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Murray, campeão do US Open, ganha status de super-herói com Djokovic, Federer e Nadal

 

As gaitas escocesas tocavam e Andy Murray ia deixando o Arthur Ashe Stadium. Mas, diferente das outras quatro vezes em que saira da quadra, de uma final de Grand Slam, depois de posar para as fotos, desta vez Murray saía com o trofeu de campeão, após derrotar Novak Djokovic por 7/6 7/5 2/6 6/3 6/2 no US Open, em mais uma épica final. Os Fab Four do tênis não param de surpreender e agora, mais um super-herói se junta ao grupo de Roger Federer,  Novak Djokovic e Rafael Nadal.

 

Tudo o que faltou para Andy Murray, desde que jogou a primeira decisão, em 2008, nesta mesma quadra em NY, ainda vestido de Fred Perry, quando perdeu para Roger Federer, por 3 sets a 0, sem parecer lutar, e uma apatia no rosto, ele mostrou hoje.

 

Dominou o jogo, perdeu o controle da partida, reclamou das pernas, por vezes parecia perdido, outras mostrava reação, vibrou com a torcida, manteve o foco, buscou forças de onde nem mais Djokovic tinha, olhou fixo para Ivan Lendl, lutou até o fim e enfim, ganhou o tão esperado trofeu de Grand Slam.

 

Há quatro anos era só nisso que a imprensa inglesa falava. Se passaram 76 anos desde que o último inglês foi campeão em um dos quatro maiores torneios do mundo e enfim, Andy Murray acabou com todos essa espera e em uma final, em que fez por merecer.

 

Palavras do próprio Djokovic na cerimônia de premiação, em que ambos extenuados, pareciam estar em uma outra esfera. Não pulavam ou comemoravam como Serena Williams fizera na final feminina, ou como até mesmo Victoria Azarenka, a vice-campeã, graciosa na derrota.

 

As 4h54min de um jogo de longas trocas de bola, em que os dois alternavam momentos de cansaço extremo com força mental e jogadas geniais, tiraram tudo o que eles tinham para dar.

 

É um clichê, mas de fato o tênis foi o vencedor nesta final do US Open. Primeiro porque não vamos ter que escutar mais falar que Andy Murray era o tenista que já poderia ter vencido um Grand Slam e não venceu, que a Grã Bretanha não conquista um Grand Slam há 76 anos, que Murray treme na final. Depois, porque as finais de Grand Slam tem sido históricas.

Quem não quis pegar uma raquete e ir pra quadra depois deste jogo?

A final do Australian Open deste ano foi assim. Nadal e Djokovic batalharam por 59 minutos a mais do que Murray e o sérvio.

Ganharam status de super-herói.

Murray, que por um período era o patinho feio entre os Fab Four, foi elevado a esta mesma categoria e com direito a um recorde que nenhum deles têm: é o único tenista da história a ganhar a medalha de ouro olímpica e o US Open, no mesmo ano.

 

 

 

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US Open – Treze anos depois e Serena continua ganhando Grand Slams

Há treze anos Serena Williams erguia o seu primeiro trofeu de Grand Slam, na mesma quadra onde neste domingo derrotou a número um do mundo, Victoria Azarenka, por 6/2 2/6 7/5. Então, com 17 anos de idade, ela derrotava a número um da WTA, de 1999, Martina Hingis, por 6/3 7/6. Mesmo com a ambição do pai Richard Williams, e tudo o que se falou na época em que as irmãs Venus e Serena surgiram no circuito, de que seriam as melhores da história, dificilmente imaginaríamos ver a mais nova de cinco irmãs erguendo o 15º trofeu de Grand Slam da carreira, 13 anos depois do primeiro. Ninguém na história do US Open tem tanto tempo de diferença entre o primeiro e o último título conquistado em New York.

 

Lembro como se fosse hoje quando vi a Serena pela primeira vez no circuito, de miçangas, carinha de criança e dizendo que conquistaria o mundo. Lembro perfeitamente desse título de 1999. Foi um ano em que o Guga alcançou as quartas-de-final no US Open, por isso acabei ficando bastante em NY, quase até a final e consequentemente cruzando a Serena constantemente. Lembro da rivalidade que existia entre as irmãs e Hingis, e também Kournikova. Lembro da roupa amarela, ainda da Puma, com que Serena ganhou aquele primeiro Grand Slam da carreira. Na verdade, não sei se lembro ou se vi tantas vezes a capa da Tennis View com ela erguendo o trofeu do US Open 99 ou se ao passar no corredor entre a sala de imprensa e a sala dos jogadores, acabo olhando mais para essa foto do que a dos outros campeões e acho que tenho isso fresco na memória.

 

O que mais me impressiona é mesmo a longevidade da tenista. Que jogador ou jogadora fica ganhando Grand Slam por 13 anos? Antigamente víamos tenistas durarem tanto tempo no circuito, mas atualmente, não vemos jogadores e jogadoras com carreiras longas e vencedoras.

 

Serena está agora a 3 títulos de igualar o recorde de 18 trofeus de Grand Slam de  simples de Martina Navratilova e Chris Evert e incrivelmente tem 8 trofeus a mais do que a segunda colocada da Era Aberta, a sua irmã, Venus.

 

É muita diferença entre as outras campeãs da sua geração, o que a faz parecer uma gênia das quadras.

 

David Ferrer, na sua coletiva depois da derrota para Djokovic, comentou que um diferencial dos Fab Four do tênis, Murray, Djokovic, Nadal e Federer, é a força mental e foi isso que Serena mostrou hoje.

 

Quando penso na história dela, me impressiono mais ainda. Ela foi treinada por pais que aprenderam a jogar tênis pela televisão, quando viram quanto ganhava uma jogadora de tênis. Richard e Oracene tentaram ensinar as cinco filhas (só Serena e Venus são filhas dos dois), mas apenas as duas mais novas mostraram a habilidade necessária para vencer.

 

Todos os dias, antes e depois da escola, Richard colocava as cinco meninas em uma van, com um carrinho de supermercardo cheio de bolas de tênis e ia para as quadras públicas de Compton, um bairro humilde e de gangues da Califórnia, treinar.  

 

Cada uma da sua maneira, as irmãs foram chegando no circuito e nunca mais saíram. Tiveram problemas de saúde, se aventuraram por diferentes mundos entre campeonatos, como o da decoração e design, o mundo de Hollywood e com um calendário sem excesso de torneios, conseguem estar aí, principalmente Serena, representando o que é ser uma atleta campeã, ao pé da letra.

 

Campeã de Wimbledon, medalhista de ouro olímpica e campeã do US Open. Ah, aos 30 anos de idade.

 

Foto de Serena Williams – Cynthia Lum

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Djokovic, o “Imperador da Sérvia,” quer reinar de novo no Australian Open

Novak Djokovic continua impressionando neste início de 2011. Com motivação em alta e principalmente muita confiança depois de vencer a Taça Davis no final do ano, enfrentará Roger Federer por uma vaga na final do Australian Open. Desde Roland Garros do ano passado ele vem evoluindo. Alcançou as quartas em Paris, a semi em Wimbledon e foi à final do US Open. Quer agora conquistar o título.

Reproduzo neste post a matéria – editada – que escrevi sobre Djokovic para a última edição da Tennis View, falando sobre a Davis, mas principalmente como Djokovic se tornou o jogador que é hoje, desde o início da carreira e mostrando sua importância como líder muito além das quadras na Sérvia.

Tenista é o “Novo Imperador” da Nação

A Sérvia se tornou o 13º país da história a vencer a Taça Davis. Com Novak Djokovic, Victor Troicki, Nenad Zimonjic e Janko Tipsarevic, a nação venceu a França de Gael Monfils, Gilles Simon, Michael Llodra e Arnaud Clement, por 3 jogos a 2, na Arena de Belgrado, no início de dezembro.

A conquista marcou um momento histórico para o jovem País, o maior feito esportivo da República da Sérvia, nome que foi oficializado apenas em 2006, quando se separou de Montenegro.

A história, em um breve relato, explica a importância do feito para os jogadores e a população. Desde os séculos XV e XVI a região viveu mais conflitos e dissoluções, do que se pode imaginar. Foram décadas de luta com o Império Otomano, fizeram parte do Império Austro Húngaro,  do Habsburgo, do Russo, viveram a Primeira Guerra Mundial, a Guerra dos Balcãs, foram dominados pelos alemães na II Guerra, se desentenderam com os países vizinho, passaram pela Guerra da Bósnia, do Kosovo, foram chamados de Iugoslávia, Sérvia e Montenegro, até finalmente, quatro anos atrás serem oficializados República da Sérvia.

A guerra esteve presente na vida de todos os tenistas e do público presente na Arena de Belgrado, até um passado bem recente. Conquistar a Taça Davis era então prioridade para o líder da equipe Novak Djokovic.

“É o maior momento da minha carreira. Não se compara a nenhum outro. A alegria de estar aqui com os meus companheiros de equipe e de dar esse título ao meu país é imensa,” comemorou Djokovic, campeão do Australian Open em 2008.

Antes de vencer a Taça Davis, internacionalmente, como esporte coletivo, a Sérvia havia conquistado uma medalha de prata no vôlei, nos Jogos Olímpicos e vencido o campeonato europeu de basquete.

Carente de ídolos e de motivos para festejar, o País parou para celebrar os novos expoentes e o mundo entendeu a importância da competição entre nações.

DJOKOVIC, o Novo Imperador

Apesar do ponto decisivo do confronto ter sido dado por Troicki ao derrotar Llodra, foi Djokovic quem liderou a Sérvia, desde a sua primeira participação na Copa Davis, em 2004, ainda como representante de Sérvia e Montenegro, na Terceira Divisão do Zonal Europeu.

Primeiro campeão de Grand Slam do País em 2008, vencendo o Australian Open, mesmo ano em que Ana Ivanovic ganhou Roland Garros, Djokovic construiu um novo Império na República da Sérvia, o Império Novak. Através de negócios com a família e com os dirigentes governamentais, conseguiu expandir o seu sucesso no tênis, muito além do que as compatriotas Ivanovic e Jelena Jankovic vem fazendo.

Com o pai Srdjan dirigindo os negócios da família, através da Family Sports e a mãe, Djana, à frente também, Novak se tornou sinônimo de prosperidade na Sérvia e maior estrela do País. Mais popular até do que os jogadores de futebol Dejan Stankovic, da Inter de Milão e Nemanja Vidic, do Manchester United.

O tenista conseguiu, em meio a um já complexo calendário da ATP, há dois anos, trazer um torneio ATP 250 para a capital durante a temporada de saibro; abriu dois restaurantes em Belgrado, uma loja de esportes, a Novak Shop, tem um clube de tênis com spa, onde o ATP é disputado e está construindo um Centro de Treinamento, o CT Novak, com apoio do Governo, e lançamento previsto para o segundo semestre de 2011. O CT terá cinco quadras cobertas e outras 15 ao ar livre além de um hotel. A ideia é ter 50 pessoas treinando simultaneamente, com metade do espaço reservado aos jovens talentos sérvios.

“Na Sérvia nós não temos estrutura alguma. O jogador está sozinho. Se ele quiser evoluir tem que sair do País e queremos acabar com isso,” afirma o Sr. Srdjan, o pai de Novak.

É o mesmo Sr. Srdjan também quem representa as marcas patrocinadoras do filho, Head e Sergio Tacchini em toda a região dos Balcãs.

Tudo é comandado do escritório da Family Sports, empresa aberta há quatro anos e cujas instalações se assemelham a de uma corporação do mais alto padrão, com salas de reuniões, conferências e uma organizada e luxuosa sala de troféus.  Quem quiser conhecer um pouco mais é só acessar o site do tenista – http://www.novakdjokovic.rs – e assistir a apresentação dos negócios Novak, em 3D.

Um dos restaurantes Novak fica justamente no primeiro andar do Prédio da Family Sports e lá turistas e fãs podem adquirir chaveiros, canetas e mimos em geral do ídolo.

Além das propriedades e negócios, Novak é visto em outdoors pelo país, em campanhas dos patrocinadores, que inclui a Telekom Serbia, da Cruz Vermelha, de campanhas de alerta contra o câncer e do Governo. A mais atual exibe Djokovic pedindo ao povo que mantenha as cidades limpas.

A história de Djokovic com a Sérvia só não é perfeita devido a um desentendimento com a Federação de tênis do País, presidida pelo ex-top 20 Slobodan Zivojinovic.

A família de Novak acusa a Federação de não ser transparente e de não ser capaz, nem ao menos, de saber quantas pessoas jogam tênis na Sérvia e divulgar quantos são os Federados.

INÍCIO PERTO DO KOSOVO

Mas, o que é agora um conto de fadas para os Djokovics, teve momentos de história mal-assombrada.

Foi nas montanhas de Kopaonik, perto da fronteira com o Kosovo e onde fica a maior estação de esqui de Sérvia, que Novak deu as primeiras raquetadas, em três quadras de tênis construídas pelo Governo, no fim dos anos 1980, em frente à pizzaria da família.

O garoto foi logo observado pela técnica Jelena Gencic, a mesma que havia descoberto Monica Seles e Goran Ivanisevic, em Kopaonik para uma clínica, em 1993, e que no terceiro dia de treinamentos disse ao Sr. Srdjan, que o filho, então com seis anos de idade, seria um campeão.

Para progredir, Novak foi enviado a Belgrado, onde vivia com o avô e treinava no Clube Partizan. Era 1999, época dos bombardeios na região e mesmo assim, o tenista e a técnica encontravam maneiras de treinar, nos lugares bombardeados nos dias anteriores, esperando que não fossem jogar bombas novamente.
“Nós lembramos disso e nunca vamos esquecer. É algo muito forte, que está dentro da gente. Foi uma experiência traumática e claro que você fica com lembranças ruins. Ouvíamos o barulhos das sirenes, no mínimo, três vezes por dia, avisando que os aviões com bombas estavam chegando. Até hoje quando ouço algo parecido, fico assustado,” lembrou Djokovic, em uma recente entrevista ao New York Times.

Por isso, o pai Srdjan, enfatiz que “o diferencial do Novak é o mental. A força mental fez dele um campeão.” De Belgrado, logo depois de completar 12 anos de idade, Novak foi para Munique, na Alemanha, treinar com Niki Pilic, hoje o técnico da Sérvia na Copa Davis.

De acordo com relatos, a família toda, incluindo os tios, investiram tudo o que tinham para que ele pudesse treinar e ter todas as condições. “Foi um investimento,” diz o tio Goran, sócio na pizzaria inicial em Kopaonik e que continua envolvido com os negócios na Family Sports.

“E hoje o Novak se tornou o produto de exportação número um da Sérvia. Antigamente os exemplos para a juventude eram ladrões, gangsters e hoje é um tenista,” se orgulha a mãe Dijana.

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