O Brasil tem a chance neste domingo de voltar ao Grupo Mundial da Copa Davis, se vencer mais um jogo no confronto com a Rússia, em Kazan.
A vitória de Marcelo Melo e Bruno Soares nas duplas neste sábado, colocou o País bem perto da vaga, depois de Thomaz Bellucci ter vencido ontem e Ricardo Mello perdido o primeiro jogo.
Algumas oportunidades de voltar ao Grupo Mundial apareceram nos últimos tempos, mas o Brasil acabou não aproveitando.
Nesta matéria feita por Leonardo Stavale e Edgar Lepri, na edição 115 da Tennis View, eles relatam o que aconteceu ano a ano com o País, para quem o Brasil perdeu, quem integrava o time e ainda falam da história da Rússia no tênis.
Com Bellucci liderando a equipe, time tentará passar pelo time que já teve Safin e Kafelnikov
O Brasil está mais uma a vez à frente da última porta a ser aberta para o retorno ao Grupo Mundial da Copa Davis. Para quem acompanhou os últimos anos, a notícia talvez já não seja tão impactante já que desde que o Brasil saiu do Grupo Mundial em 2003 seguido do boicote que levou o país à segunda divisão do zonal americano, o país chega a esta mesma fase desde 2006, ano após ano, sem conseguir ultrapassá-la.
A conquista da vaga no Playoff deste ano veio após vitória consistente diante do Uruguai, em Montevideu, por 5 X 0. O duelo marcou a estreia do paulista Rogério Dutra Silva, que em apresentação sólida deu o primeiro ponto para o Brasil diante de Marcel Felder. Principal tenista do time, Thomaz Belluccifez o que dele se esperava e superou Martin Cuevas em três sets e ao lado de Brunos Soares selou a vitória do Brasil com triunfo sobre a dupla Cuevas/Felder. Rogerinho e Soares ainda venceram os últimos dois jogos de simples, sem validade para o confronto definido no sábado.
Passado o Uruguai a equipe brasileira já pensava nos possíveis adversários e a confirmação de que dos oito possíveis países para enfrentar no Playoff , contra seis (República Checa, Croácia, Áustria, Chile, Índia e Suíça)deles a disputa seria jogada no Brasil e apenas contra Rússia e Israel a decisão iria para sorteio animou a equipe. Na primeira etapa do sorteio, deu Rússia e na parte seguinte para decidir onde seria o confronto deu Rússia novamente.
O resultado para os pessimistas foi um baita azar, para os otimistas os russos já não assustam tanto como em anos anteriores e para os realistas, uma punição para quem perdeu chances melhores de voltar a elite no passado em confrontos teoricamente mais fáceis com contra Equador em casa e a Índia sem um time forte, por exemplo.
Após 17 anos jogando na capital Moscou nos confrontos disputados em casa, o histórico capitão da Rússia Shamil Tarpishev escolheu a cidade de Kazan como sede do cofronto e o piso é o mesmo do ATP de Moscou, quadra rápida coberta.
Em 2004, após derrota prematura na estreia do Grupo Mundial foi a última vez que os russos precisaram jogar o Playoff para escapar da segunda divisão.
A NOVA RÚSSIA – Apesar de um dos nomes mais temidos do tênis mundial quando o assunto é Copa Davis, a Rússia como conhecemos hoje é um país relativamente jovem nesta competição – disputou de 1962 até 1990 como União Soviética e em 1991 e 1992 como URSS. A primeira disputa definitivamente como Rússia foi em 1993 e nas últimas dezenove participações o país acumula dois títulos em 2002 e 2006 e outras três finais em 1994, 1995 e 2007.
No início da década de 90, a equipe russa ganhou poder de fogo com a entrada de Yevgeny Kafelnikov, que já começava a brilhar no circuito da ATP e nãos mais tarde chegaria ao topo do ranking mundial. Com Kafelnikov a equipe russa chegou à final em 1994 e 1995, à semifinal em 1999 e na final de 2002. No final da década de 1990, outro jovem talentoso russo reforçava a Rússia. Marat Safin, que também chegou ao melhor posto no ranking da ATP, ajudou seu país na Davis com as campanhas dos títulos de 2002 e 2006, além da semi em 1999. Sem Safin e Kafelnikov restou a Davydenko o papel de líder na campanha até a final em 2007 e desde então o melhor resultado foi a semifinal de 2008.
Os russos tentam afastar a má fase para retornar ao Grupo Mundial, por outro, o Brasil liderado por Bellucci busca surpreender e enfim abrir e ultrapassar a porta que desde 2006 segue fechada para os brasileiros.
Últimos playoffs
2006 – Suécia, no saibro de Belo Horizonte (1×3)
Equipe – Flavio Saretta, Ricardo Mello, André Sá e Gustavo Kuerten – Capitão: Fernando Meligeni
– Com Guga somente nas duplas e Soderling, que venceu os dois jogos de simples por 3/0, em ascensão, apenas Saretta deu o primeiro ponto para o Brasil
2007 – Áustria, no carpete de Innsbruck (1×4)
Equipe – Ricardo Mello, André Sá, Gustavo Kuerten e Thomaz Bellucci – Capitão: Francisco Costa
– Bellucci, Mello e Guga/Sá perderam as três primeiras partidas por 3/0. Foi a estreia de Bellucci na competição, com derrota para Jurgen Melzer por triplo 6/4
2008 – Croácia, na quadra rápida de Zadar (1×4)
Equipe Thomaz Bellucci, Thiago Alves, Marcelo Melo e André Sá – Capitão: Francisco Costa
– Após derrotas de Bellucci e Alves por 3/0, Melo e Sá deram o único ponto para a equipe no sábado, com 3/1 sobre Ivo Karlovic/Lovro Zovko
2009 -Equador, no saibro de Porto Alegre (2×3)
Equipe – Marcos Daniel, Thomaz Bellucci, Marcelo Melo e André Sá – Capitão: Francisco Costa
Daniel marcou o primeiro ponto contra Giovanni Lapentti e, a partir daí, Nicolas Lapentti tornou-se o nome do confronto. Aos 34 anos, o ex-top 10 derrotou Bellucci por 3/0, Melo/Sá ao lado do irmão e Daniel, no domingo, por 3/2, após o gaúcho abrir 2 sets a 0
2010 – Índia, na quadra rápida de Chenai (2×3)
Equipe – Thomaz Bellucci, Ricardo Mello, Marcelo Melo e Bruno Soares – Capitão: João Zwetsch
Bellucci e Mello precisaram de cinco sets contra Rohan Bopanna (então 479 do mundo) e Somdev Devvarman (113), respectivamente, para dar vantagem de 2/0 no primeiro dia. Uma derrota nas duplas, o abandono de Bellucci contra Devvarman após um set e meio e a inesperada queda de Mello por 3/0 contra Bopanna completaram a virada dos indianos