eles perderam para Liezel Huber e Bob Bryan.

Antes, Jaime Oncins, em 2001, o ano do tricampeonato de Guga, foi vice de mistas, com Paola Suarez. Perderam para os espanhóis Tomas Carbonell e Virginia Ruano Pascuall. Essa eu assisti antes da final do Guga. A do Marcelo eu já tinha ido embora de Roland Garros.

 

Nem sempre nos Grand Slams, com tanta coisa acontecendo, especialmente nas primeiras rodadas, consigo ver jogos de duplas mistas. Mas, por acaso, do Bruno, assisti todos e todos os dias bati um papo com ele após as partidas.

 

O de hoje foi com a Makarova junto. Ela joga a segunda final de Grand Slam da carreira. Foi vice de duplas mistas com Levinski, no Australian Open, há dois anos.

 

Claro que perguntei se ela estava falando alguma coisa de português. Respondeu que apenas obrigado e o Bruno, de russo, teve que fazer um esforço para lembrar como se falava spaseeba, o obrigado deles. Mas, lembrou que vamos é Davaj.

 

Mas, o que eu queria saber mesmo era o motivo do sucesso da dupla. Bruno, no primeiro jogo, me contou que acabou jogando com Makarova por acaso, depois de não ter entrado na chave com a parceira de sempre, a australiana Jarmila Gajdosova.

 

Foi Makarova quem respondeu: “Às vezes acontece isso, de você se sentir bem com o parceiro e me sinto muito à vontade com o Bruno.”

 

Para Bruno, o diferencial de Makarova em relação a outras parceiras que ele jogou é a devolução de saque. “Normalmente as mulheres que jogam bem simples, devolve bem saque e ela devolve muito bem – é a 41ª em simples – , o que faz com que a gente consiga quebrar o saque do homem também. Ela tem um timing muito bom, então não dependemos somente da quebra de saque da mulher, que é o normal na dupla mista. Hoje, por exemplo, quebramos três vezes o saque do Cermak. Às vezes ela até devolve melhor o saque do homem do que da mulher.”

 

O mineiro revelou que inclusive hoje, no jogo contra os checos Cermak e Hradecka, a russa foi fundamental no quarto game do segundo set. “A gente estava ganhando meio que no piloto automático. Estava 6/3 1/0 40/0. Comecei a ver lá na frente, a sentir um pouco que estávamos perto da final, perdi o saque, eles mantiveram o deles e no ½ foi um game duro. Ela segurou o game e fomos para cima. Foi o game mais importante do jogo.”

 

Avaliações técnicas a parte, queria saber do Bruno da sensação de estar na final de um Grand Slam. “É a realização de um sonho. Desde que comecei a jogar e a conhecer um pouco mais do esporte, a entender a importância do Grand Slam sempre quis jogar uma final. Quando eu falo que estar na final é o sonho, é porque fico visualizando esse momento, da quadra, de uma decisão e sempre tive isso na cabeça, que queria jogar a final de um Grand Slam. Mas, claro que quero ganhar. Hoje dei o primeiro passo do sonho. Agora falta o segundo.”

 

Makarova, mais experiente, disse que vai conversar com Bruno antes do jogo. “Jogar duplas mistas é divertido. Estou acostumada a jogar com todas essas meninas na simples e amanhã, na final, queremos vencer.”

Volto no ponto da emoção e da história de uma final de Grand Slam e quando pergunto quem é que vem à cabeça de Bruno quando ele pensa numa final de Grand Slam, ele me surpreende e responde Thomaz Koch. “Quando eu tinha uns 11, 12 anos treinei com o Thomaz e o Domingos Venâncio, no Rio, então lembro muito dele. Foi nessa época que comecei a entender da história do esporte e quem tinha sido o jogador Thomaz Koch. Ele é um gênio. Claro que depois vem o Guga e o Jaime também. Estava em Roland Garros quando ele fez a final com a Paola Suarez. Mas, o cara que mais me marcou foi o Thomaz.”

 

E Thomaz Koch está em NY. “Converso com ele todos os dias.”

 

Thomaz é o único brasileiro a ter um título de Grand Slam de duplas mistas. Foi em 1975, com a uruguaia Fiorela Bonicelli, em Roland Garros. Eles ganharam do chileno Jaime Fillol e da americana Pam Teeguarden, por 6/4 7/6.

 

A final, claro é no Arthur Ashe Stadium e Bruno pisará na quadra central do US Open, pela primeira vez, para jogar a final que tanto sonhou e que é tão importante para o tênis do Brasil.

 

 

 

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Marque uma consulta com o fisio da Sharapova

Além de comer os docinhos de Sharapova, vestir as roupas de jogo que ela desenha com a Nike, bater uma bola com a mesma raquete que ela joga, você pode agora marcar uma consulta com o fisioterapeuta de Maria Sharapova, o espanhol Juan Reque.

Residente de Los Angeles, para onde se mudou há três anos, quando começou a trabalhar exclusivamente com Sharapova, depois de alguns anos como fisioterapeuta da ATP e atendendo tenistas pelo mundo, Juan acaba de lançar o The Togui Method.

“É um método mais eficaz para tratar  as lesões crônicas, principalmente de tendões e músculos e de costas e joelho. Essas lesões sempre tem uma explicação e estão ligadas a uma descompensação muscular, ou a um desequilíbrio articular. Se você descobre isso, consegue tratar de vez. É uma coisa que fazíamos com atletas profissionais e agora estamos fazendo com qualquer pessoa,” me explicou Juan, enquanto chovia em Flushing Meadows e Sharapova aguardava no vestiário a partida contra Bartoli recomeçar.

 

Perguntei para Juan, a quem conheço desde os tempos em que era fisioterapeuta da ATP e chegou até a tratar do Guga, como eu faria para marcar uma consulta com ele, para que analisasse as dores na lateral do meu pé direito. Sempre que ando muito, especialmente em Nova York, a lateral do pé direito dói. Já virou crônico. Já fiz reforço, mudei de tênis, de sapato, usei salto, usei sapato baixo, mas não adianta. Com excesso de uso, as dores voltam.

 

“Você entra no site www.thetoguimethod.com manda um email e vamos marcar um encontro, em um dos lugares  em que atendo, ou no centro de Los Angeles, ou perto de onde moro, em Manhattan Beach. Durante 1h, 1h15, vou fazer testes em três máquinas diferentes, para medir força, amplitude, elasticidade; Faço também testes manuais. Depois analiso tudo isso e marcamos um outro encontro, em que explico o que está acontecendo e dou o tratamento e os exercícios.”

 

Ou seja, se você estiver na região de Los Angeles, mesmo que seja de passagem, pode fazer uma avaliação com o fisioterapeuta responsável pela recuperação de Sharapova. Claro que tem que dar sorte de ser em uma época em que a musa não esteja, por exemplo, no US Open. Mas, como a maioria das jogadoras tops, o calendário de Sharapova não é recheado de torneios como o de Caroline Wozniacki e ela sempre dá um jeito de dar uma passadinha em casa.

 

As máquinas usadas por Juan Reque para fazer a avaliação, não são encontradas facilmente. São as mesmas que usam as equipes de futebol do Barcelona, Chelsea e Manchester United.

 

“O meu objetivo com o paciente, seja ele um esportista top, ou uma pessoa como você, é buscar uma forma de curar. Porque na maioria das vezes essas lesões crônicas acabam não se resolvendo.”

 

Sharapova endossa o que Juan faz. Aliás, foi com ele e com a família do espanhol, que ela foi para Valência, logo após a vitória em Roland Garros, visitar a fábrica que faz o Sugarpova e jogar Paddle na academia de Juan Carlos Ferrero. “Ninguém conhece o meu corpo melhor do que Juan Reque e isso é muito importante quando você tem um calendário cheio e tem que prevenir lesões,” diz Maria.

 O preço da consulta, da avaliação, Juan não quis revelar. Mas, pelo que percebi, deve ser um caro acessível.

E quando eu já estava quase tirando meu tênis e minha meia, para ele dar uma uma olhadinha no meu pé, Maria mandou uma mensagem. O jogo interrompido pela chuva, estava para voltar e Juan precisava descer do Player’s Lounge para o vestiário. A hora agora era de Sharapova.

 

 

 

 

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Direto de NY – Soares: “Chegar à final seria a realização de um sonho”

E Bruno Soares continua fazendo história neste US Open. Depois de derrotar dois Bryans, aposentar Kim Clijsters, ele está a um jogo da final do Grand Slam americano, nas duplas mistas. “Seria a realização de um sonho. Falta um jogo,” disse o mineiro, logo após disputar e vencer, a segunda partida do dia em NY.

 

Ao lado da russa Ekaterina Makarova, Bruno virou um jogo difícil, contra o holandês Jean Julien Roger e a russa Anastasia Rodionova, por 4/6 6/3 10/7, para alcançar a sua primeira semifinal de duplas mistas da carreira. “Já tinha feito acho que umas 5 vezes quartas-de-final e em todas elas perdi no match tie-break.”

 

Em uma rápida visita ao Centro de Imprensa do US Open, Bruno falou que as derrotas anteriores até passaram pela cabeça quando o match tie-break contra o holandês e a russa começou, mas que ele logo esqueceu.

 

Ainda agitado de um dia de muitos jogos, que começou com outra vitória de virada sobre o checo Frantisek Cermak e o eslovaco Michael Mertinak, por 6/7(5) 6/3 7/6(3), Bruno queria mais era ir para a casa onde está hospedado, no Lower East Side, fazer uma refeição caseira com a esposa Bruna e descansar para a próxima batalha. “Nós dois, eu e a Makarova, estávamos cansados, sentindo as pernas quando o jogo começou. Sabia que a gente ia demorar para soltar mais. Eu fiz um jogo de três sets e ela também.”

 

A vitória nas duplas mistas foi a sexta de Bruno Soares neste US Open e segundo ele, um dos motivos para o sucesso foi a derrota na estreia em Winston Salem, com Peya. “Fizemos o nosso pior jogo do ano, eu acho. Mas aí viemos cedo para cá e treinamos muito. A gente ficava umas quatro horas por dia em quadra, treinando e tentando se conhecer melhor, saber o que um gosta de fazer no momento de decisivo, que jogada fica mais à vontade e isso faz muita diferença. Se um ponto decide o jogo, isso é muito importante.”

 

Já na semifinal de duplas mistas, em que enfrentará os checos Frantisek Cermak e Lucie Hradecka, Bruno quer  também chegar à semi de duplas masculinas. Apenas uma vez na carreira ele esteve a um jogo da final de um Grand Slam. Foi em Roland Garros 2008, com o checo Dusan Vemic, no primeiro Grand Slam que jogou depois de anos afastado do circuito lesionado. “Vai ser um jogo bem diferente do que foi hoje. Temos que estar sólidos contra os espanhóis.”

 

Bruno passará o dia na quadra 17 nesta terça. A partir das 14h (Brasil) ele joga as quartas-de-final com Peya, contra Marcell Granollers e Marc Lopez e volta para a mesma quadra, no terceiro jogo da rodada, contra Hradecka e Cermak.

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Little Italy no US Open

Apenas um país tem duas tenistas nas quartas-de-final do US Open e não é a Rússia, nem os Estados Unidos, nem a República Checa. A Itália, nesta segunda de labor day (dia do trabalho) em NY, colocou Sara Errani e Roberta Vinci, frente a frente, garantindo uma jogadora da Itália na semifinal do Grand Slam americano. Mas, de onde vem todo esse sucesso? Para os mais técnicos, vem dos treinamentos na Espanha e na Argentina, mas para as tenistas, tudo começou com Flávia Pennetta.

 

“Primeiro foi a Pennetta chegando nas quartas-de-final de Grand Slam, se tornando a primeira italiana a entrar para o top 10 e depois a Schiavone ganhando Roland Garros e esse ano a Sara na final em Parigi. Eu também queria ser como elas,” afirmou rapidamente Roberta Vinci, na entrevista coletiva, logo após derrotar a cabeça-de-chave 2, a polonesa Agnieszka Radwanska, por 6/1 6/4.

 

Pela primeira vez na sala principal de entrevistas do US Open, Vinci mal conseguia conter a empolgação. Teve que ser cortada pela assistente da sala, porque não parava de falar, ainda mais em italiano. “Nunca tinha dado entrevista para tantos jornalistas.”

 

Aos 29 anos, com diversos títulos em duplas, Roberta Vinci também creditou a experiência à vitória. “Eu estou com 29 anos, estou mais experiente e mais corajosa.”

 

Um pouco mais nova, com 25 anos, Sara Errani não sabia o que dizer na grande sala de entrevistas para explicar o sucesso também em quadras rápidas, depois de derrotar a alemã Angelique Kerber, cabeça-de-chave 6, por 76 63. “Claro que prefiro jogar no saibro, mas estou nas quartas do US Open.”

 

E uma delas, parceiras de duplas, estará na semi em Nova York, pela primeira vez desde 1982. A população de Little Italy, um dos bairros mais tradicionais da Big Apple, lá perto do Ground Zero, deve comparecer em peso.

 

Os jornalistas italianos, em grandíssimo número em todos os Grand Slams, dão risada com aquela cara que não acreditam muito no que estão vivenciando, vibram com as meninas e tentam encontrar a explicação para o sucesso. Nos últimos cinco anos, a Itália teve uma tenista nas quartas-de-final, mas nunca duas e nunca sendo o único pais com mais de uma jogadora entre as 8 finalistas. Claro que os jornalistas se referem ao sucesso do Pennetta, à mudança de raquete de Errani, para uma mais longa no começo deste ano, mas finalmente chegam à conclusão de que os responsáveis são os espanhóis e argentinos.

 

Logo depois de Roland Garros, com a repórter Renata Dias, na Tennis View, fizemos uma matéria tentando explicar esse sucesso e reproduzo aqui.

 

O segredo das italianas vem da Espanha e da Argentina

 

Qual é o segredo das jogadoras italianas? De onde saem tantas tenistas? Como é que nos últimos três anos elas disputaram a final de Roland Garros?

A resposta está na preparação das tenistas que há alguns anos resolveram buscar treinamento na Espanha e na Argentina e se dispuseram a trabalhar duro.

Diferente do tênis masculino, em que há seis jogadores entre os top 100, mas que não se destacam no meio de tantos nomes na ATP, o tênis vem ganhando força e se tornando referência na Itália, impulsionado pelos resultados expressivos na WTA. São quatro jogadoras entre as top 30 e por trás destes números estão experientes treinadores do circuito, principalmente da Espanha e da Argentina.

As italianas marcaram presença nas finais das últimas três edições de Roland Garros, fazendo grandes partidas e entrando para a história por conquistar este importante Grand Slam francês, como fez Francesca Schiavone que venceu em 2009 e fez a final de 2010 e este ano com Sara Errani, que conquistou o título  de duplas ao lado da compatriota Roberta Vinci e o vice-campeonato, depois de uma brilhante campanha em que venceu Ana Ivanovic, Angelique Kerber e Samantha Stosur.

Um dos motivos desta ascensão das tenistas italianas é o trabalho a longo prazo de seus técnicos, como por exemplo, Sara Errani que está há oito anos com o treinador espanhol Pablo Lozano, da academia de David Ferrer. Sem apoio da Federação Italiana, aos 17 anos foi morar na Espanha, local onde encontrou as circunstâncias ideais para se tornar uma jogadora de sucesso.

O técnico espanhol Pablo Lozano, ele acredita que asubida no ranking de Errani, foi muito rápida, já que começou este ano na 45ª e agora ocupa a 10ª, mas é resultado de um longo período de trabalho. “Estou muito orgulhoso, mesmo antes dos grandes resultados aparecerem. tenho orgulho de como Errani leva a sua vida, do seu dia-dia de luta, da pessoa humilde e batalhadora que ela é. Para mim, o mais importante não é a vitória, mas o caminho que se percorre para se chegar até lá”, reflete Lozano.

Uma das mais belas tenistas do circuito, primeira italiana a ser top 10, Flavia Pennetta, escolheu o ex-técnico de Arantxa Sanchez Vicario para levá-la a a alcançar o seu potencial máximo, o espanhol Gabriel Urpi. Com Urpi desde 2005, Pennetta chegou a nove títulos em simples e 14 em duplas, em que atingiu o posto de número um do mundo.

Italiana que ocupou o posto mais alto do ranking mundial da história, a quarta colocação em janeiro de 2011, Francesca Schiavone teve um treinador argentino, Daniel Panajotti, de 2002 a 2008, responsável por grande parte de sua evolução. Em entrevista a Respuesta Deportiva, Panajotti contou uma passagem importante na carreira de Schiavone, quando fez com que ela percebesse o comprometimento necessário para ser uma jogadora profissional de alto nível. “Disse a ela que tinha que ser a responsável por tudo que acontecesse no seu jogo, que não podia dar desculpas aos erros e sim, assumir tudo o que fizesse. Quando entendeu isso, ela conseguiu ficar mais focada no que realmente tinha que fazer e no trabalho para alcançar seu grande objetivo e sonho, que era ganhar Roland Garros”, comentou Panajotti.

Uma outra arma das italianas é o bom desempenho das tenistas em simples e em duplas, algo que pode ser comprovado na Fed Cup, em que conquistaram 3 edições, em 2006, 2009 e 2010; neste ano de 2012 acabaram sendo derrotadas pela República Checa na semifinal. Além de Sara Errani, sua parceira Roberta Vinci, quarta colocada no ranking mundial de duplas, também tem bons resultados nas simples, em que ocupa a 20ª posição; as duas juntas já conquistaram 11 títulos de torneios WTA além disso se destacam Alberta Brianti, na 75ª posição e Flavia Pennetta, atualmente na 15ª posição, a primeira tenista da Itália a chegar a liderança do ranking mundial de duplas, em 2011. (ranking de junho) – o atual tem Errani na 10ª posição, Pennetta na 18ª, Vinci na 19ª, Schiavone na 26ª e Giorgi na 87ª .

 

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Soares: “Fazer parte desse jogo histórico com a Clijsters, foi uma honra”

Kim Clijsters não jogará mais tênis profissional. Ela até poderia voltar a entrar em quadra depois de amanhã, mas um brasileiro parou a tricampeã do US Open, nas duplas mistas. Com a russa Ekaterina Makarova, em um jogo eletrizante, na novíssima quadra 17, Bruno Soares derrotou Clijsters e Bob Bryan, por 6/2 3/6 12/10, encerrando a carreira da belga.

 

“Em nenhum momento pensei nisso,” disse Bruno, alguns minutos após o jogo, ainda vestindo a camiseta verde chocante que usou no match tie-break. “Só estava focado no jogo e no que fazer na partida. Estava pensando mais na atmosfera em quadra e no privilégio que é estar fazendo parte disso tudo.”

 

Bruno, que chegou a ser entrevistado em quadra, para as 2400 pessoas que estavam assistindo ao vivo a partida e para as televisões do mundo todo, ratificou o que disse logo após o match point (Clijsters e Bryan chegaram a salvar 4 match points). “O jogo estava tão incrível, com um tie-break, depois do 0/3 só de winners, que não importava ganhar ou perder. Penso isso mesmo. Mesmo com a torcida toda para eles, a energia em quadra estava muito intensa, maravilhosa e isso me dá mais energia ainda e acho que o público estava participando porque o nível do jogo estava altíssimo, com eu e o Bob na rede e as meninas jogando muito do fundo de quadra.”

 

Clijsters disse depois, na coletiva, que não queria que o último ponto da carreira dela, um que ela iria lembrar para sempre, fosse um erro bobo, ou um ponto feio, por isso foi crescendo de produção e jogando cada vez mais solta.

Acostumado a enfrentar algumas das melhores jogadoras de duplas do mundo, o mineiro Soares raramente fica do outro lado da rede de alguma ex-número um do mundo em simples ou campeã de Grand Slam. “Joguei uma vez contra a Wozniacki, mas quando ela ainda estava crescendo. Ela é uma embaixadora do nosso esporte, uma tenista que fez a diferença no tênis e por isso foi um jogo especial também. Estava tão bom ficar jogando, que poderia ficar em quadra mais umas três horas.”

 

Mas, além de Clijsters, Bruno derrotou um Bryan pelo segundo dia seguido. “Quando vi a chave xinguei todo mundo e pensei: quem é que foi o safado que fez esse sorteio. Nem achei que fosse chegar ao segundo Bryan (ganhou de Mike e Lisa Raymond, a número um do mundo na sexta), mas no fim, o que o sorteio me deu foi ter essa experiência ótima de ter participado desse jogo de hoje.”

 

Agora, depois de eliminar os dois irmãos Bryan, a número um do mundo de duplas, a tricampeã do US Open, Bruno e Makarova enfrentam o vencedor do jogo entre os poloneses Jans-Ignacik/Fyrstenberg e Rodionova/Rojer, por uma vaga na semifinal do US Open.

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Rogerinho: “Quero ter cada vez mais experiências como esta”

Para quem pensou em parar de jogar tênis há três anos, Rogério Dutra Silva até que fez bonito. Enfrentou nesta sexta, em NY, no Arthur Ashe Stadium, o sérvio atual campeão do US Open, Novak Djokovic e apesar do placar de 6/2 6/1 6/2 para o número dois do mundo, o paulista, 112º da ATP, gostou da experiência e quer mais.

 

Durante todo o tempo em que esteve na maior quadra de tênis do mundo, com capacidade para 23.000 pessoas, Rogerinho ouviu seu nome diversas vezes, com o público incentivando e aplaudindo as diferentes jogadas que ele tentou fazer diante de Djokovic. O brasileiro também foi ovacionado ao sair da quadra e até elogiado pelo campeão sérvio. “O placar não refletiu o que foi o jogo.”

 

Depois da partida, sorridente e feliz com a experiência, Rogerinho foi até entrevistado por jornalistas estrangeiros, que perguntaram da sensação de jogar um game de 15 minutos (o segundo do segundo set). “Eu estava cansado. Estava tentando fazer alguma coisa para machucá-lo- no jogo –  e não conseguia.”

 

Mesmo assim, Rogerinho continuou tentando até o final. “Tentei jogar de fundo, jogar mais rápido, variar, trocar bastante bola, mas o nível deles – Djokovic, Nadal, Federer e Murray – é muito, muito alto.”

 

Apesar do placar, Rogerinho disse ter gostado da experiência e ter tirado uma lição da partida. “Gostei muito. Nunca tinha enfrentado um campeão de US Open, número dois do mundo e nem chegado perto da quadra central. Fiquei lisonjeado de poder enfrentá-lo e agora é ir para a quadra amanhã e continuar trabalhando para cada vez enfrentar esses caras.”

 

Enquanto dava entrevista após o jogo, o paulista lembrou dos momentos difíceis em que esteve perto de abandonar o esporte, há três anos. “Eu ia parar mesmo. Até que o Larri me convidou para treinar na academia dele e foi uma reviravolta total. Não estou mais tão novinho – 28 anos – mas para mim foi um super aprendizado essa partida.”

 

Rogerinho, um dos tenistas mais guerreiros dessa geração de brasileiros, volta para casa e espera poder representar o Brasil no confronto da Copa Davis contra a Rússia, em São José do Rio Preto.

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Direto de NY – o anúncio da aposentadoria de Roddick

Já estava quase publicando um post falando da minha chegada em NY, da minha credencial, a mesma desde 1997, da minha mesa na sala de imprensa que continua no mesmo lugar, até que ouvi um anúncio para uma coletiva do Roddick. Era para anunciar a aposentadoria dele.

 

O post já escrito vai ficar para uma outra oportunidade. Primeiro a notícia e de um jogador que eu de fato vi aparecer, chegar ao auge e agora anunciar a aposentadoria.

Logo que o anúncio da coletiva foi divulgado no alto-falante de sala de imprensa, pensei se tratar de uma ação de mídia para fotografarem o americano com um bolo de aniversário. Mas, as reações dos colegas jornalistas foram bem diferentes. Já previam que ele anunciaria a aposentadoria. Os rumores foram se intesificando para mim quando até os jornalistas argentinos, sentados ao meu lado, deram voz à informação.

 

Até a coletiva começar estava pensando que podia ser uma festividade, mas logo que trocaram a plaquinha do nome de Mardy Fish para Andy Roddick, deu para perceber que o assunto era sério.

 

Campeão do US Open em 2003, Roddick entrou na sala de imprensa e foi curto e grosso: “Vou ser rápido. Decidi que este será o meu último torneio.”

Durante 40 minutos Roddick explicou como tomou a decisão e deixou claro que os motivos são físicos. “Chegou a hora. Não acho que estou bem fisicamente o suficiente ou tão comprometido para jogar por mais um ano. Até pensei em jogar só alguns torneios no ano que vem, mas nem eu estava me convencendo.”

 

Roddick contou que resolveu avisar hoje, antes de entrar em quadra para o próximo jogo contra Bernard Tomic, porque queria que todos estivessem presentes, queria poder se despedir do público.

 

Engraçado que hoje, quando fui ao Player’s Lounge conversar com o Rogerinho, dei de cara com o Tarik Benhabiles, primeiro treinador de Roddick e pensei, nossa, ele está de volta ao circuito. Talvez já tenha vindo para a despedida de Roddick, assim como a esposa e a filha de Ken Meyerson, agente do tenista que faleceu no ano passado, vítima de um ataque cardíaco.

 

Enquanto Roddick falava, eu ia lembrando da carreira dele na minha cabeça. A primeira vez que eu vi o americano jogar foi na final do Banana Bowl, no ano 2000. Naquela época ele já era o número um do mundo juvenil e conhecido por sua arrogância.

Com o passar dos anos, ele foi se transformando. Deixou a arrogância de lado para se tornar no embaixador do tênis americano por quase uma década.

 

Já devo ter contado essa história várias vezes, mas lembro do primeiro jogo dele contra o Guga, no ano 2001, no Masters 1000 do Canadá. Ele ganhou e logo na semana seguinte, em Cincinnati, Guga devolveu a derrota.

 

Naquele mesmo 2001, ele alcançaria as quartas-de-fial do US Open e dois anos mais tarde venceria o Grand Slam americano, o único da sua carreira, apesar de ter alcançado as finais de Wimbledon em 2004, 2005 e 2009, perdendo todas para Federer.

 

Além de ter erguido o trofeu do US Open, Roddick ganhou a Copa Davis, foi número um do mundo e serviu de exemplo para toda essa geração de americanos, os que já estão mais consolidados como John Isner e Sam Querrey e os novatos, como Jack Sock.

 

Mas, da mesma maneria que ganhou títulos – foram 32 no total – Roddick nem sempre viveu uma relação das mais amorosas com o público americano. Primeiro achavam que ele seria o substituto para Pete Sampras e Andre Agassi, e depois que conseguiria rivalizar diretamente com Federer, Nadal, Murray e Djokovic. Ganhou alguns jogos mas nunca entrou para o grupo dos Fab 4.

 

A matéria que o New York Times publicou, na semana passada, “The Gift of Roddick,” dizendo que os americanos não tem o verdadeiro respeito pelo que o tenista conquistou e pelo que representa, vem a calhar neste exato momento da aposentadoria. Agora sim os americanos vão ficar órfãos de um líder. Por mais que eu goste do John Isner, ele ainda não chegou nem perto de ganhar um Grand Slam. E para você ser sobresair no país que mais ganhou medalhas olímpicas, precisa ser um verdadeiro campeão, como Roddick foi.

 

Lembro quando estava lendo o livro que o ex-jogador, fundador da ATP, Hall of Famer e um dos grandes nomes do marketing esportivo, Donald Dell escreveu, que uma passagem me marcou. Dell foi o fundador da ProServ, depois de se formar em direito e se tornar agente de Arthur Ashe e Michael Jordan. A ProServ depois se tornou SFX e Lagardere e Andy Roddick, um de seus clientes. No livro, “Nunca Faça a Primeira Oferta,” Dell conta como foi a negociação do contrato de Roddick com a Lacoste e diz que estavam falando em bônus de número um do mundo, de top 10, campeão de Grand Slam, até que chegaram num impasse do que aconteceria se o tenista ficasse fora dos top 20. Roddick foi imediato na resposta: “Se isso acontecer, quero me aposentar.”

 

Foi a decisão que ele tomou. Viu que não estava conseguindo render o máximo fisicamente, que devido isso estava desgastado mentalmente e em vez de ser apenas mais um no circuito, resolveu deixar o tênis.

 

Perdi a despedida de Clijsters ontem, mas ainda posso ver o jogo final de Andy Roddick e por ter acompanhado o surgimento dele, a chegada ao topo, os altos e baixos da carreira, as controvérsias, as grandes vitórias e derrotas, como a da primeira rodada em 2005, para Gilles Muller, quando havia sido contratado para ser o garoto propaganda da American Express, com uma campanha gigantesca nos EUA em cima dele, enfim, por me sentir mesmo uma pessoa que acompanhou a carreira dele de perto, a despedida tem mais significado.

 

O jogo contra Bernard Tomic, nesta sexta, 12 anos depois da estreia no US Open, em que perdeu contra Albert Costa, pode vir a ser o último da carreira de Andy Roddick.

Foram duas finais (um título d. Ferrero 63 76 63 e um vice-campeonato / perdeu para Federer 62 46 75 61), e 6 quartas-de-final em NY, sendo a última no ano passado, em que perdeu para Nadal.

“Se eu estiver mais emotivo em quadra amanhã, todo mundo já sabe porque,” avisou Roddick.

 Para quem quiser, aqui estão os principais trechos da coletiva!

 

ANDY RODDICK:  Thank you all for coming.  I’ll make this short and sweet.

I’ve decided that this is going to be my last tournament.

TIM CURRY:  Questions?

 

Q.  Why now?

ANDY RODDICK:  I just feel like it’s time.  I don’t know that I’m healthy enough or committed enough to go another year.  I’ve always wanted to, in a perfect world, finish at this event.  I have a lot of family and friends here.  I’ve thought all year that I would know when I got to this tournament.

When I was playing my first round, I knew.

 

Q.  Is it something you’ve been wrestling with for days, weeks, or months?

ANDY RODDICK:  Yeah, it’s been a process.  It’s certainly not days.  I don’t know that I would have had you all come in here and waste your time if it had been days.

You know, certain parts throughout the year, I’ve thought about it.  You know, just with the way my body feels, with the way that I’m able to feel like I’m able to compete now, I don’t know that it’s good enough.

I don’t know that I’ve ever been someone who’s interested in existing on tour.  I have a lot of interests and a lot of other things that excite me.  I’m looking forward to those.

Q.  I’m assuming the high point is 2003 here.  So good place to bow out.

ANDY RODDICK:  I don’t know.  I don’t know.  I don’t view it in a scope of where you had your best win.  I’ve had a lot of different memories.  I’ll certainly look back.  I feel like I’d be cheating the other memories if I said one was the highlight.

You know, I feel like I’ve been very lucky.  That’s certainly not lost on me.

 

Q.  How emotional is this for you?  I know you like to make light of things.  Now that it’s final for you, how emotional is it?  What was it about that first‑round match that clicked?

 

ANDY RODDICK:  I don’t know.  On some big moments this year, I think I’ve known.  You know, walking off at Wimbledon, I felt like I knew.  Playing here, I don’t know what it was.  I couldn’t imagine myself being there in another year.

 

I’ve always, for whatever my faults have been, felt like I’ve never done anything halfway.  Probably the first time in my career that I can sit here and say I’m not sure that I can put everything into it physically and emotionally.  I don’t know that I want to disrespect the game by coasting home.  I had plans to play a smaller schedule next year.  But the more I thought about it, I think you either got to be all in or not.  You know, that’s more kind of the way I’ve chosen to do things.

 

 

 

Q.  Is there an emotional element to this?  You’ve sat alone and thought about it, talked to family?

 

ANDY RODDICK:  Yeah, I mean, I’ve had some hard conversations with Brooke this year, with Doug and Larry.  You know, it was Brooke and I’s little secret over the last couple days.  I talked to Larry and Doug today.

 

We had talked about it throughout the year, obviously.  Talked to a bunch of my friends that are here.  It’s time.

 

 

Q.  Why not wait until after your final match, your birthday?  Did you want to give the fans an opportunity?

ANDY RODDICK:  Those are good reasons.  I think I wanted an opportunity to say good‑bye to people, as well.  I don’t know how tomorrow’s going to go.  I hope it goes well and I hope I’m sticking around.  I just imagine being off the court tomorrow in an empty locker room.

I think I wanted a chance to say good‑bye.  Also, if I do run into some emotions tomorrow or in four days or however long, I don’t want people to think I’m a little unstable, or more unstable (smiling).  That’s why I came to this decision.

 

Q.  You are playing under the lights on Ashe tomorrow for potentially what could be the last time.  What do you anticipate your emotions will be?

ANDY RODDICK:  I have no idea.  I have no idea.  I talked to Larry and Doug and said, I could come out and play great, or it could be the worst thing you’ve ever seen.  I don’t know.  I’ve never done this before.

I’m sure it will be very emotional.  I’m sure I’ll still be nervous.  I don’t know.

 

Q.  Did Ken’s passing at all in any outside way sort of influence where you are, in this decision at all, where you are in the game?

ANDY RODDICK:  Maybe.  I don’t know.  Ken was certainly a huge, huge part of everything for me.  He believed in me from very early on.  You know, that certainly wasn’t easy for me.

But, you know, his wife and his daughter are going to come up, so that will be really nice to have them here.

 

Q.  Like any top American athlete, you’re praised, you’re criticized.  What are you most proud of in your run, your career?  If you could point to one or two things that you might have changed, what would that be?

ANDY RODDICK:  I don’t know that I would change much.  Obviously I think everybody would want to win a match or two more.  Had I won a match or two more, we’d be looking back at something a little bit different.

But that’s also shaped kind of who I am and how I’ve been able to learn.  You know, if everything would have been easy the whole way, who knows how you’d view things.  I’m pretty content with the way I do.

Q.  The first part of that question, what are you most proud of?

ANDY RODDICK:  You know, I was pretty good for a long time.  The reason I gave earlier about not feeling like I could be committed to this thing a hundred percent, that’s one of the things I’m proud of.  That for 13 or 14 years, I was invested fully, every day.  I’ve seen a lot of people throughout that time be invested for a year, kind of tap out for a year, come back.  I’ve been pretty good about keeping my nose to the grindstone.

I feel like I won a lot of matches from hard work and persistence, even maybe when I had better options as far as shot‑making.

Q.  You said there’s some interesting things you’d like to move on to do.  What are they?  What does your wife think of this decision?

ANDY RODDICK:  I haven’t asked her yet (laughter).  I’m joking.

A lot of stuff with my foundation will probably be my primary focus from here for a little bit.  Obviously I’ve gone over to the dark side with you guys with the radio show a little bit.  So that’s fun.  It’s something I enjoy doing.  I’ll probably build on that a little bit.

There are some other things also.  I’m looking forward to it.

Q.  What does this place mean to you?

ANDY RODDICK:  It’s meant a lot.  It’s the highest of highs and probably the lowest of lows also.  It’s certainly never been boring.  I’ve always enjoyed the energy.  I feel like each Grand Slam is almost a microcosm of the place it’s played in.

This is a show.  It’s New York City in every way.  I’m glad that I’ve been a very, very small part of it.

Q.  You mentioned you talked to Doug and Larry.  What were the reaction of some of your friends?

ANDY RODDICK:  Some are still learning.  I didn’t want to tell the guys that had to play, so James is going to be surprised.  Dougie was a little baby about it all (laughter).  Lost a lot of man respect for him.

Everyone is a little stunned just because of the finality of it all, but I don’t think anybody was really surprised.  I think the people that know me know that I’ve been thinking about it for a little bit.

It’s the time.  I think they all understood that.  They’re all happy.  Some of my friends are excited because it means more golf rounds.  I see some head nodding there.

No, everyone’s been very supportive.

 

Q.  To play another match at night, how much have you enjoyed night matches here at the Open and how much different are they from day matches?

ANDY RODDICK:  I mean, it’s the most electric atmosphere in our sport.  There’s something about it.  There’s a lot of eyeballs on TV sets from people who don’t even normally watch tennis during night matches of the US Open.  I think I’ve played as many as anyone.

Again, it’s just something I’ll look back on with really fond memories.  Hopefully won’t be my last one.

 

Q.  Do you think it’s going to be an adjustment to be at home?  You guys are world wanderers.  You haven’t really ever stayed at home for years on end.

ANDY RODDICK:  You know, I don’t think I’m foolish enough to think that it’s all going to be easy for me.  I don’t know that I would be that presumptuous.

I love my home life, my friends, my wife.  My dog is going to be excited.  I’m not going to be a dead‑beat dad anymore (smiling).  It will be an adjustment, but hopefully if I ever want to come say hi to you all, they’ll give me a credential.


Foto de Roddick – Cynthia Lum

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Rogerinho se prepara com Verdasco, Dodig e Fognini para o jogo com Djokovic no US Open

O brasileiro Rogerio Dutra Silva jogará nesta sexta-feira, em Nova York, a maior partida da sua carreira, quando entrar em quadra para enfrentar o atual campeão do US Open, o sérvio Novak Djokovic. Será um desafio inédito para o paulista, que entrou pela primeira vez direto na chave principal do Grand Slam e nunca jogou com um dos Fab 4.

 

Depois de treinar com o italiano Fabio Fognini e antes de almoçar com o técnico argentino Andres Schneiter, bati um rápido papo com Rogerinho, no Player’s Lounge e deu para ver que ele está mesmo tranquilo para o jogo. “Espero que sirva para alavancar mais a minha carreira. Como já falei o cara é uma lenda do tênis e tenho que tentar desfrutar e aproveitar o momento.”

 

Para estar bem preparado para a ocasião, Rogerinho conseguiu fazer dois treinos no Arthur Ashe Stadium, onde nunca havia entrado, mesmo não tendo certeza se jogará lá ou no Louis Armstrong. Treinou com Fernando Verdasco e com Ivan Dodig.

 

Bem diferente do ano passado, em que entrou na chave principal como lucky loser, Rogerinho afirma estar mais maduro e em vez de buscar entrar para o top 100, quer conseguir se manter consolidado entre os 80 mais bem colocados do ranking mundial.  Para isso, montou um esquema com o técnico Larri Passos, que ele chama de coordenador, para viajar com o argentino Schneider, quando Larri não está disponível.

 

Diferente do ano passado, Rogerinho ficou longe da agitação de Manhattan. Optou por ficar na casa de um amigo, em Long Island, mais tranquilo e esperando fazer um bom espetáculo contra Djokovic, que será visto no mundo inteiro.

 

 

 

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